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5. Os primeiros passos do Apocalipse

Lucas e Lucian haviam libertado os três lobos que estavam presos-em prol da causa deles- só que agora todos haviam se dispersado em pequenos grupos para terem a chance de sobreviverem, pois não contavam que um grupo de homens uniformizados e ‘montados’ em armamento os seguiriam floresta a dentro.

Lobos corriam desesperados por toda a parte e os ‘carniceiros’ como haviam apelidado os exterminadores seguiam em seu encalço lançando facas de prata pura que causavam ferimentos graves ao adentrar a carne dos lobos. Sorte tinham os vampiros, já que prata não lhes causa nem cócegas e, é nesse momento que os lobos daquele grupo se perguntaram como os irmãos conseguem se transformarem tanto em lobos quanto em vampiros. Há um mistério que os ronda e, dentro em breve, vou lhes contar. Quando um dos lobos parara para retirar as facas, já que eram alvejados com mira laser também - o mesmo tipo de arma usada pela polícia local- por vezes ouvia-se o estouro e o pó no ar das granadas de nitrato de prata e/ou o zumbido do lança-chamas que deixava o ar quente e fétido com a carbonização de árvores, pelos, peles, ossos, cabelos e sangue queimados, e isso acontecia até para com os vampiros.

Quatro lobos de pelagem escura vinham a correr por entre uma vegetação alta e espessa, suas patas arrancando terra e pasto e em seu encalço um grupo de cinco homens atirando sem parar, mas para sorte dos lobos até agora só sofreram arranhões.De repente os homens sumiram do nada e os lobos trocaram aquele olhar desconfiado ao olharem para trás de si, e nesse descuido, quando seus olhos voltaram a frente os cinco homens surgiram como fantasmas.

Um deles cravou uma faca direto no coração de um dos lobos que cambaleou e aí fora alvejado por balas de prata. Outro lobo que conseguiu desviar de dois homens fora pego em cheio por um lançachamas.

Lucian voltara a forma só depois de ter certeza de que conseguira despistar os ‘carniceiros’, mas ao olhar para trás sentiu o fio de uma navalha cruzar a centímetros de sua bochecha – fora um erropensou e correu transformando-se , mas antes de sequer completar a transformação sentiu uma ferroada nas costas, e isso retrocedeu a transformação.

Droga!

Lucas também havia voltado a forma humana, mas para sua sorte ou azar, acabou caindo num barranco e saiu rolando, batendo em pedras, galhos e espinhos – ele tentou se segurar em algo, até usou de suas garras para cravar na terra, mas nada adiantou, só parou á beira de um rio num baque surdo entre duas rochas.

-Poxa!- exclamou surpreendido ao olhar de relance por sobre as duas pedras ao ver o quanto mais sua queda seria longa e dolorosa.

Lucian continuava correndo- e sentia passos lhe seguindo- e um cansaço incomum o abraçava, fazendo-o cambalear - tinha de haver algo naquela prata que atingiu seu sistema nervoso pois também estava com ânsias de vômito-então mesmo contra seu orgulho de vampiro, trocou seu olhar de vampiro para o de lobo, mas isso recordou lembranças desagradáveis.

Todo aquele tempo sumido teve uma explicação, ele e seu irmão Lucas foram capturados e feitos de cobaia para experimento dolorosos e brutais na sua carne e na sua alma, e desde então, eles passaram a ter os dois genes- lobo e vampiro- e tiveram de aprender na ‘marra’ a lidar com isso.

No momento não podia negar que o lobo em si lhe deixou cheio de energia, mas quando pensou que estava a salvo, um calor infernal caiu sobre suas costas, gritou de dor e fúria e jogou-se no chão para tentar deter as chamas.

Depois de rolar e se enrolar no pasto e na terra, Lucian conseguiu deter as chamas – e mesmo com o ardor das bolhas porulentas estourando sangue, pedaços de sua camisa chamuscada grudada em sua pele destruída, quase só nos ossos- seu olhar de vampiro voltou cheio de raiva e encarou seis homens que o cercaram com metralhadoras de raio laser e lança-chamas.

-O que vamos fazer com ele?perguntou um dos soldados, obviamente, era o líder por sua postura. - Isca disse para matar a todos, mas que devemos conhecer as fraquezas do inimigo, então...

