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06 - Bonnie Dimou

Bonnie Dimou

Saio de sua sala bufando de ódio.

— Velho, asqueroso, burro, corrupto, canalha, idiota…

Xingo-o com vários palavrões até me acalmar. Em vez de ir para a minha sala, vou até a copa e preparo um chá de camomila. Não sou muito adepta do chá, mas estou nervosa demais e se tiver que ver esse velho mais uma vez hoje, taco nele a primeira coisa que tiver em minha mão.

Não demora muito e sinto que alguém entrou na cozinha. Me mantenho ali quieta tentando controlar a raiva que estava sentindo nesse momento.

— Para a Bonnie estar tomando chá, é porque não foi fácil lá dentro.

Ouço Eugene falando e suspiro ao saber que é um dos meus amigos que estavam ali dentro comigo nesse momento.

— Está rolando uma fofoca de que você declarou guerra contra o senhor Pappas. — Arregalo os olhos para a novidade.

— É claro que não… — Começo a contar a ele o que realmente aconteceu na sala.

— Ele me chamou de burra Eugene. Pelo simples fato de acreditar que não quero usar o casamento para subir de cargo. — Bebo um pouco do chá que esfriava a minha frente. — Se para tomar a cadeira onde ele está é necessário que me case, isso nunca vai acontecer.

Meu amigo confirma com a cabeça e pela sua fisionomia vejo que ele está concentrado no que estou falando.

— Ele está deixando as coisas a desejar, tenho certeza de que se estivesse em seu lugar, com toda certeza o museu não estaria na situação que está!

Tenho certeza de que os outros funcionários não fazem ideia de qual é a verdadeira situação em que o nosso museu se encontra.

— Eu tenho uma opinião sobre o Pappas, ou ele é muito burro, ou está fazendo coisas que não deveria estar fazendo.

— Por isso que o Museu chegou ao ponto de precisar leiloar essas peças que são extremamente valiosas?

Confirmo com a cabeça e decido não comentar sobre a possibilidade de ter que fechar a ala egípcia. Ainda estamos sentados na copa conversando quando Silvia chegou dizendo que o meu pai ligou e pediu que eu fosse até a empresa olhar alguns documentos.

— Vim avisar também que o dono do acervo particular chegou, vai precisar de mim para catalogar as peças que ele trouxe? — Nego com a cabeça e bebo mais um pouco do chá.

— Obrigada Sílvia, pode deixar que vou catalogar… — penso que o senhor Marius vai gostar de conversar um pouco. — Estou indo em alguns minutos, só preciso terminar esse chá e me acalmar um pouco, diga a eles que me aguardem só um pouco.

Ela confirma com a cabeça e um sorriso safado surge em seus lábios quando ela encena um abano para diminuir o calor que está sentindo. O que me chama atenção, o marido de Maitê tem seu charme, mas não é algo que chame tanto atenção assim.

— Preciso ver quem é esse pedaço de mal caminho! — Eugene se pronuncia.

— Tudo bem, vou levá-lo até a sala de reuniões e colocarei as peças sobre a mesa para você poder avaliar melhor. — Agradeço por sua ajuda e fico imaginando o motivo de toda a sua reação.

— Obrigada por me ajudar Sílvia, daqui a pouco estou subindo. — Ela se retira e volto a dar atenção ao Eugene.

— Bonnie, a situação está tão ruim assim? — Eugene me pergunta.

Ele é um rapaz novo, muito simpático. Um jovem de cabelos loiros um pouco mais alto que eu nos meus um metro e sessenta e oito de altura. Ele tem um corpo malhado, mas o que poucos sabem é que ele não sente atração por mulheres somente por homens.

Infelizmente ele ainda não conseguiu se assumir para ninguém, percebi isso no dia em que decidimos sair para beber e quando ele já estava bêbado demais, começou a dançar com outro homem e de repente estavam na maior pegação.

Ele disse que havia sido sua primeira experiência amorosa e que havia gostado muito, ao contrário de quando esteve com uma mulher por quem não sentiu nenhum tipo de atração. Fico triste pelo meu amigo e espero que ele consiga encontrar alguém que ame e que seja correspondido.

— Está, sim, Eugene, podemos perder a ala completa da exposição egípcia. — Falo confiando em sua descrição

Vejo o choque em seu rosto, mas decido terminar a nossa conversa ali mesmo.

— Tenho que ir, Eugene, por favor, não comente sobre o que acabamos de conversar.

— Não se preocupe, minha boca é um tumulo.

