Capítulo 1
Capítulo 1
Brasil, 2013.
Liana sopra as velinhas, é seu aniversário de 18 anos.
Seus pais sempre foram muito carinhosos, proporcionando para a filha uma vida de princesa. Ela teve tudo o que quis quando criança, e isso não mudou na adolescência. E, apesar de sempre ter tido tudo nas mãos, sua personalidade é surpreendente.
Liana é amorosa, compreensiva e carinhosa. Estuda muito, pretende se formar em medicina. Ainda não sabe a área exata, está para entrar na faculdade.
Sorridente, passeia entre os convidados. Sua festa tem o tema Conto de Fadas. Os rapazes estão vestidos de príncipes, enquanto as meninas se vestem como princesas.
Seu vestido é dourado e tem um decote generoso nos seios. Vários rapazes se aproximam, mas ao sentir que não querem nada além de se aproveitar, Liana não lhes dá importância.
Andando pelo salão, ela se aproxima do palco, pois precisa escolher um príncipe para dançar, mas nenhum dos garotos lhe interessa.
Então, Liana percebe um movimento perto da entrada. Olha e não acredita no que vê: seu soldado guerreiro a observa. Todos a aguardam escolher seu par para a valsa.
Tomada sua decisão, Liana atravessa o palco. Todos ficam surpresos com sua ida até a entrada. Os convidados sentem medo ao vê-lo, sabem que o homem de cabelos rubros e pele levemente avermelhada não é humano, então se afastam, temerosos.
Liana olha para Taylon com intensidade.
— Oi... Pensei que nunca mais te veria — fala, feliz por tê-lo ali.
— Eu acompanho o seu desenvolvimento humano desde que nos conhecemos — diz ele, sério.
— Passei anos querendo te encontrar novamente — Liana confidencia.
— Pois aqui estou, garotinha — diz Taylon, agora com um sorriso de canto.
— Acredito que tenha percebido que eu não sou mais uma garotinha.
Taylon a olha dos pés à cabeça e sente que o corpo de sua garotinha aquece por dentro. Mas como não é especialista em humanas, não entende essa reação. Pensa que talvez seja por gostar de estar perto dele.
— É verdade, é uma mulher bem jovem.
Satisfeita com o comentário, Liana sorri e diz:
— Sabe dançar?
— E se eu souber? — pergunta Taylon, sorrindo.
— Se souber, eu gostaria que dançasse comigo uma valsa.
— Está com sorte, aprendi muitas coisas do seu planeta nesses últimos anos, e uma delas é dançar — fala e lhe estende a mão. Liana aceita, então Taylon a conduz até o palco.
Todos olham para o casal com olhos arregalados. Taylon desliza pelo salão com Liana em seus braços. Sorrindo muito, ela comenta:
— Quem diria que um guerreiro tão temido dançaria como humanos?
— A minha capacidade de aprendizado é surpreendente, eu apenas observo e sei o que fazer.
Surpresa, Liana o olha.
— Então, quer dizer que você só dançou comigo?
— Isso mesmo. É a primeira humana que eu toco.
— Vocês não se envolvem com humanos?
— Não. Nós, Mercuriyanos, só ficamos com pessoas do nosso planeta.
— Convivemos com Pluptorianos. Eu fiquei sabendo que eles se envolvem com pessoas da nossa espécie.
— Sim, eu sei. Só não entendo o porquê.
Liana prefere não prolongar o assunto, pois Taylon já deixou bem claro que humanas não lhe interessam como mulher. O que é uma pena, pois ela se interessa por ele.
Quando a música termina, eles fazem uma reverência um para o outro.
— Preciso ir, tenho uma missão em outro sistema solar.
— Virá me ver em breve?
— Sim. Mas acredito que no seu planeta se passarão pelo menos dois anos até eu voltar.
— Ah, sério? Que pena! Bom, ficarei esperando ansiosa.
Taylon beija sua mão como um cavalheiro. Liana se arrepia, os lábios dele são mais quentes que os dos humanos. Então, Taylon sorri e se vai.
As amigas de Liana a cercam, enchendo a aniversariante de perguntas:
— Menina, você é louca?
— Ele te extermina num piscar de olhos, se quiser!
— O que ele quer com você?
— Vocês viram a pele dele?
— Amiga, eu pensei que você ia morrer queimada tocando nele!
Liana não dá ouvidos às amigas, seus pensamentos estão nele, seu herói guerreiro.
***
Desde seu aniversário de 18 anos, Liana sonha com Taylon, um sonho mais interessante que o outro. No último, ele a beijava na boca. Ela sente tanto calor que acorda ofegante.
Desperta e suada, continua imaginando como seria beijar lábios tão desejados por ela. Com certeza não se contentaria apenas com um beijo, iria querer mais, muito mais.
Taylon, seu soldado guerreiro, é como um sonho de consumo.
— Ah, só em sonho mesmo... — fala, triste, levantando-se para lavar o suor do rosto.
Olha para o seu reflexo no espelho do banheiro, passando a toalha pelo pescoço.
— Já se passaram mais de dois anos, onde ele estará? — Todos os dias ela faz a mesma pergunta.
Agora com 20 anos, Liana está na faculdade. Faz medicina, escolheu ser neurologista. É difícil ter estômago para certas aulas, entretanto, vem se acostumando; não como gostaria, mas tira de letra muitas situações.
Mesmo tão ocupada, ainda se pergunta sobre Taylon. Às vezes, sente que ele a abandonou, e esses pensamentos a enchem de tristeza. Quando isso acontece, ela sonha, sempre o beijando.
Talvez seja por essa fascinação que tem pelo extraterrestre que nunca namorou sério ou se entregou fisicamente para alguém.
Ou talvez seja porque ela sempre pensou que gostaria que Taylon fosse seu primeiro e único homem.
Com esses pensamentos, Liana ainda se mantém esperando ansiosamente por ele, seu soldado guerreiro.
— Taylon... — Ela saboreia seu nome nos lábios de olhos fechados.