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6. O destino os revela

Um jaguar estacionou em uma calçada em frente a uma vitrine de vestidos elegantes, e quando ambas as portas do carro uma á frente e a outra detrás se abrem, ao lado direito pés com sapatilhas negras e legging mais uma t-shirt cinza estilizada; do lado esquerdo sandálias pretas, legging branca e camisa amarrada á altura do umbigo.

-Obrigado pela carona pai- fala Soraia ao abaixarse para sorrir ao pai de motorista hoje.

Adam nem aparentava ter quarenta anos de vida que carrega sobre si, pois com os seus cabelos e olhos negros- aliás, iguais aos da filha- e um rosto de ângulos fortes diria que teria trinta, e ainda mais com uma calça jeans escura justa e a camiseta branca com um blazer preto, puro charme.

–Soraia, sinceramente, o que se tem para fazer nessa cidade domingo?- emburrou-se Amy ao cruzar os braços e com um bico encarar a amiga que sorriu meneando a cabeça diante da careta.

–Amy desmancha esse bico porque eu sei que você adora bater perna- rebateu ao arrasta-la pela calçada, mas não podia deixar de perceber que Amy olhava para todos os lados como se procurasse alguém.

–Amy o que foi?

–O quê?

Soraia estacou em frente a Amy e exigiu:

–Desembucha.

Amy suspirou derrotada, pois bem sabia que se tinha uma pessoa que poda rivalizar com a sua teimosa era Soraia.

–Alguma coisa me diz que não devíamos ter saído de casa hoje.

–Amy, para com isso, que assim você me assustapediu Soraia não querendo admitir que havia um certo receio desde o momento que saíram de casa, mas ignorou e pegou a mão de Amy e a puxou- vem, vamos caminhar um pouco- e foi o que fizeram, embora algo as acompanhasse.

De volta a floresta, separados por árvores e folhagens a alcateia de lobos continua vindo em direção a cidade e afastado dos demais um lobo negro solitário , mas nem por isso menos veloz, corria. Todos corriam para o mesmo lugar, pois pressentiam o perigo; mas como inimigos não dividiam o território, mas protegiam-no. E um dentre eles protegeria a mulher amada.

Soraia e Amy agora conversavam e riam enquanto caminhavam pela calçada olhando as novidades nas vitrines.

De repente em uma esquina dobraram os já apresentados Lucas e Lucian junto com um belo grupo.

–Uau, olha só, que delícia!- exclamou Lucas ao dar uma boa avaliada dos pés á cabeça de Soraia e Amy, que rapidamente se desviaram da vitrine.

-Você pega a da direita e eu fico com a da esquerda- propôs Lucian ao lamber os lábios ao avaliar a sua preferência pela ruiva. Antes mesmo destes chegarem ás meninas essas já estremeciam, afinal não havia ninguém além deles e seu grupinho a quem pudessem pedir ajuda.

–Soraia o que a gente vai fazer?- perguntou Amy ao ver aqueles dois caras que ,provavelmente não tinham boas intenções para com elas, cada vez mais próximos.

Os lobos farejaram o cheiro dos inimigos de longe, e o lobo negro ao sentir o cheiro da sua mulher junto a eles acelerou o passo com os demais lobos em seu encalço levantando terra do chão arenoso e as árvores se tornaram não mais que um túnel de borrões ao redor destes.

O que os move?

Paixão.

E se algo de ruim acontecer com seu ser amado o que os movera será vingança. Então o rosna intensificou-se.

Soraia e Amy tentaram recuar, mas os dois já estavam próximos e as detiveram pegando seus pulsos e as virando bruscamente para eles.

–Por que a pressa?

–Nem nos apresentamos ainda?-debochou Lucas com um sorriso nada amistoso ao devorar Soraia com seus olhos.

–Me solta- pediu Amy ao ver-se agarrada de forma brusca por aquele cara que já deixava seu pulso vermelho.

–O que foi, ruiva, não gosta de ser tocada?

–Tira a mão de mim!- exigiu Soraia ao arrancar seu pulso da mão daquele idiota, que sorriu com loucura na sua fúria.

