Resumo
ATENÇÃO: HÁ GATILHOS NESSE LIVRO! TORTURA, SEXO, MORTE, TRAIÇÃO, DEPRESSÃO, ÁLCOOL, ARMAS E DROGAS. ACONSELHÁVEL APENAS PARA MAIORES DE 18 ANOS! Markus tem vinte e um anos, quando é trazido da Alemanha, para reaver o controle da máfia europeia, sobre toda a França. Seu sucesso é espantosamente rápido e, com isso, ele se vê nas graças dos Regentes mais altos. Ele fixa residência e monta suas casas noturnas, pois todo mafioso tem um negócio lícito. Ele tem várias amigas com benefícios, mas se dispõe a deixá-las de lado, quando vê Gisèle, mesmo sem conhecer esse novo sentimento. Mas seu charme, parece não fazer efeito sobre ela. Cansado de ser rejeitado, ele dá sua última cartada, comprando Gisèle de seu pai. Obrigada a se casar com ele, ela passa a odiá-lo.
PRIMEIRO TOMO: O Começo - CAP.1 - A QUEDA NA FRANÇA
“O Amor e o Ódio são irmãos gêmeos. Ambos têm a mesma intensidade, a mesma força, a mesma coragem, a mesma determinação. Eles vivem lado a lado. Às vezes de mãos dadas… às vezes separados por uma linha tênue e invisível. Mas sempre com a possibilidade de um se transfigurar no outro… muitas vezes, sem que você perceba.”
**Étienne Durant**
— O presidente já não está cooperando com a gente, Durant. E já faz algum tempo. - Chaput me diz isso, como quem diz o que comeu no almoço.
— Algum tempo, quanto? - olho para Chaput com raiva.
— Quase um ano. - ela responde baixo, tremendo sob o meu olhar.
— Posso saber o motivo de eu saber isso só agora? - pergunto entre os dentes.
— Eu estava tentando reverter… eu… eu…
— VOCÊ É UM IMPRESTÁVEL! - grito com ele, que já havia começado a se encolher. O seguro pelo colarinho de sua camisa, e dou um tapa forte, de mão bem aberta, em seu rosto. - Olha aqui, seu moleque! - puxo seu colarinho aproximando seu rosto do meu. - É você quem vai prestar contas disso para Laviolette, entendeu? - praticamente rosno para o imbecil à minha frente.
— S-sim, s-senhor. - ele gagueja e engole seco. - O… - Chaput limpa a garganta antes de continuar. - o que acha que ele fará comigo?
Dou a ele uma risadinha de deboche, me viro, entro em meu carro e digo ao motorista para ir direto para o hotel. Laviolette está me esperando para saber se os rumores são verdadeiros. Bem, na verdade, ele só queria que o próprio Claude Chaput admitisse sua incompetência. Em poucos minutos, o carro entra no estacionamento do hotel, onde também ficarei hospedado. Vou até a área da piscina para me encontrar com Laviolette, onde se diverte com as suas quatro mulheres, segundo o que diz sua mensagem, enviada a mim mais cedo.
Filipi Laviolette é um homem de cinquenta e cinco anos, assim como eu. Temos a mesma altura, um metro e oitenta e nove. Praticamos exercícios juntos sempre que podemos, somos amigos desde a faculdade, onde fazíamos parte do time de futebol americano. Então sim! Somos bem musculosos, pesamos quase cem quilos cada, e gostamos de manter nossos músculos, então estamos sempre malhando. Nossos personal trainers, sempre viajam conosco, e sempre encontramos hotéis com academia.
Filipi é viúvo há quatro anos. Sua esposa enfrentou a Esclerose Lateral Amiotrófica, ELA, por dois anos, antes de falecer. Enquanto Anne ainda conseguia falar e se mover, ela disse para ele viver como quisesse, até se casar novamente, que não se prendesse à sua memória para ficar sozinho. Fui testemunha de muitas de suas conversas, por exigência dela, que me incumbiu de não deixar que ele guardasse o luto por muito tempo.
No começo foi difícil fazê-lo sair de casa. Ele sempre foi muito dedicado a ela, mesmo antes de sua doença se manifestar, e sempre fez questão de viajar com ela, mesmo depois da doença, mesmo que tivesse que carregá-la no colo, ou levar sua maca, para onde quer que fossem. Ele sempre gostou de ver o brilho em seus olhos, quando Anne revisitava os lugares que mais gostava no mundo, depois de ficar completamente paralisada. E jura que viu um sorriso em seus lábios, na última viagem que fizeram, pouco antes dela falecer.
