CAPÍTULO 2
No segundo andar estão localizados os escritórios da diretora Filin e dos administradores. Já no terceiro e último, são as salas de estudos de comportamento, nos fundos tem dois prédios que são os dormitórios das alunas, e do lado, o refeitório e os dormitórios das professoras e seguranças noturno que é a área de descanso deles.
— Hum, entendi. — disse Eleonora seguindo para abrir mais uma janela.
Enquanto elas abriam as janelas alguns funcionários começaram a chegarem.
— Bom dia! — cumprimentavam todos que passavam por elas, sendo respondidos no mesmo instante pelas duas que também os cumprimentavam com bom dia.
— Mas me fales, senhorita Eleonora, o que realmente estás a fazer aqui? — quis saber Carlota com curiosidade.
— Bom, eu estou procurando um meio de ganhar uma remuneração mensal urgentemente, e uma amiga disse-me que eu tenho capacidade de ensinar o que aprendi a minha vida toda com a minha mãe, tipo, boas maneiras, sei tocar piano, comportar-me à mesa como também à frente das altas sociedades, essas coisas que uma moça precisa aprender para ser capaz de encontrar um marido adequado ao gosto dos seus pais.
— Hum, então a senhorita teve sua própria professora particular que foi vossa mãe?
— Sim, eu tive! — falou Eleonora com pesar.
— Que privilégio, hein!
— Sim! Ela foi bem criada pela mãe e avó e passou-me tudo que aprendeu a vida toda.
— Mas, senhorita Eleonora, por que a senhorita ainda não casou-se?
— Eu não quero casar-me!
— NÃO?! Como assim? — falou Carlota olhando para Eleonora com espanto.
— Eu não sei, só não quero! — disse Eleonora dando de ombro.
— Ou a senhorita ainda não encontrou a pessoa certa, ou ninguém que mexesse de verdade com a senhorita?.
— E pode ser, e a senhorita é casada? — perguntou Eleonora.
— Sim, mas me afastei do meu esposo, por não aguentar mais os maus tratos dele, eu fugi de casa no meio da noite o casamento não deu certo para mim. — disse torcendo os lábios.
— Nossa, eu sinto muito! A senhorita parece ser tão nova para já ter passado por um casamento que não deu certo.
— Não sinta, ele era um verdadeiro carrasco, um filhinho da mamãe mimado, além de me espancar, também deixava a vossa mãe judiar-me, até que tomei coragem e fugir, logo em seguida conheci a senhora Filin que visitava a cidade, a senhora me viu perambulando pela rua suja, fraca e com fome, e parou para oferecer-me ajuda, e logo que contei o porquê do meu sofrimento, ela perguntou se eu queria vir com ela para sua cidade, claro que concordei de imediato, durante a viagem ela conversou muito comigo, abriu meus olhos, aconselhou-me não ser submissa a homens como meu esposo que depois do casados acham-se nossos donos e que podem fazerem o que bem entendem com as esposas.
E assim um tempo depois que já estava aqui e me sentia forte, a senhora Filin me deu um cargo de ajudante na cozinha, mas quando ela descobriu que eu sabia ler e escrever e como estavam precisando de uma pessoas na recepção, ela colocou-me, então eu comecei a exercer a função, no entanto, evito sair por aí com medo de algum conhecido da família do meu esposo me ver e reconhecer-me. Que graça a Deus já tem três anos que estou aqui vivendo praticamente escondida deles, mas vamos esquecer isso, pois não vale a pena falarmos daquelas pessoas que quero esquecer para sempre.
— E a senhorita, não pensa em casar-se de novo? — perguntou Eleonora.
— Se eu encontrar uma pessoa boa que me mereça, eu darei-me mais uma chance, mas nem sei como vou fazer para fazê-lo entender minha situação. — disse Carlota cabisbaixa.
— Bom dia, senhorita Carlota. — disse uma senhora parando diante delas.
— Oi, bom dia senhora Filin, essa senhorita está lhe esperando.
— Sim, você é a…
— Bom dia, senhora, sou Eleonora Torne.
— Ah, sim, venha comigo. — disse a senhora seguindo para a escada.
Antes de Eleonora subir os primeiros degraus, olhou para Carlota e piscou — Carlota piscou de volta e falou sem som:
“Boa sorte!”
Eleonora também falou sem som:
“Obrigada!”
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Já na sala da senhora Filin, depois que entraram a senhora logo mandou que Eleonora sentasse, enquanto seguiu na direção de uma grande janela abrindo-a deixando o Sol adentrar, clareando e arejando todo o cômodo, em seguida a senhora sentou-se em sua confortável cadeira atrás de uma grande mesa de madeira maciça escura, olhando para Eleonora, falou:
— Então, senhorita Torne, em que posso lhe ajudar? — perguntou a senhora observando cada detalhe nos gestos da jovem sentada à sua frente. Aprumando-se melhor no assento, Eleonora começou a falar fluentemente com a voz firme pois queria passar uma boa impressão à senhora.
— Senhora, eu estou precisando muito de uma remuneração mensal, e não sei se a senhora já foi informada sobre minhas capacidades, mas minha amiga que incentivou-me vir até aqui disse-me que sou capaz de passar tudo que aprendi minha vida toda com a minha mãe que assim como eu, também aprendeu com minha avó e bisavó, mas a senhora pode ficar a vontade em fazer uma avaliação para certificar-se se sou mesmo capacitada.
— Certo. — disse a senhora observando-a com atenção.
— Senhorita Torne, desde que pousei meus olhos na senhorita, já estou fazendo essas avaliações, o seu comportamento, o jeito de como andar, falar, se expressar e cumprimentar. O momento que a senhorita sentou-se, a sua postura, o tom de voz, sim, nesses pequenos gestos eu já lhes dou uma boa nota, claro que quero fazer uma avaliação melhor, e para isso, a senhorita terá que ficar um período em experiência no qual a senhorita vai estar expondo tudo que sabe acompanhada de uma pessoa altamente preparada para lhes avaliar, tudo bem para a senhorita? — disse a senhora sem tirar os olhos dos de Eleonora.
— Sim, sim senhora, pra mim está perfeito, e com certeza vou procurar dar o meu melhor e se a senhora tiver que me ensinar alguma coisa que eu não sei pode ficar a vontade, eu aprendo rápido e serei muito grata.
— Tá, certo, então quando a senhorita pode começar?
— Hoje mesmo se assim a senhora concordar. — disse Eleonora tentando manter-se calma e não expressar tamanha felicidade na frente da senhora.
— Certo, então, vou pedir que lhes mostrem tudo por aqui, assim a senhorita já fica conhecendo as salas, os dormitórios, os das alunas e uma área que os professores são proibidos de circularem, para preservar a privacidade delas.
— Senhora, eu gostaria de lhe perguntar uma coisa, mas estou envergonhada.
— Então não fique e pergunte-me.
— Bom, é... é que... eu gostaria de saber se a senhora teria um lugar para eu dormir, assim facilitará-me, muito.
— Sim, sem problema, mandarei que vejam um dormitório para a senhorita? E a senhorita pretende ficar direto?