chapter 6
8h da amanhã
A enfermeira me entrega comprimidos para tomar. Colocá-la na boca e bebo água. Ela manda-me abrir a boca para ver se eu realmente os tomei, faço o que ela manda e quando sai do quarto eu os tiro da boca, jogo os no chão e piso-os esmagando com o pé, ficando despercebido no chão. De jeito nenhum eu ia tomar aquilo. Ainda me perguntava sobre as vozes que escutei ontem noite, será que era alucinação minha, devido a tanto choque que tomei ou eram mesmo vozes de alguém. Bato na minha cabeça na minha com mão, tentando sempre manter o meu juízo perfeito.
– David, vamos passear um pouco. – Chega a enfermeira se aproximando, toda gentil.
– Pra onde vamos?
Ela aproximou-se de mim e segurou minha mão.
– Venha, vamos para a sala de atividades! Não pode ficar todo o dia trancado!
Eu levantei-me e fui com ela. Pelo caminho me deparava com outros pacientes, alguns felizes demais ,outros horrorizados e outros que simplesmente estavam num outro mundo. Alguns pareciam mortos vivos, falavam coisas sem sentido, murmuravam e babavam saliva até a sujarem as suas roupas, outros reviram os olhos até as suas pupilas sumiram. Aquele ambiente me deixava com náuseas e agoniado. Chego na sala de atividades finalmente, ela me coloca sentado no chão, no meio dos outros pacientes, um deles era o Cesar e o Lucas. Estou em frente a um jogo de quebra cabeça, olho para enfermeira e ela sorri.
– Sabe jogar? Tem que completar está imagem!
– Porque eu tenho que jogar isso?
– Precisa treinar o seu cérebro, todos os pacientes jogam! Quando terminar, levarei para passear! Pode ser?
Eu acenei concordando. Ela falou algo que me interessou, passear! Assim aproveitaria conhecer melhor o hospital, observar as portas. Logo peguei nas peças e comecei a jogar. A enfermeira afastou -se e retirou -se. Na sala tinha uma senhora, que nós observava.
– David! – Sussurrou uma voz masculina no meu ouvido. Viro-me assustado e vejo que é o Lucas. – Bom dia bonitão. – Ele sorri para mim.
– Bom dia.
Ele passou a mão no meu ombro e me deu um beijo de leve.
Eu encarei-o tentando ser mais paciente possível, pois entendia que ele tinha transtorno psicótico.
– Meu irmão falou de você, ele tinha razão, você é lindo! Me chamo Brida.
– Brida? – Perguntei olhando para ele de cima a baixo, ele era o Lucas. Mas estava diferente no seu jeito de ser.
– Sim Brida! Prazer! – Disse colocando o dedo indicador na boca.
Não estava acreditando, Lucas tinha TDI ( transtorno dissociativo de identidade.)
– Meu irmão, Lucas falou de você…
– Sei…
– Parece que você é o seu novo amor, David! – Disse o César estando ao meu lado
Eu revirei os olhos e continuei jogando.
– São três pessoas num só corpo, Lucas, Brida e Gabriel. Ele tem TDI.
– Eu sei…
Por ser esposo de uma mulher esquizofrênica, fez me ser alguém que estudava acerca dos transtornos psicóticos, era uma forma de poder entender melhor a minha mulher, entender o que ela passava. Cesar continuava falando comigo, eu apenas acenava a cabeça escutando, mas sem tirar os olhos do jogo. Eu queria acabar logo o jogo para passear, era esse meu interesse, sempre fui objetivo, estava nem aí para o que ele dizia.
– Onde está o Carlos? – Brida.
– Está na escuridão. – Disse um outro paciente, brincado com as cartas. – Escuridão, que engole a todos nós! Escuridão que vive sob os nossos pés…. Nos devorando…
Eu parei de jogar e olhei para ele. Ele parecia perturbado e falava com convicção, como se isso fosse real.
– Escuridão em pessoas… em demônios! – Gritou. Ele atirou as cartas e começou a balançar a cabeça. Descontroladamente. De imediato vieram os enfermeiros, pegaram o paciente, levando-o para fora da sala, mas o paciente lutava. – venham comigo, conhecer a escuridão! O demônio!
