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chapter 5

Samuel

Abro os olhos e me vejo no numa sala, tento me mexer, mas estou preso. Estou atado da cabeça aos pés, meu rosto tinha uma máscara que cobria a minha boca. Tento falar, mas sem sucesso. Vejo rosto pessoas com máscaras e jalecos, um deles se aproxima de mim.

– Você não devia ter feito David!

Abano a cabeça e tento falar, mas a máscara no meu rosto não permite. Faço força mas sem sucesso. Mais um se aproxima de mim com dois objetos metálicos, não estava acreditando que isso ia acontecer comigo. Eu ia levar um choque elétrico. Sinto os metais em mim, fazendo o meu corpo tremer, vendo estrelas, nuvens e tudo mais que era impossível. Nunca tinha levado um choque, mas hoje senti a dor disso. Estava irracional, sem forças de me mexer, esse processo se repetia e sentia raios das trevas invadindo o meu corpo. Tentava gritar, mas a máscara me sufocava, cheguei a pensar que eu fosse morrer.

– Basta! – Ouço uma voz feminina a falar, não consigo ver, pois estou totalmente descompensado. – Podiam perguntar o meu nome que eu nem iria saber responder. – O castigo foi suficiente.

“Tem certeza?”

“ Sim!”

– Você não voltará a quebrar as regras, não é David? – Perguntou uma moça com a máscara e um jaleco.

Eu nem consegui responder e fechei os olhos.

Dia seguinte

Fui levado para o meu quarto, me colocaram na cama. Fui punido por horas no dia anterior, ainda sentia a dor do choque elétrico. Meu corpo estava dolorido e não tinha forças para me mexer, eles me deram sedativos que punham o meu corpo dormente.

As imagens passadas ainda estavam na minha mente, como se fizesse parte de mim. Me trazem o pequeno almoço e eu mal consigo comer de tão tonto que estava, volto a dormir pois me enxeram de sedativos, como se eu fosse um paciente que pudesse ser uma ameaça para os outros.

Chega o horário do almoço, me lavando da cama e caminho até a lanchonete. Estava minimamente em condições de fugir se pudesse, talvez, nem eu tinha certeza. Sirvo-me e sento-me numa mesa não ocupada. Olho para o prato, tentando comer, mas apenas fico brincando com o garfo no arroz. Sinto alguém a mexer o meu ombro e logo sou pego, de surpresa e assustado ao mesmo tempo.

– Calma! – Disse um rapaz se sentando ao meu lado. Ele tinha os olhos pintados, batom vermelho e brincos logos.

Fiquei um tempo, encarando um tempo, pois o seu rosto não me era estranho.

– Não se lembra de mim, Samuel

Tomei um susto, pois eu me apresentei como David, mas mesmo assim, eu desviei o olhar e fez de desentendido.

– Eu sou o Leonardo, o rapaz que você prendeu! Você e aquele seu colega, como é mesmo o nome dele? – Ele ficou pensativo… – Jason! – Ele gritou.

– Shhh, Fala baixo! – Mandei.

– Por que eu faria isso?

Eu olhei para ele de cima abaixo. Ele estava diferente, antes de o prender ele não se vestia assim.

– Ah pois, você está me estranhando…. Estou muito diferente, não é? Na altura eu estava bem parecido com o meu irmão gêmeo!

– O que você quer? Fala!

– Não! A pergunta certa, o que você quer? Você estava na sala do castigo, junto comigo!

Parei uns segundos e me lembrei dele, lembro que quando me levaram de volta ao meu quarto, cruzei-com ele nos corredores. Achei que tivesse sido alucinação minha.

– Por que você foi castigado! E por você está aqui?

– Não sei do que fala.

– Samuel, quer que eu fale o seu nome para todo mundo…

– O que você quer?

Nesse instante dois homens se aproximaram de mim e sentaram ao nosso lado. Eu olhei a volta e mais uma vez não vi a Sayuri. Estava começando a achar que ela talvez tenha fugido, ou estava sala de castigo, como eu antes estive.

–David! – Disse o Lucas. – Andou sumido!

– Ela estava na sala de castigo! – Disse o Leo com um sorriso. Eu o encarei, ameaçando-o com o olhar para ele não abrir o bico, sobre a minha verdadeira entidade.

O Lucas e o César me encararam.

– Como você está? – Lucas.

– Mais louco que antes! – Cesar riu-se revirando os olhos.

– Por que você está aqui? Qual é seu problema? Como os psiquiatras dizem…Somos especiais! – Disse o Lucas.

– Boa pergunta, por que David? – Leo encarou-me.

– Eu tenho três amigos secretos! – Disse. – Eles dizem para eu fazer certas coisas… – Pressionei as mãos, fazendo-me de demente, mas no meio disso, havia uma verdade. A verdade é que eu sentia alterado e com medo. Medo de enlouquecer junto com eles.

– Esses seus amigos, são bons? – Disse o Lucas sorrindo.

