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Você deve gostar muito desse cara ainda para precisar de alguém para mantê-lo afastado.

Eu seguro sua cabeça e a puxo para mim, colo meus lábios nos dele. Sinto o coração de Leonardo se agitar debaixo da palma da minha mão que está apoiada no seu peito quente e peludo, ao mesmo tempo sinto sua confusão, o quanto ele está tenso com meu gesto; mas não por muito tempo, um gemido sai de seus lábios e me surpreendendo com Leo me puxando para ele e correspondendo meu beijo. Fazendo-me estremecer, meu coração disparar.

Agora é minha vez de ficar confusa com as sensações sentidas com seus lábios maravilhosos se movendo sobre os meus, seu beijo é quente. Tão quente que me sinto dentro de um quarto, sozinha com ele.

Quando nossos lábios finalmente se afastam eu o olho ofegante, os lábios separados, ainda nos braços dele.

Leo me encara também a princípio confuso, mas Omar me chama novamente e então ele vai fechando a cara como se tivesse entendimento o meu gesto.

Agora ele me olha de um jeito duro.

Ainda bem que ele está de perfil e Omar não consegue ver o quanto.

Eu o empurro levemente, me afastando dele aos poucos. Pisco ainda surpresa pela química que senti entre nós e encaro Omar que está parado em frente a porta da sala segurando a minha bolsa.

—Você esqueceu. —Omar diz de um jeito hostil

Com as pernas moles como gelatinas consigo ir até ele e pegar minha bolsa.

—Obrigado —digo sem olhá-lo, então me viro. Caminho até Leonardo que agora está virado para nós e observa toda a cena.

Conforme caminho até ele reparo no seu olhar desafiador para Omar. Seu rosto fica ainda mais másculo, e isso o torna ainda mais sexy.

Selvagem!

Estremeço.

Se recomponha destes pensamentos! Digo para mim mesma me lembrando de Estela.

Sob o olhar irritado de Omar, Leonardo abre a porta do Pálio para mim, antes de entrar reparo no carro parado em frente ao nosso. Um Camaro amarelo, último tipo.

Sim, Omar venceu, como queria.

Leonardo se senta ao meu lado.

—Um belo carro.

Eu o encaro.

—Isso não me impressiona.

Minha respiração se agita quando seus olhos descem para os meus lábios. Como se ele percebesse, vira o rosto e dá a partida no carro e o coloca em movimento.

Eu encaro seu perfil constrangida agora.

—Eu...não sei o que me deu. Perdoe-me por ter te beijado.

Leonardo vira o seu rosto na minha direção, sua expressão se torna uma carranca. Eu pisco para ele, meu coração bate estranhamente no peito, aflito.

O medo de ter melado nossa amizade aperta no meu peito. Tento amenizar as coisas, mas não sei se consigo;

—Esse aí é o meu ex e quando ele me chamou...

—Você me enxergou como sua tábua de salvação? —ele completa.

— Eu ia dizer que vi o amigo, o homem que sempre me ajudou.

Ele me olha calado por um tempo.

—Eu arrumo seu carro. Só isso. Se fossemos amigos de verdade, teria me contado que seu ex estava aí e não me diria apenas que estava com problemas familiares quando te perguntei.

Reparo nos braços peludos.

Deus! Ele tem mãos lindas.

Encaro seu perfil. Suas mandíbulas travadas. Eu solto o ar pelas narinas e digo de um jeito resignado:

—Eu ia te contar, com calma. Aqui no carro.

O que está acontecendo com Leonardo?

Ele geralmente não é assim!

Realmente ele deve ter ficado chateado com que fiz.

Mas que droga!

—Leonardo, não fica assim. Estela não precisa saber disso. Você não tem culpa de nada. Eu sou culpada e me sinto envergonhada por isso.

—Você fez de propósito, não fez? Esqueceu sua bolsa para armar tudo.

—Não, não fiz isso! E eu agi por impulso quando te beijei. Desculpe-me.

O olhar gelado que ele me dá me faz estremecer.

—Pare de. Toda hora. Se desculpar comigo — sua voz sai pausada e controlada.

O céu avermelhado da tarde deixa seus olhos mais verdes e mais gato. Eu engulo em seco.

—Tudo bem.

—O que ele queria?

Eu solto o ar.

—Nos convidar para passar a semana do natal até o ano novo na casa dele.

Leo me encara.

—E você aceitou?

Engulo minha saliva com dificuldade novamente.

—Não tive como negar. Eles já tinham planejado tudo, eu só fui comunicada e minha mãe....

Leo aperta o acelerador. Eu me seguro na porta com medo.

—Não acredito que depois de tudo que esse cara te fez, você aceitou?

Ele faz uma ultrapassagem e diminui a velocidade do carro.

—Eu não quis magoar meus pais.

Ele me olha de rabo de olho.

—Depois de tudo que ele te fez passar você ainda permite que ele entre assim na sua vida, e modifique seu destino? —ele diz ultrapassando um carro.

—Meu destino? Não exagera. E com a perda de meu irmão meus pais estão mais sensíveis. E eles ficariam muito chateados se eu não fosse. Acho que por isso te beijei. De raiva, de frustração.

Leo me olha e dá uma risada amarga.

—Então o que te levou a me beijar foi raiva? Frustração?

Eu pisco, dando me conta o quanto isso soou ruim.

—Olha, quando digo frustração é por ter aceitado o convite dele.

—Bem, agora ele pensa que tem um namorado. O que dirá a ele quando você for sem “seu suposto namorado” na casa dele?

Eu fungo e então levo na brincadeira:

—Você não tem um irmão gêmeo?

Leonardo me olha sério:

—Você deve gostar muito desse cara ainda para precisar de alguém para mantê-lo afastado. —ele diz, sem entrar na minha brincadeira.

Ele acha que preciso mesmo de alguém?

Sustentando seu olhar irado eu digo com um sorriso.

—Eu brinquei seu bobo. Eu não preciso de ninguém. Se ele perguntar do meu namorado digo que você teve que viajar e passar o final do ano com um parente que está doente.

Ele ri amargo. Então balança a cabeça como se quisesse afastar algum pensamento, mas não diz nada.

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