Capítulo 2
O que ronda agora na minha cabeça são as perguntas daquele advogado. Por mais que ele seja bonito e tenha me sentido atraída por ele, agora o que sinto é raiva.
Raiva por provocar em mim pensamentos que até então nem passava pela minha mente. Será que fui burra por não me perceber tudo isso antes? Mas como se no dia em que nos encontramos em Toronto, ficamos juntos.
Não tinha como ele ter feito algo para me prejudicar, mas e se...
Sou tirada dos meus pensamentos pela detenta que desde quando pus os pés aqui nesse inferno, ela é o verdadeiro capeta para me atormentar.
Dou uma bufada e a olho com desagrado, até a minha voz soa com a falta de paciência para as artimanhas dela.
- O que quer Nicole, não tô com saco para as suas perseguições não.
Me ajeito na minha cama sentando-me. Por incrível que pareça ela não entende o que as pessoas falam a ela talvez seja por ela se achar a tal, ela senta-se ao meu lado com um sorriso debochado.
- Calma aí patricinha. Vim em missão de paz.
- Paz! Sério mesmo que você veio em missão de paz, faz me rir viu.
- Apesar que sou desse jeito, nunca desgostei de você Helena. Só tenho que me manter aqui e assim como você, também fui presa injustamente e ao contrário, estou morando aqui há 6 anos e não tenho um advogado bacana que queira me defender.
- Você também foi presa injustamente? – Me surpreendo com isso.
Nunca imaginei que Nicole Duncan fosse estar na mesma situação que a minha. Só que o caso dela é diferente. Pelo que soube logo quando cheguei, ela era uma prostituta e o seu cafetão armou para que ela fosse pega com drogas, já que a mesma queria ir embora da vida que levava. No início, achei que fosse história, que realmente era culpada, mas agora parando para pensar que ninguém acreditou em mim, também fiz o mesmo com essa pobre mulher.
- Por que a surpresa, você sempre soube disso, aliás, todos acho sempre souberam. Mas o que eu quero dizer é, o que fez você ficar assim, o seu advogado falou que realmente é a culpada?
Sinto na sua pergunta um tom de sarcasmo. De fato, eu mereço isso dela, já que sempre a julguei mal. Olhando-a fixamente, eu nego.
- Não. Ele falou que o meu marido pode estar por trás de tudo isso, mas eu não acredito.
Com um sorriso zombeteiro e as sobrancelhas arqueadas, Nicole me olha como se eu tivesse falado uma piada. Eu não entendo esse seu jeito é nem faço questão. Agora o que eu mais quero é estar errada com o que o meu advogado disse e estou pensando realmente mal do meu marido. Pobre Ravi.
- Você nunca pensou que poderia ser ele quem armou tudo isso?
Eu meneio a minha cabeça. Realmente eu nunca pensei nisso, meu marido poxa, como poderia pensar tão mal dele.
- E você agora pretende fazer o que, morra E ainda mais aqui sem lutar?
- Nem sei o que pensar Nicole. O advogado disse que se eu quiser realmente a sua ajuda, eu posso entrar em contato com ele. Mas tenho medo de me decepcionar quando souber a verdade.
- Não tenha. Se fortaleça. Entre em contato com ele e faça com que seja liberta desse inferno. Pelo menos lá fora você tem para quem voltar e lutar. A sua filha.
Sorrio fraco, mas sinto a esperança novamente se acender. Ela está certa, preciso voltar a ter minha liberdade e lutar pela minha filha.
- Você está certa. Vou agora mesmo falar com o diretor e pedir para falar com o meu advogado.
Ao me preparar para ir até o andar de cima, sinto o meu pulso ser segurado por ela. Ao olhar em sua direção, vejo que isso não iria sair de graça.
- Te aconselhei e ajudei, mas sabe que aqui é toma lá, dá cá. Então...
Suspiro e massageia a minha têmpora. Consigo soltar o meu pulso e me sento ao seu lado mais uma vez.
- Diga o que você quer.
- O que eu quero é simples. Quando você sair daqui, que o seu advogado seja o meu defensor. Você precisará de alguém para descobrir tudo para você lá fora. Eu sou ótima nisso.
- Só pelo aconselhamento você quer isso? Porque você quer tanto me ajudar agora?
Pergunto desconfiada, pois sei que há algo de muito sério nessa história. Se ela me contar estou aqui, se não, eu não a pressionarei para falar.
Na verdade, parando para pensar, nesses últimos tempos ela não tem implicado comigo, será que ela está realmente gostando de mim? Ah, quer saber, deixa pra lá.
- Na verdade, eu sinto que preciso protege-la, você parece muito com a minha irmã que sumiu há muito tempo.
- Entendi. Tudo bem. Eu vou te ajudar, mas primeiro... Eu agora preciso ir ao diretor.
Sorrimos uma para a outra e saio rumo ao encontro de ter a minha liberdade e será esse advogado quem vai me tirar daqui.
Na cela olhando Helena se afastar, Nicole suspira com os olhos marejados. O mundo parece tão grande mas ao mesmo tempo tão pequeno, que ela foi justamente encontrar a sua irmã naquele lugar. Logo ela que tinha perdido as esperanças de se reencontrarem depois de tantos anos, mas a vida lhe pregou uma peça. Ela que precisou fazer uma cirurgia no presídio de apendicite, ao qual ela se submeteu a receber uma doação de Helena. Desconfiada após o procedimento, ela pediu por uma troca de favores com a médica que fizesse um DNA, já que os tipos sanguíneos são raros. E após a confirmação, ela passou a estar menos implicante com a sua irmã e tentando de tudo para protege-la.
Ela sorri amargamente, mas com um certo contentamento de que logo poderá estar livre assim como a sua irmã que fará o certo.