Capítulo 3
Castro desviou o olhar da mulher ao seu lado e olhou com impaciência para o irmão antes de tirar o celular do bolso. Sem dar atenção a ele, simplesmente o desligou. Jordi arfou.
- Não... Depois de um gesto desses, tenho certeza de que o apocalipse chegará logo. Castro Sandemetrio... Você realmente acabou de fechar a porta de entrada do seu império? Você está bem ou está apenas ignorando alguém em particular? -
- Jordi... - respondeu ele, em tom de advertência, mas seu irmãozinho não se importou.
- Ora, ora... Problemas no paraíso? O casal perfeito em crise? Será que a magnífica Tamara caiu em seus sapatos e não está mais a seu favor? -
A expressão de seu irmão congelou e seus olhos verdes ficaram ainda mais escuros.
- Eu estava esperando para dar a notícia, mas se você realmente quer saber, a partir desta manhã eu não estou mais noivo. -
Castro não estava mais noivo.
Como se aquelas palavras tivessem forçado a terra a parar de girar, o silêncio caiu sobre a mesa. Os três ficaram paralisados, mas as palavras de Castro continuaram a ecoar na mente de Romy.
Ele não estava mais comprometido.
Romy deu um pulo ao ouvir o som da rolha da garrafa. O vinho caro e espumante começou a jorrar. O barulho e o cheiro do lugar a trouxeram de volta ao presente. As palavras de Castro, no entanto, continuaram a ressoar em sua mente....
Castro não estava mais noivo de outra mulher.
Ela franziu a testa diante da sensação de alívio que a invadiu. Ela deu um pulo quando viu a taça cheia de champanhe nas mãos dele.
- Vamos lá, beba, magrinho. Agora temos dois, ou melhor... três motivos para comemorar", Jordi a encorajou com confiança.
"Fico feliz que o meu noivado fracassado traga tanta alegria para você, irmãozinho", respondeu Castro com uma voz gelada.
- Eu decidi respeitar o relacionamento de vocês", disse Jordi com muita seriedade na voz, "mas minha opinião sobre o seu noivado nunca mudou, irmão. Tamara não era a mulher certa para você. Se a decisão de rompê-lo foi sua ou dela... -
- Foi minha. -
- Então", acrescentou Jordi, sorrindo novamente, "comemore comigo, Ray, ou afogue-se em sua tristeza. De qualquer forma, o champanhe está acabando. -
Então ele serviu mais duas taças. Castro se deteve por um momento, depois levantou o copo e fez outro brinde. Jordi, depois de conseguir o que queria, continuou a beber a garrafa, enquanto Romy bebia lentamente sua taça.
A atmosfera estava cheia de tensão, ainda mais inflamada pelos olhares que Castro dava a ela. Romy soltou um suspiro de alívio quando Jordi se levantou pouco depois da meia-noite, indo em direção a uma ruiva deslumbrante que sorria para ele a algumas mesas de distância.
- Bem, pessoal... É hora de inaugurar meu segundo quarto de século em grande estilo! -
Romy colocou seu copo de lado.
- Tudo bem, então. Acho que vou para casa... -
- Fique! - disse Castro com determinação.
Sem lhe dar tempo para responder, virou-se para Jordi e fez sinal para que ele fosse se divertir.
- Minha limusine está lá fora. Deixe que o motorista o leve para onde você quiser", disse ele e deu-lhe um tapinha no ombro.
- Agradeço a oferta, mas vou pegar leve com aquela beldade, não quero que ela fique traumatizada e fuja ao ver todos aqueles bilhões de Sandemetrius antes mesmo de chegar ao ponto! -
Castro encolheu os ombros.
-Muito bem. Então vou deixar você fazer uma serenata para a sua amante no ônibus noturno. -
- Droga, Ray... Não existe meio-termo com você, não é? Há táxis também, você sabe? Ou Ubers? Eu posso pagar, mesmo com o mísero salário que você paga pelo meu trabalho como gerente de marketing júnior. -
- Se você diz isso... De qualquer forma, espero ver você de volta ao escritório sóbrio e inteiro na segunda-feira de manhã. -
- Só se você prometer trazer a Romy sã e salva para casa. -
Romy balançou a cabeça, segurando a bolsa enquanto se levantava.
- Isso não é necessário. Não tenho nenhum problema em ir para casa sozinha. -
Embora essa decisão significasse depender do tão difamado transporte público, seu motivo para manter as despesas sob controle ofuscava a festa de aniversário.
Seu celular não havia tocado nas últimas quatro horas, desde que ele havia ligado para o hospital para verificar o estado de saúde de sua mãe, para que ele pudesse ter uma noite relativamente tranquila... ou assim ele esperava. ou assim ele esperava.
"Vamos, Romy, sente-se", disse Castro, com o tom de voz vibrando de puro poder. - Você e eu ainda não terminamos. -
Ele o ignorou, ou pelo menos tentou. Lançou um olhar desesperado para Jordi, que se inclinou sobre a mesa e a abraçou com força.