-Então esse ai vai ser uma ótima cobaia – completou o outro soldado sorrindo para os demais.

-Não serei brinquedo de vocês! -vociferou Lucian que mesmo tão debilitado avançou contra os soldados, mas estava tão fraco e machucado que um empurrão bastou para joga-lo ao chão onde pedras e terras adentraram em sua carne sensível fazendo - o gritar humilhado.

Os soldados riram e um deles dissera- então você morremas o momento em que miravam com o dedo no gatilho, alguma coisa voando e arrastou Lucian e o arremessou como uma bola para longe e gritou – corra!- era Lucas e voltara para atacar ou morrer, tentando, salvar o irmão daqueles homens.

Lucian já havia desistido de lutar, pois um vampiro sempre sabe quando desistir, mas então duas mãos o agarraram pelos braços e o arrastara consigo. Era seu irmão, aquele que sempre esteve ao seu lado Corra! - ele gritara, então ambos correram, embora se sentisse um covarde. Ao contrário do que se pensara Lucas, eles não matariam o irmão e sim atirariam tranquilizantes neles.Pois foram o que fizeram consigo e assim o levaram para um lugar estranho, pelo menos foi o que achou ao abrir os olhos, mas os tranquilizantes eram tão fortes que tombara de novo.

Pés com coturnos negros vinham por um corredor longo, e conforme cruzava pelas luzes tênues, viase um uniforme de guerrilheiro e no rosto uma expressão autoritária e ríspida. Isca havia sido chamado do escritório anexo ao laboratório - para sua sorte,

Asdria já estava dormindo- só de pensar em explicações já tinha dores de cabeça. Mas ao passar por um dos laboratórios com imensas janelas, médicos de jaleco vermelho - sim, vermelho para evitar que manchem com o sangue das cobaias- e o que há de mais moderno em aparelhagem hospitalar, vira um rapaz sendo removido para uma maca e ser amarrado com correntes de prata nos pulsos, tornozelos, garganta, testa, abdômen e joelhos.

-E então, o que trouxeram para mim? - perguntou Isca já sentandose a mesa, olhando seus homens a sua frente.

- Ficamos sabendo por meio de nossos espiões que um grupo de lobos liderados por dois vampiros...

- Espere aí - Isca os interrompeu –que história é essa de vampiros liderando lobos?

-Aparentemente, eles foram cobaias nossas no teste experimental do DroPaCem – respondeu um dos soldados que estava mais ao fundo da sala. Isso é bem interessante. Continue.

-Eles foram até a delegacia resgatar três lobos, então fomos até lá e os seguimos pela floresta.

-Matamos vários - continuou outro-somente cinco Conseguiram escapar, e este – o soldado apontou um botão grande na parede atrás de si e um imenso vidro surgiu e, pouco a pouco, o G5 subiu e uma sala de laboratório surgiu-aquele rapaz fora uma de nossas cobaias da droga – o tal rapaz estava coberto por aparelhos e tomando várias injeções.

-Muito bom – elogiou Isca, os soldados assentiram – agora precisamos de um lobo e um vampiro, na primeira chance, peguem-nos.

Os soldados assentiram e saíram da sala.

- Vou destruir um por um – murmurou Isca ao tamborilar os dedos uns contra os outros.

Os dias já estavam se tornando repetitivos, principalmente para Soraia e sua mãe, a impressão que todos tinham é de que quanto mais perto de casa eles se aproximavam, mais longe ela se tornava. Por sorte já ficara para trás a longínqua e cansativa floresta, pois seguiam por um caminho de pedras tomado por folhas secas das próprias árvores que o vento trouxera. Soraia estava abraçada a Augusto que tinha um braço envolto em sua cintura e o outro no bolso da calça. Amy e Marcus também estavam bem juntinhos.

Dois protetores, Caio e Vandressa iam a frente do grupo; Ezequiel e Lucius iam atrás-olhos atentos a qualquer movimento suspeito até nas folhas – Katrina ia junto a Lavínia ao lado de Augusto.

Raios de sol do amanhecer por entre as copas das árvores e quando alcançavam o chão parecia até que o mesmo estava em chamas.

