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5

Acordo sozinha na cama. Viro-me para o lado do Nick e abraço seu travesseiro. Seu cheiro está impregnado nos lençóis e é incrível. Maravilhoso mesmo. Deito-me de costas mais uma vez e começo a pensar nos dias que virão pela frente. Nova Iorque. Daqui a duas semanas estaremos lá. Não sei nem por onde começar a descrever como me sinto em relação a isso. Sem dúvida será difícil ir à cidade que machucou tanto o homem que eu amo e que eu sei, com clara convicção, que não tem nada a oferecer a ele.

A visita da mãe do Nicholas a nós, na semana passada, o deixou bem mais estressado do que ele está ultimamente. Eu sei que ela falou alguma coisa a mais do que apenas nos convidar para Nova Iorque. O Nick nunca foi bom em esconder seus pensamentos e emoções de mim. Eu sei que algo ruim está o atormentando e tudo o que eu quero é que ele se abra comigo. Sem mencionar a ligação do Oliver ontem. Pelo que eu entendi, o Oliver sabe dos sentimentos do Nick em relação aos pais, mas quer que ele vá passar o Natal com eles. Está acontecendo alguma coisa. Posso sentir isso no ar.

Com os pensamentos bem distantes de Miami, fecho os olhos e com isso, não percebo quando o Nick entra no quarto. Ele devia estar correndo porque está todo suado, com calção e camiseta regata. Abro parcialmente os olhos para observá-lo enquanto tira sua camisa sobre a cabeça de forma rude e sexy. Ele é um verdadeiro colírio para os olhos de uma mulher. Mulher. Sorrio interiormente com a percepção de que não sou uma mulher de fato, sou apenas uma garota. Nada comparada às beldades com ele já saiu. Droga, eu só tenho dezenove e apesar dele só ter vinte e três, beirando os vinte e quatro, ele é tão mais homem em sua pouca idade do que a mulher que eu imagino ser em alguns anos.

Ele amadureceu rápido. Acho que a dor faz isso com as pessoas. A vida pode ser bem cruel ás vezes, e é doloroso saber que foi assim que meu Nick se tornou um homem. É bem verdade que ás vezes ele se comporta como se tivesse doze anos ou menos, mas isso só faz dele mais adorável.

Depois de tirar a camiseta, ele graciosamente se deita na cama, bem ao meu lado. Mantenho meus olhos fechados com a certeza de que ele está olhando pra mim. Sinto a ponta dos seus longos dedos nas mechas dos meus cabelos e sua boca de forma suave sobre meus lábios. Seu cheiro me deixa imediatamente embriagada. Eu tenho certeza de que ele é o único homem no mundo que não precisa imediatamente de um banho após fazer exercícios físicos.

Eu gostaria de me virar para ele e simplesmente afundar minha cabeça no seu pescoço e sentir seu cheiro pelo resto do dia. Na verdade, eu posso fazer exatamente isso. Ele é meu, ou não? É claro que é.

Arrisco abrir os olhos e vejo que sua testa está franzida e que seus olhos estão parados, olhando para algum ponto insignificante no quarto. Ele está com os pensamentos bem longe daqui. Talvez eles estejam em Nova Iorque, como estavam os meus há alguns minutos. Ele, sem dúvida está preocupado e eu adoro a maneira como ele não consegue esconder seus pensamentos e sentimentos de mim. No fundo eu sempre soube exatamente o que ele queria dizer ou fazer antes que fizesse.

Meu Nick. Eu sei que ele sempre foi meu.

Decidida a trazê-lo de volta para Miami, arrasto minhas mãos pelo seu peito molhado de suor.

— Hmm. — ele geme baixinho — Bom dia, minha linda. Desculpe ter te acordado.

— Você não me acordou. — ele se deita de costas e eu me apoio em um dos cotovelos para poder olhar para ele — Eu já estava acordada antes de você chegar. Na verdade, acho que fiquei com frio sem você aqui ao meu lado.

— Eu sei que a temperatura está mais baixa que o resto do ano, mas não acho que chegue a tanto. — ele ri, brincando.

— Você não faz ideia, amor.

Olho para ele por um momento. Ele tem os olhos fechados e eu sinto uma vontade súbita de realizar o que estava pensando agora a pouco. Então sem aviso, me enrolo nele de forma um pouco desajeitada e enfio a cabeça na curva do seu pescoço, aproveitando para lamber o suor salgado da sua pele. É o céu.

Ele não fala nada. Apenas abraça-me junto ao seu peito rígido e parcialmente seco. Suas mãos acariciam minhas costas em um ritmo de vai e vem. Sim, definitivamente estou no paraíso. O cheiro mais que inebriante da sua pele morena juntamente com o ardor que os seus dedos provocam na minha pele nua, me deixam extasiada.

