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Capítulo 3 - Isabella

Eu já estava arrependida, estava terrivelmente arrependida e só tinha falado com o homem uma vez.

Porque Lorenzo Bianchi tinha que parecer tanto com meu Luke? Alto, forte, cabelos pretos e aquela barba sexy. Só havia duas coisas diferentes entre eles, Luke tinha olhos azuis enquanto Lorenzo exibia olhos castanhos enormes, a segunda é que meu marido era branco como os ingleses já Lorenzo era bronzeado de uma forma sedutora.

Engoli em seco com aquele pensamento. O que eu estava fazendo comparando os dois? Aquilo era errado, mas só de fechar os olhos eu conseguia sentir seu toque em minha mão, o frio se instalando na boca do estômago quando nossas mãos se encontraram e o calor subindo por meu corpo e se espalhando quando ele passeou o polegar sobre o meu.

Não! Eu não podia pensar naquilo.

Meu celular vibrou sobre a mesa atraindo minha atenção, é claro que só podia ser ela, o nome Deb brilhava na tela, mostrando que ela não tinha mandado apenas uma mensagem, mas sim, um zilhão delas.

Deb: ele já chegou ai?

Deb: falou com o novo chefe?

Deb: com certeza ele já chegou ai. Dá pra responder, querida?

O desespero da maluca continuava. Revirei os olhos e comecei a digitar, mas não cheguei a enviar, o ding do elevador parando no andar atraiu meu olhar e James saiu de lá marchando em minha direção.

— Por que não respondeu a descontrolada? — ele sussurrou encarando a porta, como se nossos chefes pudessem sair de lá a qualquer momento. — Todos estão querendo uma foto dele.

— Bom dia pra você também, querido. — Ele também fazia parte do esquadrão assim como outras quinze pessoas daquele prédio. — Todos quem?

— Bem, todos, todos, não tem uma viva alma na empresa que não queira saber quem é o mais novo manda chuva.

— Sabe que se eu mandar uma foto dele naquele grupo não vai demorar nem cinco minutos até que todo o país saiba — falei o óbvio, ele tinha noção que as quinze pessoas ali fariam a foto do novo presidente vazar até em tabloides.

— Sei, sim. Mesmo assim, precisamos da foto Isa! — James exigiu me fazendo semicerrar os olhos, desejando que ele desaparecesse. — Ahh, antes que me esqueça, que história é essa de você ser a nova babá do garotão?

Não precisava nem tentar adivinhar para saber quem jogou aquilo na rodinha. Alice tinha sido a única a quem eu contei isso porque ela estava na sala de conferências.

— Que tal você me dizer o que quer aqui e dar o fora? — Usei o meu melhor tom de brava, ou o mais brava que conseguia ser com ele.

James e as meninas eram a única parte alegre e colorida dos meus dias, por isso eu era agradecida de estar rodeada por eles todos os dias. Mas eles conseguiam me tirar do sério às vezes.

Ele abriu a boca para responder e ficou parado com a boca escancarada enquanto Giovanni e Lorenzo deixavam a sala. Pai e filho riam de algo que conversavam, distraídos e tão acomodados um com o outro que demoraram a nos notar ali.

— Minha, filha, se você vai ser babá dele, espero que esteja pronta para dar de mamar! — James falou baixo, se assegurando que apenas eu ouviria.

Mas meu engasgo não foi silencioso assim. Tossi tentando voltar a respirar enquanto o cínico fingia dar tapinhas em minhas costas.

— Tudo bem por aqui? — A voz de Giovanni soou mais próxima me fazendo erguer o rosto depressa.

Os olhos de Lorenzo brilharam com divertimento e eu podia apostar que estava vermelha como um tomate.

— Sim, ela só se engasgou com a água — James respondeu quando viu que eu não ia longe ainda tossindo. — Senhor Louis me pediu para trazer esses papéis, precisam da sua assinatura.

Franzi o cenho sabendo que ele podia ter me entregado e sumido voltando ao seu andar, mas fez questão de enrolar, com certeza só para dar uma olhada no novo chefe.

— Pode deixar com a Evans. A propósito, já conheceu meu filho? Lorenzo Bianchi, o novo presidente! — Giovanni quase estufou o peito de tanto orgulho enquanto falava.

Não resisti e me perguntei por que Lorenzo não tinha estado ao lado do pai todos esses anos como era de se esperar? Por que só agora ele decidiu assumir seu lugar na empresa?