— Étienne! - sorrindo, Filipi abre os braços e vem em minha direção, trajando um roupão preto felpudo, assim que me vê. - Como foi seu voo? - pergunta me abraçando.
— O voo foi ótimo, Filipi. Obrigado. - retribuo o abraço e os dois beijos no rosto.
— Junte-se a nós, amigo. Coloque uma sunga, dê alguns mergulhos, depois falamos do inseto.
— Claro. - sorrio para ele e me afasto.
Com certeza, Filipi Laviolette sabe de tudo o que está acontecendo na França, e só quer acertar alguns detalhes do que vai acontecer com Claude Chaput. E perto de Filipi, e também de mim, Claude realmente parece um inseto. Ele é franzino, um metro e sessenta, calçando sapatos, e pesa quarenta e oito quilos. A França lhe foi dada, porque ele realmente era inteligente, quando começou, ou pelo menos, mostrou ser. Mas, com certeza, inteligência não míngua, então o que aconteceu com ele, foi um golpe de sorte.
Hoje, pensando em tudo isso, acredito que, na época, ele provavelmente teve as pessoas certas ao seu lado. Por exemplo: foi indicado por um conselheiro de alto escalão, e com grande influência na França.
Isso aconteceu há quase dez anos, quando o Regente de Área faleceu de infarto. Mais precisamente, isso foi há exatos nove anos e dez meses, quando Claude estava completando trinta anos. Naquela altura, achamos que seria a idade ideal, afinal, a idade da farra já havia passado. E o fato dele ter se formado, com honras, em administração na melhor faculdade da França, foi a cereja do bolo.
Agora estamos apostando que não importa a idade, mas sim o comprometimento que, quem for assumir o cargo, demonstre ter. Não importa quanta farra ele faça, desde que, no final, ele apresente os resultados que precisamos.
Claro! Vamos entregar um país que fugiu do nosso controle para para o próximo Regente de Área. Também sabemos que ele é jovem, mas é assim que Filipi quer, e eu concordo com ele: precisamos de sangue novo, e o traremos de fora. Daremos um suporte para ele: uma equipe inteira à sua disposição, cem por cento leal a ele. Mas, claro, ele poderá trocar, se quiser ou se achar que eles não estejam sendo realmente leais.
A “bola da vez”, é um jovem chamado Markus Richter. Um alemão que acabou de completar vinte e um anos. Seu papa é membro honorário de nossa organização e, com certeza, o enviou para as nossas escolas preparatórias. Nós checamos.
Markus tem um metro e noventa e dois, cento e dez quilos de puro músculo. Cabelos castanhos, olhos camaleões que mudam de cor desde os tons de azul aos de verde e de cinza. Alguns dizem que ele tem uma namorada, outros dizem que tem várias, e há quem diga que ele está sozinho. Confiamos na palavra de seu papa, que diz que conhece a namorada, cujo nome é Evelyn, e que eles já começaram a falar sobre um possível futuro juntos.
Queremos trazer Markus para a França. Trazer ou não a namorada, será uma escolha dele.
Volto para a piscina, devidamente vestido para o local. Claro que minha esposa sabe que Filipi anda rodeado de mulheres, mas sabe também que eu a respeito, e tenho olhos só para ela. Temos um relacionamento muito bom!
Infelizmente, não posso dizer que sempre foi assim. Já tive uma amante. Gosto de pensar que eu era imaturo na época, pois, com certeza, Latoya não merecia isso. Quando ela descobriu, me deu uma segunda chance, que eu agarrei com unhas e dentes, pois sempre a amei muito e não quero perdê-la. Mas não fujo das tentações! Eu as olho nos olhos e digo que não são para mim. Fiz minha escolha.
Mergulho na piscina, nado um pouco e, quando saio, tem uma dose de conhaque para mim, me esperando na mesa de Filipi. Suas acompanhantes me cumprimentam quando me sento. Não! Elas não são prostitutas. São todas suas amantes, mas ele prefere chamar de suas namoradas, e elas convivem bem umas com as outras, pois ele deixa bem claro que é assim que quer que seja, pelo menos por ora. E, como elas sabem que ele é o Regente Mór, não querem perder os privilégios que têm ao seu lado. Não são esposas, mas todos as tratam como se fossem. As quatro têm o mesmo tratamento, onde quer que estejam.