-Por Deus, chegamos! - exultou Amy com um amplo sorriso que todos compartilharam ao ver o asfalto da cidade, mas o mesmo murchou ao verem um grupo de policiais bem armados lhes encarando de forma hostil.

-Será que vamos ter algum problema para retornarmos a cidade? -perguntou Lavínia desanimando, pois ela bem sabe o quanto todos estavam loucos por um bom banho.

-Se tivermos qualquer problema, eu ligarei para o delegado – informou Augusto preocupado ao ver os policiais com as armas em punho e o dedo no gatilho. Augusto preocupado ao ver os policiais com as armas em punho e o dedo no gatilho.

-E o que ele poderá fazer, isso se ele quiser – desconfiou Marcus

. -Ele me ligou pedindo ajuda, eu a ofereci, mas se ele recusar, bom, aí vamos nos estranhar.

-E se eles se recusarem? -perguntou Soraia apontando o queixo para os policiais que estavam cada vez mais próximos com caras nada boas. Então o delegado receberá partes de seus homens pelo correio – decretou.

O momento chegou, mas ao contrário do que pensavam, um dos policiais apenas lhes dissera- o delegado Sergio nos informou sobre vocês - e lhes deu passagem com um gesto das mãos.

As garotas sorriram e tomaram a frente, já os homens ficaram um pouco desconfiados, mas seguiram as garotas, sempre olhando para as armas e qualquer movimento ofensivo.

Algum tempo depois de Marcus e Amy já estarem nos braços afetuosos de André e Valéria, pois mesmo o ‘genro’ sendo o que é já demonstrara diversas vezes que por Amy daria a própria vida. Os protetores também ganharam um lugar na casa e na vida deles. Ezequiel se despediu de todos e deixou Augusto com Soraia e Katrina e seguiu para a floresta onde o levaria para o acampamento.

-Mãe, a senhora se importar de entrar sem mim, eu quero conversar um pouco com Augusto.

-Claro que não - mas antes de entrar, abraçou Augusto que, claro, não esperava por isso – muito obrigado por salvar não só Soraia, mas a mim também - sussurrou e após entrou.

-E então, o que você quer conversar comigo?

-Dentre tantas coisas, quero te dizer- eu te amoSoraia nunca foi de ser tão expressiva em relação a seus sentimentos, mas sempre foi intensa ao sentilos. E agora tinha plena convicção e conforto para repetir – eu te amo, meu lobo cabeça dura.

Augusto sorriu cheio de felicidade, pegou suas mãos e as colocou sobre seu coração - eu te amo, minha vampira teimosa –e Soraia sentiu seu coração bater tão forte que parecia estar ali na palma de suas mãos. E para selar o momento nada melhor do que um beijo profundo e gostoso carregado de sentimentos.

Uma silhueta se insinuava por entre rochas em posições esquisitas – como uma cobra, só que em pé-então, ossos começaram a estalar e a respiração sufocada por gritos que assustavam até os pássaros. Lucian estava ‘concertando’ seus ossos quebrados e/ou lascados pelos baques nas rochas da cachoeira. Aquela cena não lhe saia da cabeça - seu irmão e as mortes que ocorreu lá - e o pior é que não sabia a quem recorreria, afinal cada um que pensava era menos improvável que o outro.

Pela primeira vez em muito tempo, Lucian olhou para o céu e rezou a Deus por uma luz, afinal, para o bem ou para o mal somos todos filhos dEle. Então, um nome surgiu em sua mente sendo denominada em tv’s e outros meios de comunicação como uma vampira cruel e maliciosa.

Lucian sorriu, pegou sua camiseta que havia retirado para ver melhor os ossos quebrados e hematomas, e partiu em direção a cidade.

A frente da casa é bem chamativa em tons de vermelho e dourado, portas e janelas em bronze, a porta principal está aberta e um pequeno corredor se mostra e abre espaço para um belíssimo hall de cerâmica em vinho e rosa e as pilastras que sustentam o segundo andar são em forma de anjos.

A escadaria é bifurcada e o teto arredondado, mas o que interessa é o som de uma televisão que vinha da cozinha, e assim que a porta da mesma fora aberta uma bela cozinha com tudo de última geração se mostrou, bem como a mulher escorada a mesa de granito no centro da cozinha com os braços cruzados, atenta a tela da tv á parede onde uma garota chamada Maya a qual uma foto era mostrada no canto direito da tela.

