Capítulo 7
Estamos no corredor. Ela me emprestou um par de meias e nos divertimos surfando no chão escorregadio. Sim, como duas crianças de dez anos.
-Veja, este salão é limpo de cima a baixo todos os dias. Quando eu não tinha nada para fazer, jovem, me divertia assim com Éloys.
- Vocês dois eram próximos?
-Sim. Como os dois dedos da mão. Ele foi o primeiro e o único a me ver como sua irmã e não como uma bastarda.
-E agora?
-Agora... Falamos um com o outro, claro, mas com o trabalho dele... É mais raro. Eu dificulto a vida dele, isso é óbvio!
Nós rimos enquanto deslizamos pelo chão.
-É por isso que te amo! Estou brincando.
Enquanto nos divertimos como loucos. Alguém limpa a garganta atrás de nós. Eu volto, surpreso. Eu escorrego, mas uma mão agarra minha cintura e me segura. Eu me levanto e Éloys me solta.
- Obrigado, eu respiro.
-Estou indo embora, Artania intervém.
Quando ela sai, o príncipe canaliza sua atenção para mim.
-Você parecia estar se divertindo.
-Você está nos espionando?
-Longe disso, vim te fazer um favor.
Minha curiosidade aparece.
-O que? Outro jantar chato?
-Não. Vou lhe mostrar um tour por Istambul. A menos que você tenha outro...
- Você quer rir? Estou dentro! Espere por mim lá! Vou pegar minhas coisas. Estarei de volta em dez minutos, você pode definir seu cronômetro!
Deixo pendurado. Eu estou tão feliz! Pego uma mochila pequena e coloco meu celular, uma câmera, lenços de papel e uma garrafa de água que desenterrei na cozinha.
Desço as escadas como um foguete e me coloco na frente de Éloys. Ele olha para o relógio.
- Oito minutos e quarenta e sete segundos. Nada mal.
-Eu te disse! OK, vamos?
O transporte nos leva ao coração turístico de Istambul. Éloys me pega pela mão e me leva a um mercado onde passeiam os habitantes deste país. Estou surpreso em testemunhar essa cultura.
-A maioria das pessoas vem aqui acreditando que as basílicas representam história. Na verdade, para mim, acho que está aqui, diz Éloys. Gabby, aqui é o Bazar de Istambul.
-Éloys... É... Uau. OBRIGADO!
Quase corro para conhecer essa comida, esses tecidos, essas joias...
Paro em frente a um “quiosque” onde estão pendurados vestidos tradicionais. Meu olhar se depara com aquele que é turquesa claro com bordados dourados. Sinto que já o amo.
Eu assisto isso.
-Você quer isso? pergunta uma voz masculina atrás de mim.
Eu me viro e sorrio para ele.
-Eu gostaria, mas não posso.
- Vá pelo menos tentar.
Concordo com a cabeça e vou experimentar em uma pequena cabana de madeira. Quando saio, o olhar penetrante de Éloys me examina.
-Parece que você foi feita para esse vestido.
- Ah, pare. Você vai me fazer corar! Eu digo enquanto giro sobre mim mesmo.
-Eu adoraria fazer você corar com palavras simples.
O que? O que ele acabou de dizer? Ele está falando sério ou...?
-Chega de conversa! Você pega! ele ordena.
-Eu gostaria muito, mas...
- Eu pago a ela.
-O que? Não, eu...
Tarde demais. Ele dá ingressos para a senhora. Ela sorri para mim e coloca o dinheiro no bolso do avental.
Enfio minha roupa na bolsa e guardo o vestido comigo.
-Fica ótimo em você, ele me elogia.
- Pare com os elogios! Eu sou péssimo nisso..
-Com o que? pergunta o príncipe.
-Elogios. Tenho dificuldade em aceitar elogios.
Uma pequena risada é ouvida.
-Do que você está rindo? Pergunto-lhe.
-Você não vai me impedir de elogiá-lo se eu quiser.
-O que você parece!
Aponto para uma mesa onde é assado pão caseiro. Vamos até lá e Éloys faz um pedido para o nosso jantar. Há, não muito longe, um ar de mesa.
Com o nosso jantar, sentamos lá.
O jovem príncipe tira o paletó e pendura-o nas costas da cadeira. Percebo diversas tatuagens em seus braços que certamente devem continuar em seu peito.
A pergunta queima meus lábios.
-Para que...
-Eu tenho tatuagens? ele me interrompe.
-Não. Por que usar sempre mangas compridas?
-Por causa disso.
-E é ruim? Tem tatuagens?
-É quando você é um príncipe. Normalmente incomoda os outros ver sangue real nele.
Encolho os ombros.
"Eu não me importo", eu disse comendo meu frango em cubos.
Seu olhar se fixou em mim. Sinto o rubor subir às minhas bochechas. Eu mantenho seu olhar. Ele balança a cabeça e continua a comer.
Ele me mostrou uma igreja bastante importante para o povo. Fiquei impressionado com tudo. Meus olhos castanhos brilharam.
Estamos, infelizmente, de volta ao Castelo Bastra. O dia todo ficamos de mãos dadas. Sem dúvida para não se perder na multidão.
Por reflexo, ao sair do carro, pego a mão dela. Quando percebo meu ato, retiro-o abruptamente.
-Desculpa. É um reflexo...
- Não, está bem. Não vou te irritar com isso.
Eu rio de sua linguagem vulgar.
-Não fazer o quê? Eu digo querendo que ele repita.
-Você está surpreso com a minha linguagem?
-Um pouco. É estranho, mas eu poderia me acostumar facilmente.
Ele está prestes a responder, mas Artania sai do palácio e me abraça.
- Como foi seu passeio? ela me pergunta.
-Tudo bem. Eu amei!
Eu me volto para ele.
-Obrigado Eloys. Tive um bom dia. O melhor!
- Não tem problema, ele responde sorrindo antes de entrar correndo no castelo.
Depois, também entramos nele. Artania nos leva para o quarto dela e me gira.
-Eu adoro seu vestido! Você comprou para você mesmo?
-Na verdade não. É Eloys. Eu o amo tanto!
-O vestido ou Éloys?
Eu concerto isso. Abro a boca e depois fecho. Por que estou hesitando?
-O vestido, Art'!
-Sim, mas você hesitou ou estou sonhando?
-Você sonha.
Ela joga um travesseiro na minha cara. Nós rimos um pouco. De repente, ela se levanta como se tivesse a melhor ideia do século.
-Coloque uma camisa! Você devia estar com calor?
-Sim mas...
-Vamos nadar!
Eu sorrio para ele. Por que não?