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04 - Alex Spanos

Alex Spanos

As portas da capela são fechadas e sou chamado para acompanhar minha mãe até o altar. Dou o braço para ela e só de lembrar o ano em que ela sofreu o acidente e ficou sem andar devido às diversas fraturas me traz um arrepio pelo desespero que senti. Hoje com ela andando ao meu lado estou muito feliz.

Caminhamos lentamente, faço de propósito para pegar no pé do meu melhor amigo ansioso. Quando terminamos o tapete vermelho e fomos para o lugar reservado para a família da noiva sinto a minha pulsação acelerar ao ouvir a marcha nupcial começar.

Sorrio ao ver a minha irmã entrar de braços dados com nosso pai, que deixa algumas lágrimas descerem pelo rosto. O sentimental do meu amigo já está se desfazendo em lágrimas e sinceramente eu o entendo. Esse momento é esperado por todos nós da família e os ver finalmente tão perto em dizer o tão famoso “sim” torna o coração mais frio como o nosso se emocionar com a felicidade de quem amamos.

Meu olhar vagueia e encontra os olhos castanhos de Carolina. Solto uma respiração um pouco mais contida e recordo de quando quis estar nessa posição com ela, uma paixão que cresceu apenas dentro de mim e no final percebi que não seria o certo. Aprendi a amá-la como minha irmã e sou grato a ela por dar à minha mãe o incentivo que precisava para lutar por sua recuperação e voltar a andar depois do acidente que sofreu.

Agora me pergunto ao ver o seu sorriso ao me olhar, se um dia eu terei a sorte de encontrar uma mulher que queira levar até o altar e dizer sim a ela.

A cerimônia começou assim que meu pai entregou a mão de Selma ao Demétrius que retribuiu com um abraço cheio de sentimentos e principalmente por gratidão. Tudo foi lindo, assim que eles foram declarados casados partimos em direção onde a festa foi organizada.

Tenho certeza de que a comemoração iria se estender até altas horas, o voo deles está marcado para o meio da madrugada e estarão indo passar a sua lua de mel no Canadá aproveitando o inverno para esquiar.

Aproveito a festa e me aproximo dos amigos que não via há algum tempo. Cumprimentei Carolina e Bruno que se tornaram parte da família depois dos vários acontecimentos que houve em nossas vidas anos atrás.

— Oi, Bruno, tudo bem? — O cumprimento e olho para o lado atrás da minha amiga. — Cadê a Carolina?

— Estamos bem. Ela foi ao banheiro. — O vejo apontando em direção às portas do banheiro. — Ela estava incomodada com os seios cheios de leite, precisava esvaziar um pouco.

— E cadê as crianças que não trouxeram? — Olho à procura da nossa pipoquinha.

Laís a filha deles é minha afilhada e sou completamente apaixonado por aquela miniatura da mãe com os olhos idênticos ao do pai.

— Você acha mesmo que conseguiríamos entrar nessa festa se eles não estivessem aqui? Maitê com toda certeza nos expulsaria da festa, acho que até do país.

Começamos a rir, porque tenho certeza de que minha mãe realmente faria isso. Ela é apaixonada pelas crianças da Carolina, elas construíram uma amizade linda desde o período em que Carolina veio para Santorini se esconder a pedido de Bruno enquanto ele resolvia os problemas que estavam acontecendo.

— Bruno preciso ir, tenho que olhar como está uma negociação que acontecerá, além de um leilão que meu pai resolveu contribuir com algumas obras particulares da família. — Disse olhando para alguns convidados que cumprimentavam meu agora cunhado e minha irmã. — Fiquem e participem, será em poucos dias.

— Não sei se a Carol vai querer Alex, depois que ela inaugurou o restaurante com a Juliana e a Tânia ela quase não se afasta de lá. Você sabe que foi bem difícil de vir, sua mãe precisou chantagear.

Nós dois sorrimos do dia em que minha mãe precisou fazer um drama enorme para convencer Carolina de vir e que principalmente trouxesse as crianças.

— Vejo que estão falando de mim! — Ouço a voz da Carolina vindo de trás de mim.

— Falando nela, olha quem resolveu surgir. — Digo para irritá-la um pouquinho.

Nós nos abraçamos e refaço o convite, mas ela disse que só ficariam mais dois dias.

— Não posso deixar o Suíça agora! — Disse orgulhosa.

Carolina se agarra em meu braço e me puxa para a mesa onde eles estavam sentados antes, vejo uma empolgação que é rara em seus olhos. Desde que eles se tornaram parte da “First”, Carolina e Bruno já fizeram alguns serviços. De certo modo se tornaram os executores e torturadores para todos do conselho. Mas pelo seu olhar e pela conversa tranquila da minha amiga, tenho certeza de que ela não quer falar sobre o que fazemos.

