Four
Augusto fez questão de acompanhar a linda jovem até a portão do casarão. Pra ele não era esforço algum, pelo contrário, era até bom admirar mais um pouco a beleza de Marianna.
_Obrigada, Augusto._Ela agradece abraçando-o._Até mais.
_Até.
Marianna entrou na casa rapidamente ouvindo um certo burburinho vindo da sala de jantar. Caminhou até lá não reconhecendo certas vozes que se sobressaltavam na conversa.
Estancou ao ver rostos novos sentados à mesa junto com seu pai e seu irmão.
_Marianna, filha._Érico levantou-se sorridente ao pronunciar o nome da filha._Esses são Dimitri, líder da alcatéia Crescente e seu amigo Gabriel.
Marianna totalmente sem graça, fez um cumprimento com a cabeça meio desajeitado e sorri. Estava diante do seu futuro sogro, o pai do seu futuro marido.
_Então você será minha nora..._A voz de Dimitri fez a garota tremer levemente._Um prazer conhecê-la, senhorita Avillar. Sente-se conosco, por favor.
Gabriel, já que estava mais perto da garota, puxou a cadeira em cortesia e Marianna senta-se graciosa. Era desconfortável estar na presença de pessoas desconhecidas, principalmente as pessoas que por obrigação terá que conviver.
Dimitri sorve um pouco do vinho encarando a futura mulher do seu filho. Pensou se por ela, talvez, seu filho tomasse mais juízo. Mesmo a intenção do casamento sendo outra, poderia tirar proveito disso.
_Diga-me Marianna, está ansiosa para o casamento?
Dimitri fez aquela pergunta com a intenção de saber qual a opinião de Marianna sobre o matrimônio.
Érico suspirou temendo ouvir uma resposta que não agradasse ao novo amigo.
Vinícius, pouco se importando com o assunto, tratou de focar apenas na comida e fingir estar interessado no assunto.
_Bom, confesso que é difícil opinar sobre isso já que é algo recente. Talvez esteja curiosa, sim, curiosa pra saber quem é o meu futuro marido. A partir daí posso dizer a minha opinião sobre o casamento.
Sorriu finalizando sua resposta, mas queria chorar. Tentou não transparecer seu pânico sobre o assunto bebendo um pouco de água. Logo começou a ser servida pela Cícera, serviçal da casa.
_Quando iremos conhecer seu filho, Dimitri?_Érico tenta suavizar o clima.
_Marquem um jantar e ele virá conhecê-los, garanto. Meu filho hoje andou ocupado mas estará livre amanhã.
_Então diga que o convidamos para um jantar amanhã. Temos que apressar as coisas, afinal temos um assunto pendente pra resolver.
Dimitri engoliu seco torcendo pra encontrar seu filho em casa hoje. Agradeceu aos céus a fama dele não ter chegado aos ouvidos de Érico. Seria o fim de uma aliança próspera.
Gabriel, que só ouvia atentamente cada palavra dita à mesa, pensou no que seu amigo acharia de Marianna. De fato ela é bonita ao extremo mas será que ela o encantaria a ponto de fazê-lo mudar?
O almoço correu tranquilo. Vezes ou outra, Dimitri e Érico puxavam uma conversa pra não deixar o clima tão pesado.
Claro que não adiantava muito.
Ao findar a sobremesa, os convidados alegaram precisar voltar pra casa logo.
_Precisamos ir. A alcatéia ficou aos cuidados do meu filho mais novo._Dimitri levanta da mesa._Foi ótimo conhecer sua família, Érico. Espero recebê-los logo em minha casa.
_Foi um prazer recebê-los. Sintam-se a vontade para nos visitarem sempre que quiserem.
Dimitri e Gabriel foram acompanhados por Érico até fora do casarão. Marianna fingiu ainda estar concluindo sua sobremesa pra não ter que forçar ainda mais algo que ela recusa.
Dimitri e Gabriel, já transformados, saem do vilarejo Nascente em rumo as suas casas.
xXx
Ao chegar em suas dependências, Dimitri volta a sua forma natural. Para na frente da sua grandiosa casa sendo interceptado por um lobo de sua alcatéia.
_Seu filho acabou de chegar, líder.
_Vou matar aquele garoto._Resmunga enraivecido._Obrigado, Leroy.
Gabriel tinha ficado pelo caminho tendo como missão andar pelo vilarejo anunciando o futuro casamento entre uma Avillar e um Santiago.
Dimitri, possesso, se direciona até o quarto do filho vagabundo que tinha.
Bate na porta insistentemente sem nenhuma resposta. Totalmente sem paciência, entra no quarto de uma vez.
_Adivinhei que estaria dormindo, vagabundo._Ele puxa as cobertas do filho._Isso lá é hora de você estar dormindo, Guilherme. E ainda mais de ressaca!
_Me deixa, pai._O jovem afunda o rosto no travesseiro._A mamãe me deixou dormir. Não vai ser o senhor que vai impedir...
Ainda mais enraivecido, Dimitri pega no pé de Guilherme e o lança contra a parede. O estrondo é tão grande que deu pra ser ouvido na casa inteira.
Gemendo de dor, Guilherme levanta com dificuldade.
_Não precisava disso._Diz ele arrastando-se._O senhor tem que se divertir mais, sério. Vamos um dia desse beber em um bar ótimo não muito longe daqui. Juro que não vai se arrepender.
Dimitri controlou o impulso de esbofetear o filho fanfarrão e boêmio que tinha. Se viu perguntando onde errou na criação de Guilherme.
Praguejou algo inaudível e deu no máximo quarenta minutos para ele estar em seu escritório ou iria bater nele até ver seus ossos saindo.
Encontrou sua esposa no corredor, aflita.
_Mas o que foi isso, Dimitri?
_Seu filho mimado que me irrita, Madalena.
Deixou sua esposa falando sozinha e retirou-se.
Madalena reconhecia que mimou demais os filhos mas o único que não tomou juízo foi Guilherme.
Entrou no quarto dele observando um imenso buraco na parede.
_Custava você ter ficado em casa e ter ido ver sua noiva juntamente com seu pai?
_Eu não quero noiva nenhuma, mãe. Que droga!_Guilherme, totalmente tomado pela ressaca e um péssimo humor, revira suas roupas.
_As vezes não parece que tens 25 anos, meu filho. Prefere agir que nem um adolescente inconsequente e revoltado. Isso me entristece muito, Guilherme.
Dando razão a sua mãe, Guilherme estanca ao ouvir tais palavras.
Olhos azuis, corpo atlético e um sorriso cafajeste, Guilherme é um tipo de homem que mulher nenhuma gostaria de estar casada.
Raramente assiste uma reunião da alcatéia, sai quase todas as noites e há quem diga que de tanto pular as janelas das donzelas esteja jurado de morte.
Ele jamais desejou ter compromisso com nada mas sabia que isso não podia ser evitado por muito tempo.
*&*