Capítulo 4 - Seraphina
“Há mais alguma coisa que eu posso oferecer, para Vossa Majestade?” meu servo questiona. Seus lábios voltam a beijar a minha coxa, o que me causa um arrepio.
Meu corpo continua em êxtase pelo o orgasmo que tive, eu sinto ainda o tremor pelo meu corpo e em minha intimidade o latejar do meu clitóris inchado. Olho para o homem deitado entre as minhas pernas. A sua devoção em me agradar chega a ser um pouco patética.
“Silêncio,” respondo com frieza e o puxo pelo braço para cima.
Percebo que seu membro está rígido e pronto para me penetrar. Deito o homem na cama e subo nele, encaixando o seu membro em minha entrada. A penetração é fácil e eu sinto o prazer percorrer todo o meu corpo. O rapaz começa a ficar mais ofegante e a querer gemer, algo que quebra a minha concentração prazerosa.
“Silêncio,” ordeno antes de tampar sua boca com a minha mão.
Meu corpo inteiro está carregado de luxúria e desejo. Consigo controlar o ritmo da penetração, o movimento de ir e vir com rapidez. Meu corpo fica suado e o do homem abaixo de mim também. Ele aperta a minha cintura com força, me ajudando a manter o equilíbrio.
Não demorou muito em usar o meu servo para me causa prazer. Sei que Caelum está em reunião com os conselheiros do reino e isso leva tempo. Tempo o suficiente para que eu tenha dois orgasmos e ainda mandar o criado ir embora sem qualquer pressa.
Caelum me flagrar traindo seria uns dos meus menores problemas aqui no castelo. Não duvido que ele faça o mesmo comigo quando ele precisa viajar para algum lugar e faz questão de não me levar.
Eu visto minha roupa e ajeito o meu cabelo, olho no relógio em cima da minha penteadeira e percebo que já está quase na hora do meu compromisso mais importante do dia. Me olho no espelho e passo a mão em minha barriga lisa e pequena. Preciso gerar uma criança!
O casamento, nos primeiros anos, foi incrível. Caelum era atencioso e realmente se empenhou para que eu me sentisse em casa, viajávamos e nossa fase de lua de mel foi muito longa. O sexo também não era de todo mal, eu o agradava e ele me agradava. Descobrimos o gosto um do outro com o passar do tempo.
Só que a cada menstruação que descia, as esperanças de gerar um herdeiro começaram a ficar pequenas. A pressão da família dele, os integrantes do conselho real exigindo um herdeiro a cada mês, foi minando o nosso relacionamento. E os ataques dos Wolfspawn Renegades, clamando por um rei que fosse puramente Lycan começou a levantar uma muralha entre mim e Caelum.
Até mesmo a magia começou a ser proibida, algo que me parte o coração. Caelum cada dia mais nega o seu lado Enchantrix, negando o uso da magia e com isso, me privando de tantas coisas dentro do castelo e pelo reino.
Não só o reino de Veridiana, mas o meu próprio, o reino de Syltirion. O meu coração clama para voltar para casa, para trazer vida e salvação. As terras têm morrido e o reino não sobreviverá por muito tempo.
Lanço um feitiço de camuflagem, apenas para ter a segurança de que ninguém vai me reconhecer ao sair do castelo. Volto a me olhar no espelho, a minha roupa elegante e sofisticada, estão como a de uma criada, simples e com rasgos na frente do avental. Minha aparência glamorosa se transforma em algo comum, apenas meus olhos dourados continuam os mesmos.
O trajeto para sair do castelo é tranquilo, eu lanço pequenos feitiços para confundir os guardas e qualquer outro funcionário que pudesse se questionar quem eu era. O caminho até Grimroot Forest, a floresta proibida, onde todos os enchantrix foram chutados devido às novas leis de Caelum, é cheia de magia e familiaridade para mim.
Eu me sinto muito mais em casa em Grimroot Forest, do que no palácio onde estou rodeada apenas de lycan e humanos. Vou em direção à loja de uma enchantrix anciã, uma mulher com poderes bem maiores que os meus.
A loja é pitoresca e simples, cheia de cacarecos espalhados. O local é pequeno e bem intimista, o cheio de ervas queimadas e magia impregna o ar como maestria, me fazendo respirar fundo como se fosse uma brisa do mar na estação de verão.
“Majestade, que honra tê-la aqui novamente,” a enchatrix declara, fazendo uma reverência simples.
“Não achei que iria precisar voltar aqui, mas eu preciso dos seus talentos, da sua magia,” digo com pesar na voz, sentindo em meu peito a angústia que me aflige.
