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4. A natureza dos vampiros

Longos meses de agonia e solidão seguiram Raquel onde quer que ela fosse. E o último lugar que fora parar havia, o último lugar que poderia ter querido ir foi por fim a casa onde Joana D’Arc e as tropas do rei nas inúmeras batalhas e lutas sangrentas da época haviam se instalado e ali dentre um pescoço e outro de algum desavisado ou mesmo curioso dos boatos que iam se espalhando sobre um 'indulgente' estar ali,  ela se alimentou e se estudou. Estudou o que podia e conseguia sentir de si própria, causar ou o modo como seu corpo e seus sentimentos sentiam Eis o que descobrira:

1. Por mais que quisesse não poderia viver em sangue, o sangue a partir deste momento era como a água era para um humano em dias de seca, mas poderia optar por sangue de animal.Se quisesse.

2. Já que sugava sangue de pessoas ou vez ou outra para variar, de animais,passou a se chamar de ‘sugadora’, e ,mesmo com poder para amar e odiar o sol, devia se lembrar de que ate o momento ele era o seu maior e único inimigo. O único 'ser' que poderia lhe machucar e, possivelmente, lhe matar se fica muito tempo exposta a ele como outrora testara em si ao colocar seu braço no sol, com lágrimas e urros de dor aguentou o máximo que conseguiu, e o resultado: sua pele murchou e enrugou como carne ao fogo, o cheiro horrível lhe adentrou o cérebro, o sangue estourou em bolhas horrendas que ficaram em sua carne, e só adquiriu o tom e o 'natural' de volta quando ingeriu uma alta quantidade de sangue.

3. Com treinamento ,á noite claro,afinal apesar de ser poderosa, a última coisa que queria era as pessoas atrás de si lhe caçando como um animal raivoso, e descobriu-se ser capaz de se transformar em morcego quando assim o desejasse.

4. A sua força era bem elevada, e quando digo bem quero dizer ao ponto de derrubar ,com uma mão, uma parede de tijolos deixando-a num amontoado de escombros e pó.

5. Ela descobriu que seus sentimentos influenciavam o tempo. Se estava muito triste, uma leve garoa caía do céu como se chorasse consigo, porém, se deixasse a raiva aflorar, o céu mandava uma chuva intensa carregada de raios e trovões.

Raquel transformou-se numa caçadora eximia conforme ia se descobrindo, descobrindo seus poderes como uma garota quando passa a descobrir seu corpo e suas necessidades.

Cada noite uma caça diferente ,sim, infelizmente tornara-se uma caçadora voraz. Mas com suas atitudes passara a despertar o interesse e desconfiança daqueles que ali viviam e chamavam-na de ‘fantasma’ de Joana D’Arc como ouvira outrora. Será que um fantasma consegue sugar todo o sangue de uma pessoa?

Raquel estava ‘feliz’ á sua maneira ,e com isso nem se dera de conta que ao entrar em casa ,casa ,já que ali vivia, um grupo de pessoas armadas com foices, ancinhos, garrafas de água benta e lampiões a esperava.

–O que querem aqui?-rosnou ao sentir o medo aflorar dentre aquelas pessoas. Sorrira. Raios rasgavam o céu já que sentia certa raiva por aquela gente terem ousado invadir a sua casa.

–Matar o demônio que vive aqui-gritou o tal que deveria ter reunido aquele grupo e apontou um ancinho para sivocê! Raquel gargalhou.

–Meu apelido não era fantasma?

–Fantasmas não fazem o que você fez!-gritou uma mulher que não ousou encarar Raquel nos olhos e isso só a divertia.

–Acham que podem me matar com isso?-desdenhou das ‘armas’ que traziam em mãos, mas qualquer um tem seu orgulho e com estas pessoas não era diferente quando uma delas dera a ordem:

Ataquem!

Todos partiram para cima de Raquel que também se armou de suas rasgantes garras e de suas poderosas presas para se defender e fartar-se em sangue de vários sabores e aromas antes de jogar os corpos contra as paredes, móveis ou no chão mesmo. Mas então aquilo que parecia ser um insulto a ela mostrou-se a mais eficaz das armas ,no momento, para detê-la.

Um homem conseguiu cravar uma foice nas costelas de Raquel quebrando-as, ela gritou, e outro homem surgiu á seu lado, fora de joelhos ao chão ,e enfiou o ancinho na lateral direita de seu corpo revolvendo suas entranhas.