— Então Alex ainda não achou a sua escolhida?

Carolina perguntou, mantenho os meus olhos fixos em seu rosto e algo em seu olhar me chama atenção. É como se ela estivesse sondando a procura de alguma informação, algo que ela é excelente em fazer.

— Quem me dera, talvez nunca encontre… — deixo a frase morrer.

Ela sabe que meu pai me pressiona pelo casamento devido ao meu posto na máfia. Sei também que logo o conselho da “First” também estará fazendo o mesmo.

— Está na hora de começar a olhar com mais atenção ao seu redor, quem sabe não encontre alguém. — Bruno disse e estranhei o comportamento dos dois.

— Vocês sabem que não achei nenhuma mulher que me interessasse. E sinceramente não sinto atração pelas mulheres da máfia.

O desgraçado do Bruno ri da minha cara.

— Alex pare com isso e case-se logo, tenha seu herdeiro e quando nossos filhos forem maiores casamos eles.

Gosto da ideia principalmente com a adaga que paira sobre a minha cabeça. Carolina e Bruno são grandes amigos. A ideia de um casamento entre nossos filhos não é uma má ideia.

— Vocês dois podem parar! — ela nos recrimina. — Não podem prometer os nossos filhos, já que você tem um pequeno problema.

Ouço o sarcasmo em sua voz.

— Qual problema? — pergunto ao cruzar os braços.

— Você precisa de uma mulher primeiro e segundo vocês têm que ter sorte para que os nossos filhos se gostem. Então acho melhor não fazer esse tipo de plano. — Ela diz pensativa.

— Amor, até parece que o Matheus ou a Laís seriam contra algo que eu peça a eles com amor.

— Querido Laís tem somente quatro anos e o Matheus dois meses, é claro que agora eles fariam tudo que a gente pedir.

Começo a pegar no pé da minha amiga, percebo que ela realmente não gostou tanto assim da ideia e o melhor é esperar. Mas o que custa irritar uma mulher que acabou de ter um bebê? Carolina fecha os olhos e sei que ela não gosta do que falei.

— Vamos mudar esse assunto, quando você se casar e sua esposa estiver grávida do seu primeiro filho voltamos nesse assunto. — Carolina disse e acenou com a cabeça.

Tanto eu, como o Bruno sorrimos para ela, porque sabemos que quando Carolina se irrita ninguém a segura.

— Vocês ficarão na mansão ou vão ficar no hotel?

— Maitê Spanos nos deu alguma opção entre o quarto da esquerda ou meu antigo quarto… — Bruno disse rindo.

Minha mãe é apaixonada pela Carolina assim como meu pai, houve uma época em que eles achavam que iríamos nos casar, mas eu sabia que seu coração e sua mente já eram somente do Bruno.

Levanto e abraço minha amiga e me despeço de Bruno.

— Então, sejam bem-vindos, vejo vocês amanhã no café, preciso ir nessa reunião, resolver as coisas para esse leilão.

— Alex, antes de irmos quero falar com você sobre negócios… — Bruno fala comigo.

— Não se preocupe antes de vocês irem, teremos nossa conversa.

Caminho até meus pais e me despeço deles. Faço o mesmo com meu amigo e minha irmã. Dou um abraço apertado e saio da festa. Chamo meus seguranças e motorista para me levar até a Boate que temos em Santorini.

Queria mesmo ir até a outra ilha e quem sabe escolher uma das prostitutas para me satisfazer essa noite e diminuir essa aflição que estou sentindo em meu peito.

Ao entrar na boate e ir para o reservado, vejo que os gerentes da prefeitura que estão organizando o leilão já estão me esperando para essa reunião.

De cara vejo o Murilo, ele é um grande amigo do meu pai e acabou se tornando um dos meus parceiros para o marketing das empresas que tenho.

O vejo feliz ali no meio dos representantes que a prefeitura enviou. Ele acabou de ganhar mais uma licitação para a empresa dele fazer o marketing do governo. Sei que ele está passando por alguns problemas, sua única filha não quer trabalhar com os negócios da família e para ser bem sincero eu mal me lembro dela.

— Como vai Murilo? Senti sua falta no casamento, vi somente a Paula!

— Eu estive lá, você é que não estava. — Disse rindo.

— Então nos desencontramos, acabei de sair de lá.

— Pena que não nos vimos, precisei chegar aqui e atender os representantes.

Olhei para todos e demos início àquela reunião, que iria melhorar muito mais a posição do nome da minha família no país.

Podemos ser mafiosos, mas quero que a população nos veja como benfeitores e não somente como assassinos.

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