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Capítulo 3

Ele lançou um olhar pelo cômodo vazio e então me encarou friamente.

— Onde está seu pai? — ele perguntou.

— Você veio procurar meu pai? — achei a situação extremamente ridícula.

— Beatriz, estou te avisando: é melhor chamar seu pai agora mesmo — o tom de Ricardo ficou ainda mais agressivo.

— O que você pretende fazer? — perguntei instintivamente, surpreendida.

— Eu que deveria perguntar o que seu pai pretende! Ele, um adulto, sem um pingo de respeito, invadiu a casa da Isa, uma mulher que mora sozinha, e ainda roubou o cachorro dela. É demais! — acusou Ricardo. — A Isa tem uma saúde frágil. E ela é sozinha no mundo. Eu me preocupo com ela, e daí? Por que você e seu pai estão sempre implicando com a Isa? Por que vocês são tão maldosos assim?

Quando Ricardo me olhava, seus olhos estavam cheios de hostilidade. Era como se, no entender dele, eu fosse uma mulher terrível, sem possibilidade de redenção.

Eu pensava que ele sabia da morte do meu pai e tinha trazido nosso filho para prestar condolências. Mas não esperava que ele viesse tirar satisfações por causa de um cachorro de Isabella.

Isso já era absurdo demais. Ridículo demais.

Meu pai morreu sem nem ter tempo de fechar os olhos, e mesmo depois de morto ainda era humilhado por eles!

A dor em meu coração se tornou uma com a ira.

— Chega! Vamos nos divorciar! Você pode cuidar dela o quanto quiser, mas não vou permitir que difamem meu pai! — explodi.

— Difamar? — Ricardo riu sem disfarçar o sarcasmo.

Depois de falar, ele pegou o celular e reproduziu um vídeo de uma câmera de segurança. Na imagem, um homem com estatura semelhante à do meu pai entrava furtivamente na casa de Isabella, e depois saía com um cachorro nos braços. Mas o rosto do homem estava coberto por uma máscara e um boné, tornando difícil identificar as suas feições.

— As evidências são claras. O que mais você tem a dizer? Faça seu pai devolver o cachorro da Isa imediatamente! — O tom de Ricardo tornou-se ainda mais frio.

Ao lado, Isabella deixou cair lágrimas no momento oportuno. Ela chorava de forma que chagava a dar pena

— Bia, sei que o seu pai fez isso para fazer com que você se sentisse melhor, mas aquele cachorro me acompanha há muitos anos. Eu realmente não posso viver sem ele. Por favor, peço que seu pai devolva o meu cachorro.

Ela chorava tanto que seu corpo tremia como vara de bambu. O olhar de Ricardo estava cheio de compaixão, e ele rapidamente a amparou.

Isabella aproveitou a oportunidade para se apoiar no abraço de Ricardo, chorando baixinho. Breno foi ainda mais longe. Para apoiar Isabella, correu até mim e começou a me bater e me chutar.

— Mulher má! Não vou mais te chamar de mamãe! Você é uma pessoa ruim! O vovô também é mau! Vocês estão todos maltratando a dona Isa! — gritou Breno. — Devolva logo o cachorro da dona Isa! Senão, quando eu crescer, vou matar vocês dois!

Eu nunca imaginei que meu próprio filho pudesse dizer coisas tão terríveis. Mas pensando bem, faz sentido. Breno, ao lado de Isabella, já tinha desejado minha morte mais de uma ou duas vezes. Antes, eu ainda tentava trazer Breno de volta ao caminho certo, educá-lo, discipliná-lo. Mas agora, não havia mais necessidade. Que os três fiquem acorrentados para todo o sempre!

Empurrei Breno com força e, pegando uma vassoura, comecei a brandi-la contra eles.

— Saiam daqui! Todos vocês, saiam! Eu não admito que vocês difamem meu pai! — gritei.

A data no vídeo de vigilância era de um dia atrás, mas meu pai já tinha se tornado cinzas há três dias.

Chorando e gritando, tentei expulsar aqueles três canalhas.

No entanto, naquele momento, os seguranças trazidos por Ricardo entraram de repente. Com poucos movimentos, arrancaram a minha vassoura e me jogaram ao chão.

Ricardo me olhou de cima enquanto dava ordens aos seguranças

— Revistem tudo! Não deixem passar nenhum canto! — ordenou.

Os seguranças restantes começaram imediatamente a revirar cada caixa e armário.

As coisas da casa foram deixadas em completo caos. As relíquias do meu pai foram jogadas no chão e pisoteadas sem consideração. Eu estava devastada, com a raiva reprimida fazendo meu rosto corar. Eu queria matá-los, queria acabar com todos eles!

Mas os seguranças me seguravam firmemente, de modo que eu não tinha forças para resistir. Nesse momento, mais dois seguranças entraram e cochicharam algo para Ricardo.

O rosto dele ficou ainda mais sombrio.

— Levem ela embora! — disse ele, olhando para mim com ódio.

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