Capítulo 2
Mais tarde naquele mesmo lugar, duas garotas se arrumavam para ir embora. O relógio apontava sete horas da manhã e elas estavam aparentemente exaustas.
— Ganhou quanto hoje? — Perguntou a loira que calçava o seu sapato.
— O bastante pra esse mês. — Suspirou a morena.
— Você tem tanta sorte, ganha tanto dinheiro.
— Tenho anos disso, certamente, você também vai ganhar Clara. Entrou aqui há alguns meses, tenha paciência. — Sorriu amigável.
Aurora, a morena que terminava de se vestir seu jeans não imaginava que essa noite ela dançou para o próprio Diabo.
— Putinhas— Entrou uma mulher encantadora, com o olhar desafiador.
Seus cabelos deslizavam cacheados pelas costas, sua pele era lisa e bochechas que tinham cor de pêssego. Dava inveja em qualquer uma. A jaqueta de couro, lhe dava um ar de poder. Calças justas, marcando seu corpo perfeito e um salto alto intimidador.
— Se me permite — Aurora se pronunciou— A única puta aqui é...
— Garotas, minhas garotas! — Entrou o loiro dos olhos verdes, tão lindo quanto o irmão. Pietro Moretti.
Aurora mordeu a língua e respirou fundo. Ele entrelaça o braço na cintura fina da namorada e sorri.
— Que trabalho, magnífico. Claro, como sempre— Piscou para Aurora.
Esse simples gesto fez com que o ambiente pesasse e Catarina, sua namorada, o fuzilasse com os olhos.
— Temos coisas para conversar— Giovanni adentrou a sala e já se sentou no sofá, encostado na parede ao lado da loira— Estava uma delícia hoje, Clarinha.
Ficou sem respostas e virou-se para todos novamente.
— Enfim, Lorenzo De Luca quer nossa garota de ouro — Explicava, como se a morena fosse um objeto. Como se fosse algo a ser feito.
Mesmo para Giovanni, o homem mais egoísta possível, Aurora ir embora seria um tiro no pé. Afinal, ela é a sua melhor.
— E que problema é esse? — O irmão mais novo ficou confuso.
— Por que ele não a leva, tipo, pra sempre? — Catarina sorriu sarcástica.
— Uau! Normalmente você é burrinha, mas hoje você acertou. — Giovanni abriu os braços, como se Catarina tivesse adivinhado algo impressionante.
— Como assim? — O mais novo indagou, o que não passou despercebido pela namorada.
— Quer ela, tipo, com ele. Quer que nós a vendemos literalmente.
— E eu sou o que agora? Não quero sair daqui isso me sustenta. É um absurdo — Aurora vira os olhos. — Me poupe, Giovanni.
— Concordo plenamente com ela. Nossa melhor dançarina, seria um absurdo!
— Por que está tão preocupado, Pietro? Deixa-a ir! Qual problema iria ter?— Cruzou os braços nervosa.
— Não se intrometa em coisas de trabalho, Catarina. Não se intrometa! — Esbravejou, desvencilhando seu braço da mulher.
— Ok irmãozinho, todos sabemos do seu romance com a Aurora e blá blá blá. Mas chega né? — Levantou-se sem paciência.
— Giovanni, por que é tão inconveniente? — A de cabelos enrolados afastou-se do namorado.
— Não quero falar sobre isso, de novo — Pietro encara o irmão mais velho.
— Que bom. Menos uma coisa para nos deixar entediados hoje — Giovanni deu os ombros— Enfim, ganhará mais dinheiro do que imagina Aurora, querida. Terá diversas joias e vai andar de carros importados.
— E o que nós ganhamos?
— Uma enorme quantia de dinheiro. Que equivale o dobro do que ela já ganhou aqui!— Admitiu soltando o ar. — Bom, e a nossa segurança, diga-se de passagem.
— Por que ele quer pagar tão caro? Sendo que pode vir e pagar uma certa quantia e ir embora?
— Porque ele não é igual a você, irmãozinho — Aproxima-se — Ele leva o que ele quer, não fica cozinhando.
— Lorenzo De Luca, não é aquele mafioso italiano? — Clara se pronunciou, e todos a olharam. Especialmente Aurora.
— Como é que é? — Aurora engasga — Que brincadeira é essa?
— É queridinha, vai levar coronhadas e tiros— Catarina piscou.