Enquanto ele se debatia, Brida falava comigo, fazia me perguntas mas nem conseguia prestar atenção pois tinha o outro paciente gritando.
– David, o que você achou de mim? – Perguntou Brida. Eu não respondi, voltei a estar pois concentrado no jogo e queria terminar logo. Brida insistiu na pergunta.
Continuei ignorando e jogando. De imediato outro paciente, desfaz o seu jogo de quebra de cabeça.
– Isto é impossível! Cabeça oca…cabeça oca! – Diz um paciente, arrancando os seus cabelos em desespero.
– David! – Disse a Brida.
– O que é? Eu só quero terminar a droga deste jogo! – Gritei furioso, não estava aguentando estar neste lugar infernal e com gente sem noção.
Brida me encara furiosa, pega nas peças do jogo e desfaz, eu encaro sem entender essa atitude e quase me tirando do sério, ainda não satisfeita pega nem duas peças do jogo e engole.
– Prontos agora eu tenho a sua atenção!
– Você está louco? Eu preciso completar esse jogo!
– louca, eu sou mulher! O jogo já era…
A senhora responsável aproximou de nós.
– O que está acontecendo?
– Quero sair daqui! – Disse. Não aguentava mais o lugar, não suportava essa Brida ou Lucas , raio que o parta e não queria escutar mais a outro paciente gritando “cabeça oca". Tudo isto estava me enlouquecendo.
– Logo que terminar o jogo vamos dar um longo passeio! – Disse a senhora toda simpática, falando como se eu fosse uma criança.
– Ele engoliu as peças! – Disse.
– Eu Não! – Disse a Brida. – Ele é que não consegue terminar o jogo.
– Tente mais uma vez, David! – Disse a senhora se afastando, não acreditando no que disse.
Brida me encara sorrindo, me pondo mais furioso do que já estava.
– Seu desgraçado! – Digo fora de mim, apertando o seu pescoço e obrigando a cuspir as peças da boca. Eu precisava de terminar o jogo e esse imbecil estragou os meus planos.
– Aí, socorro! – Grita a Brida aflita.
Cesar começa brincar com os dados, ignorando-nos, pouco se importava o que acontecia ao seu redor . Enfermeiros entram e me separam da Brida, me seguram e tento me soltar, mas sem sucesso. Não sei o que deu em mim, para ficar assim. Não sei se foi o lugar, ou porque Brida ou Lucas, estragaram os meus planos ou se estava virando um deles. Me colocam volta no quarto, me ponto mais frustrado ainda. Encostei-me na parede e respirei fundo, ficando mais calmo. Tinha de estar mais calmo, para pensar no próximo passo. Me perguntava várias vezes o que eu estou fazendo aqui? Arrisquei tudo que tinha para tirar a minha mulher daqui e agora estou preso neste inferno.
16h
Me acompanham até a sala da dra Nancy. Entro na sala e me sento, enquanto ela estava na mesa me encarando. Sentia o seu olhar fixo em mim, como soubesse o que havia acontecido. Tinha o papel e a caneta na mão.
– David….
Eu respirava e fundo, pressionando as mãos no encosto da cadeira. Desviei o olhar, pois não queria demonstrar o que sentia no momento.
– Você agrediu um paciente hoje! – Disse-me. – Lucas.
– Brida. – Disse irritado. – Hoje ela era Brida!
– Você está tão chateado por causa de um simples jogo?
– Ela engoliu as peças! – Bati por impulso na cadeira.
– E precisava estrangular-a? Alguma coisa a mais te irritou e te fez ser compulsivo.
– Nada demais… Apenas fiquei irritado… – Encarei-a. – E o mr jjones mandou fazer isso.
– Esse me Jones faz você ser alguém compulsivo e agressivo.
– Eu não sou compulsivo e muito menos agressivo. – Encarei-a, cruzando os braços, ainda aborrecido e entediado.
Ela respirou fundo e acenou a cabeça, não sabendo o que fazer comigo. Estava farto desses e impaciente com essas terapias semanais. Nestes dias, não consegui ver a Sayuri, era como se ela nem estivesse neste hospital que parecia mais um presídio. Olho para o lado e vejo que tem um armário de documentos, com uma das gavetas abertas. Ela era especialista em paciente compulsivo e com alteração de comportamento, então possivelmente era poderia ser a médica da Sayuri. Era possível que numa das gavetas tivesse algum documento dela.
