Formatura
Érida
Amanheceu e eu só quero ficar na cama de preguiça, mas hoje é domingo e domingo pode!
Depois das cervejas de ontem, o organismo reclama um pouco, só um pouco, já que bebi pouco.
Hoje vou por em dia os negócios, agora que terminei a faculdade de direito, terei mais tempo e conhecimento para poder agir dentro da lei e acabar com os demônios psicopatas que dominam o trafico e a prostituição de menores.
Aaaahhh!!!!
Mas se eu não levantar, não conseguirei fazer nada. Num impulso sento na cama e esticando os braços, me espreguiço. Finalmente vou ao banheiro executar minha rotina matinal. Me visto e vou tomar o café da manhã com Anita, que pelo aroma delicioso, já está preparando nosso desjejum.
-Bom dia! - cumprimentei ela com um sorriso, mas falando baixo.
-Bom dia querida e obrigada por falar baixo, minha cabeça tá o ó! - Resmunga ela.
-Hoje vou revisar aqueles últimos relatórios que chegaram, vou pedir comida pronta do Dino's Grill, você pode ir descansar se quiser, mas tome um analgésico.
-Obrigada. Mas o café já está pronto e reforçado, vamos comer.
Sentamos e nos fartamos. Tinha frutas, bacon, ovos, linguicinha frita, pães, frios, bolo, suco, café e leite.
Foi bom, pois passaria horas sem precisar comer e faria uma refeição leve, no almoço.
Anita tomou o comprimido e se retirou para o quarto, enquanto eu fui para o meu canto de trabalho. A sala do ap é tão grande, que pude improvisar um mini escritório num dos cantos. Tenho até um mini arquivo para meus documentos ficarem organizados.
Quando inicializei o computador, o interfone tocou.
-Alô - respondo.
-Dona Stela, tem um entregador aqui com um buquê de flores pra senhora, posso deixar subir.
-Por favor seu Gilson, veja o remetente para mim.
-Mas aí eu vou ter que ler o cartão.
-Eu lhe autorizo, por favor.
-É de Danilo… - nem deixei ele completar.
-Pode jogar fora seu Gilson, ou mande o entregador levar de volta.
-Mas são tão lindas, dona Stela.
-Então fique para o senhor. Se chegar mais alguma coisa com esse remetente, não deixe subir.
-Sim senhora, dona Stela.
-Obrigada, você será bem recompensado.
Ele agradeceu novamente e pude sentir o sorriso em suas palavras.
Sentei outra vez de frente ao computador e abri finalmente os relatórios. Os dados eram alarmantes, eles ampliaram a área de ação, abrangendo um território bem próximo, que era do avô de Danilo.
Parei, me encostei na cadeira olhando para a tela sem enxergar, concentrada em decidir que atitude deveria tomar. Levantei e fui à cozinha beber água, talvez me ajudasse. A questão era: será que o Danilo sabe?
Voltei ao computador e abri a página de e-mail clandestina que uso quando não quero ser identificada e puxei o e-mail do advogado que nos tem assistido. Enviei a cópia do relatório referente à firma antiga dos Scapola.
Pronto, agora é só esperar a reação. Enquanto isso, investigo as operações bancárias do novo dono do pedaço e vejo que ele, apesar de viver uma vida banhada em ouro, tem uma conta bem modesta no banco. Vou ter um trabalho maior, mas eles não conhecem a @ratinhafaminta.
Depois de duas horas, consegui uma pista do dinheiro, mas as informações estavam tão embaralhadas, que será preciso mais algumas horas. Preciso de um servidor mais rápido e eficiente, mas não posso colocar um aqui, chamará muita atenção.
Deixo o computador fazendo as buscas e pego o celular em busca de imóveis para escritório em prédios comerciais. Normalmente esses prédios têm várias firmas usando servidores mais potentes e não chamam atenção para alguém pequena como eu.
A campainha toca e só uma pessoa tem autorização de subir sem avisar, abro a porta e lá está ela:
-Mamãe! Que surpresa boa. Entre.
Ela entra e nos abraçamos. É incrível como ela é tão jovem e bonita, parecemos irmãs. A diferença de idade é pouca e sou muito parecida com ela, loira de olhos azuis.
-Oi filha, estava com saudade e resolvi vir almoçar com vocês. Onde está Anita?
-Saímos para comemorar ontem e ela exagerou um pouquinho. Está descansando.
-Eu vi você na televisão, num desfile de modas. O que foi aquilo? - Perguntou com ar de espanto, sorrindo.
-Eu já te conto, mas antes vou pedir nosso almoço. - Peguei o celular e mandei um zap para a churrascaria.
-Pronto, pedi churrasco misto com molho barbecue e acompanhamentos para três. Agora venha sentar aqui que vou te contar tudo.
Mais uns instantes, já conversando, o interfone tocou novamente.
-Oi seu Gilson, o que foi?
-Dona Stela, é que não para de chegar flor, a portaria mais parece um jardim.
-Já lhe disse o que fazer com todas as flores que chegassem, então o problema é seu, dê seu jeito.
-Mas são tão lindas, a senhora tem certeza que não quer? - falou o porteiro choramingando.
-Tenho sim seu Gilson, agora com licença que estou ocupada. - Nem esperei ele falar nada e coloquei o interfone no gancho.
-Ouvi bem filha, aquelas flores todas que vi lá embaixo eram pra você?
-Sim mãe, ele me viu no desfile ontem e agora virou meu stalkear. Mas não quero falar nele, vou continuar te contando sobre o desfile.
***
Danilo
-Como assim as flores voltaram? Ela além de não receber, mandou devolver e jogar no lixo? - A senhora da floricultura explicava, mas eu estava nervoso e não aceitava a informação.
-Inferno! - Gritei após desligar o telefone.
Pelo visto minha estratégia não deu certo, terei que pensar em outra forma de dobrar a mulher. Fiquei andando de um lado para o outro até a campainha tocar. Atendo e Hélio entra que nem um furacão.
-Eu que sou rejeitado e você que tá nervoso! O que houve homem? - Perguntei.
-Recebi um relatório por e-mail, relatando a tomada dos negócios na região prata. - Contou ele.
-Como assim? Nós sabíamos que os D'Castro queriam continuar os trabalhos naquela área, isso não é surpresa.
-Não, a surpresa foi mandarem este relatório pra mim e o negócio cresceu de forma alarmante. Tem gente de olho nisso, só não sei porque vieram até nós.
-Talvez pensem que somos nós e queiram que paremos.
-Não acredito, o relatório tem todos os dados dos responsáveis. - Hélio está nervoso, mas não entendo porquê.
-O que você sugere que eu faça? Vá lá peitar eles e mandar parar, como se eles fossem me ouvir?
-É, não sei o que pensei, você tem razão, aqueles lá só entendem na violência ou no bolso.
-Hoje é domingo, vamos relaxar, pegue uma bebida e me faça companhia. Preciso de um amigo pra levantar minha bola, depois do toco que tô levando.
-?