Eu não fazia ideia que apenas abraçar e acariciar fosse tão bom. Normalmente o Nick e eu já estaríamos sem roupas e talvez terminando a primeira foda da manhã. Bom, ele estaria sem roupas porque eu já estou. E esse fato de verdade está surtindo algum efeito aqui. Estou sentindo a ereção dele na minha barriga.

— Acho que alguém acordou. — sussurro no ouvido dele.

— Na verdade, acho que esse alguém sequer chegou a dormir. — ele responde com a voz rouca. Porra. Ele está me dizendo que ficou excitado a noite toda e não fez nada para remediar a situação?

— Não acha que deveríamos fazer algo sobre isso, Nick?

Ele enrijece e eu paro as carícias ritmadas com a minha língua no seu pescoço. Ele não vai para o caminho que eu gostaria.

— Tem razão. Vou tomar banho, estou todo suado e você está limpinha e cheirosinha.

— Não precisa ir. — retomo minhas ações — Eu gosto de você suado.

— Ellen... — ele não pode continuar sua frase porque eu diabolicamente mordo seu pescoço na mesma hora que pego seu pau nas mãos por cima do calção e aperto com a força necessária para provocá-lo. Seja meu, Nick. Seja meu de novo.

— Eu sinto sua falta, Nick. Já faz uma semana desde a última vez que tentamos.

E eu sei que você sente minha falta também. Dá pra sentir suas veias sob o tecido, pulsando com o desejo.

— Acredite, amor. — ele geme — Eu quero você. Eu quero tanto que chega a doer, mas, por favor...

Novamente não deixo terminar sua frase, apertando agora não só seu órgão tão virilmente masculino, como também mordendo um dos seus mamilos. Sua expressão muda de segundos em segundos, de prazer para a dor. Dor para prazer, e assim por diante.

— Isso está me torturando, Ellen.

O quê? Então isso é tortura? Pois aí vai mais uma dose, Nick.

Não consigo concluir meu ato, que era enfiar a mão dentro seu calção e massageá-lo com minha pele quente sobre sua pele ainda mais quente, porque ele me pressiona no colchão e se deita por cima de mim, invertendo nossas posições. Depois me beija violentamente. Sua boca tomando posse da minha como um aventureiro experiente desbravando uma floresta. Sim. Esse é o Nick forte, viril e apaixonado que eu conheço tão bem.

Por favor, Nick. Faça-me sua outra vez. Peço em minha mente, não querendo dizer em voz alta para não arriscar interromper nosso beijo cheio de luxúria. Eu o desejo demais para perder esse contato.

— Você faz ideia do efeito que tem sobre mim? — ele pergunta ainda com a boca colada na minha — Faz ideia do quanto eu quero transar com você?

Se a sua vontade for metade da minha, então sim Nick, eu faço ideia.

— Então por que não transamos, Nick?

Ele olha para mim, me acusando de saber o porquê. Droga! Ele é muito moralista. Todo esse papo de que não transaria comigo se não pudesse me dar o mesmo prazer que irá ter de mim é frustrante. Na verdade, na última semana eu peguei-me pensando que talvez fosse bom conhecer o Nick que as outras mulheres conheceram, só para que ele não tivesse a mesma consideração, pra variar.

— Você é meu. — reivindico-o, séria.

— É claro que sou seu. — ele franze a testa.

— Então prove. — o desafio — Faça amor comigo.

— Ellen, não. — sua voz sai rasgada.

— Então o que vai fazer para domar essa ereção enorme? Vai fazer de novo, o que tem feito esse tempo todo? Se trancar no banheiro e bater uma?

Ele desvia o olhar com uma expressão torturada, porém pronto pra partir para o ataque.

— Eu não vou deixar essa passar, Nick. Será se você não percebe o quanto me magoa?

Ele me olha em choque. O que ele pensava? Que eu não sabia ou que não me magoaria saber disso?

— Você prefere se dar prazer sozinho a ter um momento erótico comigo. Mesmo que seja rápido ou para o seu prazer apenas. Faz com que eu me sinta...

Inútil na nossa relação. Não me atrevo a dizer isso em voz alta. Não preciso descarregar nele minhas inseguranças de novo. Da última vez, nos rendeu uma briga.

— Amor, eu não quero usar você.

— Já parou pra pensar que estará me ajudando? Mas que droga Nick, você é praticamente um médico então sabe o que fazer em casos como o meu. Sabe que ficar inerte às relações sexuais só irá piorar o quadro e provavelmente torná-lo algo até pior no futuro.

— Eu nunca quis ser negligente. — ele diz baixinho, balançando a cabeça — Tudo o que eu faço é... pensando em como ser um homem melhor pra você.

— Você já é o melhor homem do mundo pra mim. — acaricio seu rosto perturbado — Mas agora mesmo está deixando de cumprir seus deveres comigo. — sorrio. Ele me acompanha, mesmo que seu sorriso não seja tão animado como o meu.

