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Capítulo 2

“Fingir que não dói é a maneira mais estúpida de tentar esconder o que sente.”

- poeticidas

Mas, hoje, era um dia muito importante para mim e apesar de Jackson estar no mesmo ambiente que eu segurando a cintura da sua noiva, eu não podia fazer nada, a revista que eu estava trabalhando tinha como cliente sua agência, então, eu tinha apenas que aceitar.

- Quando recebi o convite para ser editora chefe aqui na Coreia, eu admito que fiquei bem assustada. - Comecei o meu discurso. - Mas, pensando em todas as coisas que me aconteceram, eu apenas posso suspirar e falar, eu consegui chegar longe depois de ficar quase 2 anos longe do mercado jornalístico. - E olhei para o homem que estava segurando meu filho. - Gostaria também de agradecer, ao meu namorado e melhor amigo, Park Seo-Joon por acreditar em mim e me apoiar, e nos meus momentos mais tristes, você segurou minha mão e me ajudou também, a criar meu filho, meu bem maior Benjamin! - E todos começaram a bater palmas, e claro, só estava aqui neste evento os atores, cantores e empresários associados à agência que eu trabalhava. - Como todos sabem, eu sou uma brasileira que deu sorte aqui, e gostaria de contar com o apoio de todos para fazermos ótimas edições e matérias maravilhosas!

Depois do meu pequeno discurso para me apresentar, eu desci do palco e fui encontrar Park que segurava Benjamin no colo, afinal, o pai nem lembrava dele muitas vezes, e quando me aproximei deles, meu filho estava dormindo tão gostoso que dava até dó de acordar.

- Você foi maravilhosa! - Park falou assim que me aproximei deles.

- Obrigada! - Falei sorrindo. - Jackson ainda não apareceu para pegar Benjamim? - Perguntei e ele apenas negou. - Que belo pai! - Falei brava pegando o Benjamin do colo de Park, e posso afirmar, Benjamin chamava mais Park de pai do que o próprio pai que estava sempre ausente, e eu não vou ficar implorando para ninguém amar meu filho, mas apenas pensão não basta.

- Você quer alguma bebida? - Park perguntou e eu neguei. - Não deve se estressar com coisas banais!

- Eu queria ir pra casa, podemos ir? - Pedi com jeitinho. - Ou se você quiser ficar mais um pouco por causa dos contatos, eu vou primeiro, pode ser?

- Eu iria precisar ficar mais um pouco, meu agente quer que eu fale com um rapaz sobre um papel na marvel que vai surgir, mas vou pedir que tragam o carro e você vai, pode ser? - E eu assenti com a cabeça, por que sabia que eventos assim era muito importante para ele conseguir novos contatos e até mesmo novas oportunidades na televisão, afinal, Park era um ótimo ator e eu queria mesmo que ele crescesse muito, e eu sabia, bem dentro de mim, que o lugar dele não era comigo, e eu queria aproveitar tudo que pudesse quando ele ainda estava aqui, por que em fração de segundos, ele iria embora e viveria a vida, como a mãe dele sempre fala.

Eu acho engraçado o que minhas sogras falam de mim, eu não sou e nunca serei a mulher certa para nenhum filho. Primeiro, eu não era a mulher certa para Jackson porque era estrangeira e dependia dele, e segundo, eu não sou a mulher certa para Park por que sou estrangeira, divorciada e mãe, o combo perfeito para qualquer mãe me querer bem longe de seu filho.

Me despedi de Park que logo foi arrastado pelo agente que também não gostava de mim, mas não tinha poder de separar a gente e ele também que foi o nosso cupido, a 6 meses atrás ele participou de programa que eu estava como editora, e começou a me cantar, conversa vai, conversa vem e acabamos ficando por um tempo, até assumir um namoro publicamente, a vontade dele.

Quando estava prestes a entrar no carro, alguém me impediu e fechou a porta, eu fiquei confusa e ao olhar para trás, percebi que o dono da mão se tratava de Jackson, e eu apenas revirei os olhos.

- O que você quer? - Perguntei ríspida.

- Calma aí, eu vim em paz! - Ele ergueu as mãos em sinal de paz, e quando Benjamin ouviu a voz do pai ele despertou e ficou animado. - E ai campeão!

- Agora é campeão? Park teve que ficar com ele a noite inteira enquanto você estava com sua querida noiva e nem veio ver seu filho ou ficar com ele, o que foi? Medo dos outros saberem que realmente você tem um filho? Vê se cresce!

- Eu tive que falar com algumas pessoas e consegui vim ver vocês apenas agora. - Falou tentando se explicar. - Eu juro!

- Estou cansada de você jurar pelas coisas, nunca é verdade, por que em você não existe verdade. - Respondi segurando Benjamin que já estava ficando pesado, e Jackson percebeu tomando ele do meu colo e segurando, e percebi que Ben se deitou no ombro do pai.

- Eu vou levar você, Jenna foi embora sozinha porque queria levar vocês, posso?- Ele pediu e eu percebi que Benjamin não sairia tão cedo do colo do pai. - Deixa eu ficar com ele, apenas até sua casa.