— Entrem na água, meus amores. - Filipi fala para elas carinhosamente, com sua voz grave e poderosa. - Vou tratar de negócios agora.
Elas se levantam, cada uma dá um beijo nele e seguem para a água, conversando e rindo harmoniosamente.
— Não sei como você consegue, Filipi. - rio baixinho.
— Eu deixei muito claro que não queria compromisso quando comecei com Mila. Deixei claro que se eu quisesse teria outras. Ela perguntou os prós e os contras, e já que disse que poderiam todas morarem comigo, terem os mesmos confortos e tratamento, tanto meu quanto dos outros… ela aceitou; falei sobre Anne… fiz o mesmo com as outras, conforme foram chegando e também aceitaram. - ele ri baixinho. - Étienne, é nosso dever manter a mente aberta e o corpo são.
— Sua posição e fortuna não tiveram nem um pouco a ver com isso, não é? - eu o provoco.
— Não! Nem um pouco, é claro! Tiveram apenas tudo a ver! - ele dá uma gargalhada e rio junto com ele. - Elas são boas mulheres e, enquanto merecerem, estarão ao meu lado. - “merecer”, em nossa “linguagem”, significa fidelidade e lealdade. - Mas, vamos falar do inseto. O que ele disse?
— Que o presidente não está cooperando há quase um ano, e que ele estava tentando contornar a situação.
— Indo a esbórnias fora da França?
— Eu não disse a ele que já sabíamos. Agora ele teme a sua decisão. Pelo menos foi o que ele demonstrou, quando disse que ele mesmo terá que falar para você. - tomo um gole do conhaque. - Já sabe o que vai fazer com ele?
— Primeiro ele terá que servir o próximo Regente de Área, mostrando todas as papeladas, balanços de arrecadações, despesas… todo o poder que já esteve em suas mãos. Bem, você sabe o procedimento. Depois nós o executamos, se for constatado que houve traição. Se não houve, nós o requalificamos e encontramos uma nova posição para ele.
— Não acha que seria melhor darmos uma olhada em tudo primeiro?
— Herbert Richter garante que o filho vai saber o que fazer. Segundo ele e Sofie, Markus assume os negócios do papa, toda vez que eles viajam, e mantém as coisas sob rédeas curtas. Parece ter a mão mais pesada que a do próprio papa, segundo alguns observadores mais próximos. Soube de um traidor que foi pego quando ele estava substituindo o papa. As mãos estavam cravadas nas lanças do portão de entrada da propriedade, quando os parents chegaram de viagem.
— Eh! - dou uma risadinha. - Vamos mandar buscá-lo na próxima semana, e observar de perto o que ele faz. O papa já está avisado?
— Ainda não. Mas acredito que será uma honra para eles, o único filho assumir um país inteiro. Isso no mínimo significa um aumento de poder, não é? O papa será nomeado para o grande conselho.
— Mas e se ele falhar? Se Markus falhar, eu digo.
— Uma falha maior que a do inseto? Que conseguiu perder o controle de um país inteiro? Se Markus conseguir conquistar uma cidade em um ano, já será um excelente progresso, depois de tudo. Você não acha? - assinto. - Ninguém é pior que o inseto, Étienne.
— Com licença, mon seigneur? - Adam Rondel, chefe de segurança e assistente pessoal de Filipi, se aproxima, com uma expressão grave no rosto.
— O que foi, Adam? - pergunto me deitando na espreguiçadeira. - Que cara é essa? Morreu alguém? - sorrio, pois sei que ele às vezes exagera um pouco.
— Sim, monsieur. - ele continua com a mesma expressão.
— Quem? - Filipi pergunta, franzindo o cenho.
— Claude Chaput. Foi encontrado morto em seu escritório, cinco minutos depois de monsieur Durant sair de lá.
— Quem entrou depois de mim no escritório dele? - pergunto calmamente.
— Segundo as câmeras de vigilância, apenas o motorista dele, monsieur. Foi quem achou o corpo. As filmagens mostram Claude Chaput fazendo um telefonema breve e em seguida, usando a própria arma. Pouco tempo depois o motorista entra correndo. Ele diz que entrou assim que ouviu o disparo, mas já não havia nada a fazer.
— Ladrãozinho covarde! - Filipi murmura entre os dentes.