Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Five

Depois de ouvir Madalena, Guilherme tomou seu banho às pressas. Sabia que se demorasse muito, seu pai lhe arrancaria o coro como prometido

Depois de arrumado, sai do quarto indo ao escritório do seu pai. Encontra a porta aberta e entra sem cerimônia.

_O que foi dessa vez?_Diz ele jogando-se na cadeira.

_Tenha modos, Guilherme Santiago!_Dimitri já sentia sua paciência se esvaindo._Quero avisar que amanhã você irá na casa da sua futura esposa para um jantar.

_Ah não! Sério isso? Eu não posso simplesmente pular essa parte e casar logo pra acabar com essa palhaçada?

Dimitri enfia a mão entre os cabelos puxando-os bruscamente.

_Não, não pode! Você irá amanhã à noite no vilarejo Nascente e jantará com a família Avillar. Estamos entendidos, Guilherme?

_Estive lá ontem observando as redondezas..._Guilherme lembra de ter visto uma garota estonteante por lá._Vou gostar de ir por aquelas bandas novamente. Sim, estamos entendidos.

Dimitri dispensa o filho antes que cometa uma loucura. Logo depois, seu outro filho entra no escritório.

_Pai, voltei._Ele entrega uns papéis para Dimitri._Discutindo com o Guilherme novamente?

_E tem algum dia nessa vida miserável que eu não discuta com o Guilherme, Pedro?

Pedro sorria ao ver o pai falando dessa forma. Apesar de ser muito responsável, Pedro desejava ser aventureiro como o irmão. Mesmo não sendo o primeiro sucessor do pai para ser líder, ele sempre gostou dos assuntos da alcatéia e do vilarejo. Mas isso lhe toma muito tempo, o que é bastante ruim.

Lembrou-se de uma vez em que saiu com o irmão, mas não conseguiu fazer metade do que ele fez. Em decorrência disso, foi apelidado de molenga por Guilherme.

_Aí estão todas as informações que consegui sobre os vampiros nos últimos seis meses. Não são notícias boas...

_Obrigado, Pedro. Pode deixar que daqui eu assumo. Aconselho você a tentar pôr metade do seu juízo na cabeça do seu irmão.

Pedro retira-se do escritório encontrando Guilherme na sala paquerando mais uma vez a nova serviçal. Revirou os olhos ao ouvir uma cantada barata que Guilherme soltou tentando ganhar uma noite com a pobre garota.

_Milan, volte pra cozinha._Pedro aproxima-se encarando o irmão.

A garota assente ajeitando a roupa e corre indo para a cozinha. Guilherme bufa entediado.

_Você é um chato, Pedro.

_E você parece uma criança._Diz sentando ao lado do irmão._Você precisa mudar esse seu jeito, Guilherme. Onde acha que vai chegar querendo transar com toda mulher e beber até não conseguir andar?

_Toda mulher não, só as bonitas._Corrige o irmão e ganha um tapa na cabeça._Ai, Pedro! Me respeita, sou mais velho.

_Se quisesse respeito, pararia de agir que nem moleque. Olha pra você, Guilherme! Homem feito, barbado e sucessor disso tudo, quando a sua ficha vai cair?

Guilherme encarou Pedro por alguns segundos admirando a forma com que o irmão age. Sempre foi assim, Pedro sempre foi o orgulho, o perfeito.

O mais difícil era admitir que Pedro realmente é melhor em tudo. Centrado, organizado, responsável... O bom moço!

Por enquanto que Guilherme é o vagabundo, boêmio, relapso, inconsequente...

_Espero que essa ficha caia logo pois eu estou assumindo um papel que é seu, Guilherme. Só seu!

Então, o mais novo levanta-se e retira-se esperando que Guilherme comece a pensar um pouco nos outros e menos nele. Era um egoísta ao extremo, isso era irritante.

xXx

A noite logo chega e o frio se intesifica. O casarão Avillar estava completamente silencioso.

Logo depois do almoço, Marianna preferiu ficar no quarto a tarde inteira. Era costume trancar-se para escrever em seu diário. Teve a infelicidade de não ter amigos íntimos e então viu na escrita uma maneira de desabafar.

Banhou-se para o jantar e depois se viu admirando a noite.

_O que o futuro me reserva?_Encarou a lua cheia em todo a sua exuberância.

Já que na lua cheia o jantar costumava ser rápido, não demorou a descer. Vinícius e Érico já tinham começado a comer sem a garota. Sem graça, sentou-se à mesa pondo a toalhinha no colo.

_Desculpe não termos lhe esperado, Anna. Mas você entende, não é?

Marianna assente para seu pai. Nas noites de lua cheia, os lobos tem a necessidade de saírem para liberar todo acúmulo desnecessário de energia. Era uma noite de tormento para Marianna pois ela jamais se transformou então tinha muita energia acumulada.

Cinco minutos depois, Érico e Vinícius retiram-se da mesa deixando Marianna sozinha.

Ao colherar a sopa de ervilha, sentiu uma pontada forte no peito que a fez derramar o líquido.

_Anna, estás bem menina?_Dolores segura nos ombros agora trêmulos de Marianna.

_Acho que não conseguirei dormir hoje...

Ela levanta-se da mesa mas acaba caindo de joelhos ao ser atingida por outra dor. Cícera e Dolores levantam vagarosamente a garota do chão e a carregam para o quarto.

_Deixem-me sozinha, por favor._Sussurra suando frio._Eu aguento, juro. Só não se preocupem.

Cícera atende o pedido da jovem deixando-a sozinha mas Dolores não o faz.

_Por que reprimir tudo isso, Anna?_Alisou a testa suada da menina.

_Eu não quero me transformar, não quero._Lágrimas tomaram conta dos seus olhos._Eu não pedi pra nascer assim... Queria poder traçar minha vida do jeito que eu bem quisesse. Não quero ser tomada por um lobo, não quero ser um lobo.

Dolores escuta isso de Marianna desde quando a garota começou a entender o que era. A voz do lobo interior começou a amendronta-la para que ela se transformasse mas a garota temeu. Temeu não controlar-se já que a alcatéia na qual ela pertence é caracterizada pelo descontrole.

Temeu machucar um inocente e pior, temeu matar alguém. Era demoníaco demais querer ser um alguém que é controlado por uma fera raivosa. Marianna sempre abominou isso e mais ainda quando viu sua mãe ser morta por um lobo, um deles.

*&*

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.