Lucian riu– meu irmão adora uma gata ariscaentão olhou de um jeito diabólico a Amy, que olhou para Soraia- e eu também- e mostrou suas presas a crescerem de uma forma nada legal. E claro que o irmão seguiu seu exemplo.

Um lobo negro seguido de muitos outros surgiram já pulando como leões em uma briga sobre aqueles vampiros, que pegos desprevenidos foram arremessados de encontro a uma vitrine que não só disparou um alarme como também teve a vidraça destruída aos pedaços pela calçada. As garotas devido a força do impacto dos lobos também foram arremessadas contra o chão com suspiros dolorosos.

-Meu Deus, eu não acredito no que os meus olhos estão vendo? – falou Amy de boca aberta e estatelada no chão ao olhar sem acreditar naquela cena de lobos reais se engalfinhando com caras de presas enormes e olhos negros com uma ‘mancha’ vermelha.

Soraia que também estava no chão não tinha palavras, afinal aqueles não eram lobos comuns, eram uma espécie de lobos mutantes, á seu ver, á julgar pelo tamanho nada comum deles e a força de seus golpes.

A luta não demorara muito para iniciar, afinal os lobos estavam ali somente porque seu Alfa do nada resolvera salvar aquelas duas humanas, e como todo o lobo que se presa adora dar uma boa lição nos dentuços não perderam a chance claro.

Os vampiros saíram ilesos mais furiosos de dentro da loja destruída prometendo uma revanche no olhar.

Os olhares de fogo e sangue se encontraram e a briga fora boa.

Uivos de lobos e sons rascantes de vampiros se misturaram no ar enquanto as garotas já de pé se abraçavam encurraladas de encontro a uma parede tentando não serem atingidas por lobos que eram arremessados e/ou vampiros em mesma situação só para voltarem ao ataque anda mais raivosos do que antes. A vontade de correr era enorme, mas também era excitante ver o desconhecido, agora real, seres de pesadelos ou histórias bem ali em frente a elas lutando.

Os lobos já haviam estraçalhado muitos vampiros que por sua vez já haviam enforcado e quebrado muitos ossos dos inimigos. Até são imortais mas não são de ferro para não serem feridos com gravidade.

Nas janelas duplas dos apartamentos e casas próximas, as sacadas estavam tomadas por curiosos, aterrorizados, mas ainda assim curiosos com o que seus olhos arregalados viam.

O telefone da delegacia tocou e como o delegado Sergio estava próximo, lendo alguns relatórios, o atendera e riu a ouvir o que a pessoa dizia.

–Como é que é?

Silêncio.

–Minha senhora, isso aqui é uma delegacia de homicídios, não uma sala de cinema.

Silêncio novamente enquanto o delegado já esfregava a testa nervoso.

–Minha senhora se continuar a insistir nessa loucura eu mandarei lhe prender por importunação á delegacia-assegurou ao desligar o telefone na cara da pobre mulher e resmungar:

Hã, lobos e vampiros brigando em frente a uma butique. Se eu fosse psiquiatra eu mandava internar essa mulher e- e ele nem bem concluíra sua frase quando seu celular tocara em seu bolso e ao pegá-lo viu a foto do rosto de uma menina na tela e sorriu.

A menina era sua filha Sofia que ostentava um corte desconstruído e olhos verdes bem claros.

–O que foi Sofia?

Do outro lado da linha Sofia observava a cena boquiaberta e de olhos arregalados do canto da cortina da janela acontecendo lá embaixo.

–Pai, há uma matilha de lobos gigantes lutando com um bando de vampiros aqui em frente do prédio.

Sergio bufou.

–Sofia, até você com essa historinha, faça-me o favor, filha.

–Pai eu não estou mentindo, eu estou vendo elesdisse- e ainda há duas garotas encurraladas no meio da luta.

Sergio suspirou ao passar a mão por seu rosto cansado ao ouvir muitos telefones na delegacia chamando.

Sofia apelou- pai, senão acredita, venha e veja com os seus próprios olhos.

– Está bem Sofia, eu estou indo para ai- disse ao desligar o celular, jogar os papéis sobre a escrivaninha e ir para a porta pegando pelo caminho as chaves da caminhonete e suas armas e chamando pela Investigadora Malvina, que surgiu no corredor esbaforida com o grito do delegado por ela.