Seu rosto muda de expressões. Quase posso ver seu cérebro em contradição. Ele pensa em alguma coisa e quer outra totalmente diferente. O homem que ele acha que é e o homem que ele acha que tem que ser. Será se ele não percebe que já é exatamente o homem que eu quero pra mim?

— Não pense muito, Nick. Nenhum homem seria para mim melhor do que você é.

De repente ele me encara com os olhos escuros, libidinosos. Vejo seu semblante mudar de uma expressão triste para uma sensual. Não que o rosto tristinho do Nick não seja sexy, mas essa expressão sensual eu conheço muito bem. Ele a usa quando está prestes a me penetrar, mais especificamente quando descobre que eu estou toda molhadinha pra ele.

Engulo em seco pela sua mudança repentina.

— Tudo bem. — ele abre minhas pernas e se aloca entre elas, tirando para fora do calção apenas o necessário para brincarmos. A visão me deixa com água na boca. — Eu farei amor com você Ellen, mas apenas com uma condição.

Estou tão distraída com a parte do seu corpo que eu mais quero no meu, que não presto atenção muito bem no que ele acabou de dizer.

— Hã? O que disse? — pergunto, tentando muito não olhar para o meio das suas pernas e me concentrar apenas na sua voz.

— Sabe Ellen, apesar da ideia de outra mulher enfiando os dedos em você ser bem excitante... — ele olha bem nos meus olhos antes de continuar — eu não sei se estou de acordo com outra pessoa tentando fazer você sentir prazer.

O que? Do que ele está falando? Outra mulher? Outra mulher. Imediatamente realização cai sobre mim. Dra. Kim, é claro. Mas eu não contei nada a ele sobre minhas sessões com a boa médica, então como ele sabe?

— Farei amor com você, — sua voz é rouca como um aclame ao sexo pecaminoso que passa pela minha mente — mas em troca eu quero que me prometa que eu serei a única pessoa que tocará em você de forma assim tão íntima.

É claro que ele sempre será o único a me tocar assim. Meu corpo já está tão acostumado com ele que eu duvido que outro homem seja capaz de provocar em mim qualquer reação que seja.

— Prometa. — ele sussurra a milímetros da minha boca, passando a ponta da língua entre os dentes, deliberadamente evitando me beijar.

— Meu corpo é seu. Só você pode tocá-lo assim. — engulo — Achei que isso já estava implícito... no contrato de namoro.

— E está. Apesar de ficar feliz em te ouvir dizer que seu corpo é apenas meu, eu estava falando da sua terapia. Não era esse o assunto? Você e a Dra. Kim?

Oh Deus, ele está me confundindo.

— Prometa, Ellen. — Por que meu nome na sua maravilhosa boca soa tão sexy?

Respiro com certa dificuldade. Seus olhos brilham de malícia.

— Não vou tocar em você até você prometer. — ele sussurra tão próximo da minha orelha, que quase sinto sua respiração entrar no meu ouvido pelo pequeno orifício e congestionar meu cérebro com todo tipo de imagens de atividades imorais que eu gostaria de fazer com ele agora.

E de repente eu entendo o seu jogo. Ele está me provocando. Esse é o seu jogo de sedução.

— Eu prometo. — digo, rezando para que ele deixe de provocar e assuma o controle disso logo.

— Diga.

— Você fará minha terapia agora. — digo com os olhos fechados. Quando os abro, ele está olhando pra mim e sorrindo maliciosamente.

— Eu sei que a Kimberly pode ser muito boa no que faz, mas acho que eu tenho acesso a pontos que ela não tinha.

Ele deixa parte do seu peso sobre mim quando se deita com os antebraços como apoio. Em seguida, começa seu ataque à minha boca, primeiramente com lambidas lentas e poucas pressões da sua língua, mas em pouco tempo seu beijo se torna mais agressivo e enérgico.

Não demora muito para que eu veja estrelas atrás dos meus olhos. Esse homem sabe exatamente como tratar alguém do sexo oposto. Ele é tão habilidoso... Suas mãos nos meus seios me deixam ouriçada. Ele morde e chupa um dos meus mamilos com tanta devoção que fico impressionada. Quando ele acha que já está molhado e duro o suficiente, ele levanta um pouco o rosto dos meus seios, soltando um rouco gemido do fundo da garganta, com pura satisfação masculina ao contemplar sua obra.

Começo a correr as unhas pelo seu cabelo e descendo para suas costas. Os músculos dele estão tensionados e sinto que apesar da excitação, bastante evidente pela sua ereção entre nós, ele está nervoso. Pensamentos de alguns dias atrás quando nós brigamos um com o outro por causa “falta de entrega” durante o sexo, passam na minha mente. Eu quero transar com ele, mas não quero mais brigar. A última coisa que eu quero é brigar.

— Nick... — me preparo para falar alguma coisa, talvez que possamos deixar pra lá mesmo que não seja o que eu quero, mas ele me interrompe com uma provocação mais do que deliciosa da sua língua no meu pescoço.