– Tenho sede , tem como me dar um copo de água?
– Me dê um segundo…. –Ela levantou-se e saiu da sala. Eu logo Saio da cadeira e vou até o armário, procurando os documentos antes que ela chegue. Queria saber se por acaso a Sayuri estaria numa outra sessão, ou tivessem feito algum procedimento sem saber. Aflito procuro o mais rápido possível. Abro outra gaveta e acho, finalmente. Leio os documentos e vejo monte um monte de medicamentos que a dão, pego no celular e tiro fotos das páginas do meu interesse, ouço passos e logo volto a guardar. Sento na cadeira e a Nancy entra.
– Desculpa demora, tive um imprevisto.
Discretamente escondo o meu celular no bolso das calças. Ela me entrega os copo de água. Pego e sinto a sua mão tocando na minha, ela mostra um sorriso constrangido e logo se afasta.
Nancy
Sinto um frio na barriga, quando as minhas mãos tocam na dele, algo que nunca aconteceu com nenhum paciente. Tinha de me manter profissional, ele era paciente e eu a sua médica. Já não basta o beijo que lhe dei, que me fez pensar nele a noite inteira. Minha vida sempre foi trabalho, nunca tive sorte nos relacionamentos e tinha poucos amigos. Sempre tive que lutar para conseguir o que tinha e este paciente me abala, como nenhum homem fez. Não sei o que era, se era o seu jeito imprevisível, a sua voz máscula, o seu olhar fixo ou por ele ter um distúrbio mental. Apesar disso, ele era alguém com presença, dizia ser mecânico mas parecia ter outra profissão, que exigisse um certo poder, como um policial, ou juiz ou militar, talvez. Mas havia algo majestoso nele que me atraia e ao contrário dos outros pacientes ele tentava ler a minha mente.
Via que algo nele lhe perturbava, como se tivesse armando alguma cosia que não devesse mas por que qualquer motivo deu errado. Via um homem se sentindo um fracassado perante os seus planos.
– David, eu irei falar com uma das enfermeira para você passear mais logo.
Ele olhou para mim surpreso.
– Em troca, você vai me contar mais sobre a sua vida, antes de chegar aqui. Pode ser?
– Pode.
Fiz-lhe um monte de perguntas, mas ainda assim ele não era totalmente aberto, notava que algumas questões ele pensava para falar. Como se quisesse me ocultar de alguma coisa. Talvez ele não se sentisse confiante comigo, quando é Assim, eu devo prosseguir do mais três sessões e se ainda assim ele não se abrir talvez eu deva encaminhar para outro psiquiatra. Alguém que lhe de mais confiança.
– David, eu estou sentindo que não há uma conexão entre eu e você! E quando é assim, eu devo encaminhar para outro psiquiatra …. Alguém que você se sinta mais a vontade e… – Falei pois entre eu e ele havia acontecido algo que não devia, o beijo.
– Não, por favor não! – Ele segura a minha mão, olhando nos meus olhos, como se estivesse implorando, dando arrepios no meu corpo, mas logo soltou e ficou mais calmo. A cada dia eu o desejava cada vez mais. Era um vicio vê-lo, talvez mudar de psiquiatra seria o melhor.
– Tudo, bem! Vamos tentar… De novo.– Digo tentando manter o meu profissionalismo.
Ele acenou a cabeça.
– Você quer falar sobre os seus desenhos no seu quarto?
– Qual?
– Desenho da árvore?
– Árvore… É árvore do parque que ficava perto da minha casa quando criança! ¬ Disse sorrindo, como se estivesse me lembrando da minha família.
– As pessoas?
– Os meus amigos do parque.
Os desenhos do Davi eram infantis para sua idade, tinha muitas cores, árvores e casinhas a volta da árvore. Pelo que entendi, ele tentava passar a sua infância para o papel. Fiquei mais um tempo conversando, ele se abriu mais desta vez e estava mais animado. Não sei o que estava acontecendo comigo, que ficava cada vez mais encantada com ele.
