3. QUEM SERÁ ESSE DEUS GREGO

Era uma noite especial, e as meninas estavam determinadas a aproveitar ao máximo. Depois de um evento incrível, elas seguiram para a famosa boate Night Club, onde a elegância e a energia estavam à flor da pele. Nolan, sempre precavido e organizado, já tinha as entradas em mãos. Ele as conduziu diretamente para a área VIP, onde o ambiente era ainda mais luxuoso, com luzes brilhantes e música pulsante que fazia o chão vibrar.

Enquanto todos se acomodavam, Amanda chegou com um brilho nos olhos e uma empolgação que era contagiante.

— Meu gato acabou de chegar! — exclamou ela com um sorriso largo. — Vou trazê-lo aqui para apresentar a vocês, já volto!

Ela saiu saltitando, deixando um rastro de curiosidade no ar. As meninas mal podiam esperar para conhecer o misterioso "gato" de Amanda. Porém, antes que pudessem discutir mais sobre o assunto, o telefone de Nicole começou a tocar. Com o barulho ensurdecedor da música, ela precisou se afastar em busca de um lugar mais silencioso. Caminhou até a área próxima ao banheiro, onde o som era mais abafado, e atendeu a ligação com uma expressão preocupada.

— Oi, Thays, o que aconteceu? — perguntou, já sentindo um nó se formar no estômago.

Do outro lado da linha, a voz de Thays era suave, mas carregava uma tristeza que fez o coração de Nicole disparar.

— Seu pai, minha querida... ele não está nada bem. Eu o encontrei desmaiado no banheiro e o levei para o hospital. Ele ainda não acordou.

Nicole sentiu o chão sumir sob seus pés. O mundo ao seu redor, antes cheio de cores e vida, agora parecia escurecer. Sua voz saiu quase em um sussurro, mas determinada.

— Estou indo, chego em algumas horas.

Assim que desligou, Nicole correu de volta para o grupo, tentando manter a compostura. Ela não queria estragar a noite das amigas, então chamou Sarah para um canto mais reservado.

— Meu pai não está nada bem — confessou, lutando para manter a voz firme. — Eu preciso ir para a Califórnia agora mesmo.

Sarah a olhou, preocupada, mas compreensiva.

— Quer que a gente vá com você? — ofereceu, pronta para deixar tudo de lado para apoiar a amiga.

— Não, não precisa. Eu ligo quando chegar lá. E, por favor, não conte nada às meninas, pelo menos por enquanto.

As duas se abraçaram apertado, compartilhando uma força silenciosa. Nicole então partiu, sem olhar para trás, determinada a estar ao lado do pai o mais rápido possível. Já no aeroporto, enquanto esperava impacientemente, o telefone tocou novamente. Era Thays, informando que mandara o jatinho do pai de Nicole para buscá-la.

Já era madrugada quando Nicole chegou à Califórnia. O cansaço pesava sobre ela, mas a preocupação pelo pai a manteve alerta. No hospital, quando se aproximou da cama onde ele estava, viu que seu rosto, apesar de pálido, se iluminou com um sorriso ao vê-la.

— Oi, querida. — A voz dele era fraca, mas cheia de carinho. — Você não deveria estar aqui, perdendo seu tempo com um velho teimoso como eu.

Nicole pegou a mão dele com ternura, sentindo a fragilidade que nunca associaria a ele.

— Como você está, pai? — perguntou, tentando esconder a própria ansiedade.

Ele sorriu levemente, falando com dificuldade.

— Melhor agora, depois de ver você. Não se preocupe tanto, minha menina.

Mas Nicole não podia deixar de se preocupar. Sentou-se ao lado dele, querendo entender o que havia acontecido.

— O que te trouxe a esse estado? Foi a pressão? Estresse? O que foi?

Ele, tentando tranquilizá-la, respondeu com um tom mais leve.

— Tenho trabalhado muito ultimamente. Alguns negócios importantes para resolver... Você sabe como sou, raramente confio em alguém. Se você estivesse comigo, talvez as coisas fossem menos desgastantes.