-Pobre menina- murmurou a mulher – o que aconteceu com você?

-Algo maravilhoso- respondera uma voz ás suas costas.

Rapidamente a mulher virou-se, sua expressão era de susto e pena ao ver Maya a sua frente com um sorriso diabólico. A mulher devia ter mais ou menos 40 anos, pequena e vestia um short jeans e camiseta larga. Seu nome é Vera e mãe de Verônica.

-Maya, o que fizeram com você?- perguntou zelosa como toda mãe, embora não o fosse de Maya, mas sempre a quisera como tal.

-Me deram uma nova vida –respondera com olhos e presas prontas para atacar.

-Ás custas da vida de seus pais?! -exaltou-se Vera e ao fazer isso, Maya rosnou de raiva.

-Quem é você para falar dos meus pais?! -ela avançou para cima de Vera que recuou temerosa com o olhar recebido.

Maya sorriu do pavor nos olhos de Vera.

-Por quê?

-Porque eu posso – vangloriou-se-eu imponho meus limites.

Vera só conseguiu ver um borrão mover-se, pois no instante seguinte fora jogada contra a porta da geladeira que afundou para dentro com o impacto.

Verônica que estava em seu quarto, em frente ao espelho arrumando seu brinco de argolas, ouviu o barulho no andar de baixo e seu coração apertouse, e um nome veio a sua boca – Maya -então correu para lá.

Maya dirigiu-se como um leão a presa, seus olhos fixos em Vera semiconsciente. Maya ouviu os passos apressados de Verônica na escada – sua filhinha está vindo – dissera ao levar sua mão ao pescoço de Vera que resfolegou com o aperto ao levanta-la – que tal fazer algo de útil por ela?

Vera arregalou os olhos.

-Sua vida pela vida da sua filha? -então mostrou suas presas,

Vera arregalou os olhos, e as levou ao pescoço de veias pulsantes, mas...

-Maya! Não faça isso!

Verônica adentrou a cozinha; Maya rolou os olhos e soltou Vera que abraçou a filha já ao seu lado, enquanto Maya afastou-se.

-Saia da minha casa, Maya –ordenou Vera por puro instinto materno colocar-se á frente da filha que implorou com os olhos fixos em Maya.

Maya cruzou os braços, mas optou por sair assim mesmo. Por enquanto...

Pode parecer estranho, principalmente, para Isca que de última hora resolveu sait para almoçar com a filha em um restaurante, mas não esperavam encontrar certas pessoas por lá.

O restaurante ficava no centro de Lacrimal city em frente ao Teatro D’Lune. Sua fachada era toda espelhada e o nome Dolce Gusto era marchetado em uma coluna de vidro de ambos os lados.

O requinte era evidente na decoração moderna, nas mesas de vidro redondas cobertas por toalhas de renda vinho, bem como o assento das cadeiras de metal. As poucas janelas encontram-se cobertas por cortinas de cetim chocolate como o piso e o teto com lustres de gotas.

Um garçom muito bem vestido e educado acompanhou Asdria e Isca até uma das mesas ao canto onde ,por coincidência, ao lado encontramse Sergio, Malvina, Gabriel e Sofia conversando.

-O que desejam? - perguntou o garçom, então ambos fizeram o pedido e ele retirou-se. Enquanto esperava, Isca aproveitou para avaliar discretamente a mulher do vizinho – no caso, Malvina – estatura mediana, generosa em curvas, cabelos negros e ondulados a altura das costelas e quando ela o olhou rapidamente, não pôde deixar de notar os lábios generosos e os belos olhos verdes cheios de determinação.

O garçom trouxe os pedidos, mas depois que ele retirouse, Isca continuou sua avaliação disfarçada. Asdria entre uma garfada e outra percebia os olhos de seu pai e via que ele olhava para a mulher na mesa ao lado.

-Pai, o senhor perdeu algo na mesa vizinha?

Isca estreitou os olhos.

-Não seja mal educada Asdria –retalhou aos modos da filha que defendeu-se.

