4-Renata fugitiva
Depois do enterro, todos os funcionários da Corporação Bertizzollo se reuniram. Pouco antes das cinco horas da tarde, todos estávamos na biblioteca que ficou totalmente cheia. Encontravam-se Todos os filhos (Chefes), os Capos, e todos os Soldados. Juntamente com as famílias associadas e o Consigliere, Antony.
Todos estavam diante de um homem, Don Salvatore.
Vincent
Eu fiquei em um canto. Meu pai, ainda muito abalado iniciou a reunião:
— Como todos sabem, estamos com um problema nas mãos. Renata deixou essa casa sem ser vista. Enzo e Enrico foram até a casa dela. O mordomo disse que a viu saindo com uma mala. Numa varredura da casa, encontramos o cofre vazio. Conclusão, Renata fugiu.
— Ela foi esperta! — Vitor disse baixo com ira nos olhos. — Ontem o detetive Madson a procurou. Ao contrário do que pensamos, ela logo quis falar com ele. Lógico que nossos rapazes ficaram por perto. Ela não disse nada que nos prejudicasse e passou para eles seu álibi. Com suas declarações colhidas, a polícia a retirou da lista de suspeitos. Ela fez isso tudo para fugir. Com certeza ela já estava planejando tudo. Seu desmaio foi proposital!
Lucas se manifestou.
— Pai, gostaria de cuidar desse caso. Irei investigar em detalhes tudo que aconteceu.
— Você é muito jovem para compreender este mundo. Vitor ficará responsável por esse caso — disse Don Salvatore num tom enérgico. — Todos saiam, e Vincent, fique! Quero falar com você.
A energia inundou as minhas veias com suas palavras. Quando todos saíram, eu me sentei na cadeira que meu pai me indicou.
— Me diga, Vincent. O que pretende fazer daqui por diante? Um dia, você jurou colocar esta família acima de tudo. Todos. No entanto, sumiu por mais de dois anos. Dando as costas para a sua família.
Eu cerrei os punhos.
— Não dei as costas, pai. O senhor conhece minha opinião.
— Dane-se sua opinião! — exclamou Don Salvatore furioso, descontrolado, e seu punho bateu violentamente sobre a mesa. — Foi com esse negócio que menospreza que comprei o cassino. Ou se esqueceu?
— Não pai. Não me esqueci. Mas fiz do cassino um negócio vantajoso. O senhor sabe disso.
— Sei. Mas lá não é o seu lugar. Você sabe o que penso sobre isso.
Meu coração deu uma batida terrivelmente dolorosa e eu não respondi suas afirmações. Ele continuou:
— No passado, eu respeitei seu desejo de sair dessa linha de fogo, mas agora, com a morte de seu irmão, não pretendo mais deixá-lo fora disso. Sabe quantas famílias mantemos com nosso dinheiro sujo? E então? Com a morte de Lorenzo, dará as costas à sua família novamente?
Com ele não adiantava argumentar. Eu senti um aperto no meu peito que reforçou que eu não tinha mais uma escolha:
— Não pai, não voltarei para Las Vegas.
— Ótimo. Quem cuidará do cassino daqui por diante, será Lucas.
— Ok! — respondi resignado, enfrentando seu olhar duro.
— Você é parte dessa família. Isso é o que somos.
— Eu sei, pai.
— Sabe?
Pensei no meu irmão naquele caixão. A pressão acumulou-se no meu peito até que eu não aguentei mais e disse:
— Sei que me culpa também pela morte de Lorenzo.
Desviei os olhos dos de meu pai. Minha respiração ficou pesada com várias emoções explodindo através de mim em uma rápida sucessão: raiva, culpa, tristeza e ojeriza por tudo. Baixei a cabeça sem conseguir olhar para ele. Ouvi seu movimento vindo em minha direção.
Senti sua mão no meu ombro:
— Não te culpo. Todas as famílias têm os seus infortúnios. Se culpar não trará seu irmão de volta. Precisamos apenas achar os culpados. Seremos como jogadores do cassino. As probabilidades estão contra nós, mas há sempre uma hipótese de bater as probabilidades. Eu quero vingança. Quero as pessoas responsáveis por tudo, mortos.
Eu olhei para o lado e vi seu rosto duro, crispado. Ele era uma força poderosa, e eu senti pena de quem pagasse por sua ira.
— Eu sei — suspirei pesadamente, lutando contra a depressão e cansaço.
— Tudo funcionava bem, como uma máquina. Faz mais de três anos que não entramos em uma guerra. Isso que aconteceu com seu irmão é algo a ser investigado. Por isso, eu preciso de você aqui!
— Lucas já sabe que cuidará do cassino?
— Não, ainda não falei com ele. Mas tenho certeza que ele não resistirá. — Você vai estar ao meu lado, afinal? — Meu pai me lançou um olhar perscrutador.
— Sim — repliquei energicamente.
— Ótimo. Ajude então Vitor a achar aquela vagabunda e foque nisso. Quero sua vida investigada. Todas as pessoas com quem ela manteve contato, quero que ela pague com preço de sangue.