Capítulo 3
Mordi o lábio inferior e terminei de comer, conversamos mais um pouco e foi um custo fazer o Dominic ir embora sem mim, mas ele percebeu que não conseguiria me fazer mudar de ideia e resolveu ir embora. Dominic se despediu beijando minha bochecha e me abraçou forte sussurrando “toma cuidado”. É diferente, está em seus braços.
Depois que Dominic entrou na sua Ferrari e foi embora, andei por um tempinho sem mais intromissões dessa vez. Logo achei um táxi. Em meus pensamentos eram divididos entre Dominic e o homem que matei. É perca tempo pensar neles. O homem está morto e não tem volta. E eu não voltaria no tempo para mudar isso.
E Dominic… foi um acaso desnecessário. Não posso confiar nele e não posso dar a ele a chance de se aproximar de mim. Vai me usar como todos. Eles só sabem fazer isso. Peguei o dinheiro para pagar o taxista e sair do carro quando cheguei na mansão do meu pai. Os seguranças liberaram minha passagem. Logo passo pela porta principal, eu fecho atrás de mim.
— Como foi?
Viro-me vendo Marcus Moss no alto da escada, seus olhos brilhavam, como sempre quando eu voltava das minhas “missões”. O único homem que posso confiar. Ele nunca me faria mal algum.
— Tudo certo, papai.
Ele me olha com orgulho.
— Oh! Querida. — Sorriu e fez gesto com a mão. — Venha.
Marcus está com sua roupa de dormir. Ele sempre está com roupas elegantes e na hora de dormir não é diferente. Marcus tem bom gosto e boas decisões. Meu pai é um bom homem e não me abandonou nos meus momentos difíceis. Minha mãe escolheu não estar com a gente.
Eu subi as escadas e ele pegou na minha mão, fez um leve carinho antes de caminharmos na direção do seu quarto. Marcus soltou minha mão e deitou na cama me olhando com luxúria, coloquei minha bolsa em cima da poltrona que fica do lado da janela. O tempo está mudando e uma forte chuva está por vir.
Olho para o chão. Não preciso me preocupar com mais nada. Nada pode me machucar enquanto eu estiver aqui. Papai garantiu isso. Estou segura agora.
— Agora tire a roupa, querida.
— Como o senhor deseja.
P.V. DOMINIC BRANCH
Vou direto ao mini bar da minha sala pegando qualquer bebida e enchendo o meu copo. Sento no sofá e fecho meus olhos não querendo pensar no que aconteceria com aquela mulher se não tivesse chegado a tempo. Cedi em não ir para a delegacia com ela, mas minha vontade era bater naquele homem até ele perder a consciência. Não fiz por vê-la assustada. Senti necessidade em tirar ela dali.
Foi por pouco e reflexo que eu a vi. Vi aquele maldito homem a jogando no chão. Eu sabia suas intenções. Era óbvio. E eu não podia ficar sem fazer nada. Não posso salvar todas, mas o máximo que eu conseguir, farei.
Àquela mulher… Kendall. Com toda certeza será difícil de esquecê-la. Seu rosto vinha constantemente em minha mente desde que nos despedimos. Por alguns segundos pude ter ela em meus braços. Uma mulher simples pelo menos no modo de vestir. Não a vi usando nenhum acessório.
Não é alta, mas tem oportunidades como modelo se quisesse. Uma mulher de poucas palavras. Não sei se era pelo acontecido de antes ou era apenas preciso de mais tempo para se soltar. Mesmo sem falar muito o que me chamou a atenção foi sua risada. Ela fez eu me perder nas palavras e rir com uma vontade que a tempos não faço.
Quero conhecê-la mais. A imagem dela, no chão olhando para aquele homem me veio à mente. Não sei porque me encantei tanto por ela. Ver ela indefesa me deu mais vontade de protegê-la.
Agora aqui sentado no meu sofá, eu faço o menor movimento possível. Tive um dia longo hoje, no final de tudo pelo menos podia conhecer uma bela mulher. E uma mulher com mais vontade de me afastar do que me manter perto.
Sem bajulação. Poucas fazem isso.
Estou assumindo agência de modelo de minha mãe. Uma agência completa tendo o nosso próprio setor de ‘marketing’, setor de redação, área para avaliação das modelos, estúdios para o trabalho e produzimos nossa própria revista.
Hoje fizemos uma varredura em uma das filiais da agência. Minha mãe e eu fomos em cada pedacinho da agência. De modo a monitorar cada passo e saber de cada detalhe de cada setor. E como a empresa não é pequena, o trabalho foi muito grande.
Ainda tinha documentos para poder revisar. Pessoas falando o tempo todo. Alguns dando sugestões que valiam a pena e outras apenas querendo atenção e a prática de elogios desnecessários. Era essas pessoas que tentava evitar. O que era bem difícil? Sim!
Não é a maioria, mas uma parte dela. Também tem aquelas pessoas que preferem fazer seu trabalho e pronto, falando só o necessário. Eu gostava mais dessas. Tem dias que é um sofrido trabalhar lá ou conviver com certas pessoas que gostam de interferir em minha vida me fazendo perguntas desnecessárias.
Ainda mais o famoso: quando você vai casar, Sr. Branch? Como se minha vida dependesse de um casamento. Ficar perto de uma mulher já era sinal de fofoca. Evito o máximo de contato com as modelos daqui. Não quero estresse e confusão. O máximo que falo são meus amigos de longa data que trabalham aqui. São poucos. De resto prefiro ser profissional.
Passo por tudo isso para no final da noite encontrar uma mulher que quase foi estuprada. Eu massageei as têmporas e bebi o resto da minha bebida. Espero pelo menos ter sonhos bons agora. Sonhar com ela seria bom. Não vou me contentar só com sonhos, mas…
Espero poder vê-la de novo.
Levanto do sofá deixando meu copo em qualquer lugar e vou para o meu quarto. O cansaço já está tomando conta. Tiro minha roupa em movimentos lentos, eu tenho certeza que assim que deitar na cama o sono não vai demorar chegar. Em baixo do chuveiro senti a água pelo meu corpo era como se diminuísse a tensão e cansaço. Só uma boa noite de sono.
Não demorei no banho. As minhas horas de sono estão contadas. Preciso dormir. Amanhã será tão cansativo quanto hoje. Espero que à noite não tenha surpresas.