–Deus, delegado, o quê está acontecendo?

–Venha comigo- apenas dissera afinal se contasse ela riria dele assim como ele próprio rira da mulher ao telefone, e ainda assim ia lá para confirmar a lorota.

Um lobo bem musculoso, mesmo na forma animal, como um armário conseguiu enfiar as garras nas costelas de um vampiro, que gritou de dor ao ser mandado direto para a parede onde caiu no chão se retorcendo e gemendo de dor. Amy acompanhou tudo e ficou extasiada ao ver que o tal vampiro era ninguém menos do que Marcus.

–Marcus- saiu um sussurro quase inaudível dos lábios dela ao levar uma mão a boca para não gritar por ele e toda aquela brutalidade.

-Você o conhece?- perguntou Soraia ao ver a reação da amiga que correu ao encontro do tal Marcus que apertava as costelas como se recolocasse os ossos no lugar.

A luta prosseguia, a grande maioria das paredes estavam rachadas e/ou destruídas ao montes de tijolos e pó se acumulando pela calçada devido aos impactos violentos ora dos lobos ora dos vampiros que não desistiam da briga, mesmo com vários cacos de vidros ao chão e /ou ainda a cair das janelas mais altas devido a grande força que uns tinham de lançar aos outros para o alto.

Quando Soraia pensou em seguir Amy um vampiro de presas a pingar sangue surgiu em seu caminho e se aproximando dela, que engoliu em seco e permaneceu imóvel.

–Eu ainda não me apresentei- disse- eu sou Lucian e será um prazer te sugar todinha- e lambeu o sangue que escorria de suas presas e por seus lábios e queixo.

Um lobo negro arrancou a cabeça de um vampiro com sua bocarra, mas ao olhar para trás viu Soraia encurralada por um vampiro.

O fogo intensificou-se em seus olhos a rosnar furioso e correr ao encontro do desgraçado que quer aquilo que não lhe pertence, e se dependesse desse lobo, jamais a teria. E quando estava próximo deles ousara voltar á forma humana e revelar-se como Augusto todo em carne, músculos e uma calça de abrigo abaixo da cintura com um tanquinho digno de nota 10.

Soraia perdeu o rumo de sua noção quando surgira á sua frente aquele estranho que agora se tornara mais estranho ainda ao conseguir se transformar de um grande e poderoso lobo negro á um homem grande e poderoso idem, só que todo trabalhado na boa pele bronzeada, suada e nua.

Por que essas coisas estão acontecendo comigo?

Antes que obtivesse uma resposta a sua pergunta mental uma fumaça densa surgiu do nada e começou a cobrir toda a rua.

Das janelas onde os murmúrios eram constantes o silêncio reinou junto a curiosidade do que viria a seguir.

O delegado e a investigadora ficaram boquiabertos com aquela cena e o surgir misterioso do nada daquela fumaça.

–Mas de onde veio essa fumaça?- perguntou-se Malvina ao cobrir a boca já que o cheiro e gosto já se infiltravam por entre seus lábios pela janela da caminhonete.

–É o que vamos descobrir- afirmou Sergio ao parar o carro, engatilhar sua pistola e descer do veículo com Malvina em posição defensiva adentrando para o meio de toda aquela fumaça.

Do mesmo modo que toda aquela fumaça surgiu também começara a sumir conforme ia assentando ao chão, mas tudo o que viram fora uma cena de destruição com pilhas de destroços e concreto, caos de vidro espalhados por todos os lados e muitas manchas de sangue pela calçada e até mesmo nas paredes.

–Investigadora chame seu pessoal- ordenou Sergio ao olhar para aquelas manchas de sangue na parede e nenhum ferido á vista. E como, em nome e Deus, aquelas manchas foram parar lá em cima?

Numa floresta de trilhas e campo razoavelmente aberto dois caras colocavam o corpo inconsciente de Marcus, devido á uma bela patada que recebera de um lobo no chão e á seu lado Amy se ajoelhava para tentar acorda-lo.

