06 - Bonnie Dimou
Bonnie Dimou
Estamos sentados na copa conversando e a minha assistente chega dizendo que o meu pai ligou e pediu que eu fosse até a empresa olhar alguns documentos, e que o dono do acervo particular chegou para que eu possa catalogar as peças que ele havia trago consigo.
— Obrigada Sílvia, estou indo em alguns minutos, só preciso terminar esse chá e me acalmar um pouco, diga a eles que me aguardem só um pouco. — Ela fica rindo e começa a encenar um calor interno e ficamos rindo da postura dela.
— Tudo bem, encaminho-os até a sala de reuniões e começarei a colocar as peças na mesa para você poder avaliar melhor. — Agradeço por sua ajuda, e fico imaginando se o cara é realmente tudo isso.
— Obrigada por me ajudar Sílvia, daqui a pouco estou subindo. — Ela se retira e volta a dar atenção ao John.
— Bonnie, a situação está tão ruim assim? — John me pergunta com um rostinho assustado, ele é um rapaz novo, muito simpático, loiro um pouco mais alto que eu nos meus 1,68 de altura, um corpo malhado, mais o que poucos sabem é que ele não sente atração por mulheres apenas por homens e ele ainda não conseguiu se assumir para ninguém, percebi apenas em um dia que decidimos sair para beber e quando ele já estava bêbado demais ele começou a dançar com outro homem e de repente estavam na maior pegação.
E então ele me contou que aquela havia sido a primeira vez, que havia gostado muito, diferente de quando ele esteve com uma mulher que ele não sentiu nenhuma atração, fico triste pelo meu amigo e espero que ele consiga encontrar alguém que o ame.
— Está, sim, John, pudemos perder todas as peças, em consequência a ala completa de exposição. — Seria terrível perder todas as peças egípcias. — É John, está na hora de ir lá catalogar as peças e tentar salvar os nossos empregos.
Saio da copa e passo na minha sala, pego algumas coisas que preciso e arrumo um pouco da minha aparência, retoco a maquiagem e estico a minha saia lápis, os meus cabelos ruivos estão com os cachos lindos bem definidos.
Saio da minha sala e entro na sala de reuniões com 3 homens lá dentro, sendo um deles o amigo do meu pai, o senhor Spanos.
— Boa tarde a todos, desculpa a demora, mas tive um importuno e precisei resolver. — comprimento a todos e tento ser o mais amável possível depois da raiva que tive com o meu chefe.
Me aproximei e cumprimentei os outros dois homens e um deles, o mais bonito, me olhava de uma forma diferente, mas não dei muita atenção. Me aproximei do Senhor Marius e dei um abraço.
— Boa tarde querida, quanto tempo que não lhe vejo, só lhe vejo pelas fotos que o velho do seu pai me mostra, vejo que você está muito bem, e uma linda mulher. — Fico constrangida sempre que ele fale assim comigo na frente de estranhos, mas sou acostumada quando estamos somente em família.
— Como sempre um galanteador não é mesmo senhor Marius, no próximo chá que a minha mãe me convidar falarei isso para a sua Maitê. E como está a família, conseguiu dar um jeito no seu filho… — Sorrio para ele e o vejo olhar para alguém atrás de mim, percebo que o tal filho é aquele atrás de mim, ouço uma leve tossida e me viro rapidamente e estendo a minha mão.
— Acredito que já tomei jeito, sim, senhorita Dimou, prazer me chamo Alex Spanos.
Ele me dá um sorrisinho de canto de boca e só agora percebo que ele é lindo, alto, bem mais alto, mesmo calçando meu lindo salto de 15 cm, mantenho a mão estendida para o cumprimentar, mais ele a pega e a beija olhando em meus olhos e minha bochechas esquentam, certeza que estou vermelha igual um tomate.
— Desculpe a inconveniência, eu conheço o seu pai desde menina e não me lembro de você e convenhamos ele sempre disse o trabalho que você dava. — O senhor Marius explode em uma gargalhada e o advogado que os acompanhava também.
— Vejo que você não mede o que fala, acredito que terei muito prazer em trabalhar com você, senhorita. — Alex fala me olhando nos olhos.
Sinto que as suas palavras têm duplo sentido, o que me deixa ainda mais constrangida, e que o Senhor Marius estava observando a nossa interação, sentado e sempre calado, apenas o Alex interagia comigo.
Assim seguimos nossa reunião, Silvia me avisa novamente que o meu pai me ligou pedindo que não esqueça de ir até o escritório, estranho essa insistência dele para que eu vá até lá.
— Silvia, se ele ligar mais uma vez, diga que estou em reunião com o Senhor Spanos e que ele leve os documentos para casa que vou lá mais tarde. — Ela se retira da sala e olha mais uma vez para que estava comigo e fica rindo, a mulher é uma safada.
Volto minha atenção a minha reunião pedindo desculpas aos senhores e vejo que o senhor Marius está no telefone, e continuo falando sobre cada uma das peças e suas histórias e estipulando algum valor a cada uma.
Mais vira e mexe, vejo que o Alex me observa com muito mais intensidade e vejo que ele se movimenta conforme ando pela sala, enquanto os outros dois homens apenas observam a nossa interação.