A enchatrix indica a mesa redonda com duas cadeiras de madeira. Eu a sigo e me sento de frente para ela. Escuto o bater do meu coração ressoar por todo o meu corpo, junto com a minha ansiedade crescente.
“O que te preocupa, Majestade? O ouro do palácio não te agrada mais aos olhos ou é a saudade de sua terra natal?” ela questiona com a voz rouca e arrastada.
“Por que eu não consigo gerar filhos de meu marido? Tenho me deitado com ele todos os meses, antes eram todos os dias,” relato com angústia na voz, o desespero querendo subir pelas minhas palavras. “O problema está em mim ou nele? Sem uma criança, nunca poderei realizar o ritual para salvar meu reino Syltirion.”
“Não se angustie mais, Majestade. Verei o que o destino está escondendo de você. Qual maldição ou benção está rondando você e seu marido,” ela responde e logo oferece suas mãos por cima da mesa. Eu as seguro com delicadeza, sei que tipo de magia ela fará e temo pela revelação que vira.
A anciã enchatrix recita a magia proibida, o ambiente da loja fica obscuro, rodeados das entidades do outro plano, criaturas perigosas e traiçoeiras se o enchatrix não souber como controlá-los. Os olhos da anciã, que antes carregavam a cor violeta, são substituídos pela escuridão ao acesso ao reino proibido, alguns objetos ao nosso redor flutuam e uma brisa fantasmagórica balança os meus cabelos. A entidade que ela invocou a possui, as mãos dela ficam frias e mais fortes, me agarrando pelos pulsos.
“A semente do rei já foi plantada e cultivada. Cresce com força fora dos muros do palácio, protegidos e esquecidos pelo destino nobre. Uma nova rainha surgira, mais poderosa e mais perigosa. O reino de Syltirion cairá em trevas e ruína. O que você planeja e deseja, só terá sucesso quando a primeira semente do rei for arrancada. Procure pela mãe, uma mulher com uma lua crescente no pescoço e seu desejo poderá ser alcançado!" A entidade declara com uma voz profunda e cheia de terror através do corpo da enchatrix.
Meu coração se apavora com a notícia de que Caelum já possuiu um herdeiro. Sabia da possibilidade dele me trair assim como faço, mas achava que ele teria a decência de tomar precauções com as suas prostitutas, assim como tenho com meus amantes.
“A onde posso encontrá-la? A mãe dessa criança?” pergunto apressada.
“Ela virá até você, a mulher da lua crescente no pescoço,” a entidade responde. A enchatrix volta a tomar o controle e todo o ambiente volta ao normal.
A anciã tosse, como se tivesse engasgado com alguma coisa, ela solta minhas mãos com rápida, fazendo com que eu bata na mesa sem querer. Percebo a marca vermelha em minha pele pálida, ficará marcas e Caelum poderá reparar nelas.
“Majestade, tome cuidado. Lembre-se que às vezes as entidades são apenas traiçoeiras, apenas querem ver o caos,” a enchatrix aconselha.
Respiro fundo e incorporo a frieza que preciso ter com pessoas que não são nobres como eu, mesmo me sentindo perdida e até mesmo magoada com a descoberta.
“Não me importo com que as entidades querem. Preciso salvar o meu reino Syltirion, se for necessário matar um neném por causa disso, que assim seja!” declaro com firmeza na voz, sem permitir o terror de ter que fazer de fato isso.
Antes que a enchatrix falasse algo para me persuadir, eu me levanto com pressa e com passos ligeiros e pesados eu me afasto de sua loja, deixando o valor da consulta em cima do balcão.
Os dias se passam e a revelação ainda me corrói. As refeições com Caelum se tornam frias e silenciosas, olhar para o meu marido sabendo que ele já é pai, me causa náuseas. Será que ele sabe disso? Será que ele esconde sua meretriz e sua criança bastarda em algum lugar da capital?
O dia do nosso aniversário de casamento chega e a festa é farda e exagerada, perfeita para tentar completar o vazio que sinto em meu peito. Me distraio com os convidados, alguns nobres do meu reino Syltirion comparecem, como meus pais que a muito tempo eu não os via.
Quando o banquete começa e os garçons vão passando pelas mesas, uma jovem de vinte e cinco anos vem na nossa direção com uma bandeja de bebidas. Ela diz as opções e eu nego, porém, Caelum aceita e assim que a moça se abaixa para colocar a taça na mesa reparo no pescoço dela, a maldita marca de nascença em formato de lua.
O meu sangue gela com a audácia do destino de fato trazer a meretriz de meu marido no meu aniversário de casamento.