Samuel
23h
Penduro mais um desenho que acaba de fazer na parede, desta vez é um “ying e yang", numa papel branco, ainda estava incompleto. Depois iria concluir. Cada desenho tinha um significado e me levaria a algum lugar. Essa foi uma tato que eu e Rubi fizemos juntos, simbolizava o nosso amor e união. Apesar de sermos diferentes, permanecia-os juntos, não importa o lugar e como. Eu ainda conseguia me ver ao seu lado, ainda tinha a esperança de encontrá -la.
Olho para relógio e são onze horas da noite. Saio do Quarto e caminho pelo corredor, vou até o local onde fui da vez passada, o local onde ouvir gritos. Com cuidado e sem fazer barulho, caminho, prestando mais atenção na rede de piso no chão. Em abaixo para tentar escutar e minutos depois eu escuto vozes. Eu estava certo, elas existiam, não era delírios. Fico pensando no num dos pacientes disse “venham comigo, conhecer a escuridão! O demônio!”. O que será que ele quis dizer com isso? Será que ele era apenas um demente falando e se exaltando, ou eu é que estava começando a enlouquecer. Nesse instante ouço passos, rapidamente me levanto e me escondo num dos cantos da parede. A sala estava escura, o que me facilitava pois passava despercebido. Espero um tempo, até que não os oiço mais e quando saio do lugar, sinto alguém pegando o ombro. Num movimento pego o seu braço e o jogo no chão aflito, foi um auto reflexo.
– Aí, qual é o seu problema?
Olho direito e vejo que é o Lucas, ajudo-lhe a ficar em pé e ele logo se afasta.
– Desculpa, Lucas é que…
– Não sou o Lucas, sou o Gabriel o irmão dele. – Disse ele ajeitando a sua bata.
Eu fiquei um tempo olhando.
– Primeiro você estrangular a minha irmã, agora pura e simplesmente me bate!
– Desculpa… eu pensei que.
Ouço passos novamente, eu e ele nos separamos, antes que nos vejam. Vejo o Garbriel correndo para uma direção que não podia, passando a linha vermelha. Entra no ligar e fecha a porta. Eu espero os funcionários passarem e volto para o meu quarto. Fico pensando o que ele estaria fazendo lá? O que ela tencionava fazer? Espero um tempo até o hospital estar mais tranquilo e volto a sair, desta vez caminho rápido para o mesmo local onde o Gabriel foi. Abro a porta e sou surpreso por um corredor vazio e com várias portas, e agora? Qual das portas ele tinha ido. As portas tinham uma pequena janela na parte superior. Espreito na primeira porta e vejo uma enfermeira e um psiquiatra grudados, aos beijos e amasso, que faz com que eu logo desviei o olhar e vá espreitar na pequena janela da próxima porta, onde vejo a Nancy com uns papéis, ela devia estar de plantão. Fico um tempo olhando, engraçado que comigo ela estava sempre calma e agora ela parecia agoniada. De repente ela olha para a janela, mas eu abaixo antes que ela possa ver e saio correndo.
– Alguém está aí?– Ela pergunta saindo da sala, mas eu tinha aberto a porta e saído. Logo volto para o meu quarto, me debatendo por onde o Gabriel tinha ido. Começando a ficar frustrando, dando voltas de um lado para o outro. Me veio uma agonia e um calor no meu interior, como se sentisse um sufoco em mim.