Nicole suspirou, tentando não deixar a culpa tomar conta.

— Pai, não fale assim. Você sabe que, desde pequena, eu sempre busquei minha independência.

— Eu sei, meu amor, eu sei. Você é muito parecida comigo, mesmo que eu não goste de admitir.

Após o pai de Nicole receber alta, eles foram diretamente para a mansão. Roberto Miller, um homem de negócios bem-sucedido e respeitado, era conhecido não só por sua carreira brilhante, mas também por ser um viúvo que, após a morte da esposa, dedicou-se inteiramente ao trabalho. Embora tivesse romances ocasionais, ele sempre se manteve longe dos holofotes, levando uma vida tranquila em sua luxuosa mansão no coração da Califórnia.

Assim que chegaram em casa, Nicole garantiu que o pai estava confortável e adormecido antes de se retirar para o próprio quarto. Uma vez sozinha, ela pegou o celular e ligou para Amanda, que atendeu quase de imediato.

— Oi, amiga! O que aconteceu com seu pai? — Amanda perguntou, sua voz carregada de preocupação. — Nós iremos para a mansão amanhã bem cedo. Manda a Thays arrumar nossos quartos.

Nicole sorriu ao ouvir o carinho na voz da amiga.

— Meu pai está bem. Ele já foi dormir. E o seu encontro? Desculpa por não ter conhecido seu... crush.

— Crush, não! — Amanda corrigiu, quase rindo. — Namorado. Oficializamos hoje. E você não sabe da maior: o deus grego estava lá.

— Sério? — Nicole perguntou, tentando imaginar quem seria.

— Ele é amigo do meu namorado. O nome dele é Adrian Leroy.

Nicole ficou momentaneamente sem palavras.

— Dos Leroy’s? — perguntou, surpresa.

— Isso mesmo, ele é o único herdeiro.

Nicole tentou disfarçar a apreensão em sua voz.

— Sinceramente, amiga, foi bom eu não estar lá. Ia ser muito desagradável para mim.

Amanda riu, mas com uma pontada de curiosidade.

— Achei que você ficaria impressionada. Vamos ser sinceras, ele é perfeitamente lindo.

Nicole riu, tentando não pensar muito no assunto.

— Ele é bonitinho, mas vamos esquecer esse homem. Não quero terminar minha noite falando dele. Espero vocês amanhã. Agora preciso dormir.

Após se despedirem, Nicole se deitou, os pensamentos girando em sua cabeça. Apesar de tudo, o cansaço a venceu, e ela adormeceu rapidamente.

Longe dali, em Paris, Adrian Leroy, o playboy mais cobiçado da cidade, vivia sua vida de luxo e mistério. Aos 29 anos, herdeiro de uma fortuna impressionante, ele era o retrato da perfeição com seus traços esculpidos e elegância natural. Morando no sofisticado bairro Quai d’Orsay, Adrian mantinha-se afastado dos holofotes, dedicando-se à sua empresa desde a morte trágica dos pais, cinco anos antes.

Apesar de ser cortejado por muitos, Adrian estava decidido a não se envolver emocionalmente desde uma decepção amorosa que sofreu há quatro anos. O tiro esportivo era seu passatempo favorito, e ele adorava competir, sempre acompanhado de seu melhor amigo, Lyon Santanna. Lyon, um jovem loiro de 27 anos com olhos verdes encantadores e uma personalidade alegre e aventureira, era o único em quem Adrian realmente confiava. Eles eram inseparáveis desde a infância, compartilhando inúmeras histórias e aventuras.

Entretanto, em uma noite de festa, longe do ambiente usual de Adrian, ele conheceu Amanda. A morena encantadora que cruzou seu caminho estava prestes a mudar sua vida de forma inesperada, assim como a de Lyon. O que eles não sabiam era que esse encontro seria o início de algo muito maior e mais transformador do que qualquer um poderia imaginar.