Capítulo 6
Desperto ao ouvir um barulho estrondoso e gritos. Espreito pela janela e vejo homens vasculhando quartos. Acordo as meninas ao me dar conta de que procuravam pela gente.
- Acordem!! Precisamos fugir. - por sorte a gente não dormiu de pijamas ou roupas confortáveis. Levantamos num pulo e dei graças a Deus que tavamos no rés do chão.
Saltamos pela janela sem fazer barulho e corremos.
Deixamos as sacolas e tudo para trás! Nem dinheiro a gente tem mais. Meu diploma que talvez nos faria conseguir algum emprego bom também ficou pra trás.
Único dinheiro que temos são trocados de bolso! Estamos ferradas!
O dia amanheceu e andamos quilómetros e quilómetros. Estamos cansadas e com fome. Avistamos uma casa enorme no meio do nada e entramos na esperança de conseguir alguma coisa.
- Pois não, em que posso ajudar? - pergunta uma senhora bem vestida e elegante.
A gente explica a ela a nossa situação. Que não temos nada e precisamos ajuda. Ela parece se interessar e nos indica um local para a gente tomar banho e depois sentar e comer.
A gente faz tudo e fica sentada esperando ela chegar para perguntar se não há emprego aqui nesse casarão ou qualquer coisa.
Minutos ou horas passam.. sinto vontade de fumar qualquer coisa.
Avisto a senhora vir de longe e me levanto.
- Senhora. Gostaria de falar com você. Você sabe a situação em que a gente se encontra, a gente queria saber se não há emprego nenhum ou qualquer coisa. - pergunto e ela indica que me sente numa mesa ali ao pé e chama Bella.
- Muito bem. Quantos anos vocês tem? A outra parece ser mais novinha, quantos anos ela tem? - ela pergunta com interesse palpável.
- A gente tem 20 anos, minha irmã tem quase 15. - respondo.
- Bem, infelizmente essa casa vai fechar. Mas abriremos outra no Rio, poderia oferecer emprego a vocês mas a gente parte daqui a um tempo. Então acredito que não aceitem pois teríamos ainda que discutir muitos assuntos.
- A gente vai. - Bella começa e eu nego logo. - A gente precisa fugir daqui o mais rápido possível! Ir para o Rio é a melhor opção para a gente Bia! - ela diz me fitando e eu assinto.
- Ótimo. Então esperem que eu trato de tudo e vocês vão. - ela avisa enquanto se levanta nos deixando sozinhas.
Penso e penso. Talvez seja o melhor. Só quero fugir desse pesadelo e daqueles vermes. Aviso minha irmã e ela concorda cabisbaixa. Sei que sofre ainda com o que aconteceu recentemente.
A senhora volta um tempo depois e entrega um papel para a gente assinar. Ela fala muitas coisas, como o trabalho será bom pra gente e vencidas pelo cansaço assinamos.
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Entramos numa casa assim que chegamos no rio. A casa é enorme e tem várias meninas ali.
A Senhora pede que a gente descanse e nos entrega roupas pra gente trocar. A gente faz tudo isso. Pelo menos agora estamos longe daqueles malditos.
Acordo com a luz inundando o quarto. Suspiro e me levanto. Entro no banheiro e faço minhas higienes. Me seco e me visto, mas não sinto como o habitual pois não tenho nenhum cigarro aqui. Não sou dependente, fumo só porque me ajuda a relaxar e esquecer parcialmente o que me assombra, então não me importo tanto.
Me olho no espelho e vejo que meu cabelo tá comprido demais e estou sem todos meus brincos nas orelhas. Fiquei apenas com dois furos no lóbulo da orelha direita e no tragus, e dois no lóbulo da esquerda. Mas agora pouco me interessa. Quero mais é saber o que me espera.
Espero Bella e Ju levantarem e se preparem.
Saímos do quarto e exploramos a casa, encontramos a cozinha e comemos. De seguida procuramos pela Senhora e a apanhamos.
- Meninas, estava mesmo esperando vocês. Sentem se que precisamos conversar! - ela diz e noto que sua gentileza diminuiu consideravelmente.
Nos sentamos e ela começa a falar.
- Então, vou explicar o que vai acontecer daqui em diante. Serão acompanhantes de luxo. Ganharão muito dinheiro com isso.. Tanto eu como vocês. Aqui serão treinadas para serem submissas e pagarão por vocês. - ela diz como se fosse a coisa mais normal.
- Está maluca ou o quê? Pode ir se foder! Acha que a gente é prostituta ou o quê? - pergunto exaltada.
- Atenção aos modos. Se tivesse falando agora com seu Dominador levaria uma baita surra. - gelo e me lembro de certos episódios. - Cale se e escute. Serão contractos feitos com certos objectivos. Poderão ser contratadas apenas para farsas, fingimentos, como podem ser contratadas para diversão fácil. Aqui é uma agência para treinar submissas, vários Dominadores podem vir assistir e decidir qual de vocês levar. Pagando uma certa quantia a vocês e outra a nós. Caso não cumpram corretamente seu dever e não supram suas necessidades, neste caso dos dominadores, serão penalizadas tanto por eles quanto por nós. Não tem muita escolha, é pegar ou largar. O máximo que posso dizer é que posso tratar de colocar vocês para farsas sem envolvimento sexual. Depois do que assinaram não tem escolha. Não sei a história de vocês mas sei que fugiam de alguém perigoso. É pegar ou largar! Aqui estarão em segurança. - ela diz e eu me afundo na cadeira. Parece que é um karma. Nasci destinada para ser usada e descartada.
- Sem envolvimento sexual! - Bella rosna pra ela.
- Farei os meus possíveis. Quero saber quem é virgem. - ela diz e apenas a olhamos. - Então todas já se envolveram sexualmente. - ela tenta e novamente não a respondemos. - Não vão falar nada?
- Não. Isso não lhe diz respeito! E olha, minha irmã é criança! Ela não vai fazer nada de nada com ninguém está me ouvindo? - digo bem perto dela.
- Como queira. Não me culpe por colocar vocês em qualquer categoria.
- Juliana é virgem. Não a coloque em qualquer categoria. Ela é prioridade longe disso. - Bella explica.
- Ótimo. - ela diz e continuamos discutindo essa porcaria.
Acordamos que não nos iríamos envolver sexualmente com ninguém.
Mas ainda assim, a ideia de seguir ordens e ter alguém pagando por mim me cria náuseas.