— Me desculpa, amor. Desculpa por não ter sido mais atencioso. — ele diz, se esfregando em mim de forma lenta e rítmica.

— Você fez o que pôde. — estou completamente sem ar.

— Eu poderia ter feito mais.

— Está fazendo agora.

E está mesmo. Sinto um calor na minha barriga e realmente consigo sentir o meu desejo. Faz quase um mês que eu sofri o acidente, alguns nervos estão voltando ao seu estado natural. Todos os dias eu tenho torcido para que minhas sinapses sexuais voltem o mais depressa possível. E acho que estão.

— Deus, eu quero tanto você. — Nick fala, antes de fechar a boca de novo nos meus mamilos — Não faz ideia do quanto.

— Eu sou sua, Nick. Mas palavras não querem dizer nada, então faça-me sua.

Escuto ele grunhir em meu pescoço. Nossas respirações entrecortadas e totalmente fora de controle. Meu Deus, eu desejo demais esse homem.

Nos beijamos tempo suficiente para que meus lábios fiquem inchados. A pele entre minha cintura e meu pescoço fica irritada pelo constante roçar da sua barba. Ele está em todos os lugares. Sinto o fogo em mim. E nele. Uma sensação, que posso até arriscar chamar de prazer, fica permanentemente em meu corpo. O tempo que ele me lambe, me chupa e me fode com os dedos, faz com que me entranhas se liquefaçam.

— Sinto falta de ter você molhadinha pra mim. Sinto falta de ver você ansiosa pra receber todo o meu pau dentro de você.

Aaah. Sua boca suja é meu céu e meu inferno. Adoro o jeito como ele fala sem pudores ou falso moralismo. Ele é tão sujo.

Adoraria estar sentindo mais do que ele está fazendo. É bem verdade que sua estimulação está surtindo resultados melhores do que semana passada, mas ainda não é nada em comparação ás coisas explosivas que fazíamos.

— Você é tão gostosa, minha linda... Eu estou tão duro... Estou quase gozando, Ellen.

Sua resposta mais do que excitada ao meu corpo faz com que o sentimento de posse e autoestima dentro de mim me encha por completo. Talvez a fase de “não tocarei a Ellen porque não sou canalha” esteja acabando.

— Ellen, você sabe que... que não...

Eu sei exatamente o que ele quer dizer. Eu não gozarei. Eu me excitei, bastante para os meus atuais padrões, mas não a ponto de uma relação sexual completa ou de me sentir satisfeita. Mas ele está excitado. Ele terá um orgasmo. Eu darei um orgasmo a ele. Ele me deixou tocá-lo e tomar posse do seu corpo como sempre fiz. Então isso é mais do que suficiente para mim.

— Me deixa terminar isso? — peço, ansiando que ele me deixe tomá-lo em minha boca.

— Você quer? — ele pede ofegante, molhado de suor. Mais do que já estava. — Sabe que eu não tomei banho depois de correr.

— Não precisava. Gosto de sentir seu cheiro másculo. — lambo os lábios em antecipação — Eu quero isso. Me deixa chupar você.

Ele levanta o rosto do meu pescoço e vem até mim, de joelhos. Com uma mão em seu grandioso membro, ele se masturba bem na frente dos meus olhos, passando o líquido pré-ejaculatório da sua ponta, pintando meus lábios. Ponho a língua para fora e começo a lamber toda a espessura da sua glande. Ele joga a cabeça para trás e geme alto. Isso Nick. Seja meu.

Determinada a fazê-lo gozar, abocanho sua cabeça e chupo forte.

— Ah, porra. — ele urra quando uso os dentes para tocá-lo de leve — Porra, Ellen, porra.

Ele jorra. Barulhento. Ele jorra muito. Eu engulo tudinho, chupando e lambendo até deixá-lo totalmente limpo. Ele encosta a cabeça na cabeceira da cama e mantém os olhos fechados enquanto recupera o fôlego. Foi demais. Uma transa onde eu não gozei, ou mesmo cheguei perto, foi incrivelmente demais.

— Ellen, você não faz ideia do quanto me magoou saber da sua reabilitação sexual através de outra pessoa.

Estamos tão relaxados na banheira. Eu sabia que ele mencionaria a Dra. Kim, e se ele não fizesse, eu o faria. Mas a questão é, como ele ficou sabendo? Então a ideia se passa na minha mente. Agnes.

— A Agnes te contou, né? — continuo fazendo círculos nas suas coxas.

— Não, não foi ela. E se quer saber, puxarei a orelha dela por não falar. — ele solta o ar com força, em sinal de irritação — Eu estava indo falar com a Kimberly essa semana sobre seu caso, e ela mencionou que era ótimo eu tê-la procurado porque tinha começado um tratamento com outra menina com o caso exatamente igual ao seu. Daí eu pensei, quais as chances de ser mesmo você?

