CAPÍTULO 3
Sim, isso mesmo, se não tiver nenhum problema. — falou Eleonora já sentindo-se eufórica.
— Olha senhorita Turner, nós temos, mas e sua família, vai permitir isso? — vejo que a senhorita é tão jovem. — disse a senhora olhando-a com apreço.
— Eu não tenho família! — falou abaixando o olhar para as mãos entrelaçadas sobre o colo. — meus pais já são falecidos, eu sou sozinha. — disse Eleonora baixando os olhos se entristecendo ao lembrar-se dos pais.
— Eu sinto muito, quantos anos tens?
— Vinte um, senhora, minha mãe já tem três anos de falecida e meu pai há pouco mais de um ano e meio, de lá pra cá, sou sozinha.
— Certo, então, a senhorita pode ocupar um dos dormitórios na área dos funcionários! No entanto, não permitimos visitas e nem arruaças.
— Por mim tudo bem, não sou de bagunça e nem tenho amigos, só tenho uma amiga que é a prima de sua amiga que me indicou.
— Ok, então, está tudo acertado entre nós. — disse a senhora levantando-se e esticando o braço para apertar a mão de Eleonora já de pé a sua frente.
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Naquele mesmo dia, Eleonora começou como assistente nas aulas de uma pequena turma acompanhada de uma supervisora, que observava cada um de seus gestos, mas que no final tudo deu certo, a supervisora ficou bastante impressionada com tudo que viu Eleonora aplicar nas aulas naquele dia assim como nos seguintes.
O mês passou e a supervisora terminou de avaliar Eleonora ficando bem satisfeita com tudo que presenciou, passando um relatório satisfatório para a senhora Filin, que com o que já tinha visto, foi o suficiente para contratá-la oficialmente Eleonora na escola. Como já estava instalada em um alojamento, Eleonora permitiu que uma família de quatro pessoas morassem em sua casa, a qual lhe davam uma quantia não muito alta, mas que servia para guardar para uma emergência.
Dois anos passaram.
Eleonora estava se dando muito bem na escola, tanto ensinava como também aprendia muito, diante daquelas moças mimadas e rebeldes, ela pode ver, como ela era antigamente quando junto a sua antiga turma se comportavam do mesmo jeito no colégio onde frequentou.
Uma tarde, Eleonora foi chamada pela a senhora Filin, para comparecer a secretária, quando chegou, bateu na porta, logo ouviu a voz da senhora mandando-a que entrasse, ela adentrou deparando-se com uma das suas alunas que tinha aprontado em sua aula no dia anterior, fazendo arruaças, e instigando outras alunas também a desafiar Eleonora.
— Boa tarde, senhora Filin, a senhora deseja falar comigo? — perguntou Eleonora assim que adentrou na sala. Olhando para a jovem sentada à frente da senhora, Eleonora faz um leve gesto com a cabeça em cumprimento.
A senhora Filin logo respondeu seu cumprimento, já a moça não falou nada nem tão pouco a saudou, simplesmente desviou seu olhar. A senhora então olhando para Eleonora, começou a falar.
— Senhorita Torne, essa e a senhorita Buarque, ela está aqui fazendo uma acusação muito séria a seu respeito.
— E mesmo senhora, me desculpe por não trazer o assunto para senhora, eu conversei com elas e algumas até prometeram que não iria se repetir, então não vi necessidade de lhe trazer um problema tão pequeno.
— Do que a senhorita está falando? Há outros problemas no qual a senhorita Buarque esteja envolvida? — perguntou a senhora olhando surpresa de uma para outra.
— Senhora Filin, por qual motivo a senhora chamou-me? Perguntou Eleonora vendo que a senhora não estava ciente do acontecido no dia anterior em sua sala.
— Senhorita Torne, a senhorita Buarque, está lhe acusando de ter entrado no seu aposento e furtado um colar de pérolas.
— O que?! Como assim, eu jamais faria isso! E além do mais nesses dois anos trabalhando aqui eu nunca ultrapassei os limites estipulados no meu contrato, jamais fui a ala dos aposentos das alunas! A senhora pode confirmar com as zeladoras. — afirmou Eleonora, confiante.
— Sim, senhorita Torne, eu já fiz isso, e nesse exato momento eu ordenei uma busca ao seu aposento para ver se encontram o colar da senhorita Buarque.
— O que?! Então, a senhora acreditou que eu realmente peguei o colar?
— Senhorita Torne, eu prefiro aguardar o andamento da busca. — falou a senhora olhando-a séria. — Pois mesmo que ela não quisesse acreditar naquela possibilidade, tinha que levar aquele assunto até o fim para assim saber o que estava acontecendo ali em sua escola.
De pé com as mão suando de nervosa, Eleonora sentiu-se muito triste pelo que estava passando, pois em toda sua vida nunca colocou as mãos no que não lhe pertencia, mas não tinha outro jeito a não ser esperar se iriam ou não encontrarem o tal color em seu aposento, pois mesmo que tivesse certeza de não ter pego, algo lhe dizia que aquela moça astuta, não iria procurar a diretora sem ter arquitetado algo contra ela. Ser acusado por uma coisa que realmente não fez, era algo ilógico. E ainda por cima por uma aluna mau caráter como aquela garota, que desde que chegou estava empenhada em virar a paz daquele lugar em um desassossego, tanto nas salas de aulas como nos dormitórios das outras alunas.
Uns minutos depois, elas ouviram batidas na porta.
— Entre! — disse a senhora Filin, as duas zeladoras uma senhora já de idade que todas as alunas achavam severa e intransigente e uma mais nova, recém contratada que era o posto da primeira, entraram, a mais velha carregava um embrulho nas mãos que logo ao se aproximar em passos largos entregou a senhora Filin, que depois de assentir com a cabeça em agradecimento, olhou para Eleonora e a senhorita Buarque. Em seguida abriu o lenço de rosto, azul celeste de cetim, no qual Eleonora logo que colocou os olhos no embrulho reconheceu o lenço como seu.
A senhora Filin, abriu o lenço na palma de sua mão, onde todos presentes se depararam com o colar de pérolas no qual a senhorita Buarque havia descrito antes. Eleonora ficou olhando para o objeto atordoada, pois ela nunca tinha visto aquele colar em sua vida. A senhora Filin esticou a mão que estava segurando o colar na direção da senhorita Buarque e perguntou-lhe.
— É esse o colar que sumiu do seu aposento? — ela sabia que a jovem iria afirmar é claro, mas era preciso dar-lhes corda, para dar continuidade em seu raciocínio.
Olhando seriamente para o colar nas mãos da senhora Filin, sem pestanejar a senhorita Buarque, olhou confiante para a senhora a sua frente e respondeu:
— Sim, é ele mesmo! Eu não disse que ela tinha roubado do meu aposento.
— Calma senhorita Buarque, nós não temos prova se realmente foi ela que furtou essa joia, nós vamos ter que chamar a polícia para fazer uma investigação mais aprofundada, e todos vamos ter que colaborar, inclusive a senhorita e às zeladoras que estavam de serviço esses dois dias, tanto da noite como do dia, naquele momento a zeladora que falou e afirmou que viu Eleonora passar para os aposentos da senhorita Buarque, logo se demonstrou inquieta e a senhora Filin percebeu que ela estava mentindo, a senhora Filin colocou o colar na gaveta da sua escrivaninha trancando com uma grande chave e ordenou que todos saíssem menos as três envolvidas naquele assunto, que eram, a senhorita Eleonora, a zeladora mais nova e a senhorita Buarque:
— Eu quero falar com cada um de vocês. — disse a senhora Filin olhando com firmeza para cada uma delas.