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Capítulo 3 A mãe doente de Emma

Quando Emma voltou do trabalho, foi recebida por uma bagunça espalhada pelo chão. Ao se aproximar da mãe, ela notou que os olhos dela estavam nublados, injetados de sangue e frágeis. Emma percebeu que, se ficasse longe por muito tempo, sua mãe poderia simplesmente desaparecer.

No passado, Emma não gostava de ficar em casa, mas agora desejava estar ao lado da mãe a cada minuto. Nunca antes ela havia sentido um amor tão profundo por sua mãe.

"Mãe, como está se sentindo?", disse ela, abaixando a cabeça, com a testa encostada na bochecha da mãe. "Sou eu, Emma."

"Sinto muito, Emmie, fiz uma bagunça em tudo", disse a mulher frágil, com lágrimas escorrendo pelo rosto. "Desculpe-me por tê-la tratado daquela maneira. Eu deveria ter amado você como todas as mães fazem, fazendo de você a criança mais feliz do mundo, mas, infelizmente, eu falhei."

Emma ficou paralisada. Essas eram as palavras que ela desejava ouvir, mas não em um momento como esse. Sua mãe estava à beira da ruptura e ela se recusava a ouvir uma confissão. Isso significava que ela logo a perderia.

"Está tudo bem, mamãe", ela sussurrou. "Eu entendo. Não precisa se desculpar. Você ainda é muito jovem; ninguém nasce sabendo como ser mãe. Eu a perdoo, desde que você melhore."

"Eu amo você, Emmie", a voz de sua mãe quase não era audível, Emma teve que se aproximar para ouvir. De repente, ela se ressentiu de sua própria falta de audição aguçada. Se ela fosse uma alfa, mesmo que sua mãe só conseguisse respirar um pouco, ela ouviria cada palavra claramente.

"Eu também te amo, mãe", disse ela. Dizer "eu te amo" não era difícil naquele momento porque o verdadeiro desafio era a recusa da mãe em tomar qualquer medicamento, o que só intensificaria a dor. "Vamos tomar o remédio primeiro, ok?"

As sobrancelhas de sua mãe se franziram, suas mãos empurraram desesperadamente os frascos de comprimidos, espalhando os medicamentos caros pelo chão. Mais uma vez, Emma sentiu uma profunda sensação de impotência.

"Por que, mamãe?", ela tentou manter a calma. "Esses medicamentos podem ajudá-la a viver."

A mulher começou a soluçar baixinho. Isso partiu o coração de Emma. Ela colocou a mão na cabeça de sua mãe, acariciando-a gentilmente. "Diga-me, mãe, por que você odeia tanto tomar o remédio?"

"Eles me deixam entorpecida, Emmie", sua voz mal formava sílabas completas, apenas sons fragmentados. "Não consigo mais sentir a maior parte do meu corpo. Esses medicamentos devoram meus sentidos. Não me sinto mais como eu mesma, e não quero isso..."

Emma nunca havia ficado doente, ela não sabia que sua mãe estava sofrendo tanta agonia. Ela teve que fazer uma escolha difícil; entre manter a mãe viva e deixá-la um pouco mais confortável, ela só poderia deixá-la o mais confortável possível.

"Tudo bem, mamãe", Emma beijou a testa da mãe novamente. "Não vamos levá-los. Desde que você não esteja sentindo muita dor, não vamos levá-los."

Embora ela realmente desejasse que a mãe vivesse e a medicação fosse cara, custando-lhe quase três meses de salário, as finanças da casa já estavam apertadas. Mas esse era o desejo de sua mãe, e ela estava disposta a obedecer.

Sua mãe a olhava com dificuldade. "Quando você planeja voltar para a escola?"

"Eu já lhe disse, mãe, que voltarei para a escola quando você melhorar."

"Não diga coisas tão impraticáveis", as palavras de sua mãe foram fugazes, como uma brisa passageira. "Nós dois sabemos que isso não é possível. Vá para o seu pai, ele cuidará de você. Pare de trabalhar. Vá para a escola, Emmie."

Pai, outro conceito fugidio, assim como a voz atual de sua mãe. Emma se levantou. "Eu não preciso de um pai. Nunca o vi desde que nasci. Se quer que eu viva de acordo com seus desejos, então se esforce para continuar viva."

Ela saiu do quarto, ainda segurando as pílulas na mão, com a palma inconscientemente cerrada, o suor encharcando as pílulas.

Aquele pai ausente, ela tinha ouvido falar um pouco sobre ele; soube que ele havia se unido à Luna de outra matilha há alguns anos. Mesmo que ele não fosse um alfa, seu tratamento provavelmente seria decente. Uma ponta de zombaria cruzou seu rosto. Esse pai era muito hábil em encontrar uma saída para si mesmo.

De qualquer forma, ela pensou, eu não preciso de um pai. Mesmo que eu queira voltar a estudar, não preciso da ajuda dele. Ela jogou as pílulas no lixo sem pensar duas vezes.

Voltando ao quarto de repouso de sua mãe, ela disse: "Tenho que ir embora agora, mamãe. Voltarei em breve. Espere por mim, pelo menos jante comigo hoje, está bem?"

Sua mãe olhou para ela por um longo tempo antes de finalmente responder: "Tudo bem, Emmie. Mas é melhor você ser rápida. Sinto que estou prestes a cair no sono novamente".

As duas entenderam o que significava adormecer.

Emma aconchegou sua mãe gentilmente. "Ligue para mim se precisar de alguma coisa."

O telefone estava perto do travesseiro, ao alcance da mão. Emma sentiu uma pontada de arrependimento. "Eu não tenho um lobo, talvez nunca tenha. É uma pena. Se eu tivesse um, não precisaria desse aparelho pesado; eu poderia encontrá-lo com a minha mente."

Sua mãe fechou os olhos suavemente. "Não se preocupe, Emmie. Você tem apenas dezesseis anos. O lobo vai encontrá-la, assim como o seu companheiro. Não se apresse; você tem que esperar."

Emma permaneceu em silêncio. Ela sabia que o companheiro destinado de sua mãe era seu pai. Mas onde estava esse homem agora? Ela não precisava de um companheiro destinado; ele era tão esquivo quanto o amor. Mas discutir sobre isso agora era inútil. No momento, a coisa mais importante para ela era voltar no início da noite e ter um raro jantar com sua mãe.

"Eu entendo, mamãe."

Sua mãe finalmente fechou os olhos e, quando Emma teve certeza de que ela estava dormindo tranquilamente, ela fechou a porta e saiu de casa.

Ela verificou o telefone, conferindo as contas recentes e os horários de trabalho em seus vários empregos de meio período. Respirou fundo, tentando se acalmar. As despesas médicas de sua mãe eram a maior parte de suas contas, e os medicamentos eram caros. O médico da matilha havia sugerido algumas alternativas para que ela usufruísse dos benefícios, mas isso era uma gota no oceano.

Emma aceitou, com relutância, vários empregos apenas para conseguir pagar essas contas pesadas. Mas agora, seu estado mental era terrível. A pressão do trabalho a deixava sem fôlego, e a doença de sua mãe era um fardo pesado. Além disso, o pai enigmático - ela sentia que o mundo estava desmoronando.

Ela não tinha tempo para pensar em um companheiro. Afinal, o que era isso? Um companheiro não faria com que suas contas desaparecessem; ela não precisava de um companheiro.

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