-Só estou curiosa.

-Termine seu almoço e, de preferência, de boca fechada.

Chateada, Asdria deu uma garfada brusca e desnecessária num pedaço de carne e o levou a boca.

-Soube algo de sua sobrinha e companhia? - perguntou Sofia com curiosidade exagerada, pois desde que descobrira que vampiros faziam parte da família de Malvina, bem, ela própria tinha sangue de vampiro só que adormecido, e que lobos adentraram na família, ela passara a ser fã do que podia e já acontecera com eles.

-Falei com ela agora a pouco -disse ao dar um bom gole em seu suco de uva bem forte como gostava – e já estão todos em casa.

-E como estão? - Sergio no início não gostara de Soraia, e muito menos do lobo que vieram junto, mas com o tempo aprendera a respeita-los. E agora queria até saber como estavam. -Exaustos e felizes. Sorriram um para o outro.

-Delegado Sergio, eu... -Pelo amor de Deus, Gabriel, você namora minha filha e estamos almoçando juntos, não precisa ser tão formal...só não me chame de sogro – brincou e todos riram.

-Posso lhe pedir algo?

Sergio consentiu.

-Quando o senhor for ao acampamento dos lobos, eu...posso ir junto?

Malvina e Sergio se entreolharam espantados, pois todos queriam ficar longe daquele acampamento, e agora eis que aparecia um que queria ir para lá.

-Pai, se o Gabriel for, já aviso, quero ir junto.

-Vai se eu deixar e, já aviso, a resposta é não. Sofia bufou e trocou olhares com Gabriel, que disfarçou e olhou para Malvina, em busca de ajuda, mas olhou para Sergio que voltou a encarar Gabriel e assim prosseguiu.

-Como sempre, eu resolvo os pepinos. Sergio suspirou de alívio e fixou os olhos nos belos olhos verdes de Malvina, que cada vez mais ele se interessava.

-Eu estou pensando em ir visitar minha irmã, se você deixar, Sergio -o encarou com apelo por Sofia que também lhe implorava com os olhos, afinal se não podia estar entre lobos, ao menos estaria entre vampiras - Sofia podia ir comigo, enquanto você e Gabriel vão ao acampamento.

-Como é difícil dizer não pra duas mulheres – elas trocaram sorrisos e olhares.

-Pra uma já é difícil - declarou Gabriel ao dar um gole em seu suco e olhar de soslaio para Sofia que queria mata-lo, neste instante somente, com os olhos.

Sentado no banco de uma pracinha, bem longe do acampamento, cercado por eucaliptos cujo as folhas se estendiam por um corredor. Mesas redondas de pedra com grandes bancos com encosto, Thiago abraçado as pernas, queixo apoiado nos braços e olhos perdidos ao nada. Desde que ouvira aquela bendita conversa entre Sheila e Miranda, se embrenhara na mata e correra sem rumo até achar essa praça. A cada vez que fechava os olhos via o rosto de Miranda a sua frente, seu sorriso, seus olhos, quando tocou seus lábios podia até sentir o gosto dos dela.

-Miranda – murmurou.

-Não, Leticia – murmurou uma voz ás suas costas, assustando-o a ponto dele se ‘armar’, levantar do banco e quase atacar Leticia.

-Me desculpa – Leticia armou-se, afinal se ele fosse ataca-la, ah, ela iria se defender.

-Caramba, Leticia, eu poderia ter te matado – alertou Thiago ao voltar a sua forma humana e sentar-se novamente.

-Acredite, não seria tão fácil -ele riu- mas como você se deixa distrair, pois pelo que sei, nenhum vampiro se deixa ser pego de surpresa.

-Você tem razão, mas é que meu dia começou horrível - contou ao virar-se de frente para Leticia que já estava a seu lado.

-Acerto em dizer que o motivo se chama Miranda – palpitou.

Thiago precisava desabafar, afinal vampiros também tem sentimentos, embora muitos os mantenham só pra si. Talvez fizesse errado contar para Leticia, mas depois que começou sentiu um alívio indescritível.

-E agora me sinto inútil, pois não sei como salvala.

-Pelo que você me disse, não há como.

Thiago num rompante levantou-se irritado - não deram escolha a ela! Leticia também levantou-se e saiu em defesa de Soraia.

