Capítulo 4: Ele é realmente um mestre dos disfarces
‘‘Ele é realmente bom em se disfarçar.’’ Isabella pensou.
— Oh, entrem e jantem. Isabella ainda não comeu muito. — Grazia se aproximou, puxando Isabella para dentro. Nesse momento, Isabella sentiu como se estivesse sendo puxada do inferno para o mundo terreno.
— Você está bem? Por que você está tão pálida? Desculpe-me por tê-la assustado. Amanhã, pedirei ao jardineiro para limpar o jardim — disse Grazia com preocupação.
Isabella acenou com a cabeça, indicando que estava bem.
Ela se acalmou, tentando acalmar seu coração acelerado. Ao olhar para trás, ela viu Emanuele ao telefone novamente. Sua figura se misturava ao jardim, sua altura fazia com que sua sombra parecesse extraordinariamente enorme, como o próprio Satanás maligno.
“Deus, por favor, é hora de punir este demônio!” pensou Isabella, sentindo uma mistura de raiva e desespero.
Felizmente, Emanuele teve que deixar o jantar mais cedo devido a alguns negócios, e as emoções de Isabella melhoraram um pouco. Ela tinha estado tão perto da morte. Seu medo não era apenas por causa de Emanuele; era também por causa de sua maldita claustrofobia.
A maioria das pessoas com claustrofobia não conseguia tolerar pequenos espaços fechados, mas, para ela, ia além disso. Ela não conseguia lidar com situações que a faziam sentir medo e sufocada. Sempre que se encontrava em tais circunstâncias, sua claustrofobia se manifestava, tornando-a ainda mais vulnerável ao medo do que a média das pessoas.
A origens do problema de saúde de Isabella estava profundamente enraizada nas sombras de sua infância. Quando ela tinha apenas seis anos, seu pai faleceu em um acidente de carro. Sua mãe, sem uma fonte de renda, foi forçada a levar Isabella para morar com a família de seu tio. O tio, tratou-as extrema crueldade, mesmo depois de aceitar o dinheiro da tragédia. Sua mãe trabalhava na cidade e só voltava para casa nos fins de semana, então o impacto não era tão grande. No entanto, quando sua mãe não estava por perto, e Isabella ficava sozinha na casa do tio, a experiência era um verdadeiro pesadelo!
Às vezes, o tio lhe negava comida, a tia a obrigava a fazer as tarefas domésticas e ela tinha de participar do trabalho na fazenda. Quando não conseguia terminar suas tarefas, ela dormia no estábulo do gado.
Mas o pior, vinha da sua prima, Chloe, que era três anos mais velha. Chloe fazia da vida de Isabella um tormento diário, explorando cada oportunidade para humilhá-la e machucá-la. Chloe lhe dava tapas, beliscava seus braços, usava um chicote para castigá-la e até a pendurava em uma árvore durante o dia todo. Não raro, empurrava Isabella escada abaixo, apenas para assistir à sua dor.... A cada vez, Chloe inventava novas maneiras de atormentá-la, fazendo com que ela a temesse e temesse Chloe.
O pior incidente envolveu Chloe enganando-a no armazém, dizendo que sua tia precisava que ela movesse algo. Mas, uma vez lá dentro, Chloe a trancou. Não importava o quanto Isabella batesse na porta, Chloe não a deixava sair. Isabella passou dois dias inteiros naquele armazém apertado e abafado, sem comida ou água, até que sua mãe estava prestes a voltar e Chloe finalmente a liberou.
Depois dessa experiência traumática, Isabella desenvolveu claustrofobia. Ela nunca contou à mãe sobre isso porque sabia que a mãe tinha uma vida difícil cuidando deles sozinha. Compartilhar sua dor só iria sobrecarregar ainda mais sua mãe. A família de seu tio também a alertou para não dizer nada. Especialmente Chloe, que a chamava de vadia e ameaçava matá-la se ela contasse para a mãe. Ninguém sabia como ela havia sobrevivido àqueles anos.
Ela teve que se esforçar ao máximo para esquecer aquele passado horrível e se concentrar em sua vida presente e futura. Precisava encontrar um equilíbrio entre eles. Felizmente, depois de ir para a faculdade, sair da casa do tio e ganhar dinheiro com empregos de meio período, ela se libertou do controle deles. Mas a doença persistiu por muitos anos. Embora parecesse ser uma pessoa normal na maior parte do tempo, quando a doença a acometia, ela passava por um enorme sofrimento.