Já era um milagre ele estar vivo porque na lei os lobos e vampiros, inimigo bom é inimigo morto.

Soraia tinha uma expressão de medo e apreensão voltada para Augusto que tinha os braços cruzados evidenciando seus músculos e peito trincado e a encarava de um jeito estranho.

Soraia suspirou longamente e exigiu;

–Pelo amor de Deus, o que vocês são , de verdade?

–Soraia, por favor...

Augusto se aproximou e estendeu sua mão para toca-la, mas ela o repeliu.

–Não ...me toca.

Muitos olhares entre os lobos que se reusavam a voltar á forma humana foram trocados, afinal o que aquela humana fazia com o seu Alfa era uma afronta e desrespeito e o pior é que ele nada fazia para impor-se sobre ela.

–Não precisa ter medo- disse ao dar um passo á frente, pegar seu braço, apesar do olhar que recebera dela, e lhe sorrir .

Soraia encarou aquele olhar verde e quisera muito odiá-lo por tê-la feito passar por toda aquela situação, mas apesar de tudo só o que sentira fora compaixão. Bem diferente de quando estava com Julio Cesar que só a amedronta. Mas não iria se derreter agora. Por ora...

–Então- pegou o braço de Augusto onde sentiu uma corrente elétrica correr, mas ainda assim o afastou- o que vocêsolhou para o amontoado de lobos e alguns humanos ali- são?

Augusto suspirou- somos lobos- apontando para os demais ali- e ele é um vampiro- apontou para Marcus.

Soraia riu.

Amy nada dizia, sequer os olhava pois sua atenção estava voltada a Marcus que mexia as pálpebras.

-Essa história de lobos, vampiros e afins é ficção.

–Somos reais, garota- falou outro lobo. Marcus enfim acordou e sorriu ao ver o rosto de Amy e sentir seu toque macio em seu rosto.

–Oi?

–Como se sente?

–Como se eu tivesse levado um coice- brincou ao erguer-se.

–Na verdade foi uma patada- devolveu ela mais ai a confusão iniciou..

–O vampiro acordou- dissera um cara ao dar socos com uma mão na outra .

– E está pronto para dormir para sempregracejou outro enquanto vários lobos se aglomeravam para ataca-lo.

Marcus transformou-se e ficou a frente de Amy que sentiu o pavor percorrer sua pele de novo, mas acredite ou não, ela gostou de ter Marcus pronto para defendê-la.

–Parem com isso- ordenou Augusto e imediatamente os lobos recuaram. A contragosto claro.

–Por que está me salvando lobo?- questionou Marcus bem curioso afinal se fosse ao contrário não hesitaria em mata-lo.

–Agradeça a Soraia.

–A mim?- perguntou-se apontando o dedo para si própria incrédula com o comentário.

–Você não sairia de lá sem Amy sairia?

–Claro que não.

–Nem eu sairia de lá sem a Soraia.- defendeu-se ao ir para lado da amiga e Marcus para o lado das duas.

–Do mesmo modo que não deixaria ele- apontou para Marcus- lá.

Augusto passou a mão de um jeito todo charmoso e sem graça pelos cabelos de sua nuca a perguntar- o que vocês vão dizer sobre –ele abraçou com as mãos a situação ali- isso?

Bem que estava preocupado, afinal havia levado duas garotas para o meio de uma floresta.

–Não se preocupe. Afinal quem acreditaria em nós?- conclui Soraia por si e por Amy que levantou as sobrancelhas sugestivamente.

–E você, acredita em mim?

Amy e até Marcus olharam para Soraia bem interessados em sua resposta.

– Até queria não acreditar, mas- suspirou ao menear a cabeça desgostosa com os seus sentimentos- eu acredito- e agora, finalmente

Augusto conseguiu abraçar Soraia que bem gostou daquele abraço forte e quente, e constrangida também ao sentir algo bem grande e duro lhe cutucando a barriga.

Augusto sentia sua excitação ,nada modesta, lhe apertar contra a calça e Soraia, mas o que poderia fazer se aquela garota o levava á loucura.

Julio Cesar encontra-se de joelhos, cabeça baixa e bem longe de Lacrimal city, pois nesse momento está em frente ao túmulo de seu pai enquanto o frio e a névoa intensa lhe fazem companhia.

