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Capítulo 7 - Sorria!

Eu despertei aos poucos, quando ouvi a voz de alguém perto de mim. Eu ergui a cabeça, e lembrei que estava num avião, e então olhei para o lado, lembrando do meu chefe, e ele estava distraído olhando para o lado, conversando com alguém. Aproveitei esse segundo para escapar até o banheiro, não queria que ele me visse descabelada e babando.

Eu me olhei no espelho, e respirei fundo, tentando ajeitar os fios rebeldes do meu cabelo. Será que ele me viu dormir assim? A minha cara estava amassada e meus lábios estavam secos. Droga! Joguei uma água no rosto e voltei para a minha poltrona, encontrando ele sorridente.

— Bom dia, senhorita Clarke – ele disse, como se estivesse me provocando.

— Bom dia, senhor – eu acenei cordialmente, o fazendo rir.

E com isso fomos servidos com o café da manhã.

— Daqui à pouco iremos pousar, tudo bem com você?

— Estou bem, só um pouco ansiosa ainda – admiti.

— Pensou no que conversamos ontem a noite?

— Se refere ao namoro? – ele acenou confirmando. — Você está certo, não faz muito sentindo nos apresentarmos como amigos.

— Eu costumo estar certo o tempo todo – ele disse, me fazendo revirar os olhos.

— Você costuma ser tão convencido assim? – perguntei, e ele riu.

— Só quando admitem que estou certo – ele me fez rir.

— Se fizerem perguntas demais, diremos que estamos nos conhecendo ainda, para não correr o risco de contarmos histórias diferentes – expliquei.

— Concordo – ele disse. — Viu? Vai dar tudo certo, estamos sintonizados – ele ofereceu um brinde com a xícara de café, e eu aceitei.

— Você quem manda, chefe... – respondi, debochada.

Assim que o avião pousou, nós buscamos nossas malas, e eu corri para o banheiro para trocar de roupa. Queria parecer apresentável, e não uma adolescente que veste moletom. Vesti um vestido simples e alinhado, na cor azul, e troquei meus tênis da Nike por uma sandália de salto. Quando me encontrei de volta com James, ele estava no celular pedindo um uber, e quando ele pôs os olhos em mim, ele sorriu.

— Está ótima – ele disse, me deixando sem ter o que responder.

— Valeu... – murmurei, envergonhada. — Vamos? A gente dá um "oi", confirma a nossa presença para o casamento e corre para algum hotel nas redondezas.

— Tudo bem – ele concordou.

Pegamos um carro, e logo passei o endereço para o motorista. Minhas mãos estavam tão suadas durante o trajeto. James parecia tranquilo, e olhava a paisagem pela a janela como se fosse o melhor passeio de sua vida, talvez ele esteja com algum sentimento nostálgico da vida na Inglaterra, já que a diferença daqui para Nova Iorque é gritante.

— Chegamos – o motorista avisou, me deixando sem fala.

Eu sai pra fora do carro, e James pediu para ele nos esperar com as nossas bagagens no porta-malas.

— Pronta? – ele me perguntou, segurando o meu ombro. De repente, ele olhou à nossa frente, se deparando com a mansão dos meus pais. — Essa é a casa dos seus pais?

— Sim... – suspirei.

— Mas você disse que economizou para comprar as passagens, pensei que não fosse rica... – ele parecia indignado.

— Meus pais são ricos, eu não – dei de ombros, como se fosse óbvio.

— Ah sei – ele fez, revirando os olhos de forma engraçada. — Você é independente.

— Sim, desde que fui embora – confirmei.

O jeito que ele mexia em seu topete era tão charmoso, ou talvez fosse os ares londrinos.

— Vamos... – chamei, começando a subir os degraus da entrada.

As portas da frente estavam abertas, e eu já conseguia ouvir uma música clássica vindo do interior. Também ouvi vozes, e foi impossível não reconhecer o grito de Abi, assim que passei pelo o portal. E eu disse à mim mesma: sorria!