Nancy
Podia jurar que tinha alguém por aqui Perto. Volto a entrar na sala e arrumo, alguns documentos dos pacientes nos seus devidos lugares. Saio da sala entediada, pois o hospital estava vazio, por sorte os pacientes estavam bem comportados, pois tem dias que isto está impossível. Caminho pelos corredores e quando me dou por mim, estou perto do quarto do David. Espreito pela pequena janela da porta, para ver como ele está. Vejo o dando voltas no mesmo lugar calmamente, como se estivesse pensando algo. Será que ela estava pensando em fugir? Espero mais um pouco para observar o seu comportamento, era viciante vê-lo. Ele respira fundo, fica de costas para mim e tira a camisa, demonstrando a sua estrutura física, corpo definido, as costas? Meu Deus que costas e ombros eram aqueles, eu podia rever minhas aulas de anatomia só de olhá-lo. Respiro fundo e mal consigo conter-me ao vê-lo assim. Ele podia ter distúrbio mental, mas não podia negar que ele era lindo e atraente. Meu corpo começa a entrar em chamas, imaginando o que eu faria com aquele homem, se ele fosse meu. Sinto um calor entre as minhas pernas, sem me dar conta passo a mão no meu peito amassando e outra na nuca, solto um gemido espontâneo e pensando nele tocando em mim. Ele vira-se ficando de frente para mim e eu logo desvio o olhar, ficando de costas para porta, respiro fundo e ajeito as mechas do meu cabelo. O que eu estava fazendo? Ele é meu paciente! Abano a cabeça desapontada com que eu estava a ponto de fazer e continuo caminhando.
Samuel
Vejo a Nancy me observando, mas finjo que não vi e me faço de desentendido, como se estivesse olhando para uma das minhas alucinações. O que ela estava fazendo? Me espiando? Este hospital tinha mais vigiado que os presídios de hoje em dia. Ela vai embora e nesse instante aproveito para fazer alguns exercícios físicos como, flexões e abdominais. Tento distrair-me com algum atividade, o quarto me deixava ansioso e mais agoniado, não parava de pensar onde o Gabriel. Ouço vozes pelo corredor, sei que tem alguém do lado de fora, podia ignorar mas a minha curiosidade é maior. Abro a porta e vejo um senhor idoso caminhando, parece estar perdido. Logo aparece um segurança que se aproxima dele, sendo assim eu fecho a porta com cuidado para não fazer barulho e espreito pela já nela. Vejo ele trocando meia dúzia de palavras com ele e de seguida lhe esmera no rosto, fazendo ele cair no chão. Aperto os punhos me dando uma repulsa e ira, abro a porta e o segurança me encara. Olha para mim de cima a baixo e riu-se, levanta ligeiramente a camisa exibindo a arma . Ele caminha se afastando, enquanto o senhor está sentado no chão. Aproximo-me dele, colocando a mão no seu ombro, mas ele se assusta. Fico quieto e a encaro, ele mostra um sorriso apesar de triste. Num só movimento ajudei-lhe lhe a ficar de pé
– Onde fica o seu quarto? Sabe dizer?
Ele olha aos lados, parece aéreo.
– Crochê! Crochês e chávenas… chávenas e crochês. – Diz tentando caminhar. Eu A ajudo o caminhar e vou seguindo, olhando aos lados, passamos e salas e vejo um quarto em com a porta aberta. Presto atenção nos detalhes e vejo que dentro do Quarto tem algumas peças de crochês, panos com bordados com formato de chávenas. Oriento o senhor a esse quarto e ele mostra um sorriso.
– Este?
– Sim, meu filho! É este! – Ele diz satisfeito. Ajudo-o a sentar-se na cama. Olho a volta, vendo o quanto o seu quarto tinha bordados e coisas de crochê, era algo pouco comum num quarto masculino.
– Você é um bom rapaz! Bom menino!– Disse-me.
– Você que fez isso?– perguntei curioso.
– Não, foi a minha mulher… Evangelina! – Ele sorriu emocionado, suas mãos tremiam. – Me chamo Damião.
– David!
– Ela está viva?
Ele acenou negativamente a cabeça, triste.
– Sinto muito.
– Você é um rapaz forte, meu filho. Ninguém nunca me ajudou.
Eu mostrei um sorriso.
– Eles me abandonam porque sabem que eu sei do tesouro.
Eu olhei para ele, o escutando paciente, por ser um homem idoso. Se há uma algo que aprendi quando pequeno é respeito, ser tolerante com quem precisa e que ninguém é perfeito.
– Eu sei da liberdade! Eu sei… – Disse ele convicto.
– Tudo bem, agora durma. – Disse e bati de leve no seu ombro. Sai do Quarto e voltei para o meu. Não sei de liberdade ele falava, mas devia ser alguma alucinação que ele teve ou tem, mas tinha de ir, não podia levantar suspeitas. Amanhã seria um novo dia.