Capítulo 3. Preso
-Doc. Você revisou completamente?
-O que você está falando? –O médico pergunta, servindo-se de um copo d'água.
-Sabe, encontrei a senhora meio vestida e cheia de golpes no meio do deserto. Você não acha que isso justifica pensar em outras opções?
-Bem, ela está seriamente espancada, mas... -O médico lambe os lábios -. Não é o que você está imaginando, Tom. Foram apenas golpes que ele recebeu, mas muito sérios. E parece que ela está andando há horas, seus pés estão bem queimados.
"Eu entendo", ele responde, colocando o chapéu de volta. No entanto, este fato não pode ser negligenciado. Se a senhora passar a noite, ela terá que responder a algumas perguntas.
-Ela é apenas uma mulher, Tom.
O xerife olha sério para o médico, seja lá o que for, a mulher teria que responder de onde veio e porque foi tão espancada. O que preocupava o homem de cabelos castanhos era a possibilidade de ela trazer problemas para a cidade, eles estavam em paz há muito tempo, ele não permitiria que um estrangeiro causasse transtornos aos cidadãos de Coloma.
-Manda avisar se a mulher passar a noite, estarei na delegacia.
-Xerife, o que pretende fazer com a senhora?
-Não sei ainda…
Dizendo essas palavras, Tom sai da casa do médico. Quando ele saiu, percebeu que muitas pessoas estavam rondando a casa do médico. E a maioria ainda era do bar.
-Voltem ao trabalho, senhoras.
Ele comanda a todos com uma voz de comando enquanto atravessa a rua com uma cara séria. A brisa leve daquela noite ondulava o sobretudo de couro que ele usava. Tom sempre irradiava esse senso de autoridade e todos lhe deviam respeito. Ele parecia o prefeito daquele lugar, e o que ele ordenou foi cumprido.
No caminho para a delegacia, ele pensava naquela jovem, ele se perguntava o que poderia ter acontecido com ela, como alguém poderia bater tanto em uma senhora. Bem, ela disse que era uma dama, pois sua virtude parecia intacta. Se ela fosse uma mulher de vida ruim, a história seria outra.
Mas esta mulher era aparentemente uma senhora, e o fato de tê-la encontrado perto da cidade naquelas condições, complicou a situação. Ele precisava ser salvo a qualquer custo.
[…]
- Como está a senhora? –Jesey pergunta a sua esposa ao vê-la sair do quarto onde o estranho estava deitado.
-Mudei suas roupas e limpei seu corpo. Ele ainda estava respirando quando saí.
-Ok. Vamos ficar de olho nela a noite toda, vamos torcer para que ela sobreviva – ele acrescenta, enquanto limpa os utensílios de trabalho.
-De onde você acha que veio essa mulher?Ela tem a pele bem delicada, e seu rosto, apesar dos golpes, é liso. Não acho que seja um daqueles desprezíveis, como os do bar do James.
-Ela não é... você pode ver que ela é uma boa garota.
-E por que ela estava de anágua e camisola? E no meio do deserto.
-Eu não posso responder isso, vamos torcer para que ela sobreviva para o xerife interrogá-la.
Sua esposa assente enquanto ele descarta as gazes manchadas de sangue e as roupas esfarrapadas da mulher.
[…]
A forte dor que sentia ao seu lado o impedia de se mover com facilidade. Além disso, seu peito parecia bastante apertado, tanto que era como se sua respiração estivesse sendo cortada.
Rouse se perguntou, o que diabos estava acontecendo com ela? Por que ela se sentia tão apertada? Ele abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi um teto. Estava um pouco escuro, então ele olhou para baixo e percebeu que estava em uma sala muito pequena.
Uma vela num canto iluminava um pouco o quarto. Não havia muitas coisas naquele lugar, apenas um pequeno e velho armário de madeira e a cama onde ela estava deitada. Onde estava? Ele se perguntou enquanto tentava se levantar, mas a mesma dor de um tempo atrás o impediu.
