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05

Mia Miller

"Venha comigo", disse o homem, guiando-me pela boate.

O ambiente havia mudado desde aquela noite. A decoração da boate agora exalava requinte e ao mesmo tempo remetia a um ambiente de caça.

Ao abrir a porta daquele escritório, meu coração acelerava, sabendo que enfrentaria o pai do meu filho.

Ao entrar, deparei-me com uma versão dura e fria dele. Ainda atraente, seu maxilar era mais definido, músculos evidentes sob a camisa social azul, cabelos ligeiramente mais longos. Encarei seu rosto, percebendo que eu mal conhecia o pai do meu próprio filho.

Comecei a falar, minhas mãos trêmulas a cada palavra. "Ele é seu filho."

Ele parou por um momento, atônito. Seu olhar era gélido, parecendo não acreditar.

"Esse filhote não é meu." afirmou friamente, sem me encarar.

"Olha..." Sentei-me na cadeira. "Por que eu mentiria? Passei anos sem contar a você que tinha um filho, e agora você acha que estou mentindo? E porque chama meu filho de filhote?"

"Você acha mesmo que vou acreditar nessa história? É dinheiro que você deseja humana?

"Eu nem sei seu sobrenome." Passei a mão entre os cabelos.

"Você aparece aqui, me dizendo que temos um filho, que ele está sequestrado, e acha tudo normal? Eu nem lembrava que você existia", ele gritou.

Minha mente voltava no exato momento em que me entreguei para este homem. Como eu pude ser tão burra?

"Eu não quero seu dinheiro ou nada do tipo", murmurei. "A única coisa que quero é meu filho de volta. Eu não sei mais a quem recorrer, e somente por isso estou aqui. “

"Por que você não me contou?" Ele segurou meu braço com força.”

O encarei com as lágrimas descendo. De todas as vezes em que imaginei em contar para o pai de Lorenzo que ele tinha um filho, esse era um dos piores cenários possíveis.

Eu não o conhecia, e não sabia porque tinha vários seguranças aqui fora, e por que ele parecia ser rico porém suspeito.

Todas as minhas suspeitas se confirmaram quando ele avançou para cima de mim fazendo-me arrepiar até o último fio de cabelo.

Ele permaneceu em silêncio por um momento, me avaliando com desconfiança

"Se isso for verdade, você vai precisar me contar todos os detalhes. Não esconda nada, ou as coisas vão ficar muito ruins para você."

Respirei fundo. Meu coração batia descompassado, e o medo se instalava em cada fibra do meu corpo.

“ Após aquela noite em que nós… comecei a sentir algumas coisas nas semanas seguintes. Então decidi fazer um teste."

Ele esmurrou a parede com raiva. "O maldito preservativo, eu não usei."

O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pela minha respiração irregular.

O medo estava presente em cada palavra que eu pronunciava, enquanto eu tentava manter a compostura diante dos olhos dele.

"Eu estava completamente sozinha. Como eu poderia chegar até o cara com quem dormi apenas uma noite e dizer que estava esperando um filho? Além disso, eu nem sabia quem você era."

Fiz menção de abrir a bolsa e peguei o celular com calma, erguendo a imagem do papel de parede com a foto de Lorenzo. Ethan pareceu analisar a imagem, seus olhos fixos na tela, sem saber o que me dizer.

"O filhote é idêntico a mim..." Sua voz carregava uma mistura de choque e irritação. "Maldita, como você pode fazer isso?"soltou um rosnado."

Porque esse homem está chamando meu filho de filhote, ele é louco?

Meus dedos tremiam, levantei da cadeira enquanto segurava o celular, mostrando a imagem do nosso filho, a única conexão visível entre nós naquele momento. Ele parecia transtornado.

"Não estou mentindo", insisti, mantendo meu olhar fixo no dele. "Tudo aconteceu tão rápido."

Ele passou a mão pelos cabelos, frustração pintada em seu rosto.

"A última coisa que queria era envolvê-lo nisso, mas alguém levou meu bebê ." Faremos o teste de DNA"

Ele deu duas voltas na sala, fazendo com que minha ansiedade aumentasse ainda mais.

"Não preciso de um teste de DNA. Ele é idêntico a mim."