– Claro que são! Eu mesmo já conversei com eles. – Disse o César convencido. Cesar parecia o mais estável que o Lucas.

Eu voltei a olhar ao meu redor, vendo se a Sayuri aparecia. Leo tinha os olhos presos em mim, como se estivesse em inspecionando. Sabia que ele queria algo e que um dia ele me cobraria pelo seu silêncio. Não sei o motivo de ele estar aqui, possivelmente detetaram que ele era esquizofrênico ou tinha alguma perturbação mental, que o fez matar a sua irmã. Eu prendi o Leo por assassinato a sua irmã mais nova e agora ele estava aqui comigo.

– Quem você está procurando David? – Disse o Leo. Ele falava como um doido, mas seu olhar me dizia que ele sabia que eu procurava alguém, que era um espião.

– Ele procura a Nancy! – Disse o Lucas sorrindo.

– Eu? – Perguntei, pois não entendi o porquê ele disse isso.

– Eu falei de você para Nancy! Ela ficou vermelha..

Leo levantou uma sobrancelha e mostrou um sorriso maníaco. Como se soubesse que não era isso. Eu levantei nem prestando atenção na conversa e fiquei no canto a sala, queria ter uma visão maior e não aguentava mais estar naquela mesa. Não era possível que a Sayuri não aparecia. Ficava frustrado sempre que isso acontecia.

(…)

Quatro horas da tarde, estou na sala com a Nancy. Ela me encara como se soubesse que estou em apuros. Sento na cadeira e as minhas mãos tremem, sentar naquela cadeira fez lembrar um dos castigos que tive.

– David…

Eu encarei-a tentando disfarçar a Lembra da que acabara de ter.

– O que está sentindo?

– Depois do choque elétrico, claro que me sinto bem! – Não soube disfarçar a minha ironia.

Ela desviou olhar.

– Bem, as vezes o tratamento é dolorido!

– Tratamento? Pensei que fosse uma punição por ter quebrado as regras.

– Quem falou isso?

Eu lembrei do momento em que levava o choque elétrico, da senhora de jaleco e máscara falando comigo. Logo veio a imagem do Leo se cruzando comigo no corredor, enquanto me levavam para uma sala e davam banho de água gelada.

– David!

– Eles…vocês…

Ela encarou-me com compaixão, como se estivesse tendo mais aula alucinação ou como se estivesse confundido tudo. Como se eu fosse um sem noção. Mais uma vez ela tentava conhecer-melhor, suas conversas me cansavam, não era como se eu fosse um paciente de verdade.

– David, você está me escutando?

Eu acenei a cabeça encarando-a. Ela mostrou um sorriso, Lucas tinha razão ela ficava corada, dava até para perceber do que se tratava. Pude ver que ela tinha uma queda por mim, modéstia parte, eu sempre atrai varias mulheres. Eu aproximei-me e segurei a sua mão.

– Não deixe que eles me punem, por favor! – Minha mão tremeu, enquanto segurava mão dela. Agia como um doente solitário e carente. Ela pousou a outra sua mão na minha.

– Não é punição, as vezes é complicado!

Eu soltei-a e comecei a tremer, lágrimas saíram dos meus olhos, escolhi os ombros.

– David, vai ficar tudo bem!

– Não vai, mr jones diz para eu ter medo, que tudo isto é falso, que não existe.

– Não ouça o mr jones. _ Nancy apelou encarando-me preocupada, que era justamente isso que eu queria.

– A quem eu devo ouvir?

– A mim.

Eu acenei positivamente a cabeça, limpei as lágrimas e continuei a encarando. Fiquei mais uma hora conversando com ela, queria ter a sua confiança e sua atenção. Ela se mostrava interessada em me por mais calmo, mais seguro perto de si. Sabia no que isso ia dar, mas eu estava disposto a tudo para tirar a Sayuri daqui. “ Não era punição, mas sim um tratamento” ela só podia estar brincando comigo, Nesses dois dias foi um horror, choque elétrico, mergulharam-me num agua gelada, um choque atras do outro. Se eu ficasse mais um dia na sala de castigo eu acabaria enlouqueço, não era de se admirar que a Sayuri tinha piorado. Nancy, me olhava e percebi que ela queria mais que isso, seu olhar era obsessivo e dominante. Ia descobrindo que hospital parecia seguro por fora, mas entre as quatro paredes ninguém sabia, para além dos que estão aqui.

20h

– Sayuri, aceita se casar comigo! – Digo ajoelhado, no meio do mar. Estávamos dois de branco, em frente a praia. Ela usava um vestido longo todo rendado, seus cabelos voavam escoltando o vento. Ela ajoelhou-se à minha frente e segurou o meu rosto.

– Mil vezes sim!

Respondeu beijando, segurou a minha mão, colocando a aliança no meu dedo, beijou a minha mão e uma lagrima caiu do seu rosto. Com mão esquerda e ajeitei a sua mexa por trás da orelha.