Saio da copa e vou em direção à sala onde o senhor Spanos está. Chegou a hora de ir lá catalogar as peças e tentar salvar os nossos empregos. Passo na minha sala, pego algumas coisas que preciso e arrumo um pouco mais a minha aparência. Faço um retoque na maquiagem e estico o tecido da saia. Sorrio ao ver os meus cabelos ruivos que estão com os cachos lindos bem definidos.

Pronta para fazer o meu trabalho entro na sala de reuniões com um sorriso enorme ao avistar o Marius Spanos que abre um sorriso genuíno em minha direção. Noto que há mais dois homens conversando do outro lado da sala enquanto olham a paisagem.

— Boa tarde a todos, desculpa a demora tive um assunto inesperado que precisei resolver. — Cumprimento a todos e tento ser o mais amável possível depois da raiva que tive com o meu chefe.

Me aproximei e cumprimentei os outros dois homens e um deles, o mais bonito, me olhava de uma forma diferente, mas não dei muita atenção. Me aproximei do Senhor Marius e dei um abraço.

— Que isso querida, você nunca está atrasada, somos nós que chegamos antes do horário. — Marius disse e me aproximei dele.

— Como sempre um galanteador não é mesmo senhor Marius? No próximo chá que a minha mãe me convidar falarei isso para a sua Maitê. — Recebo um beijo na bochecha e continuo lhe olhando. — E como está a família, conseguiu dar um jeito no seu filho… — Sorrio para ele e o vejo olhar na direção dos dois que estavam próximo à janela.

Arregalo os olhos envergonhada por não reconhecer o seu filho. Céus hoje é o dia que foi escolhido pelo destino para dar muitas bolas fora.

— Acredito que já tomei jeito, sim, senhorita Dimou. — Alex estende a mão para me cumprimentar. — Prazer me chamo Alex Spanos.

Ele me dá um sorriso de canto de boca e só agora percebo o quanto ele é lindo. Além do fato dele ter pelo menos uns dois metros de altura e um perfume delicioso que fez com que meu corpo tivesse sensações estranhas e totalmente desconhecidas.

Agora entendo quando Silvia se abanou, estou começando a sentir o mesmo calor que ela. Mas em um lugar totalmente diferente.

Estendo a minha mão para o cumprimentar, mas ele a pega e a beija com seus lindos olhos azuis fixos nos meus. Sinto minhas bochechas corarem com a tensão no ar. Sinto a minha respiração ficar descompassada e um sorriso do meu lado quebra esse pequeno momento.

— Desculpe a inconveniência conheço o seu pai desde menina e pouco me lembro de você e convenhamos. Seus pais sempre disseram o trabalho que você dava. — O senhor Marius explode em uma gargalhada e é acompanhado do homem que estava com eles.

— Vejo que você não mede o que fala, acredito que terei muito prazer em trabalhar com você, senhorita. — Alex fala me olhando nos olhos.

Me dou conta de que as suas palavras têm duplo sentido, o que me deixa ainda mais constrangida. Claro que percebo o senhor Marius observando a nossa interação com muito cuidado.

— Que tal começarmos? — Pergunto olhando para todos que confirmam com a cabeça.

Seguimos com a nossa reunião. Silvia me avisa novamente que o meu pai ligou pedindo que não esqueça de ir até o escritório dele, o que é estranho. Ele nunca foi de insistir que eu fosse até lá, com certeza algo está acontecendo.

— Silvia, se ele ligar mais uma vez, diga que estou em reunião com o Senhor Spanos e que ele leve os documentos para casa que vou lá mais tarde.

Observamos enquanto ela começa a se retirar da sala, mas a safada discretamente se vira para dar mais uma olhada no homem que estava em pé ao meu lado falando sobre o quanto pode ser o valor da peça que trouxeram. Tento não rir da postura da minha assistente e volto a minha atenção na mesa.

Peço desculpas e vejo que o senhor Marius está no telefone conversando com alguém, ignoro e continuo falando sobre cada uma das peças e suas histórias.

Não deixo de notar que em vários momento Alex está ignorando completamente o que dizia e mantinha os seus olhos sobre, me observa com tanta intensidade que aquilo me desconcentra. Ele se movia pela sala conforme eu me movia é como se fossemos ímãs tentando se conectar.

Assim como também percebi que seu pai e o outro homem que depois descobri que era o advogado deles observavam tudo em silêncio. Como se estivessem assistindo algo muito interessante.

E pelo visto o interesse de Alex é muito mais interessante do que falar sobre o que vieram fazer aqui.

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