–Oh, tatãl meu, mi-as dori sã-ti pot da viata vesnicã pe care o am(oh, meu pai, como queria poder lhe dar a vida eterna que tenho)- lamentouse sem emoção alguma nos olhos, mas um pulsar feroz lhe arranhava o coração.

De algum lugar o vento trouxe para o seu lado uma flor típica da região e também a preferida de seu pai. Ele a pegou em sua mão fria e a apertou com força até suas unhas se cravarem na palma de sua mão que começou a sangrar em filetes que escorreram por seu pulso até pingar em gotas grossas no chão.

Julio Cesar sorriu de um jeito melodramático e nostálgico ao dizer- mã bucur sã te am cu tatãl meu(é bom tê-lo comigo meu pai) e abriu a mão coberta por seu sangue e pelas pétalas da flor que o vento arrancou de sua palma e levou pelo ar. Embora Vlad Tepes 3 não fosse vampiro como o filho se tornara, sua alma e seus feitos ainda em vida são aclamados por muitos vampiros

mundo á fora afinal, o sangue fresco e a maldade sempre foram os pratos preferidos do conde, bem como a vontade de governar onde e como quisesse.

Na delegacia o Delegado e a Investigadora junto a Doutora Elena estão á observar e caminhar por entre os poucos corpos que não foram nada fáceis de encontrar, daquelas ‘criaturas’, que estão espalhados e abertos sobre as mesas de aço na sala e autopsia.

Sergio acaba de retirar a máscara de seu rosto com um suspiro de descontentamento perguntando - e então, doutora, o que descobriu?

A doutora fez gestos sugestivos em sua expressão lhe respondendodefinitivamente eles não são humanos-então posicionou-se entre dois corpos distintos- pelo menos não por completo.Porém- levantou o dedo para ter total atençãoalguns são diferentes de outros.

Malvina nada falava, apenas observava e quando a doutora dissera essa frase ela apenas desviou os olhos e ergueu as sobrancelhas como se nada soubesse. Só que não né?

–Explique melhor- pediu Sergio e a doutora então pegou um bisturi e seguiu para uma das mesas chamando o delegado e a investigadora para mais perto para o que ela viria a lhes mostrar.

-Primeiro, tirem suas luvas- ambos se entreolharam afinal quem queria tocar em um cadáver- por favor- então mesmo muito

contrariados e com certo nojo o fizeram- agora toquem neste aqui- quê?!-exaltou-se Malvina.

–Façam isso ou vocês não vão entender nada do que virei a dizer.

Malvina bufou e fez conforme o pedido- está gelado, é natural, está morto- afirmou e Elena assentiu- agora toque neste- e lá foi Malvina para o próximo corpo fingindo, muito bem, diga-se de passagem, que nada entendia- este está quente.

Sergio arregalou os olhos- como é que é?

Malvina então lhe apontou com os olhos para que verificasse por si mesmo, e assim com ela tocara nos corpos e seu queixo caiu.

–Doutora, o que há com os seus cadáveres, afinal?

A doutora lhes sorriu toda orgulhosa de seu mestrado nesse momento.

–Com os corpos não há nada, mas com a genética deles há tudo. Ela vai além do natural como podem ver- a doutora se dirigiu para o centro do corredor onde fizera questão de separar os corpos para melhor conseguir explicara principal diferença desses corpos- apontou para os da sua direita- para aqueles- apontou para os da esquerda- é que esses- voltou para os da direita

gesticulando com as mãos ainda a segurar o bisturi–são um cubo de gelo apontou os outros- e esses aqui são como chamas vivas mesmo depois de mortos.

–Lobisomens- sussurrou Malvina

–Disse algo Investigadora.

–Não, nada, só estou surpresa.

Essa foi por pouco.

–A que temperatura chegam esses corpos ?- perguntou Sergio primeiramente para aqueles que mesmo mortos continuavam quentes.

–A quarenta graus em uma madrugada, digamos, bem fria.

–E como descobriu isso?

–Eu expus esse aqui- apontou com o bisturi para um dos corpos- a uma temperatura negativa, e ainda assim não baixara para menos de trinta e seis.