— Elisee, você quase me mata do coração! – ela veio apressada, e me puxou para um abraço. — Você disse que ia me ligar e não me deu mais notícias...

— Queria te fazer surpresa... – usei como desculpa, a fazendo rir.

— E você com certeza não me avisou que viria acompanhada! – ela observou o homem ao meu lado.

— Abi, este é o James, e querido, essa é a minha irmã – falei sorrindo, sentindo que iria desmaiar a qualquer momento.

James sorriu para a minha irmã, que olhou curiosa para seu rosto.

— Parabéns pelo o casamento, senhorita Clarke – ele disse, apertando a mão dela cordialmente. Ela sorriu encantada pela a educação dele.

— Obrigada, e pode me chamar de Abi, fique a vontade, James – ela disse, meio abobalhada.

— Francamente, Elisee – minha mãe surgiu do nada ao meu lado, me puxando grosseiramente para um abraço. — Você se esqueceu que tem família?

— Mãe, não briga com ela na frente do namorado... – Abi reclamou, me matando de vergonha.

— Namorado? – a mulher espiou ao meu lado.

Minha mãe continuava a mesma. Muito vaidosa, sempre usava um penteado diferente nos cabelos grisalhos, com seu inseparável batom vermelho.

— James Walker, madame, é um prazer conhecê-la.

Ele se aproximou mais, oferecendo a mão, e ela recebeu de bom grado, com um sorriso afrontoso nos lábios. Ela me olhou com segundas intenções, e ele riu me abraçando de lado, me deixando muda.

— Então você é a razão pela a minha filha não me visitar há mais de dois anos? E por que não nos contou que estava namorando? Com certeza, você não devia ter motivo algum para esconder um homem tão bonito e charmoso...

Estava demorando para ela começar a me constranger.

— Gentileza sua, mas não faz tanto tempo assim que Elisee e eu estamos juntos – ele respondeu, percebendo que eu estava sem condições para tal.

— Olha, nós só viemos dar um "oi", estamos exaustos, vamos para um hotel... – eu comecei dizendo, puxando James pelo o braço, nos afastando da minha família maluca.

— Hotel? Você está maluca? Vocês vão ficarem aqui – ela retrucou.

— Aqui já parece estar cheio demais, mãe – observei do outro lado do cômodo, o jardim estava cheio de pessoas, minhas primas e primos, e tias e tios.

— Não seja boba, essa mansão está cheia de quartos. Por mais que todos estejam ocupados nesse momento, é claro que reservei um pra você. Você e o senhor James estarão bem acomodados!

— É que já reservamos um quarto de hotel... – tentei dar a desculpa, apertando o braço dele, para que ele se ligasse e me ajudasse com algum argumento.

— Não tem problema, amor – ele disse, me deixando com a cara no chão. — A gente liga para o hotel e cancela a reserva.

Ele olhou sorrindo para mim, dando uma piscadela. Minha mãe inconveniente chiou comemorando, e Abi bateu palmas.

— Ótimo, você vai adorar a vista, James – ela disse, apontando para o jardim. — Daqui à uma hora vão começar a servir o almoço, acho que é o tempo de vocês se acomodarem e descansarem um pouco da longa viajem!

— Tudo bem... – murmurei, envergonhada.

— Vou buscar nossas malas com o motorista – James disse, antes de se afastar de mim. Ele deixou um beijo nos meus cabelos, o que fez Abi me olhar com os olhos estreitos.

— Você é uma safada! Por que não me contou que estava namorado esse Deus Grego? – ela perguntou, assim que ele estava longe.

— Pois é, me deixou preocupada, achando que estava vivendo sozinha naquele inferno de cidade, não sei como você consegue viver lá... – minha mãe resmungou.

— Olha, gente, eu tô exausta, não dormi direito no avião, eu vou subir e tomar um banho, e depois a gente conversa, ok?! – falei, já me esgueirando pela a escada.

— Tá bom, o quarto de vocês é o último da ala norte! – Abi gritou, quando já estava no topo da escada.

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