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Capítulo 4

— Eu falei para você não abrir a maldita boca, garota. Você fez exatamente o oposto do que eu te disse, você consegue ver a merda que fez na minha vida? — ele aperta meu braço com mais força.

- Você não me manda. Eu fiz o que tinha que fazer. — Balanço meu braço novamente e sinto meus olhos se encherem de lágrimas — você está me machucando.

Victor solta meu braço e eu levo minha mão até o local, acariciando-o de leve enquanto olho para ele com a cara mais raivosa possível!

— você ferrou com a minha vida — ele aponta o dedo na minha cara, me fazendo dar um passo para trás — não tenho idade para ser pai. Eu deveria estar aproveitando minha vida e não assumindo uma responsabilidade como essa!

—E você acha que não estou totalmente ferrado? — Soltei uma risada irônica — Também não tenho idade para ser mãe e deveria estar aproveitando a vida, parece que você esqueceu desse detalhe. Você realmente acha que eu queria engravidar agora? Em plena adolescência e sem nenhuma responsabilidade de cuidar de outro ser humano, e você acha mesmo que se eu pudesse escolher qualquer outro menino para ser pai dessa criança, eu escolheria mesmo você, Augusto? Um idiota que só sabe pensar de cabeça baixa. Você pode continuar fodendo suas putas e bebendo o quanto quiser, eu só quero que você assuma a porra da responsabilidade que eu terei que assumir também.

Passo por ele e saio da sala. Enxugando as lágrimas que escorriam pelo meu rosto com as costas das mãos.

Sinto vontade de vomitar e corro para o banheiro. Eu me agacho em frente ao banheiro e sirvo todo o meu café da manhã. Dou a descarga e sento no chão, cubro o rosto com as mãos e respiro profundamente.

Não estou agindo de forma ridícula, só estou dizendo a verdade, como me sinto sobre o que aconteceu ontem na minha vida.

Há tanta coisa para engolir que não consigo pensar. Eu não posso ser pai! Eu não deveria ser pai! Claro que eu queria ter filhos, droga, mas agora não, certo? Principalmente com uma garota que nem conheço.

Hoje durante o horário de aula não contei para ninguém, nem mesmo para Arthur, meu melhor amigo. Eu não queria me tornar motivo de chacota por engravidar uma garota.

Meus pais falaram que hoje eu teria que ir na consulta de ultrassom que a Rossana ia fazer, e que a partir de hoje irei em todas elas.

O sinal de fim da aula acaba de tocar, vou até o estacionamento da escola e procuro Rossana, encontro-a perto de uma garota loira que acho que se chama Carolina. Ando em direção a eles e os dois me olham com caras não muito boas.

—O que você quer aqui, tucano? — a loira cruza os braços e se aproxima de mim — se você ofender meu amigo novamente, espero que saiba que vou te matar!

Rossana coloca a mão no ombro da amiga e a puxa de volta — tudo bem Carol, hoje tenho meu primeiro encontro e infelizmente ele tem que ir né.

— Você está maluco, por que não cuida da sua vida, loira azeda? "Deixe-me resolver isso com Rossana ", respondo à garota que levanta as sobrancelhas e se prepara para debater quando Rossana a interrompe novamente.

—Carol , deixe ele ir. Como vocês dois são chatos!

— eh, ok — Carolina vai até o lado do passageiro e abre a porta — você tem encontro, né? – confirma a morena – vou com vocês dois. Porque sou mais pai do que aquele cara narigudo. —Ele entra na sala e eu olho para Rossana, a menina não pode ir conosco, certo?

—Ei , você tem razão — Rossana sorri encolhendo os ombros e se senta no banco do motorista. Reviro os olhos e entro na traseira do carro.

O que eu ganhei para minha vida?

Durante o passeio, as meninas tocaram algumas músicas super bregas e fofocaram sobre praticamente toda a escola. E como não sou burra, prestei atenção em cada detalhe.

No momento estamos na sala de espera enquanto aguardamos a vez de Babi chegar.

Sentado um pouco longe de Rossana e Carol, posso perceber o nervosismo da mais baixa, que roía as unhas e balançava as pernas freneticamente. Carolina, de vez em quando, mostrava alguma coisa nas revistas para distraí-la, o que, claro, não adiantou muito.

Uma enfermeira chama Rossana pelo nome e nós três nos levantamos e a seguimos até o consultório do médico que acompanharia toda a gravidez de Babi.

— Eu sou Fernanda, prazer em conhecê-la — ela estende a mão para Babi e depois para mim e Carol — primeiro gostaria de dizer para vocês ficarem calmas, sei que parece difícil porque vocês duas são muito novas, mas no momento é importante para a saúde da mamãe — a médica gesticula com a mão para Babi, que abaixa a cabeça, não muito confortável com aquela situação - Rossana, agora vou pedir para você deitar naquela maca e levantar a blusa dela até abaixo dos seios.

Rossana deita na maca e levanta a blusa como o médico nem pediu. O médico aplica uma espécie de gel pegajoso na barriga e aplica um aparelho para espalhar por toda a parte exposta.

Ela fica em silêncio por alguns segundos e depois aponta para o monitor — aqui está, é muito pequeno, já que você tem apenas dois meses e alguns dias, mas dá para ver.

Realmente era pequeno. Mas pude ver um vulto pequeno, olho para as meninas com quem estava e Carol está com um sorriso no rosto, Rossana encara o monitor sem demonstrar nenhuma reação.

—Meu Deus, é tão pequeno — diz a loira e pega o celular, tirando uma foto.

— sim, sim — ouço a voz baixa de Rossana e olho novamente para o bebê, bom, meu bebê, eu deveria chamá-lo assim, certo? Não sei..

—Vamos ouvir o coraçãozinho! — diz o médico, super animado. Meu Deus, essa mulher parece viver em um arco-íris.

Todos ficam em silêncio e logo em seguida um pequeno som de batimentos cardíacos enche o escritório.

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