Ele vira minha cabeça para ele e mantém uma sobrancelha erguida, em questionamento. Eu dou de ombros.

— Se eu não te conhecesse, até poderia pensar que se tratava de outra pessoa. Mas qual é? Eu conheço a minha namorada, e eu sei que ela gosta de fazer muitas coisas do seu jeito.

Sorrio baixinho.

— Por que não me disse que tinha ido procurá-la?

Penso em dizer apenas que não queria que ele soubesse. Que não queria que ele achasse que eu estava dando demasiada importância a esse aspecto, já que ele claramente não estava se importando com isso. Mas resolvo falar apenas uma meia verdade.

— Eu não queria que você dissesse que eu tenho mais com o que me preocupar, igual fez com toda a história do Tyler e do Henry. — sinto ele se tencionar atrás de mim — E só pra você saber, também me magoou saber disso por outra pessoa.

Ele bufa. Viro-me para olhar pra ele e vejo sua testa com uma viga enorme entre as sobrancelhas.

— E não faça essa cara. Por que não me contou sobre o Henry?

— Qual dos dois idiotas do Sunrise eu vou ter que quebrar a cara por te falar? — ele pede, brincando. Mas eu sei que nem tanto.

— Nenhum dos dois. — lanço um olhar sério, repreendendo-o — O Ash fez bem em me contar, já que você não pretendia.

— Ash?

— Ash, Asher, tanto faz. — agito as mãos em desdém — Diga-me.

Ele não responde por um tempo, então uso a mesma tática que usei com o Asher de ficar olhando séria com uma sobrancelha erguida em sinal de pergunta. E dá certo. Ele suspira e acaba falando.

— Eu não queria que você sofresse, Ellen. Eu sei o quanto o Tyler é importante pra você e como entrar na Federação mudaria as coisas pra você em relação ao hipismo, só que agora você não pode. — ele olha para os dedos, e fala baixinho — Eu não queria que você se sentisse mal por perder uma oportunidade assim.

— Oportunidade?

— Sim, oportunidade. O Henry disse que viu o torneio e que queria você em mais algumas competições nacionais e internacionais que terão até março do ano que vem, mas você não poderia participar delas estando assim. Achei que seria melhor se você não soubesse, então não teria com o quê ficar triste.

Puta que pariu. Era mesmo uma oportunidade e tanto. Participar de competições nacionais e internacionais com o Tyler? Não poder fazer isso realmente me deixa pra baixo agora.

— Tá vendo? Agora você está aí toda triste e pensando em uma oportunidade que perdeu. Só por isso eu deveria quebrar o nariz daquele seu amigo.

A menção dele de praticar violência me traz de volta para a realidade. Eu entendo o porquê dele ter escondido isso de mim, ele queria me proteger de me sentir exatamente como me sinto agora, mas ele não pode me proteger da vida. Como vou superar as coisas que me machucam se não lido com as coisas que me machucam?

— Não precisa bater nele. Eu estou bem. — minto.

— Acha que eu não te conheço? Você não está bem. Se você estivesse bem, estaria me dando aquele sorriso lindo que você tem e não fazendo essa carinha.

Ele me conhece tão bem. Acho que ele não é o único que não sabe esconder os sentimentos.

— Eu vou ficar bem. — deito-me de volta, minhas costas em seu peito e permanecemos em silêncio até o fim do banho.

Um pouco antes da hora do almoço, eu e o Nick vamos passear de iate. Ele não foi para a ONG hoje devido ás nossas atividades matinais, então tiramos o resto do dia para apenas aproveitar o sol e namorar um pouquinho mais.

Com muita insistência, consigo convencê-lo a nadar comigo no mar, mas não sem que ele ponha um salva-vidas antes.

— O mar é traiçoeiro, Ellen. Eu não quero que você acabe virando comida de peixe.

Não posso fazer outra coisa a não ser sorrir. Passamos a tarde inteira até depois do sol se pôr, na água. Nadando, brincando, beijando, conversando... Eu realmente sentia falta desses momentos com ele assim, sem pressão, como se nada tivesse acontecido. Quando a lua surge, nós entramos.

— O que acha de passarmos a noite aqui? — ele sugere. Olho para o seu corpo todo molhado e um arrepio corre na minha espinha.

Lembro-me deliciosamente da última vez que estivemos aqui. A noite em que começamos a namorar oficialmente. A noite em que ele me deu seu coração. A melhor noite da minha vida.

— Podemos?

— Claro. O iate está o tempo todo abastecido, só para garantir, então se quiser, podemos ficar.

— E poderemos repetir a dose de hoje de manhã? — pergunto, mordendo os lábios.

— Veremos. Primeiro, eu serei seu terapeuta. Se você responder bem aos meus estímulos, serei seu amante mais fervoroso.