– Como você pode querer se casar comigo, Samuel? Eu…

– Shiu... Não importa, você é a mulher mais linda que eu já conheci! Carinhosa, meiga, companheira… tudo que sempre quis. – Dei um beijo no seu rosto. – E cá entre nós, eu sou um louco também

Os dois rimos, deixei-a corada, suas bochechas ficaram vermelhas e seu sorriso ficou radiante, seus olhos de japonesa ficaram mais afinados ainda.

– Tenho de admitir que você é um louco, pois só um louco para se casar com uma mulher como eu…

Levantamos juntos, eu segurando a sua cintura e ela com as mãos apoiadas ao meu braço.

– Te amo…– Sussurrou no meu ouvido.

Abro os olhos respirando fundo, era um sonho e realidade, pois aconteceu e me lembrava de cada detalhe. Não havia um dia que eu não pensasse nela. Dia 29 de Dezembro. O dia que prometi o meu amor à esta mulher que ontem quase me matou a facada. Ainda me lembro do meu amigo me berrando comigo dizendo que eu era um idiota por fazer isso, mas ao contrário de muitos, eu achava que podia cura-la e entender o que aconteceu para ela agir assim. “Na saúde e na doença” Eu jurei isso no altar, jurei para valer, só iria me convencer do contrário até eu ver com os meus próprios olhos que esse juramento não tinha mais valor.

Ainda deitado na cama ouço gritos! Pânico! Os gritos eram de alguém que estava em pânico, me levanto da cama e caminho até a porta. Podia ignorar, mas, esses gritos me perturbavam e eu como policial, ignorar isso seria um absurdo. Estou acostumado a aproximar-se do perigo e a defender. Espreito pela janela, vejo que não tem ninguém a vista e saio. Vou caminhando procurando a origem dos gritos, que parecem próximos, mas distantes ao mesmo tempo. Olho a volta e não consigo entender de onde vêm os gritos, me aproximo de uma porta e encosto a minha orelha, tendo descobrir a origem do desespero, mas não me parece que seja desse lugar, ainda assim me parece distante. Afastei-me da porta e olho para o chão, vendo que tem uma grade de piso. Dou mais uns passos e me aproximo da grade de piso e fico olhando, abaixo-me e percebendo que gritos vêm do subsolo. Do subterrâneo, pego na grade tentando observar e nesse momento sinto o meu ombro sendo empurrado, fazendo com que eu fique em pé.

– O que faz aqui David? Volta para quarto. – Sussurrou a Nancy com as mãos no meu peito. Eu tomei um susto e a encarei. Ela segurou o meu braço e me levou de volta para o meu quarto. – Não saia mais do quarto.

– É que eu vou ouvi vozes e…

Ela olhou para mim estranhando.

– Ouvi pessoas gritando…

– Que pessoas David? Onde?

– Lá – Apontei para a grade. –Eu ouvi… você não escutou?

Ela abanou negativamente a cabeça, parecendo estar confusa.

– David, eu não ouvi nada! Aqui está silencioso! Quem você ouviu? O seu filho? O mr jones? A sua mãe. – Ela falava como se eu tendo alucinações.

Eu abanei a cabeça negando, mas eu tinha certeza do que eu ouvi. Não era possível que ela não tinha escutado nada. Eu afastei-me dela e comecei a andar de um lado para o outro, pois ainda continuava ouvindo alguém gritando agoniado.

– Você não está escutando? – Perguntei.

– Escutar o que David? – Perguntou-me mostrando um rosto de desentendida.

– Agora, eu estou ouvindo! – Aumentei o tom de voz. Ela aproximou-se de mim.

– Shhhh… Está tudo bem! David, você precisa dormir… Talvez um calmante possa te ajudar…

– Não, por favor não! – Implorei segurando a sua mão. Ela abraçou-me sentindo a minha agonia. Eu não estava louco, eu continuava ouvindo os gritos. Eu coloquei as mãos na sua cintura e ela tomou a minha boca, unindo seus lábios rosados nos meus. Eu não reagi no momento, mas deixei ela beijar-me, mas ela logo afastou -se e olhamos um para o outros chocados, com o que ela havia feito.

– Desculpa, David… Eu não devia.

– Tudo bem… _ Fiquei sem palavras, não esperava que fosse fazer isso.

– Eu... – Ela encarou-me. – Não sei porque, mas você é especial…

– Eu não posso… – Disse confuso.

– Mas você cedeu e...

– Não posso! – Encarei-a seriamente, fazendo-a entender que não voltaria a acontecer.

Ela acenou a cabeça positivamente e mostrou um sorriso. Pude ver no seu rosto, que ela estava constrangida com o que havia acontecido. Ela retirou apressada, me deixando. Admito sim que o seu beijo até foi agradável, ela é bonita, mas tinha outro objetivo e o meu coração pertencia um outro alguém.

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