05
Um Volvo preto se aproximou, dirigindo ao longo de uma área onde
veículos geralmente não eram permitidos. Elise sentiu o poder de dentro do
Utilitário.
“Aqui estão eles,” ela disse para Blake, o acordando.
O Utilitário parou perto deles, interrompendo o que quer que Blake estava prestes a dizer. Duas pessoas saíram, o homem radiando um poder crepitante que o anunciava como vampiro Mestre e uma mulher ruiva que parecia humana.
“Bones,” Elise disse, curvando a cabeça na deferência que ele merecia como co-regente da linhagem de Mencheres. Elise podia estar fora de contato com a sociedade dos vampiros, mas todo morto-vivo sabia sobre Mencheres fundindo as linhagens com Bones vários meses atrás.
“Elise,” Bones respondeu, com um aceno de cabeça. “Essa é minha esposa, Cat.”
Cat sorriu e estendeu a mão. Elise a apertou, achando que a famosa mestiça não parecia como ela imaginava. Com a reputação de Cat e o apelido de Red Reaper, Elise esperava uma presença mais imponente, mas Cat não parecia mais ameaçadora que uma atriz de Hollywood.
Blake olhou cautelosamente para os dois recém-chegados. “Os dois são vampiros?” ele perguntou para Elise.
“Ele é,” Elise respondeu, olhando novamente de relance para a ruiva meio vampira. “Ela é mais… complicado.”
Cat riu. “Essa é uma forma de colocar as coisas.” Ela estendeu a mão para Blake, mas antes que ele ao menos pudesse se mover, Bones afastou a mão dela com um tapa.
“Não toque nele Kitten.”
A ameaça fria na voz de Bones fez Cat piscar surpresa enquanto Elise sentiu sua raiva incendiar.
“O demônio não o tem agora,” Elise disse. “Não há necessidade de agir como se ele fosse imundo.”
“Tudo bem,” Blake disse, olhando para si mesmo com tristeza e nojo. “Eu estou imundo. Se eu fosse ele, não iria querer minha esposa me tocando também.”
“Não é sua imundice que me preocupa, mas ela é meio-humana,” Bones disse, com a mão ainda no braço de Cat. “Demônios não podem possuir vampiros, mas sabe-se tão pouco sobre mestiços que não vou arriscar a possibilidade.”
“Você não está sendo um pouco paranoico, Bones?” Cat perguntou. “Você me disse no caminho até aqui que o hospedeiro tinha que morrer antes de o demônio poder pular. Bem, ele parece vivo para mim.”
“Ataque cardíaco, aneurisma, coágulo sanguíneo, derrame.” Bones contou os itens nos dedos. “Ele é humano, então ele poderia cair morto em segundos enquanto está ali parado. Por isso que eu não queria que você viesse comigo,
Kitten.”
Cat revirou os olhos, dando a Elise um olhar que claramente conduzia sua exasperação. “Paranoico,” ela repetiu. Então virou sua atenção para Blake. “Desculpe conhecê-lo sob tais circunstâncias, mas vamos te levar para Mencheres e com sorte ele—”
“Não!” Blake gritou, suas mãos voando para a cabeça.
Elise sabia agora o que aquilo significava. Ela se lançou sobre Blake ao mesmo tempo em que uma rajada de enxofre encheu o ar.
Bones também foi para frente, envolvendo um braço ao redor da garganta de Blake e o outro através da elevação no peito do homem. As ardentes luzes vermelhas estavam novamente no olhar de Blake, sua pele ficando pálida a cada instante.
“Deixe-me ir,” o demônio sibilou em uma voz que não parecia em nada com a de Blake. Era rouca e aguda, como vidro sendo triturado.
“Kitten, ligue o carro,” Bones mandou, não tirando a atenção do demônio.
Cat se virou e andou para o carro. Os olhos do demônio a seguiram, então riu.
“Catherine.”
A ruiva congelou perante a repentina voz feminina mais velha vindo da boca de Blake. Ela se virou, com os olhos arregalados.
“Catherineeeeee…” o demônio pronunciou com a mesma voz, mas agora com um tom suplicante. “Por favor, não vá. Ajude-nos. Havia criaturas na porta perguntando por você Catherine. Eles estão nos machucando. Faça-os parar. Não, não, deixe meu marido ir! Não, não toque nele, não... NÃO! Joe, oh Deus, JOE!”
“Vovó,” Cat sussurrou, lágrimas nos olhos.
“Seu maldito,” Bones falou por entre os dentes, colocando a mão sobre a boca do demônio/Blake. “Não dê ouvidos a isso, Kitten.”
Ela ainda parecia em estado de choque. “Era a voz da minha avó, Bones!”
“É um truque,” ele disse firmemente. “Por isso que a melhor coisa a fazer é levar esse pobre bastardo para as salinas e matá-lo.”
“Ninguém vai matá-lo,” Elise disse imediatamente.
Bones a fuzilou com um olhar fervendo em verde. Seu poder expandiu até parecer que ia queimá-la.
“Não seja uma tola.” Cada palavra era uma queimadura. “O único motivo pelo qual eu não quebro o pescoço desse sujeito agora é porque há muitas criaturas vivas ao redor onde o demônio poderia pular. Mas sua vida vai terminar nas salinas. A única forma de se livrar de um demônio é matar o hospedeiro.”
Elise era fraca comparada ao poder emanando de Bones, e como o coregente de seu criador, Mencheres, Bones também estava em uma posição de autoridade sobre ela. Mas isso não significava que ela ia desistir de Blake.
“Mencheres me disse que eu podia levar Blake até ele,” ela respondeu, sua voz era dura. “Então é para onde nós vamos, não para alguma salina.”
A boca de Bones se curvou. “Você sempre foi teimosa.”
Elise apenas o encarou. Você não me conhece, ela pensou. E você pode ser tecnicamente meu Mestre agora, mas você não vai ganhar essa.
“Não devíamos ir?” Elise perguntou.
Os olhos do demônio se prenderam nos dela. Perverso. Astuto. Antecipando.
Você também não vai ganhar, Elise jurou silenciosamente. Determinação brotou nela, mais forte do que qualquer emoção que ela sentiu em décadas. Eu não vou deixar.