- Tudo bem, não vou ser a mãe chata nesta história! - E pedi que o meu motorista ficasse e esperasse Park sair do evento, e não, a gente não morava juntos, mas em contrapartida, ele morava dois andares abaixo do meu apartamento.

Em seguida, entrei em seu carro que estava logo atrás do meu, e para minha sorte não tinha nenhum paparazzi esperando, já que todos estavam focados na festa para capturar algo de errado.

- Posso saber qual a repentina vontade de ser pai? - Perguntei meio ignorando, e Jackson apenas ajustou o pequeno em seu colo, que dormia serenamente.

- Bela, eu sempre fui pai, não sei o que você quer dizer com isso. - E eu dei risada, mas resolvi me calar, não queria arrumar uma briga agora. - Você ainda tem raiva de mim? Por ter te deixando? - E desta vez eu o encarei, sem acreditar que ele estava tocando na minha ferida.

- Jackson, você não faz parte da minha vida. - Respondi séria. - Eu tenho uma pessoa incrível ao meu lado, mesmo sabendo que ele não ficará para sempre.

- Porque? Está com problemas no conto de fadas que você criou? - E eu esqueci em como ele conseguia ser tão babaca.

- Não, eu não estou com problemas no meu conto de fadas, como você falou, mas eu sei identificar o meu lugar quando uma pessoa precisa crescer, e eu sei que Park não vai ficar para sempre preso a uma mulher que foi mãe cedo, como também sei que vai surgir grandes oportunidades para ele no exterior, e eu não vou impedir dele ir. - E Jackson me encarou sem reação, como se não soubesse o que falar.

- Por que você faz isso? - Ele perguntou e eu não entendi. - Por que você desiste da sua felicidade pela felicidade dos outros? Por que? - Ele estava bravo e eu fiquei ainda mais sem entender.

- Por que eu não posso impedir os outros de ser feliz, não é mesmo, Jackson? Eu te impedi de encontrar sua felicidade? - O questionei séria. - Não, eu apenas te deixei livre mesmo que isso me destruiu, mas eu me reconstrui e graças a você, eu aprendi a não esperar nada do amor, e a única coisa me deixa forte, hoje, é ele. - E passei a mão na cabeça de Benjamim, que apenas dormia.

- Para com isso, por favor! - Ele pediu e eu resolvi não responder mais nada. - Eu admito, me arrependi de ter te deixado e abandonado a minha família, mas eu não pude voltar atrás, então, não faça o mesmo com Park, se você realmente o ama de verdade, e se você realmente me esqueceu, não deixe Park ir embora, se não, vá atrás do que ama. - E eu dei risada, mas não respondi mais nada, deixei que ele ficasse perdido em seus pensamentos, pois ele falando isso, apenas deduzi que ainda sentia algo por mim.

Não demorou muito para chegarmos em casa, e quando desci do carro, Jackson colocou Benjamin no meu colo, mesmo não querendo deixar o filho ficar comigo, ele assim o fez.

- Obrigada pela carona, Jackson! - Agradeci e peguei as coisas do meu filho.

- Você quer ajuda? - Ele perguntou e eu neguei, mas quando as bolsas caíram, ele viu que não adiantava eu negar, porque na verdade, eu precisava. - Vêm, me da ele. - Falou pegando Benjamin do meu colo, sem nem me dar a chance de retrucar, e em seguida, saiu dando em direção a entrada, e como o porteiro o conhecia, ele abriu o portão para nós e eu apenas segui atrás levando as bolsas, uma minha e outra do Benjamin que volte e meia sujava as roupas ou precisava comer.

A gente entrou no elevador em silêncio, apenas o som da nossa respiração, e eu admito, era estranho voltar a esse lugar acompanhado com ele, já que no divorcio, ele insistiu que eu deveria ficar com apartamento, já que seria perfeito para o Benjamin crescer pois ele morava a dois quarteirões daqui quando estava na Coreia, e a escola do pequeno era a menos de 5 minutos de carro, então, voltar com ele aqui era um incômodo pois fazia eu lembrar de alguns sentimentos que pensei que estavam escondidos dentro de mim ou tivesse deixado de existir.

- Você não precisa entrar. - Falei quando chegamos na porta do apartamento. - Eu posso fazer daqui. - Falei na intenção de pegar Ben, mas Jackson não deixou.

- Eu não vou ficar, só vou colocar Ben na cama e depois vou embora. - Ele falou resistente e eu apenas assenti deixando ele prosseguir com o que quisesse.

- O quarto de Ben fica no final do corretor. - Falei colocando as bolsas em cima do sofá e vi Jackson caminhar até o final do corredor, admirando o apartamento, pois quando ele foi embora, eu mandei reformar tudo, e o quarto que ficava no andar de cima, virou apenas meu closet e escritório, assim, quando eu precisasse trabalhar, eu ficava em um ambiente diferente.

- Você mudou tudo por aqui. - Ele falou vindo até mim após deixar Benjamin no quarto.

- Bom, agora você já pode ir. - Eu falei grossa, sem dar espaço para ele.

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