Capítulo 2
— Você está bem mesmo? — Ele chamou minha atenção. Encarei o moreno e assenti. — Meu nome é Dominic e o seu?
Ele olhou-me rapidamente antes de voltar sua atenção para a estrada. Com esse movimento algumas mechas do seu cabelo caíram em seu rosto. Eu olhava seu rosto com mais detalhe e ele percebeu isso. Dominic sorriu de canto. Foi um sorriso contido, mas muito bonito.
— Kendall.
— É um prazer te conhecer Kendall. — Ele não tirou os olhos da estrada. — Então quer ir em alguma delegacia…
— Não! — Falei rapidamente.
A delegacia envolve muita gente e como esse incidente foi perto da boate a oportunidade de descobrirem sobre o corpo antes do tempo é maior. Não posso arriscar, sem polícia vão demorar para descobrir o corpo. Assim tenho tempo para ir embora. Não descobriram que matei o homem do bordel. Sem polícia! Dominic me olha por alguns segundos confuso pelo jeito que falei.
— Você apareceu e me ajudou. — Suavizei minha voz. — Agora quero esquecer isso.
Dominic fez um gesto de cabeça concordando e deu de ombros. Ele não insistiu e isso é bom.
— Você quer que eu te deixe onde? — Perguntou.
Olhei ao redor. Estou muito longe da minha casa, mas mesmo que estivesse perto não deixaria ele me levar até em casa. Eu não conheço ele e também não quero conhecê-lo. Preciso chegar em casa logo. Eu já perdi muito tempo. Preciso me livrar dele. Hum! Não preciso ser rude fazendo isso.
— Na próxima esquina.
Estamos bem longe do acontecido.
— Tem certeza? Porque são uma da manhã e na próxima esquina só tem comércios…
— Não estou indo para casa.
Dominic não discutiu, mas acredito que não gostou da ideia. Segundos depois ele parou o carro como eu pedi e me encarou.
— Você é estranha. — Ele me olhou e dessa vez seu sorriso aumentou um pouco. Esses olhos… — Mas foi bom te conhecer. É uma pena que não tenha sido em um momento bom.
O jeito que ele me olha. Eu podia sentir a intensidade do seu olhar. Não tinha raiva ou preocupação. Talvez carinho? É uma sensação boa. Evito olhar para ele. Não pense que só porque me ‘salvou’ vou para cama com você. Isso não acontecerá. Ele está enganado se pensar que vou cair nesse truque.
Principais características: alto, 1,85 de altura. Sua pele em um leve tom de marrom claro, acredito que sua pele fica facilmente bronzeada. Seu cabelo é preto, um pouco grande, fazendo uma franja sobre a testa. Quando ele apareceu estava em um perfeito topete, agora está levemente bagunçado.
Ocasionalmente ele passa a mão pelo cabelo colocando para trás. Seus olhos são verdes, um tom de verde-escuro. Deve mudar a cor dependendo do tempo. Maxilar levemente marcado. Seus músculos se contraem contra a roupa com seus movimentos. Pelo jeito que ele socou o homem, aposto que faz alguma luta.
— Comerei naquele lanchonete. — Apontei para a lanchonete que estava aberta.
O que estou fazendo? Não tenho que avisar o que farei.
— Posso acompanhá-la se você quiser. — Ele se oferece e olha para a lanchonete.
Não.
— Tudo bem.
Saímos do carro e fomos para a lanchonete em silêncio, o lugar tinha poucas pessoas e é muito agradável. Sentamos na última mesa um de frente para o outro. Ele é lindo, eu não posso dizer ao contrário. Sempre que sorri, o que ele deveria fazer mais vezes, suas covinhas aparecem chamando atenção. Ele sorri com olhar. É bom de se ver.
Seu rosto muda muito quando ele sorri ou quando está sério.