- É o seu aniversário, preciosa...", ele murmurou no ouvido dela. - A vida é muito curta. Dê um tempo a si mesmo e viva um pouco, isso fará com que você e eu sejamos felizes! -
Antes que ela pudesse responder, o rapaz já havia se dirigido à mesa da ruiva, dando-lhe um sorriso que faria qualquer mulher capitular.
"Eu disse para você se sentar", Castro a incentivou.
Não havia como ela deixar o clube com aquele homem bloqueando sua saída. Com as palavras de Jordi ecoando em seus pensamentos, Romy voltou a se sentar.
- Não consigo imaginar por que você ainda me quer aqui. Não tenho mais nada a dizer a você. -
Ele olhou para ela com uma atenção irritada.
- Parece-me que você e eu concordamos de antemão que eu lhe devo... alguma coisa. -
- Ah, sim... Isso se chama pedido de desculpas. É tão difícil para você dizer essa palavra? -
Ele deu de ombros e abriu a boca, mas foi interrompido pelas gargalhadas de um grupo de pessoas próximas. Com uma careta de desgosto, ele se levantou.
- Venha comigo! Vamos continuar essa conversa em outro lugar. -
Apesar do tom autoritário, Romy obedeceu e se levantou, dizendo a si mesma que isso era apenas um truque para fugir quando chegasse à saída do clube.
Castro Sandemetrio havia revelado uma parte de si mesmo que destruiu todos os sonhos dela. Ele finalmente tivera a chance de ver o homem implacável sobre o qual os jornais de negócios escreviam e a divindade insuportável da qual seu irmão Jordi se queixava todos os dias.
Ele tinha visto como um homem que já estava ressentido podia perder completamente a paciência por causa de um noivado desfeito. O que quer que tivesse acontecido entre Castro e Tamara certamente ainda o fazia ferver de raiva. Aquela revelação sobre o caráter dele foi um lembrete oportuno para que você prestasse atenção.
A experiência da garota com os homens, inclusive com seu pai, havia lhe dado uma profunda desconfiança em relação ao sexo masculino, que ela tivera a oportunidade de testar muitas vezes. E, até aquele momento, somente Jordi havia sido uma exceção.
Essa foi a razão pela qual, acreditando na existência de outros homens como ele, ela começou a namorar Stephen seis meses antes, apesar das advertências de sua mãe.
Depois, ele se revelou uma pessoa desprezível e a magoou, mas não a surpreendeu. A parte dela que ainda estava crua com a experiência a advertiu e, independentemente do que Castro planejava fazer, ela não queria fazer parte disso.
Ao sair do pub, ela foi recebida pelo ar fresco de outubro. Ela respirou fundo e começou a se afastar. Um aperto firme agarrou seu cotovelo, parando-a em seu caminho.
- Onde você pensa que está indo? - gritou Castro.
Romy deu um passo para trás, lutando contra as sensações conflitantes que sentia. Ela não aguentou. Embora suas pernas estivessem fracas, ela o olhou nos olhos.
- É tarde demais... -
- Eu sei que horas são, Romy", ele murmurou, tocando as pernas dela com as suas.
- Castro, eu preciso... eu tenho que ir. -
Ele deu um passo à frente, agarrou o rosto dela e a prendeu contra a parede do bar.
- Sim, talvez você devesse ir... Mas a verdade é que você não quer ir. -
Ela balançou a cabeça, tentando se afastar.
- Sim, eu quero! -
Castro se aproximou para que ela pudesse ver as manchas douradas em seus olhos.
- Você não pode, Romy... Eu ainda devo a você... E eu sempre pago minha dívida com você... -
- Eu tenho que ir... - ela acrescentou e sentiu um estado de fraqueza envolvê-la como um cobertor.
- Romy, eu ainda não pedi desculpas a você. -
- Então você admite que me deve um pedido de desculpas? -
Os olhos de Castro se detiveram nos lábios trêmulos dela. Romy sentiu um forte desejo percorrer seu corpo. Era a mesma coisa que ela via nos olhos de Castro?
- Sim, mas não vou pedir desculpas aqui. -
Romy tentou evitar que você caísse na gargalhada.
- Você sabe quantos anos eu tenho hoje, então sabe muito bem que não nasci ontem, Castro! -
Ela levantou uma mão da parede e tocou a bochecha dele.
- Posso lhe dizer aqui o que você quer ouvir e você pode ir embora logo em seguida. Ou posso levar você para casa, como prometi ao Jordi, e pedir desculpas lá. Você não quer preocupar seu amigo, quer? -
Ela balançou a cabeça.
- Já tenho idade suficiente. Jordi vai entender. Tudo o que eu quero é que você se desculpe", insistiu ela.
- Você quer mais do que desculpas. Você quer baixar a guarda, estender a mão e tocar o proibido. Há muito tempo você quer fazer isso, não é mesmo, Romy? -
Não.
Romy abriu a boca, mas as palavras ficaram presas na garganta. Castro se afastou dela, dando um grande passo para trás, depois outro, para olhar a expressão abatida em seu rosto.
Não.