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5. SE PREPARANDO PARA O QUE VIRÁ

Nicole sentia seu corpo tenso, suas mãos começavam a tremer, e sua mente estava em tumulto. A presença de Adrian ao seu lado era desconcertante, e tudo que ela queria era evitar pensar nele. No entanto, a memória das palavras que ele havia dito no evento do governador voltou à sua mente, mudando seu humor instantaneamente.

— Vocês já se conhecem? — perguntou Roberto, surpreso, notando a tensão entre os dois.

Adrian foi rápido em responder, com uma calma que apenas intensificou a inquietação de Nicole.

— Sim, nos conhecemos no evento do governador.

Roberto, claramente orgulhoso, continuou com entusiasmo:

— Então, já viu que minha filha tem um talento incrível com armas, uma mira bem precisa.

Adrian sorriu, mas havia uma leve sombra de arrependimento em seu olhar.

— Confesso que foi uma pena não presenciar esse talento dela. Quando cheguei ao evento, só pude ouvir os elogios, mas espero vê-la em ação no campeonato.

A conversa se estendeu por mais alguns minutos, envolvendo Roberto e Adrian, que pareciam estar se conhecendo melhor a cada momento. Nicole, entretanto, manteve-se em silêncio durante todo o jantar, apenas escutando, mas sem participar. Sua mente estava longe dali, presa numa espiral de emoções conflitantes.

Assim que o jantar terminou, Nicole levantou-se educadamente e se retirou, mal conseguindo esconder a irritação que começava a dominá-la. A confusão de sentimentos era sufocante. Ela não conseguia entender por que a presença de Adrian a afetava tanto. Sentia uma mistura de raiva e uma alegria desconhecida que a deixava ainda mais perturbada. Com todos esses pensamentos tumultuados, ela decidiu que a única coisa que poderia fazer era se isolar.

Sem hesitar, Nicole subiu para seu quarto e fechou a porta, na esperança de encontrar um pouco de paz. Mas não demorou muito até que Amanda entrasse, preocupada com o comportamento da amiga.

— O que houve, Nicole? Por que você está assim? — perguntou Amanda, sentando-se ao lado de Nicole na cama.

Nicole forçou um sorriso, tentando tranquilizar a amiga.

— Não foi nada, só estou cansada. Tivemos um dia divertido, mas preciso descansar.

Amanda, no entanto, não estava convencida. Ela conhecia Nicole o suficiente para saber que algo mais estava acontecendo.

— Eu sei, também estou cansada, mas você mudou de humor assim que fomos jantar. Seja sincera comigo, é o Adrian que te incomoda, não é?

Nicole ficou séria de repente, sentindo a irritação crescer dentro dela. Respondeu bruscamente, tentando encerrar o assunto.

— Não seja tola, Amanda. Quem é ele para me incomodar?

Amanda não se deixou abalar. Ela sabia que havia mais na história e decidiu ser direta.

— Sabe o que eu acho? Você gosta dele e não quer admitir.

Nicole ficou ainda mais irritada, sua voz carregada de frustração.

— Eu? Gostar daquele babaca arrogante e orgulhoso? Você deve estar louca.

Amanda tentou segurar o riso, mas era impossível ignorar a reação exagerada de Nicole.

— Está escrito na sua cara, Nicole.

Nicole levantou-se de repente, tentando fugir da conversa.

— Já chega, Amanda. Eu quero ficar sozinha.

Amanda, percebendo que a amiga não estava pronta para enfrentar a verdade, saiu do quarto bufando de raiva. Assim que ficou sozinha, Nicole se jogou na cama, cobrindo o rosto com as mãos e murmurando para si mesma.

“Será que Amanda tem razão? Será que estou gostando daquele homem insuportavelmente lindo?”

Os pensamentos giravam em sua cabeça, e ela desejou que tudo aquilo fosse apenas um sonho, algo que pudesse esquecer ao amanhecer. Mas a realidade era implacável. Para seu desespero, logo em seguida, ouviu batidas na porta e a voz de Thays informando que seu pai a estava chamando.

Relutante, Nicole desceu as escadas. Cada passo parecia pesado, como se estivesse caminhando em direção a algo que não queria enfrentar. Ao chegar à sala, encontrou Roberto à sua espera.

— Pai, mandou me chamar? — perguntou ela, tentando manter a voz neutra.

Roberto sorriu para a filha e fez um gesto para que ela o seguisse.

— Sim, minha querida. Venha comigo e o Adrian ao meu escritório.

Nicole sentiu um frio na espinha, mas não tinha escolha a não ser acompanhar os dois. Enquanto caminhavam pelo corredor, ela percebeu o olhar de Adrian fixo nela, como se estivesse tentando desvendar seus pensamentos. Aquilo a incomodava profundamente, mas ela manteve-se séria, evitando demonstrar qualquer emoção.

Ao entrarem no escritório, Roberto dirigiu-se a Adrian com entusiasmo.

— Sr. Adrian, quero que conheça meu arsenal.

Ele abriu uma porta lateral, revelando uma impressionante coleção de armas. Adrian, visivelmente admirado, aproximou-se para observar.

— Vejo que temos gostos parecidos — comentou ele, enquanto analisava cada arma com atenção.

Nicole, tentando ignorar a presença de Adrian, foi até a coleção e pegou uma pistola Stoeger STR-9. Segurando-a com firmeza, olhou para o pai e disse com determinação:

— Quero usar essa arma, pai.

Roberto sorriu, satisfeito com a escolha da filha.

— Boa escolha, meu bem. — Ele se voltou para Adrian, continuando com orgulho. — Essa pistola é exclusiva para competição. Vem com vibra ótica na alça e mira tradicional, além de cano rosqueado. A troca de carregadores é rápida, e qualquer segundo conta.

Adrian, com um olhar de aprovação, respondeu voltando sua atenção para Roberto.

— Concordo plenamente. Mas eu trouxe minha pistola, uma Taurus TX22. É excelente para competições. Que vença o melhor.

A conversa continuou por mais alguns minutos, mas a tensão no ar era palpável. Quando finalmente saíram do escritório, Nicole sentiu um alívio imediato, embora soubesse que aquilo era temporário. Despediu-se de todos e retirou-se para seu quarto, desejando apenas esquecer o que havia acontecido.

Adrian fez o mesmo, mas antes de se afastar, ele a seguiu com o olhar e, quando ela estava prestes a entrar no quarto, chamou-a com uma voz suave, quase sedutora.

— Boa noite, linda.

Nicole parou por um segundo, sentindo o coração acelerar novamente. Virou-se lentamente, encarando Adrian com seriedade, antes de entrar no quarto e fechar a porta sem dizer uma única palavra.

Lá dentro, no silêncio do seu quarto, ela se perguntou como aquele homem conseguia mexer tanto com suas emoções, e por que, apesar de tudo, sua presença a afetava de maneira tão profunda e inexplicável.

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