– Temperatura de um corpo normal- destacou

Malvina e a doutora concordou com um meneio.

–E quanto aqueles montes de pelos encontrados espalhados pela cena?- perguntou Sergio bem curioso.

–Eles são similares a pelos de um cão.

–Como assim similares?

–Eles têm um genes x ainda desconhecido na raiz dos pelos. Eu mandei os pelos para a análise detalhada mais o resultado foi inconclusivo.

-O que mais tem para nós?

–Este cadáver, por exemplo- então Elena deu um propósito ao bisturi em suas mãos ao abrir o cadáver da garganta até o umbigo-é diferente daqueles ali- apontou para dois próximos.

Malvina e Sergio fizeram uma careta quando a Doutora abriu o peito do morto para os lados.

–Os pulmões deste cadáver jamais funcionaramolhares foram trocados- eles atrofiaram por não precisarem de ar- ambos olharam para os pulmões murchos e secos.

–E como isso é possível?-questionou Sergio.

–Isso nem é tudo- dissera- o estômago está cheio de sangue - franziram o cenho- e os intestinos estão em perfeito estado, porém, os demais órgãos estão atrofiados.

–Deus, o que eles são?

–Algo mais?-questionou Malvina louca para sair dali, pois jamais gostara de anatomia muito menos se tratando de vampiros e lobisomens sendo dissecados.

A Doutora assentiu e abriu a boca do morto mostrando as gengivas deste.

–Conseguem perceber algo anormal nas gengivas?- ambos negaram- eu vou mostrar a magia- então a doutora retirou uma de suas luvas e com outro bisturi perfurara a ponta de seu dedo,

Malvina e Sergio se entreolharam, e ai ela fez um pedido inusitado:

–Alguém pode abrir a boca dele para mimMalvina então o fez e a doutora fez pingar uma gotinha de seu sangue na língua do morto e imediatamente suas gengivas se pronunciaram bem pontudas e grandes.

–Mas o que diabos foi isso?!

Um enigma para todos à exceção ali era Malvina que se mantinha calada.

Soraia e Amy já estavam em casa, precisamente na cozinha cada uma com um copo de suco e um sanduíche em mãos conversando sobre o ocorrido.

–Sabe, Soraia, eu queria acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho- revelou Amy com um sorrisinho caprichado de indecisão quanto ao pedido.

Soraia sorriu.

- Não te faz tá bom?

Amy riu ao admitir- tá bom, tá bom, eu bem que gostei de ser protegida por aquele vampiro.

–Eu sabia.

Tá bom ,não fui só eu, porque eu bem vi como você gostou de estar nos braços do lobo gostosão.

Ambas caíram na gargalhada, agora, porque quando se virão no meio da luta bem sangrenta temeram não saírem de lá vivas.

– Meninas, vocês estão em casa?- surgiu a voz de Katrina logo depois do bater da porta.

–Aqui na cozinha, mãe!

–Venham até aqui, por favor- pediu e imediatamente ambas largaram o sanduíche e seguiram para a sala onde foram chamadas.

–O que foi mãe?

–Eu é que pergunto: o que é isso?

Katrina rumou até a janela e abriu as cortinas e ai as meninas se entreolharam ao engolirem em seco.

–Explicações, Dona Soraia e Dona Amy- exigiu

Katrina ao ver aquele bando de paparazzo montando guarda em seu jardim.

–Será que dá para chamar meus pais, eles também vão querer explicações- disse Amy e Katrina por amar demais aquelas duas sorriu meneando a cabeça por alguma travessura que elas fizeram. Ah se ela soubesse.

Meia hora depois, longe do tumulto lá fora, os pais de Amy, André cabelos castanhos claros e olhos verdes esmeraldas como os da filha e Valeria cabelos e olhos chocolate encaravam uma filha bem quietinha dentre eles no sofá lilás da casa a amiga Katrina que havia chamado o marido da prefeitura, e ambos num sofá negro em frente aos dos amigos olhavam a filha em pé, e braços

cruzados.