No entanto, desde que deixou a família de seu tio, especialmente depois de não ver mais Chloe, ela raramente teve esses episódios. Mas esta noite, ela já havia sentido a sensação de sufocamento várias vezes.
Isabella fechou os olhos, cansada.
Naquele momento, Leo ergueu o copo e disse:
— Bem-vinda, Isabella, à nossa grande família. Viveremos juntos e felizes.
Será que eles realmente viverão felizes? Isabella não pôde deixar de imaginar Emanuele em sua mente. Eles tinham acabado de se conhecer hoje, e ele já a havia ameaçado várias vezes. Ele a empurrou para a beira da morte, e sua claustrofobia foi acionada. Era tudo muito aterrorizante.
Quando Isabella estava se sentindo cansada, a voz de Leo encheu a sala e, dessa vez, ele estava olhando para ela e disse:
— Isabella, de agora em diante, você precisará acompanhar Emanuele e Grazia a vários eventos toda semana. Deixe que todos vejam a união de nossa família, que nos vejam na mesma frente.
As palavras de Leo fizeram com que Isabella, que havia acabado de relaxar, ficasse tensa novamente.
O quê?
Ela só havia concordado em vir aqui para jantar com a mãe, e havia sido coagida pela ameaça da mãe de cortar o relacionamento entre mãe e filha.
Tudo em tudo, ela não estava disposta a estar aqui. Por que eles queriam que ela participasse de seus eventos familiares? Ela era uma forasteira!
Há pouco tempo, ela estava determinada a se distanciar da família Lombardi. Não queria se tornar uma princesa da máfia, nem se envolver em seus conflitos de gangues; ela era apenas uma pessoa comum que deveria desfrutar de uma felicidade comum.
Mas esta noite, tudo estava desmoronando!
Neste momento, Isabella subitamente se lembrou do que Emanuele havia dito a ela no jardim, que tudo era tarde demais desde o momento em que ela colocou os pés nesta casa. Agora, ela estava começando a entender esse sentimento.
Ela sabia que se aquele homem descobrisse que ela havia se integrado totalmente à família deles, ele usaria qualquer meio para atormentá-la. Ela não queria se casar com o velho. Não queria ser torturada até a morte...
Uma sensação de sufocamento se espalhou em sua garganta, e Isabella tentou falar.
— Eu... raramente vou a eventos sociais e não sou boa em me relacionar com as pessoas.
— Tudo bem, sua mãe e Grazia ensinarão você essas coisas — disse Leo com firmeza.
— E é melhor você vir às reuniões de nossa família quando tiver tempo.
— Mas estou muito ocupada com o trabalho e, mesmo nos fins de semana, tenho de fazer hora extra, sem falar na escola...
— Então venha jantar todo fim de semana, sem recusas — ordenou Leo.
— Mas...
— Isabella! — Sophia não pôde deixar de interrompê-la —, apenas faça o que seu pai diz, certo?
Isabella viu o olhar de súplica nos olhos da mãe, como se ela estivesse lhe dizendo para não dificultar as coisas para ela. Isso fez com que a recusa que estava prestes a sair de sua boca fosse impossível de ser dita.
Durante esses anos, ela e sua mãe dependeram uma da outra. Sua mãe havia sido a única luz na vida de Isabella, apoiando-a durante as experiências miseráveis do passado. Isabella também sabia que Sophia havia passado por muita coisa; ela finalmente havia se casado com o homem que amava. Isabella não queria colocar sua mãe em uma situação difícil.
No final, Isabella assentiu cansada, não tinha escolha a não ser concordar.
Vendo que a atmosfera não estava muito boa, Grazia segurou a mão de Isabella e disse:
— Isabella, não se preocupe. Na verdade, não temos muitas reuniões. Emanuele está ocupado a maior parte do tempo e eu não posso vir com frequência. Se houver algum evento do qual você precise participar, nós a informaremos com antecedência. Não se preocupe; é fácil se dar bem com todos lá, e você pode fazer muitos amigos. Vai dar tudo certo.