No quarto, ele me deita na enorme cama, enorme mesmo, e faz comigo muitas das coisas que a Dra. Kim fez nas duas sessões em que eu compareci. A boa médica que me desculpe, mas eu prefiro esse serviço de fisioterapia. Ele estimula meus tecidos internos com dois dedos, alargando e girando o punho para alcançar uma maior profundidade. Uau. Posso ver a fome em seus olhos. Mas diferente da médica, que obviamente não podia fazer isso, ele passa sua língua perversa por cima do meu clitóris, estimulando meu desejo de forma violenta.

— Espero que a Kimberly não tenha feito isso, porque eu vou ter que chutar a bunda dela.

Sorrio e aperto minhas coxas nas suas orelhas. Estamos brincando, agora?

— Ela bem que tentou, mas eu não deixei. — digo séria, mordendo a parte interna das bochechas para conter o sorriso.

Ele para suas ministrações e me olha com os olhos arregalados. O que houve?

— Isso é sério?

— O quê?

— Ellen, eu preciso saber. Isso é sério?

Do que ele está falando? Aaah...

— Sobre a Dra. Kim? — dou risada — Ai Nick, é claro que não amor. Que ideia.

Ele enruga a testa. Não entendi nada agora. Ele não pode reconhecer uma brincadeira quando vê uma?

— Nick, qual o problema?

— A Kimberly tem preferências bastante parecidas com as minhas, Ellen. Então eu preciso saber. Ela tentou algo com você durante as sessões?

O quê? Preferências como as dele?

— A Dra. Kim é... — começo a perguntar, mas ele responde antes mesmo que eu termine.

— Ela é lésbica.

Oh.

— Diga-me, Ellen. Diga-me que eu não terei que denunciá-la por quebra de decoro.

— Eu não fazia ideia, Nick. — digo, levando a mão até a boca e tentando, mas falhando miseravelmente conter minha risada — Desculpa, meu lindo. Desculpa a brincadeira, amor.

Não consigo mais parar de rir aqui. A cara dele é impagável. Ele está zangado, e eu até posso entender. Não sei como me sentiria se ouvisse ele me dizer que um gay tentou dar em cima dele. Mas nem por isso, a situação deixa de ser engraçada. Acho que a terapia acabou por hoje.

Quando meu acesso de risadas começa a se esvair, um tímido sorriso surge no canto da boca dele.

— Isso não é engraçado, Ellen. — ele repreende, mas eu sei que ele está brincando — Eu já estava me preparando para ir até a clínica dela e chutar aquela bunda branca.

— Como você sabe a cor da bunda dela? — estreito meus olhos para ele.

— Ela não é toda branca? Por que a bunda seria diferente? — ele sorri, mas me olha um tanto nervoso.

Ele fodeu ela, Ellen. Você não vê?

— Nick... você transou com ela?

Ele não responde. Sai do meio das minhas pernas e se deita ao meu lado.

— Nick? — ele põe os braços sobre os olhos, mas eu os tiro e o forço a me olhar.

— Nós estudamos juntos durante um tempo da minha pós-graduação.

— E?

— Eu transei com ela.

Eu sabia.

— Mas ela não é lésbica?

— É, mas... — sento-me e fico toda ouvidos. Quero muito saber sobre essa mulher lésbica que enfiou os dedos em mim e transou com o meu namorado.

— Mas?

— Ela estava saindo com uma garota na época, e a gente se encontrou em uma boate. A garota não era bissexual, então...

— Você trepou com a garota dela?

— Eu trepei com as duas. — ele sorri, mas não achando isso uma coisa para sentir orgulho e sim como uma lembrança ruim do passado dele, antes de mim — A garota da Kimberly gostou de mim e perguntou a ela se ela toparia fazer sexo a três, e para agradá-la ela topou.

— E você também? — pergunto incrédula.

— O que eu posso dizer? Alguns homens têm certos fetiches.

— E esse era o seu? Tipo transar com lésbicas?

— Não era o único, mas sim, era um deles.

Nisso eu consigo acreditar muito bem. O Nick é uma criatura puramente sexual e antes de me conhecer, fez algumas coisas que eu nem sequer ouso perguntar. Sexo a três? O que mais ela já não fez?

— Você faria de novo? — me vejo perguntando. Ele junta as sobrancelhas.

— Por que está perguntando isso? Eu já não mostrei que a única mulher que eu quero é você? — ele tira uma mecha de cabelo do meu rosto.

— Sei lá. Fetiches não desaparecem de uma hora para a outra.

— Meu único fetiche é você. Achei que já tinha deixado claro uma vez, quando disse que todas as outras mulheres morreram pra mim quando te conheci. — ele me beija nos lábios.

Deus, como posso não me apaixonar cada vez mais quando ele fala uma coisa como essa?

— Então não deseja nada em relação ao sexo, algo que você imagina?

Ele alisa meu rosto com as costas dos dedos enquanto pensa. Uma ideia, provavelmente muito imunda passa pela sua cabeça, porque o vejo rindo maliciosamente.