–E então, qual das duas vai explicar o motivo desse bando na frente da minha casa?- exigiu Adam ao apontar com o polegar para o lado da janela onde se via lá fora, os paparazzo que o haviam cercado quando chegara.

– Falem logo, meninas!-gritou Valeria ao olhar da filha á seu lado para Soraia do outro lado ás costas o sofá.

-Você conta?- perguntou Amy á amiga que assentiu e sentou-se no braço do sofá e ali começou a relatar o acontecido, mas claro que algumas coisas ela deixara de fora, afinal seus pais não iriam gostar muito de saber que um cara desconhecido a abraçara e, pior, que ele estava bem interessado nela, se é que você me entende.

Há, e não esqueçamos que Soraia omitira o fato de que eles não eram humanos, pelo menos, não inteiramente.

Os pais nem sabiam o que dizer ou fazer, afinal até então suas filhas ou mesmo eles não haviam passado por situação semelhante.

Nós devíamos ficar furiosos com vocês duasdeclarou André- mas quem consegue- e abraçou a filha que lhe sorria ,e lhe sussurrou ao ouvido que era muito bom que ela estava bem e sem ferimentos.

–Ai, Soraia, eu devia te colocar de castigo, meninadeclarou Adam ao levantarse e também abraçar e beijar a testa da filha que lhe pediu desculpas. As mães se entreolharam e sorriram, pois desde que haviam se casado com aqueles homens sabiam que estes seriam mais ‘derretidos’ pelas filhas do que elas próprias, e ai esta a prova de que mesmo que elas merecessem uma bronca seriam abraçadas ainda. Após a situação baixar Adam fez um discurso sobre o ocorrido e este já circulava pelos meios de comunicação da cidade.

Na sala da casa e Julio Cesar, que já havia retornado, agora com Brenda, Lais e os demais de seu grupo, com exceção de Marcus, estavam assistindo ao noticiário local.

–Você esta mexendo com um vespeiro letal, Augusto, meu caro- murmurou Julio Cesar ao tamborilar os dedos no sofá de couro preto.

– Isso lhe prejudica, meu senhor?- perguntou Brenda solicita á seu lado, de pé, atenta ao que passava na televisão.

–Eu sei garantir meu território Brenda, e por Soraia eu mesmo os matarei se precisar- garantiu ao levantar-se do sofá e sair dali. Acreditem se quiser, mas Marcus, -não se sabe como o fato ocorrera- mas esse fora convidado por Augustopasmem!- um lobo convidou um vampiro para ir até a tenda de Sheila. Uma exceção milagrosa e muito, mas muito rara. E agora ambos estão a encarando e, por parte de Marcus, que teve o queixo caído até o chão ao ver Miranda ali na sua frente.

É inacreditável!

–Tão inacreditável quanto meu filho ter te trazido aqui -devolveu Sheila toda simpática como sempre, pois para ela esta guerra entre lobos e vampiros jamais deveria ter iniciado.

–Desculpe-me a intromissão e ousadia, mas como a senhora conseguiu esse feito?- perguntou Marcus depois de abraçar Miranda e constatar que ela era de carne e osso, embora também de fumaça. Sheila sorriu toda orgulhosa de si ao dizer- feitiçaria branca e muita experiência no campo de vida e mote- e querendo ou não pensara em sua própria experiência e sacrifício de sua loba

interna para transgredir e ascender sua cigana mística.

Marcus ficou besta ,mas tinha uma pergunta que ainda coçava mais do que essa.

–Miranda por que você não procurou por Julio Cesar?

Miranda fora direta e reta em sua resposta.

-Porque Julio Cesar me tornou a sua obsessão. Sua mina de ouro e fonte de prazer.

–Ele matou muitas pessoas e os seus própriosrevelou Marcus ao ter a mente invadida por cenas cruéis que Julio Cesar protagonizara -a raiva que acumulara dentro de si, pelo fato de ter deixado Raquel te matar, foi o seu gás para tanta loucura e

brutalidade.

Miranda cruzou os braços em frente ao corpo e mordeu os lábios para não vier a falar algo que parecesse injusto às pessoas ali presentes.

