Capítulo 2
Minha vida com o meu pai não é fácil, eu o amo muito, mas o gênio dele é insuportável.
Ele passou o ano todo me cobrando boas notas enquanto fazia uma perseguição por onde eu fosse.
Tenho dificuldades com matemática e cálculos de física, não sei porra nenhuma e acabava não prestando atenção na aula. Quem me ajudava era meu irmão Benjamin, o qual eu amo de paixão, ele tinha um jeito peculiar de me ensinar, com toda a sua paciência, mesmo sem olhar em meus olhos. Porém, ele foi trabalhar na NASA e agora mora por lá, pelo trabalho.
Papai Taylor sempre ia me deixar na aula e na hora da saída já estava lá me esperando.
Minha irmã Emiliana e meus outros irmãos, também estudam na minha escola. Eu estava no 3 ano do ensino médio, na mesma sala que minha irmã, o clone de Eva Mendes, enquanto Thor e Alexander, estudam no segundo ano.
Minha irmã Emiliana é o oposto de mim. Calma, fofa, sonhadora e obediente. Papai vive elogiando ela e seu jeito e quer que eu seja igual a ela. Eu não tenho um pingo de inveja da minha irmã por ela ser assim, sou o que sou e não vou mudar.
A pressão do papai me estressou muito e também a carência de ficar com alguém. Muitos garotos dão em cima de mim escondido, mas morrem de medo do meu pai.
Um dia, fugi de casa e fui me encontrar com um garoto num clube de boliche, para tentar ter o meu primeiro beijo, mas não deu outra, papai descobriu onde eu estava e chegou na hora que o Henrique me levava pra um banheiro.
Meu pai o pegou pela gola da camisa e o ameaçou de morte, depois me colocou nos ombros e me levou pra casa, me deixando trancada de castigo no meu quarto.
Vou me deitar e nem desço para o jantar, estou com dor de cabeça e cansada de levar sermões.
No dia seguinte, mamãe bate na porta.
- Filha, deixe eu entrar, minha vikingzinha.
Eu me levanto, morta de preguiça e abro a porta.
- Entra, mamãe.
Ela começa a conversar em português, língua que eu domino, além de inglês, sueco, dinamarquês, alemão, italiano e espanhol. Aprendi todas essas línguas devido a convivência com meus avós que são descendentes de várias nacionalidades e com meu pai e tios.
- Filha, o que está acontecendo? Você repetiu de ano, meu amor. Desabafa comigo.
Decido contar todas as minhas dificuldades para mamãe, ela me entende e se pronuncia:
- Oh, filha, eu sei que o Benjamin faz falta pra te ajudar, mas você devia pedir ajuda... você não é burra Valentina.
- Eu acho que sou, mamãe... e além disso, sou frustrada... Quero poder ser uma adolescente normal, sair com as amigas, beber, namorar, viajar, mas eu vivo numa prisão! Porra, eu tô cansada disso. - desabafo, baixando a cabeça.
- Valentina, olhe a boca! Você é igual ao seu pai, misericórdia! - mamãe repreende-me.
- Desculpe, mãe... estou tão estressada.
- Vem cá, me abrace, filha.. Vou contratar uma professora para te ajudar na escola, ok?
Nos abraçamos forte, olho para ela, puxando assunto sobre algo que papai odeia:
- Tudo bem, mamãe. Obrigado, eu aceito. E em relação a eu poder namorar? A senhora vai pensar nisso ?
- Filha, eu sei muito bem a sua vontade de querer namorar, mas você tem que ter cuidado com a carência, você pode escolher um homem errado só pela pressa de querer beijar ou fazer sexo e poderá se dar mal, por isso temos cuidado em você. Você é extremamente teimosa e atrevida, isso pode te fazer mal. Se aparecer um garoto legal, quem sabe. Você me mostra primeiro e eu falo com seu pai.
- Aff! Duvido ele permitir, mãe ! Vou morrer BV e virgem! - reclamo, bufando.
- kkkkkk, pare com isto, Valentina... Sua falecida tia Alexandra disse..
Eu a interrompo e falo:
- Já sei de cor e salteado, mãe. Disse que eu iria encontrar meu grande amor mas que só iria ficar com ele anos depois. Acho que ela previu a minha outra vida, porque enquanto papai viver me cercando, nada vai rolar.
- Tenha calma minha linda, o destino vai colocar a pessoa certa na sua vida.. Taylor só quer o seu bem, meu amor... Ele te ama mais que tudo e eu também...
Olho para as cicatrizes no braço e na perna da minha mãe e lembro de quando ela se acidentou no passado para me salvar e quase morreu. Eu a amo com toda a minha alma, ela é meu exemplo de mulher forte, minha inspiração, minha mulher maravilha.
- Te amo, mãe
- Te amo, minha Taylorzinha, rsrs. - mamãe declara-se, sorrindo e me abraça.
Reviro os olhos e sorrio. Mamãe sai do meu quarto e eu volto a dormir. Na hora do almoço, eu desço e vou comer.
Papai está na mesa com Emiliana e Thor mas não fala comigo. Sua cara emburrada está lá.
- Pai, já tirou nossos vistos pra viagem? - meu irmão Thor pergunta a papai.
- Sim, já resolvi tudo hoje de manhã. - papai lhe responde.
- Perai, que viagem??? - pergunto curiosa.
- Vamos para a Europa, daqui há 2 semanas. - papai me responde, de cara fechada.
- Ai que tudo! - comento animada.
- Mas você não vai. - Meu pai olha bem sério pra mim, avisando todo bruto.
- Queeeee?Porque eu não vou? - o questiono com os olhos arregalados.
- Você não está merecendo e está de castigo! Seus irmãos passaram de ano, são merecedores, mas você não! E fale baixo comigo! - responde-me, falando alto.
Meus olhos ficam cheios de lágrimas e Thor tenta intervir:
- Papai deixa a Val ir, por favor!
- Não! Ela ficará aqui em Miami e estou contratando um guarda costas para vigiar ela. Não sairá de casa para nada, além do necessário! - papai diz, impassivel.
- Eu não sou uma prisioneira! Te odeio, seu viking bruto! - grito, levantando-me revoltada da mesa, chorando com ódio e vou para meu quarto.
- Valentina, volte aqui!! - papai ordena, gritando ainda mais.
- Pai, se acalme... - minha irmã adotiva pede.
- Não dá, filha!!! Sua irmã tira meu juízo! - papai lamenta-se e bufa.
Thor se entreolha com Emiliana e engole seco.
O babado que rola entre eles é forte e ninguém sonha
Fico chorando em meu quarto, decidida a me vingar e falo pra mim mesma:
- Se esse tal guarda costas aparecer, eu tenho pena dele!!! Vou fazer de sua vida um inferno, ou eu não me chamo Valentina!