-E você acha que perguntaram para Soraia se ela queria ser vampira?! Perder um bebê que quase a matou?! Perder o pai e quase a mãe dela?!

-Olha, Leticia, você não sabe... -Olha aqui você, Thiago, eu posso não saber de nada – ficou olho no olho com Thiago que admitiu – ela tem coragem- de nada, mas uma coisa eu te digo, Soraia não abandona ninguém. Ninguém!

-Já chega!

-Sim, chega. Chega de ficar se culpando - Leticia agarrou os bíceps [de Thiago, querendo ou não, eram bem fortes – chega de colocar a culpa nos outros. Apenas para e aproveite cada minuto com Miranda como se fosse o último, pois você querendo ou não, ele vai chegar e você terá apenas de aceitá-lo.

-Mas eu não quero –e chorou, Leticia percebeu que ele tentara esconder as lágrimas, sufoca-las, mas elas a venceram.

- Eu a amo –revelou – Leticia o abraçou como a um garotinho assustado – e nada vai matar esse amor – confortou-o ao acarinhar seus cabelos.

Depois de muito abraçar, beijar, apertar e acarinhar, Sheila finalmente soltou Augusto que fora tomar um banho e cair na cama num sono merecido.

Sheila ainda sorria para o filho adormecido, agradecendo a Deus e a Sara Kali( a padroeira do povo cigano) pelo filho ter voltado para os seus braços inteiro, mas seu sorriso desapareceu ao ver Miranda andar de um lado para o outro perguntando alguma coisa tanto para os lobos quanto para os vampiros com expressão preocupada.

-Miranda, por que essa carinha? -perguntou Sheila assim que ela veio ao seu encontro e se jogou em seus braços.

-Thiago não está em lugar algum.

-Já pedi para um lobo e um vampiro tentar rastreálo, mas nenhum dos dois o sentiu por quilômetros.

-E o que você teme? - Sheila secou as lágrimas com a ponta de seus dedos – ele é um vampiro sensato, diferente de muitos que eu conheço, que procuram o perigo.

Miranda encarou Sheila que em seus olhos pôde ver toda a preocupação e confusão de seus sentimentos.

-Tenho medo de que Thiago tenha ouvido nossa conversa e tenha feito uma loucura.

-Que tipo de loucura?

Miranda tentou afastar-se de Sheila, fugir do assunto, mas é claro que ela não deixou.

-Miranda - Sheila agarrou seu braço e a trouxe de volta- que tipo de loucura Thiago poderia quere fazer?

Miranda suspirou.

-Eu já toquei nesse assunto com ele - e? - ele culpa Soraia. Eu tenho medo de que ele vá atrás dela e para se defender...Soraia acabe matando ele e... - Ou eu o farei – rosnou uma voz detrás de Sheila, e quando Miranda espiou por cima do ombro de Sheila viu o brilho da raiva nos olhos do Augusto.

-Augusto, não o culpe por quere me ter do lado dele – falou cada vez mais arrasada com a situação.

-Então que ele não culpe Soraia por algo que o destino assim o quis – ele aproximou-se de Miranda e a encarou olho no olho – porque, se ele atacar Soraia, e ela por amizade a você não se defender, eu o farei por ela.

-Augusto, por favor – Sheila tentou deter as palavras do filho, mas ele estava irredutível. Tenha certeza, Miranda, se Thiago atacar Soraia eu o mato – e deu de ombros saindo dali. Pobre Miranda, caiu de joelhos e em lágrimas.

-Oh, Miranda, minha menina –Sheila também ficou de joelhos e a abraçou.

Augusto fora muito cruel com Miranda, mas entendia ambos os rapazes por quererem defender aquelas a quem amam, mas, as vezes, as palavras podem e são mais cruéis do que gestos.

Joss e Leonel após toda aquela confusão com os lobos resolveram, á pedido de Leonel, subir para a torre do relógio, e abraçados, admirar a cidade de Londres e para encher os seus olhos os primeiros raios de sol brincavam no horizonte, mas Joss percebera o pensamento distante do namorado no seu olhar lindo, mas perdido.

