Prólogo
Prólogo
Amazonas, Brasil – 2000.
Quando Taylon recebe de seus superiores a missão de destruir a Terra, aceita sem questionar, pois o planeta deixou de ser produtivo como deveria.
Durante a viagem, no entanto, Taylon não pode imaginar que encontrará uma cena tão intrigante ao aterrissar em seu destino: uma linda garotinha correndo em um gramado na companhia de seu cachorrinho. O sorriso da garota o deixa com um sentimento estranho. Ele não sabe definir o que é, pois nunca o sentiu antes.
Conhecido em seu planeta como um guerreiro sério e prático, Taylon se vê dividido entre seu dever como comandante e o sentimento despertado pela garotinha, e isso o faz refletir.
— Senhor, podemos disparar o raio nuclear? — pergunta um soldado, interrompendo seus pensamentos. — Em minutos, não restará um ser vivo na Terra.
A garotinha avista Taylon de longe, seus olhinhos brilham. Então, ela corre até ele.
— Olá, sou Liana Menezes. Você é um super-herói? Veio me salvar?
Taylon franze a testa, a garota está o confundindo com alguém.
— Garota, eu sou...
— Ah, eu sabia! É meu herói! — Ela o abraça pela cintura. Taylon arregala os olhos, não sabe que atitude tomar, parece até espantado. — Meu herói para sempre?
Algo no fundo do coração de Taylon amolece, a garotinha de lindo sorriso, voz de anjo e um belo rostinho o está conquistando. Ela olha para cima, e Taylon lhe devolve o sorriso, segura seu queixo e responde:
— Seu herói para sempre! — Taylon não acredita que está dizendo isso para a garota. Sente que ela fez em segundos o que ninguém conseguiu em milhares de anos: aquebrantar seu coração de pedra. — Liana, muito prazer, eu sou Taylon.
Ele se ajoelha para a olhar nos olhos. A garota se joga em seus braços e o abraça pelo pescoço. Taylon é pego de surpresa, mas retribui o abraço, meio desajeitado, pois não é um homem carinhoso. Ou não era, até então.
— Senhor, o que está fazendo? Essa garota morrerá com os demais — adverte o soldado.
Liana fica preocupada com o que escuta.
— Por favor, não deixe que ele me machuque — pede, temerosa.
O instinto protetor de Taylon é acionado e ele se levanta, dando ordens:
— Descansar! Voltem para a espaçonave, partiremos em breve.
— Mas, senhor...?
— Está desobedecendo ao seu superior, soldado?
— É claro que não, senhor. Mas essa raça é improdutiva. O planeta está uma calamidade, são desunidos, não servem nem para procriar...
— Eu já disse! Voltem para a espaçonave!
Sem que percebam, um adolescente aparece e começa a filmar a discussão dos alienígenas. Repórteres que faziam uma gravação próximo ao local também filmam e pedem para entrar ao vivo.
— Sinto muito, senhor, mas isso não será possível. Precisamos destruir este planeta — rebate o soldado.
Taylon balança a cabeça em negativa. Então, abaixa-se e pede para a garotinha correr e se esconder atrás de uma árvore. Seus pais a olham de longe, estão com muito medo. As pessoas deixam a imensa área de lazer do hotel fazenda. Liana corre até os pais e todos se escondem atrás de árvores.
— O que você dizia, soldado? — pergunta Taylon, sentindo o corpo se incendiar por dentro e por fora.
Os corpos dos Mercuriyanos têm essa característica, ficam em brasa no calor da emoção.
Com o corpo em chamas, Taylon dá a ordem pela última vez:
— Voltem para a nave!
***
A milhares de quilômetros dali, em Manhattan, Ashtar liga a tevê de seu escritório e vai passando os canais até encontrar algo que prenda sua atenção.
E encontra. Alienígenas, como ele. Mas não de seu planeta. Pelo tom de pele, só podem ser Mercuriyanos.
— Porcaria! — pragueja e sai voando pela janela.
Os soldados permanecem no mesmo lugar. Taylon não gostaria de usar força bruta, mas não terá outro jeito, seus soldados estão contra ele.
— Podem vir! Acabarei com todos, se necessário! — grita.
Sua atitude desencadeia a ira dos soldados, que correm até ele.
Taylon libera seu laser mortal nos primeiros, que queimam como o fogo do inferno. Com sua super velocidade, alcança os próximos e os dilacera com socos e chutes. Em seguida, seu laser é liberado em vários outros soldados.
Mesmo cansado, Taylon luta. Vários de seus homens estão mortos no chão.
— Mais alguém? — indaga, arfante.
Os que restam, recuam, e Taylon volta à sua cor normal.
Nesse momento, Ashtar encosta os pés no chão e segue andando até o comandante.
— Quem é você? Não é humano — aponta Taylon, pronto para a briga.
— Sou Ashtar, um ex-combatente Pluptoriano. O que fazem na Terra?
— Viemos destruir este planeta.
— Por quê? Se é que eu posso saber...
— Tornou-se improdutivo, nem as fêmeas se salvam.
Ashtar fica abismado com o que ouve. Como é possível saírem de seu sistema solar para destruir outro planeta?
— E o que queriam com este planeta?
— Energia. O nosso planeta está com pouca reserva, mas aqui está pior.
— Eu não acredito que pretendem acabar com uma raça inteira por não ser mais produtiva para vocês.
— Este planeta está sendo destruído pelos humanos — explica Taylon, até então sem a intenção de lhe dizer que mudou de ideia.
— Nós, Pluptorianos, estamos desenvolvendo meios para resolver isso. Não somos muito bem-vistos aqui, mas a poluição e a fome neste planeta nos chamaram atenção. Será um trabalho árduo e demorado, mas a Terra será um planeta 100% produtivo. Eu, Ashtar, garanto!
— É mesmo? Bom, se for assim, está bem. Começarei a frequentar este planeta, e quero ver mudanças em breve. — Taylon olha para seus soldados e ordena: — Abortar missão! Voltem para a espaçonave!
Calados, todos obedecem.
— E esses corpos? — Ashtar pergunta.
— Rebeldes! Será feita uma limpeza. — Antes de Taylon terminar de falar, recrutas pegam os corpos e os levam para a nave. — Eu te vejo por aí, Ashtar.
Ashtar vê todos partirem. A garotinha acompanha Taylon com os olhos. Sentindo seu olhar, ele se vira e pisca para ela, que sorri para os pais, feliz.