–Julio Cesar nunca me amou, Marcus- disse com pesar, pois ela no início chegou a ama-lo, mas depois com o que vira ele fazer seu amor morrerao que ele dizia sentir por mim era uma paixão obsessiva, uma necessidade de posse de algo que ele queria mandar.

–E agora, ele quer fazer o mesmo com Soraiadisparou Augusto com os dentes trincados pois só de imaginar aquela criatura se apossando de sua mulher amada já o enojava.

Miranda assentiu.

–Eu queria pode ajudá-los- falou Marcus com sinceridade- mas antes de eu sequer tentar, ele me mataria, e logo depois- engoliu em seco e cerrou os punhos- mataria Amy.

-Eu recuso sua oferta- olhares raivosos foram trocados entre os dois, mas uma palavrinha mágica mudou o rumo da conversa- pois eu mesmo quero matar Julio Cesar.

Hum, já estava admirando esse lobo.

–Você tem outro problema, não é mesmo, rapaz? -observou Sheila ao avaliar as expressões de corpo e rosto de Marcus, algo que sempre lhe revelara mais da pessoa do que palavras.

Marcus assentiu.

–Posso te dar um conselho- claro- mate Lais ou ela matara Amy.

Sheila poderia ter dito- mate Raquel -mas era melhor que Miranda não soubesse que a antiga rival estava viva.

–Com a senhora sabe dela.

–Esqueça o porquê de eu saber e aceite o que eu disse, senão você não vai viver seu amor.

Marcus ficou bem intrigado, mas não questionara mais nada, pois só o que lhe importava era o fato de proteger Amy.

O sol se pôs ao horizonte e de mansinho a noite abraçou a cidade.

Marcus agradeceu a hospitalidade dos lobos, em especial de Augusto e Sheila, algo que nunca pensara em fazer já que por incontáveis vezes tivera de lutar por sua vida contra os da raça lupina. Então logo se transformou em morcego e sumiu na negritude do céu.

Brenda havia aberto as janelas duplas de seu quarto e ali, de pé, esperava o morcego que vinha a poucos metros de si e conforme este viera pousando á sacada retornou a forma humana.

–Onde você estava menino? E por que já não aproveitara e sumira dessa cidade?

Quisera ter Brenda a chance de fugir de toda aquela maldita vida e nunca mais ser achada por Julio Cesar ou quem quer que fosse. Só viver sua vida.

–Eu voltei por amor.

É até os imortais amam afinal também há um coração que bate no peito frio deles.

–Brenda, se eu fosse humano poderia dizer que temo por minha vida- disse – mas há muito tempo não a tenho mais.

–E agora, você quer cuidar da vida de Amy, não é mesmo?

Marcus sorriu sem jeito.

Brenda sorriu meneando a cabeça.

–Bem, deixando isso de lado, o que vamos fazer com Lais?

–Exorcismo.

Marcus franziu o cenho, afinal sempre ouvira falar que exorcismo era para expulsar demônios de corpos humanos, se bem que Lais se encaixava bem nessa categoria.

–Não faça essa cara, porque Lais fora possuída pelo espírito de Raquel , e agora ela precisa ser expulsada dali. Afinal Raquel não aceitou a morteexplicou até que de um jeito menos apavorante do que a situação era- então ela passou a ser uma entidade vagante entre os mundos sem se fixar em nenhum deles.

Marcus bufou sem entender muita coisa, mas de uma coisa ele sabia, ela não iria colocar as mãos em Amy.

Enquanto isso na cidade vizinha, raios e trovões riscavam o céu iluminando vez ou outra, Julio Cesar e seu bando em pleno ataque a um grupo de pessoas que estavam a curtir um show de rock ao ar livre.

Imagine a cena: correria, gritos, o céu estremecendo e os vampiros atacando, tudo embalado ao som pesado de um rock.

Demais!

Sem piedade, movidos apenas por sua fome e na vontade de rasgar pescoços e sorver até a última gotinha de sangue de um corpo.

Os gritos daqueles que, em vão, tentam fugir só aumenta ainda mais o prazer dos vampiros em mata-los. Algo bem evidente no rosto coberto de sangue ainda a escorrer também em seu queixo e roupas de Julio Cesar que urrava de prazer como se tivesse acabado de gozar.

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