05 - Bonnie Dimou
Bonnie Dimou
Depois da última reunião com o meu chefe, já se passou semanas e escolhi várias peças, para que ele possa escolher a que seria a melhor para o evento, hoje apresentarei as peças e mais tarde terei a primeira reunião com o dono da coleção particular, sei que é o filho de um amigo do meu pai, mas não consigo me lembrar dele, talvez seja porque sempre fugi para que os amigos do meu pai me vissem, ele tem uns amigos “diferentes”, e não faço muita questão que eles me conheçam.
Chamo a Silvia, minha secretária e peço para que ela informe ao diretor que já estou indo até a sua sala para lhe apresentar as peças que escolhi do nosso arsenal, ela volta a sua mesa e espero mais algum tempo quando ela me retorna.
— Bonnie, ele já está à sua espera na sala. — Ela faz uma careta que me faz rir, ninguém gosta do diretor do museu.
Pego o catálogo e vou até à direção da sala dele e que Deus me proteja, porque sei que toda vez que entro nesta sala a minha vontade é de matar esse homem, o Senhor Pappas é um velho asqueroso que só se se interessa em encher seu bolso, nosso museu era o mais famoso de todo o Mediterrâneo com muitas peças únicas e o maior acervo egípcio com direito a uma ala inteira para a coleção, mais desde que ele assumiu o cargo parece que tudo desandou, as finanças estão indo de mal a pior.
Respiro fundo e encaro esse abutre velho.
— Bom dia! Senhor Pappas, eu trouxe essas três peças aqui… — Sou direta com o assunto, quanto mais rápido sair daqui será melhor, separei duas cerâmicas, um em forma de vaso e outra parecendo um prato com vários desenhos, a mais valiosa do nosso acervo e a Máscara de Agamenon… — E fico na expectativa que ele faça a escolha.
— No seu ponto de vista, Senhorita Dimou, qual você escolheria? — Ele me olha e sinto que ele quer minha opinião, não como historiadora.
— Depende muito, se eu estivesse no seu lugar e soubesse a situação que o museu está eu lhe diria sem pensar duas vezes qual seria a melhor, mais infelizmente não estou, porque lhe garanto que a situação estaria bem melhor do deva está agora, mas enfim, lhe darei a opinião que o senhor me pediu, se a situação do Museu não for assim tão mau sugiro a nfora não é tão valiosa, mas irá conseguir um bom valor pelo arremate dela, agora se a situação estiver tão ruim recomendo a Máscara, é uma peça com o valor inestimável, a última avaliação estava na casa de mais de cem milhões de euros, então a sua escolha será em cima de como está a situação financeira do Museu. — Respondo a ele sem pensar duas vezes, porque essa função de escolher é dele e não a minha e não vou deixar, de jogar na cara dele o quanto a administração dele do Museu é péssima.
Olho para ele e vejo que está tão vermelho de ódio que as suas mãos apertam o braço da cadeira, será que se ele morrer por um infarto consigo assumir o seu lugar?
— A senhorita adoraria estar no meu lugar não é?, mais sinto-lhe informar que essa cadeira aqui onde estou com o meu rabo sentado nunca será sua, a Coordenação de Artes Grega exige que o Diretor do Museu seja casado, que tenha família, e até onde todo mundo aqui dentro sabe, essa não é sua ambição, porque é burra demais para aceitar se casar e tentar tomar o meu lugar. E sobre as peças que você me trouxe, prepare as documentações da Máscara, agora retire — se e feche a porta.
Saio da sala dele bufando de ódio, velho, asqueroso, burro, corrupto, canalha, idiota…
Xingo-o com vários palavrões até me acalmar, vou até a copa e preparo um chá de camomila, não sou muito adepta a chá, mas estou nervosa demais e se eu ver esse velho mais uma vez hoje taco nele a primeira coisa que eu estiver na mão.
— Eita, Bonnie o que houve que está no chazinho e sem contar que a fofoca que está rolando é que você declarou guerra contra o Senhor Pappas. — Fico rindo e respiro fundo, e tento contar o que houve.
— John ele me chamou de burra, por não querer me casar e tomar a cadeira onde ele está, mais antes dei a entender que ele é muito mais burro ou corrupto demais para deixar a situação do Museu chegar ao ponto de ter que leiloar peças extremamente valiosas para não ter que fechar a ala egípcia. — Meu amigo me olha como se tivesse perdido literalmente a cabeça.