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Capítulo 04

A massagem e a agressividade de Lucas passaram a fazer parte da minha vida, uma semana acariciando corpos nus, uma semana do meu pior pesadelo e meu marido achando normal, todas as vezes que o confronto ele me agride, me humilha e me diminui como mãe, mulher e profissional.

— Eu vou sumir da sua vida, quando você menos esperar eu já não estarei aqui. — eu digo enquanto tomo uma xícara de café antes de ir trabalhar.

— Nem disso você é capaz, você me ama e sabe que eu também te amo, nascemos um para o outro, eu nunca permitirei que você saia da minha vida— Lucas fala em um misto de doçura e acidez que me assombra.

— Ah meu querido, eu não apostaria nisso! — Respondo revirando os olhos e me levanto para sair de casa.

Desde que comecei a trabalhar, meus filhos passam o dia na casa dos avós, Lucas me leva e me busca mesmo eu dizendo que prefiro pedir um Uber ou usar ônibus, hoje ele não disse nada o trajeto todo.

Chego no serviço, a Jady está viajando para atender em outra cidade e meu santo não bateu com o da massagista dessa semana.

— E aí novata, está gostando?— Ela pergunta assim que saio do meu primeiro atendimento.

— Sim! — Respondo simples e passo direto para a copa, não quero interagir com ela.

Felizmente chega um cliente e eu posso ficar na recepção que é muito mais confortável e fresco.

— Luna, por que veio trabalhar aqui? — Vivi pergunta com o mesmo sorriso de sempre.

A pergunta me pegou completamente de surpresa e eu não faço ideia do que dizer, não sei se a verdade seria uma boa ideia.

— Para ajudar em casa, o salário é bom! — Respondo indiferente.

— Hã! E tá gostando? — Ela continua.

— Estou me adaptando! — Respondo e agradeço a Deus por surgir um novo cliente para mim.

Enquanto ele não chega, corro para me arrumar, o assunto estava seguindo um rumo muito desagradável para o meu gosto.

Estou cada vez mais conformada com a situação, tenho trabalhado bastante meu eu interior para excluir as crenças limitantes e assim não ter preconceito com a minha própria profissão.

Embora no início eu acreditasse que era uma prostituição, hoje eu consigo ver que não tem nenhum problema e que é uma massagem terapêutica.

— Nossa trouxeram a mais bela massagista do país para cá, gostei! — Ele diz me fazendo girar no meio do quarto.

— Exagero o seu! — Respondo com um sorriso gentil, contudo me seguro para não revirar os olhos na frente dele.

Sou obrigada a ouvir todo tipo de babaquice masculina, mas sorrio e faço cara de paisagem pois uma reclamação e lá vem problemas, não só com a Samantha, que é a patroa, como com Lucas que fica irritado e agressivo.

Começo fazendo uma massagem relaxante nos pés e pernas, e por ele estar de bruços na cama, aproveito para fazer careta a cada comentário lixo que ele faz.

— Você aceita um extra? — Ele questiona e eu sei que está querendo sexo.

— Não! Eu sou casada, faço apenas a massagem. — Respondo seca.

Quase todas as meninas aceitam fazer um extra com os clientes, que consiste basicamente em transar com o paciente após a massagem, contudo eu não estou incluída nessa lista.

Sigo o atendimento e agora tenho de olhar para o meu cliente enquanto deslizo meu corpo sobre o dele, provocando-lhe sensações peculiares.

— Não seja ruim, não precisa ninguém saber! — Ele insiste beijando meu queixo.

— Não é não, eu não faço nada além da massagem e você entrou ciente disso— Repito em um tom de voz ríspido.

Nessas horas eu sinto ainda mais ódio de Lucas e hoje eu vou dar um fim nisso tudo, assim que eu chegar em casa eu acabo com isso.

— Luna, Luna! — O paciente fala em um tom de voz que me assusta, depois corre sua mão em meu corpo e me deita na cama prendendo-me com suas pernas.

— Eu vou gritar! Me solta agora— Falo me debatendo sob o domínio dele.

— Daqui a pouco eu te solto, agora quero brincar com você! — Ele diz beijando meu pescoço e passando sua mão pelo meu corpo.

Esse sentimento de humilhação me destrói, sinto lágrimas brotarem em meu rosto e uma força anormal aflorar em minha pele, me desvencilho desse maldito e corro para fora do quarto gritando por ajuda.

Vivi corre em minha direção e me enrola a uma toalha, me guia para o quarto de apoio e então vai até o paciente, ouço vozes alteradas e uma pequena confusão, mas não me atrevo a sair lá fora apenas me visto e junto minhas coisas colocando tudo em uma bolsa.

Quando finalmente ele vai embora, Vivi entra no quarto e me abraça, seu silêncio diz muito mais que muitas palavras que ouvi nos últimos dias.

— Eu vou embora e não voltarei nunca mais! — Falo chorando sem tirar meu rosto do seu ombro.

— Nós sabemos que você vai voltar, infelizmente sabemos que sim… — Ela diz alisando meu cabelo.

— Como assim? Do que você está falando? — Pergunto confusa e olhando-a nos olhos.

— Eu sei muito mais do que imagina, e também estou aqui há anos sei exatamente o que esperar de cada um, sei que você é uma boa pessoa e que não deveria estar aqui, mas está e por mais que queira você não vai conseguir se livrar. — Ela diz e me solta.

— Eu vou para casa agora! — Digo firme.

Ela me entrega uma nota alta, abre a porta e me deseja boa sorte, sou pega de surpresa, de acordo com o qie ela acabará de dizer pensei que iria me impedir de sair, porém fez exatamente o contrário.

Atravesso o portão e peço um Uber, minha mente está acelerada e eu não vou ceder a essa humilhação nem mais um dia, hoje eu vou resolver isso.

Entro em casa, Lucas está sentado no portão com cara de poucos amigos ele sorri com maldade ao me ver o que faz com que eu fique apavorada, ao seu lado sobre o assento há um cinto dobrado.

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