— E então? — sorrio.

— Eu não diria que seja um fetiche, mas... eu adoraria comer você com aquela sua roupa de cavaleira. Aquela que você usou no torneio mês passado. Acho que até mencionei isso.

Sim. Lembro disso. Acho que não é um desejo só dele. Quando ele me deu meu colar de Pégaso, eu tive uma vontade súbita de levá-lo para um daqueles currais e cavalgá-lo loucamente até o dia seguinte.

— Você também quer não é? — ele me flagrou pensando. Safado.

— Bom... é uma ideia bem interessante. Estou totalmente inclinada a aceitá-la.

Deito-me sobre seu peito a tempo de sentir a vibração do seu riso. Ficamos um bom tempo abraçados e apenas acariciando. Ele passa a mão ritmicamente pelas minhas costas e minha nuca. Eu arranho seu peito de leve com as minhas unhas.

— Me fala dela. — peço.

— De quem?

— Da Kimberly e sua experiência com lésbicas.

Ele ri baixinho.

— O que foi?

— Que fetiche é esse seu de falar de outras mulheres quando está na cama comigo?

Dou um soco de ele nas suas costelas e ele ri mais ainda.

Duas semanas se passam ligeirinho quando se está feliz no amor. Nick e eu temos “transado” todos os dias e ele tem feito as minhas “sessões” de fisioterapia no lugar da Dra. Kimberly. Ele até comprou uns aparelhinhos elétricos que estão me deixando maluquinha. O Dr. Byron simplesmente está impressionado com os meus avanços nas sessões dele eu, com as sessões do Nick. Eu estou quase lá.

— Bem-vinda a Nova Iorque, meu amor. — acabamos de desembarcar no JFK. Uau! Está frio aqui.

— Eu não imaginei que estaria tão gelado. — enrolo mais o cachecol no pescoço e solto uma lufada de ar que vira fumaça no ambiente.

— Não é nenhuma surpresa Nova Iorque fazer uma recepção fria para mim.

Ele sorri, pingando sarcasmo com suas palavras. Eu rolo meus olhos para ele.

— Vamos Nick, o Oliver deve estar esperando.

— Na verdade, meu avô não gosta de andar pelas ruas congestionadas de Nova Iorque, então vamos pegar um táxi até a casa dos meus pais.

No início não entendo muito o porquê de não haver ninguém nos esperando no aeroporto só por causa do trânsito, mas alguns minutos parada nele me fazem entender perfeitamente o quão horrível é enfrentar o tráfego daqui, ainda mais à noite. E ainda mais na época do Natal onde a cidade está cheia de turistas, pegando táxis e congestionando as ruas.

Quase meia hora depois, o táxi nos deixa em frente a um prédio enorme na 5ª Avenida. Nick me tira do carro enquanto o taxista, gentilmente oferece ajuda para montar minha cadeira. Olho totalmente de boca aberta para o imponente prédio onde fica o apartamento dos pais do Nick. Pergunto-me se o apartamento dele aqui é por perto.

— Obrigado, cara. — Nick paga o taxista e anda para dentro. O porteiro do prédio abre a porta do Hall para nós e ajuda com a bagagem. Ele se encaminha para o elevador e nem se preocupa em olhar nada por aqui. Claro, ele está acostumado a tanto luxo.

— Levarei imediatamente as bagagens para cima, senhor Hoffman. — um homem, funcionário do lugar, diz.

— Fique á vontade, Alfred. — Nick responde com um sorriso. As portas se abrem e nós subimos.

Olho totalmente embasbacada para o verdadeiro palácio na minha frente. Apenas o hall de entrada do apartamento já é suficiente para tirar o fôlego de qualquer um.

— Caramba Nick, eu achava que a sua casa era incrível, mas esse apartamento é coisa de outro mundo.

Tem um corredor decorado com belas obras de arte e algumas flores que leva até a sala. Este espaço, por sua vez, é enorme, repleto de luxo do chão ao teto, e lindo. Não. Usar a palavra “lindo” é um eufemismo. É um lugar maravilhoso. Sim, parece um verdadeiro palácio sustentado por toneladas de concreto a cem metros de altura.

A cobertura dos pais do Nick é o lugar mais luxuoso que eu já vi até hoje em toda a minha vida. Suspeitava que os Hoffman fossem realmente ricos, mas a palavra rico não faz justiça ao poder econômico que eles aparentam ter.

Olho para o rosto dele e vejo uma mínima ruga em sua testa. Para mim, não há duvidas de que ele tem lembranças ruins desse lugar.

— Acredite, a casa do meu avô em Hamptons é ainda melhor. — ele sorri, de repente mudando o rosto completamente. Arrasto meus lábios pelo seu queixo.

— Acho que deveria me colocar no chão. — beijo sua têmpora — Não quero que os seus pais me vejam assim. O que pensariam?