James se empolgou começando a conversar quando o novato puxou papo, e por incrível que pareça ele não parecia um chefe sendo forçado a interagir com um funcionário, Lorenzo demonstrava verdadeiro interesse no assunto.

— Todos na empresa estão curiosos sobre seu filho — murmurei quando o Senhor Bianchi se aproximou de mim dando uma olhadela no papel que James tinha me entregado. — Parece que fez mesmo uma boa escolha.

Giovanni sorriu para mim de forma cúmplice e o brilho nos olhos não escondia a felicidade de ter o seu único herdeiro ali com ele.

Analisei pai e filho ali tão próximos, se notava todas as semelhanças que gritavam o parentesco. Os dois tinham os mesmos olhos castanhos, a barba cheia e o formato quase oval do rosto, Lorenzo era uma versão mais nova do pai. Dois italianos lindos.

Aquela constatação me fez engolir em seco e desviar rapidamente o olhar de Lorenzo, com medo de ser pega encarando-o daquela forma.

— Antes que eu me esqueça, você vem almoçar conosco — Senhor Bianchi falou chamando minha atenção.

Isso era a última coisa que eu precisava agora.

James se despediu como se soubesse que era sua deixa, não antes de me dar uma piscadela e um sorriso cínico que gritava: eu ouvi isso!

Céus antes mesmo que entrássemos no elevador o esquadrão já estaria sabendo.

— Mas eu já usei meu horário de almoço...

— Nem tente, mocinha, suas desculpas esfarrapadas não vão funcionar hoje — ele me censurou e como uma boa menina eu calei minha boca. — Quero que vocês dois se conheçam melhor, já que vão passar mais tempo juntos a partir de segunda-feira.

As palavras dele causaram um reboliço dentro de mim, caso Giovanni estivesse se referindo a outra pessoa eu duvidava que meu corpo reagiria assim, mas falar logo do filho que tinha me feito sentir um calor desconhecido e que me olhou daquele jeito sem nenhum pudor, não foi uma boa jogada.

— Ela não parece muito feliz em ter um novo chefe — Lorenzo disse quando as portas de metal se fecharam.

Eu estava entre os dois ali e mesmo olhando para frente conseguia sentir o olhar dele queimando em mim.

— Não é isso, só estou pensando em como seu pai foi um ótimo chefe — disfarcei. — E em como ele vai fazer falta por aqui.

— Não vou morrer, Isabella. Vai ver que sempre vou aparecer por aqui. — Giovanni bateu o ombro no meu, me fazendo relaxar um pouco. — E quanto a Lorenzo, aposto que ele vai ser um chefe bem mais legal e interessante.

Disso eu duvidava, acho que o termo certo seria: folgado, relapso, sem pulso. Talvez sedutor, e se todas as mulheres daquela empresa decidissem olhar para ele com desejo, poderia adicionar um cafajeste. Mas não disse nada, apenas concordei sorrindo.

O elevador parou e duas pessoas entraram nos obrigando a recuar para o fundo, eu só queria descer rápido e ficar mais longe dele, mas hoje o elevador parecia especialmente lento.

Dois andares depois paramos e um grupo de quatro mulheres entrou tagarelando, não consegui deixar de notar os olhares delas direto para o moreno alto ao meu lado, como eu tinha imaginado. Nem ao menos podia julgá-las, já que era impossível não notá-lo.

O lugar ficou terrivelmente apertado e eu fiz de tudo para me manter longe de Lorenzo, mas Giovanni não ajudou quando me empurrou com o ombro, me forçando a ficar ainda mais perto do seu filho.

Respirei fundo com a proximidade repentina e me arrependi quando o perfume amadeirado invadiu minhas narinas. Fechei levemente os olhos inspirando a fragrância deliciosa e sentindo minha pulsação acelerar, me esquecendo por alguns segundos de onde estávamos.

— Está passando mal, Evans? — A voz grossa soou na altura da minha cabeça.

Antes que eu pudesse responder as mãos grandes dele seguraram meus ombros, puxando meu corpo ainda mais para perto do seu, me dando apoio, como se temesse que eu fosse despencar no chão.

Meu coração disparou quando ergui o rosto e nossos olhares se encontraram. Eu suspirei sem conseguir falar nada, aquela proximidade e o calor que emanava de seu corpo, me fizeram perder a fala.

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