"Então, irá me ajudar?" Implorei, segurando meu celular com a imagem de Lorenzo, como se aquilo pudesse transmitir minha angústia.

Um suspiro tenso escapou de seus lábios enquanto processava a informação.

"Ajudarei."

Um pequeno alívio momentâneo percorreu meu corpo. Um sorriso se formou em meus lábios, misturado com a umidade das lágrimas que ameaçavam cair.

Ethan parou em minha frente, sua respiração irregular próxima à minha, criando uma proximidade desconfortável. Estávamos tão perto, eu podia sentir o seu calor.

Ele se aproximou do meu ouvido, a voz sussurrante enviando arrepios pela minha espinha.

"Quando eu o achar, esqueça que ele é seu filho, humana, ele fará parte do meu povo."

Um frio percorreu minha espinha, parte pela promessa, parte pela proximidade súbita. Tentei manter a compostura diante da situação, mas eu não ia entregar meu filho para este lunático!

Antes que eu pudesse protestar ou gritar, ele encerrou a conversa com um tom de autoridade.

"Vá para casa. Amanhã cedo, meu motorista irá te buscar. E não conte nada a ninguém."

Minhas mãos tremiam ao guardar o celular na bolsa, enquanto as lágrimas continuavam a rolar pelo meu rosto. As palavras de Ethan ecoavam na minha mente.

"Como… Você não pode fazer isso." As palavras saíram em meio ao choro.

"Eu posso tudo,humana."

Uma aliança inesperada formava-se na busca desesperada por Lorenzo, mas a que custo?

A resposta estava além da minha compreensão.

Percorri o corredor do escritório, flanqueada por dois homens estranhos.

O segurança, impassível, reforçou que tinha ordens explícitas para me levar para casa. Como eu poderia recusar? Adentrei o carro com o coração pulsando forte no peito, os pensamentos tumultuados diante do que estava acontecendo.

Com o celular nas mãos, cogitei ligar para o número da polícia . No entanto, uma sensação inquietante me deteve. Não podia arriscar a vida de Lorenzo. Olhei desconfiada ao meu redor, sentia medo.

O veículo seguiu pelas ruas, cada esquina aumentando a distância entre mim e a boate,eu me via entre escolhas difíceis, sem saber em quem confiar.

Um sms chegou em meu celular, número desconhecido. Era ele…

"Aqui está meu telefone, vamos resolver isso logo."

Ao chegar em casa joguei a bolsa no sofá e fui correndo até meu pai, eu iria inventar uma história.

Ele já estava debilitado com o tratamento e eu não podia preocupá-lo.

Eu não iria conseguir dormir sem saber onde meu filho estava.

"Papai" gritei" Papai estou em casa, o senhor já tomou os remédios? " gritei novamente após não ouvir respostas.

Rapidamente entrei no quarto ao meu pai não me responder.

Ao adentrar senti minhas mãos suarem e calafrios invadirem meu corpo imediatamente.

Um grito sufocado saiu de meus lábios quando o encontrei caído no chão ao lado da poltrona. Corri ajoelhando-me ao seu lado, o sacudindo freneticamente.

"Papai" , meus olhos encheram de lágrimas quando percebi que ele não respondia"

Com as mãos tremendo, liguei para a emergência, explicando o que havia acontecido em meio a soluços e lágrimas. Cada segundo que passava era uma eternidade, e a sensação de desamparo me consumia por dentro.

Quando os paramédicos chegaram, eu sabia no fundo do meu coração que já era tarde demais. Eles tentaram reanimá-lo, mas seus esforços foram em vão. Infelizmente ele não suportou o câncer.

Meu pai se foi.

Meu filho foi sequestrado, sem saber onde ao menos ele estava ou se estava vivo. Minha vida sem rumo, e agora havia perdido meu pai. Eu não tinha forças para formular uma frase.

Me joguei de joelhos no chão me perguntando o porquê de tanta dor.

Peguei o celular e disquei diversas vezes para Charlotte, ela era a única pessoa que eu ainda tinha

Mas sem sucesso, ela não atendia .

Eu não sabia o que fazer ao olhar as sirenes da ambulância em minha frente,num ato desesperado acabei discando para o número mais improvável.

Ethan.

"Preciso de ajuda, e não sei a quem recorrer" falei do outro lado da linha entre soluços."

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