A loira toca a costela percebendo que estava com uma camisola diferente, que não estava manchada de sangue. Ele descobre o corpo dela tirando o cobertor e confirma que era outra camisola. Ele então percebe que seu pulso estava enfaixado. Imediatamente, ela levanta a camisola e percebe que estava com um curativo em volta do corpo.
-Onde diabos estou?
Diz-se olhando para o armário. Com alguma dificuldade e dor, ele se levanta e sente que milhares de agulhas estão cravadas em seus pés, ele as observa, notando que estavam enfaixadas. Ele solta a respiração e decide se levantar e caminhar até o armário, ele encontrou muitos frascos de remédios pequenos.
-Deve ser a casa de um médico.
Diz-se lambendo os lábios, foi quando ela reagiu, estava morrendo de sede. Ele vira o rosto e percebe uma jarra de metal, caminha rapidamente em direção a ela e se arrepende, pois causa muita dor nos pés, tinha que tomar cuidado.
-Com um demônio! Ele reclamou, franzindo o rosto.
Ele assume o controle de seu corpo novamente e pega a jarra e bebe diretamente dela. A sede que ele tinha era tão grande que ele bebeu todo o seu conteúdo, ficando insatisfeito. Mas aí ele cuidaria disso, a primeira coisa que tinha que fazer era sair daquela casa.
Ela já estava curada, o que ela precisava era de um cavalo e isso seria o suficiente... arriscando ser encontrada, ela decide sair do quarto, para sua surpresa encontra uma cozinha vazia. Era sua chance de escapar, ele não exigia mais atenção.
Ele vai até a porta sem fazer o menor barulho possível, ao sair percebe que a noite estava um pouco fria. Seu corpo iria congelar, ele precisava se agasalhar se quisesse sair dali. Ela engole em seco, estava muito exausta, estava com fome e com frio. Mas, contra todo risco, avanço pelo caminho arenoso em busca de um cavalo.
Primeiro, pensou na casa do ferreiro. Cada cidade tinha um ferreiro, e eles sempre tinham cavalos. Ele levaria um daqueles que estavam sob seus cuidados, o detalhe era que, naquela escuridão, ele não conseguiria encontrar a maldita casa do ferreiro antes do amanhecer. E com aquele ferimento no flanco e os pés latejando, seria mais do que difícil para ele cavalgar.
Enquanto andava um pouco desajeitado, sua boca expelia vapor. Ela estava muito cansada e não fazia ideia de onde era a casa do ferreiro. Rouse para por um momento, naquele momento ele respirava fundo, mas fazê-lo causava-lhe uma grande dor no peito.
-Droga, onde diabos é a casa?
Seu olhar se suaviza ao ver uma lanterna acesa pendurada no telhado de uma casa... a loira estala os lábios enquanto se move naquela direção. Mas quanto mais perto ele chegava, mais claro aquele lugar se tornava.
Rouse olha para cima e olha para a placa de madeira pendurada em um pilar velho e rachado... leia o nome com a luz fraca fornecida pela lanterna, era a delegacia. Ele imediatamente se afasta, ele não precisava estar perto daquele lugar. Ele continua avançando para trás, quando ouve o relinchar de um cavalo.
A loira se vira e percebe que um cavalo marrom estava amarrado em suas costas. Aquele animal tinha sua sela, estava prestes a montar e partir. Então, e sem pensar muito, ela caminha em direção a ele, mas conforme o cavalo se aproxima ele fica um pouco inquieto, o que a detém.
-Calma linda, tudo bem, vamos só dar uma volta.
Ela fala com ele sutilmente enquanto estica a mão em direção ao focinho do animal... mas ele continua se preocupando com a proximidade dela, ela aperta os lábios e tenta se aproximar um pouco mais, precisava conseguir montar naquele pelo para sair daquela Cidade.
“Você não vai conseguir montar aquele cavalo com essa técnica básica.” Uma voz alta ecoou atrás dela, fazendo-a se virar. Aonde pretende ir nessas condições, senhorita?