Sua roupa chama minha atenção. Ele está com alguns botões da camisa social aberta e com o casaco do terno dobrado até o cotovelo. Ele tem um jeito mais despojado, ficando mais atraente do que já é mesmo não querendo. Sua gravata deve estar no banco de trás do seu carro nesse exato momento. Depois de um dia cansativo tirar a gravata seria o suficiente para melhorar seu humor.
Não duvido que sua roupa tenha sido elaborada sob medida. As peças ficam perfeitas nele.
Até mesmo a garçonete percebeu isso já que mordia os lábios e olhava para Dominic o tempo todo, enquanto notava nossos pedidos. Dominic é gentil com ela, mas não devolve suas investidas. Querendo se fazer de bom moço ou está apenas esperando eu ir ao banheiro para poder corresponder o desejo dela.
— Depois daqui posso te deixar em casa. — Dominic sugeriu.
Não, você não pode.
— Não precisa.
Dominic inclinou a cabeça para o lado, seu cabelo acompanhou seu movimento. Ele sorriu e coçou a nuca.
— Estou com receio de te deixar ir sozinha e algo acontecer.
Deixei um meio sorriso escapar e abaixei a cabeça para ele não perceber. O que está acontecendo comigo? Ele é perda de tempo. Está me atrasando mais ainda. Ele é igual a todos, essa imagem de gente boa passará assim eu dar espaço para ele.
— Não precisa se preocupar. — Voltei a olhar para ele. Dessa vez seria.
Dominic me encarou por um tempo, sem dizer nada. Agora ele faz o mesmo que eu fiz, ele está me analisando e finjo que não estou percebendo. Pouco tempo depois os nossos pedidos chegaram.
— Você realmente não é muito de falar, não é? — Dominic perguntou depois que a garçonete saiu.
— Não muito.
— Tímida?
— Um pouco. Não sou de conversar com desconhecidos.
— Ah? Não somos completos desconhecidos, somos amigos desde… — Ele olhou o celular. — Alguns minutos atrás.
Não pude deixar de rir e dessa vez ele deu um sorriso de verdade. Talvez eu possa conversar um pouco. Talvez.
— O que quer saber? — Perguntei.
— Quando vou vê-la novamente? — Dominic não recuou nas palavras e nem no olhar.
Ele é aquela pessoa que vai direto ao assunto. Isso não é bom. Tenho que ter cuidado com o que falo com ele. Dominic é um homem esperto que dá para ver em poucos minutos de conversa, ele tem presença e com certeza tem um cargo alto na empresa onde trabalha. Não acho que a Ferrari seja seu único carro caro.
— Talvez demore, talvez não.
— Não gostei. Precisamos reverter isso. — Dominic tomou um gole do seu refrigerante me olhando atentamente. — Quantos anos?
— Vinte e dois e você?
— Vinte e sete. Cinema ou balada?
— Cinema.
— filme ou série?
— Filme.
— Você gosta de batata frita ou cozida?
— Que pergunta é essa? — Acabei rindo de sua pergunta sem noção.
Esse homem é tão estranho. Enquanto passa uma imagem de homem sério e empresário, ele é totalmente diferente, não deixando essas características te definir. Dominic riu junto comigo e deu de ombros.
— Eu queria fazer perguntas rápidas, mas acabei me enrolando. — Dominic falou, ele pegou um guardanapo para limpar a boca.
— Percebi.
— Tem namorado?
— Você é sempre direto?
— Acho desperdício de tempo ficar enrolando. E também não quero confusão ao meu lado caso eu te veja novamente. — Dominic terminou de comer o hambúrguer. — Já que logo vamos nos ver. — Ele diz confiante.
Ele não me parece um homem que vem comer um lanche em uma lanchonete qualquer, mas ver ele sentado ali e agindo normalmente é como ver uma versão que talvez seja nova para ele mesmo.
— Como pode ter certeza?
Ele me olhou sorrindo e terminou de beber o refrigerante.
— Apenas tenho.