Raquel queria se levantar e arrancar fora o pescoço daqueles dois, literalmente, mas estes mantinham-se afastados e mantendo-a no chão com força relevante. Então uma mulher veio em sua direção com uma garrafinha de água benta em mãos,

Raquel arregalou os olhos, embora não soubesse o que poderia acontecer consigo, a mulher então despejou a água sobre sua cabeça e foi como um pingo d’água caindo na chapa quente do fogão á lenha.

O rosto de Raquel chiou e estourou em bolhas bem como todo o lugar por onde a água escorria a mulher afastou-se horrorizada e os homens enfim a soltaram ao verem o horror que acontecia com sua pele junto ao cheiro horrível desta com o cabelo e sangue queimados.

–Morra demônio! Morra!

Ao verem o ser morto num retorcido de carne queimada os camponeses foram embora ,mas não sem antes colocarem fogo na casa também...

Percebeu que naturalmente seu corpo fora se regenerando voltando ao seu estado normal como se nada tivesse acontecido.

A bagunça reinava ao seu redor, paredes rachadas, móveis quebrados objetos jogados e/ou quebrados, mas nada disso lhe importava já que seus olhos recaíram alegres nos vários corpos largados por todos os lados.

–Ao menos terei uma refeição farta -e lambeu os lábios de presas já despontadas.

Fome. Vingança. E uma pergunta: Como me vingar daqueles que tentaram me matar?

A resposta:

Havia um camponês na casa dos vinte e poucos anos, muito bonito por sinal, largado sobre um amontoado de pedaços de tijolos com um belo peitoral bronzeado exposto pela camisa esfarrapada ao qual Raquel precisou ver mais de perto. Então uma ideia surgira em sua mente, afinal não há nada melhor do que, em vez de devorar todos aqueles ali, transformálos naquilo que queriam matar.

Um sorriso diabólico iluminou seu rosto pálido ao olhar para cada um daqueles camponeses e pensar em quão grande seria seu exercito e sua vingança.

–Como irei transformá-los?-e então a cena do morcego lhe atacando no cemitério passou por sua cabeça e fora ai que concluiu que a sua saliva deveria se misturar com o sangue deles. E já tinha a sua primeira vítima-olhava para o camponês bonito de cabelos levemente avermelhados ao seu lado.

Lentamente Raquel abaixou-se sobre seu corpo, levou sua mão aquele pescoço e sentiu na ponta de seus dedos um leve tremor, indício de que ali havia resquícios de vida, e não hesitou ao levar seus lábios gélidos ali naquela pulsação e penetrar suas presas o quão profundo conseguisse na carne ainda morninha mas já endurecida.

–O que fez conosco, demônio?-perguntou o camponês algum tempo depois ao despertar todo nauseado, mas cheio de uma fome estranha, e com dois furos no pescoço como percebera ao tocar ali e sentir um cheiro não muito bom rescender.Com certeza havia uma careta de nojo.

Raquel era misteriosa, e sabia como ninguém criar desarmonia entre as pessoas. Principalmente com aquelas que queria a se lado. Isto que elas nem sabiam do ocorrido com ela, já que deveria estar morta. Ainda assim o cheiro do medo circulava naquele recinto.

–O que lhes parece pior -ela sentou-se no braço do sofá e cruzou as pernas-ficar ao lado daquela que lhe devolvera a vida -aponto para si -ou voltar para aqueles que os deixaram aqui-e apontou para a porta entreaberta.

Um silêncio instaurou-se naquela sala enquanto todos se entreolhavam confusos, mas ainda assim um entre eles tinha audácia para confrontar Raquel, algo que ela apreciou com um sorriso.

–O que você quer de nós?

Ah, o camponês...

–Me diga, audacioso, como se chama?

–Marcus.

–Bom, eu não me importo com suas escolhas infelizescomo se ela própria não tivesse feito várias escolhas ruins -mas eu estou dando a vocês duas opções-ergueu dois dedos seus para dar ênfase a suas palavras -me ajudam ou eu mato um por um de vocês. O que escolhem?

Raquel sentiu o quanto suas palavras afetaram não só na respiração deles, mas também no suor frio que ela ouvia escorrer por seus rostos e no engolir em seco de suas gargantas que estes nem haviam percebido não precisar mais destes hábitos humanos.

–E então ,o que me dizem?

–Sendo assim ,nós aceitamos-ela dera um aceno de cabeça- mas, e depois?

Humm, esse audacioso...

Ela sorriu-depois viveremos como uma famíliaentão seu olhar fora atraído ao lindo horizonte e complementou -na Inglaterra.

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