8
Collin
Desde o acidente que vitimou os meus pais, Marlon Hill se incumbiu de cuidar da minha vida amorosa e nesses últimos dias ele insiste que o herdeiro deve estar a caminho. É claro que estou relutante. Antes eu preciso desvendar os segredos da minha linda esposa. Descobrir quem ela é de fato e o que aquele rostinho lindo e sedutor tem para me oferecer. Eu sei que não estava errado em pesquisar a sua vida, mas daí encontrar uma feiticeira na minha cama e ainda me deixar confuso é simplesmente inaceitável.
— Collin, já tem um ano que vocês se casaram e ainda não temos um herdeiro.
— Muito cedo, meu avô! — retruco determinado.
— Cedo para quem? Eu estou velho e cansado, e quero ter o prazer de segurar o meu neto nos meus braços antes de morrer.
— O Senhor não vai morrer, Senhor Marlon Hill. É praticamente uma máquina.
— Não pense que porque carrega o título de Hill de Luxemburgo que poderá tomar liberdades com esse velho, rapaz!
A porta do meu escritório se abre e Eduardo Laurence passa por ela, me dando a chance de me livrar dessa conversa.
— Me desculpe, meu avô, mas o meu socio acabou de entrar…
— Não ouse desligar esse telefone, Collin!
— Tenha um bom dia, meu avô!
— Collin Hill… — Encerro a ligação antes que ele resmungue no meu ouvido e encaro o sorriso do meu grande amigo.
— O que ele queria dessa vez?
— Um bisneto, veja se pode — ralho com indignação.
— E por que não? Vocês já estão casados…
— Você também não, Eduardo! — O corto imediatamente. — Já basta a cobrança do meu avô. — Ele ri. — O que tem para mim?
— Um exemplar escondido em antigas gavetas. — Lanço lhe um olhar curioso. — Imagine que um amigo está namorando uma garota que escreve lindos romances, mas que os guarda em gavetas.
— E?
— Ele me trouxe esse original. Eu li e simplesmente me encantei. — Arqueio as sobrancelhas. — Collin, é um típico bestseller que irá explodir no mercado editorial.
— Entendi. A caso algum editor já o pegou.
— Ainda não, porque eu quis verificar pessoalmente.
— Mas você sabe que precisamos da autorização do proprietário dos direitos autorais, não é?
— Acredito que essa será a parte mais fácil.
— Ah, você acredita! — Ele meneia a cabeça, lançando-me um olhar presunçoso. — Nesse caso, você tem o meu alvará.
— Eu sabia! — Eduardo segura o exemplar em uma das mãos. — Vou entrar em conato com ele agora.
— Isso e marque uma reunião com a autora do tal bestseller.
— Pode deixar, amigão! — Ele resmunga, fechando a porta assim que passa por ela. Sorrio.
Como o Hill de Luxemburgo e único herdeiro da família Hill mantenho vários negócios lucrativos ativos. Isso inclui indústrias, comércios e agências, mas a minha maior paixão é o mundo literário. Portanto, administro uma das maiores editoras de Londres, a Reading Books Hill S/A. Essa é uma parte da minha vida que eu amo de paixão e que não abro mão por nada nessa vida.
— Bom dia, Senhor Hill! — Uma voz feminina me faz tirar os meus olhos de cima dos papéis e em seguida ela adentra a minha sala, caminhando na minha direção sobre os seus saltos extremamente altos, enquanto o seu quadril largo se balança de um lado para o outro, trazendo sensualidade aos seus movimentos. Em seguida, ela puxa uma cadeira e se senta mesmo sem ser convidada. Intrigado com a figura loira e sexy, encosto-me em minha cadeira executiva para fita. Contudo, o detalhe da sua coxa exposta por causa de uma fenda lateral não passa despercebido aos meus olhos.
— Quem é você? — Um tom seco e rude passa pela minha boca, porém, recebo um sorriso largo de dentes bem alinhados, adornado por lábios grossos pintados de vermelho púrpura.
— Me chamo Magnólia Smith.
— Eu me apresentaria, mas você já sabe o meu nome — ralho, ignorando a sua mão estendida. — O que você quer de mim, Senhorita Smith?
— Me chame apenas de magnólia.
Chego a rolar os olhos internamente. Contudo, demostro a minha impaciência apenas com o olhar.
— Ah, eu… gostaria que avaliar a minha obra pessoalmente. Eu sei que você…
— Vamos esclarecer algumas coisas por aqui, Senhorita Smith — retruco rigidamente, fazendo-a engolir o seu sorriso sexy. — Primeiro não entre na minha sala sem ser anunciada. Segundo eu não faço análises, tenho uma equipe preparada para isso…
— Mas… — Ergo um dedo em riste fazendo-a se calar.
— Terceiro nunca me interrompa, eu odeio ser interrompido!
— E quarto, porém, não menos importante não me trate como se eu fosse um idiota porque eu não sou. Olhares, sorrisos e um corpo esbelto não me fizeram me fizeram chegar ao topo. Agora queira se retirar!
A mulher fecha a cara e se levanta, saindo da minha sala pisando duro.
Era só o que me faltava!
Um sinal de mensagem me faz olhar para a tela do meu celular.
… Não chegue muito tarde, querido, estou ansiosa para jantar com você e quem sabe fazer algumas safadezas naquela enorme mesa?
Não é difícil comparar essa mensagem com a garota tímida que tem ocupado a minha cama nessas últimas noite.
Quem é você de verdade, Ruby Hill?