-O que você quer por seus pensamentos? - gracejou Joss abraçada e acarinhada pelos braços de Leonel, ambos em pé, ao pé do ponteiro do relógio dos minutos que marcava 06:25 da manhã.

Leonel sorriu malicioso.

-O que você tem para me dar?

-Corpo e alma – respondera seriamente o que quebrou o clima.

Calmamente, Leonel levou sua mão a lateral do rosto de Joss que sentiu o calor em seu olhar, e apaixonadamente seus lábios se colaram aos dela.

Um beijo não vai me fazer desistir de saber o que você está pensando–afirmou, e ele meneou a cabeça - eu suspeitava. -Pode me falar, a menos que seja doloroso para você.

-É por isso que eu te amo.

-Você me ama é?

-Você tem dúvidas? - Leonel acariciava o seu rosto; ela sorria.

-Por que você nunca me disse? -choramingou.

-Falha minha – concordou- mas eu vou resolver isso – prometeu ao fazer um truque de mágica: ele pegou sua mão esquerda com a palma virada para cima, seus olhos encontraram os de Joss curiosos, passou sua mão direita da direita para a esquerda e quando fez o reverso, uma rosa vermelha surgiu ali. Joss ficou boquiaberta,

Leonel pegou a rosa e passou as pétalas da mesma nos lábios de Joss – eu te amo – repetiu e a beijou, enlaçou sua cintura e a colou ao seu corpo e aprofundou o beijo enquanto o cheiro da rosa os abraçava no ar.

-Demorou, mas eu aceito seu pedido de desculpas – gracejou ao pegar sua mão e sentir o aroma intenso seu.

Leonel franziu o cenho e Joss riu.

-E só pra constar, eu também amo você.

Ele riu, mas de repente, seu sorriso desapareceu, e sem querer, em um momento há muito tempo esquecido á respeito de sua família surgiu em sua mente: sua mãe o tinha em seu colo, bem junto de seu corpo, recebendo carinho, bem como seu irmão no colo de seu pai. Todos riam em volta de uma fogueira junto a outros lobos ciganos cantando e dançando musicas tradicionais.

-Leonel – a voz de Joss o tirou do transe –o que foi? -Você se perdeu em pensamentos de novo. Você pareceu estar sonhando, só que de olhos abertos. Não era um sonho, eram apenas lembranças que insistiam em me torturar.

Joss sabia do que se tratavam essas lembranças e também sabia que tocar nesse assunto o machuca, mas assim mesmo o fez mesmo que também a machucasse. Por que você não os procura?

-De quem você está falando? - disfarçou, pois ele bem sabia de quem Joss falava. Pra mim você não precisa fingir, e bem sabe que não adianta.

Leonel suspirou em desalento e desabafou com a única pessoa que poderia entender o que sentia. A saudade me mata um pouquinho a cada dia, só de pensar em receber o carinho da minha mãe, é como se uma faca se enterrasse em meu coração, mas quando penso em meu irmão - um brilho de saudade e raiva brilhou em seus olhos, e para disfarçar dera de ombros á Joss, mas ela era tanto ou mais teimosa do que ele, então pegou seu braço e o levou para si novamente.

-Eu conheço a história Leonel, e você e o seu irmão a iniciaram juntos e só vocês dois poderão finaliza-la.

No fundo de seu coração, Leonel sabia que Joss tinha razão, mas o orgulho do lobo impedia a razão do homem de fazer a escolha certa.

-Leonel, quem te governa? O lobo ou o homem? Oi dois fazem parte de mim! -esbravejou ao gesticular com as mãos e começar a caminhar de um lado para o outro e esfregar o rosto e passalas pelos cabelos.

Joss meneou a cabeça.

-Você é orgulhoso demais para admitir que esse medo que você diz não sentir, é o que te impede. Eu sou um lobo! Eu não tenho medo de... -Então prove – Joss aproximou-se dele e o fez parar e encara-la –prove ao ir comigo para Lacrimal city, porque cabe a você dar o primeiro passo para estar com a sua mãe.

Leonel suspirou.

-Está bem, sua teimosa, nós vamos para Lacrimal city. Joss sorriu - olha só quem fala de teimosia –e ambos riram e se abraçaram de novo, e ele sussurrou em seu ouvido- obrigado.

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