— Não dou a mínima para o que os meus pais vão pensar.

Sorrio por sua “rebeldia”, embora a afronta a seus pais seja às minhas custas. Assim que entramos na sala, uma senhora de meia idade vem ao nosso encontro, sorrindo e genuinamente alegre.

— Senhor Nicholas, que prazer vê-lo.

— Oi, Maggy. — o sorriso do Nick é igualmente caloroso — Não sabia que estaria trabalhando hoje, achei que seria buffet.

— O senhor me conhece. — Nicholas me põe sentada no sofá em formato de L para cumprimentá-la — Quando eu soube que viria, não perderia por nada a chance de ver o senhor outra vez.

Ele a abraça e a gira pela sala. Percebo que a relação que eles tinham deveria ser muito intensa para que o tratamento depois de tanto tempo seja tão informal e íntimo.

— Maggy, quero que conheça Ellen, minha namorada. — ele diz ao largá-la e olhar para mim — Ellen, essa é Maggy. Ela trabalha para os Hoffman há anos e foi minha babá.

— Muito prazer, senhorita Ellen.

— Igualmente. — sorrio ao conhecer a mulher que já trocou as fraldas do meu namorado — Mas, por favor, me chame só de Ellen.

Ela olha para o Nick e vejo-o rindo baixinho e balançando a cabeça.

— Fique à vontade para tentar a sorte, Ellen. Até hoje eu não consegui fazê-la tirar a formalidade dos seus cumprimentos.

Ela concorda com ele e sorri para mim. É estranho ter alguém me chamando de senhorita, mas acho que por aqui isso é comum.

— Onde estão meus pais, Maggy?

— O Sr. e a Sra. Hoffman devem chegar em breve. Eles foram buscar seu avô na estação.

Nicholas franze a testa. Eu também. Achei que o Oliver já estivesse aqui, ele nos disse que viria uma semana antes para tomar notas sobre a Hoffman Holdings Enterprises.

— Estação? Ele está chegando apenas agora?

— Sim, senhor Nicholas. Eu não deveria lhe dizer, mas parece que o senhor Hoffman teve um problema em Hamptons.

— Algo com a empresa?

— Não sei dizer.

— Ok, Maggy. Muito obrigado.

Nicholas dispensa Maggy com um sorriso meio forçado e vai até uma espécie de bar, perto de uma das janelas limpíssimas que vão do chão ao teto. Ele enche um copo com um líquido âmbar e bebe quase todo de uma vez. Depois enche outro e volta para onde eu estou. Está nervoso. Poucas vezes ele bebe sem motivo. Ele só faz isso quando sua mente está nublada. Seu rosto sério também o denuncia. É quase como se eu pudesse ver as engrenagens girando na sua cabeça, tentando entender o que passa com seu avô.

— Nick. — coloco uma mão na sua coxa e aperto em sinal de conforto.

— É que meu pai não costuma ser tão atencioso, sabe. O fato de ele ter ido ao encontro do meu avô quer dizer que deve ter alguma coisa errada. Só espero que não seja o que eu estou imaginando.

— O que você está imaginando? — eu peço curiosa.

— Olha só quem já está aqui.

Nicholas e eu viramos o rosto na direção da voz que diz isso. É um homem também de meia idade, mas com um porte e uma aparência muito agradáveis. Realmente muito bonito.

Ele tem cabelos e olhos pretos. Nariz fino e mandíbula quadrada. Os óculos de grau caem muito bem nele, lhe dando um ar elegante. Seu porte é bem trabalhado e alguns músculos podem ser vistos, mesmo por baixo da camisa social azul que ele está usando.

— Oi pai. — Nicholas se levanta sério e vai até ele.

— Que saudade, meu filho. — o homem o recebe com os braços abertos. O abraço de volta do Nick é bem menos fervoroso.

— Onde está o meu avô? — ele pergunta ríspido.

— Pode pelo menos dizer que está feliz em me ver?

— Diria se gostasse de dizer mentiras.

— Nick, filho. — vejo Oliver entrar com uma mala na mão e um casaco pendurado no antebraço.

— Oi vovô. — meu namorado se desmancha em alegria ao cumprimentar o avô. O pai dele rola os olhos para os dois e vem ao meu encontro.

Sinto-me um tanto desconfortável. Gostaria que o Nick estivesse aqui do meu lado, agora que inevitavelmente vou conhecer o pai dele.

— Imagino que você seja a linda Ellen. — ele senta-se ao meu lado no sofá, com um grande sorriso. Agora vejo de onde o Nick tirou tanto charme. — Meu pai e Chloe falaram tão bem de você que eu já estava imaginando você como a Vênus de Milo materializada entre os mortais. Mas pelo que parece, você é ainda mais bela. Encantado em conhecê-la.

Sorrio com seu elogio.

— É um prazer, senhor Hoffman.

— Ah, por favor, me chame de Julian. O único coroa aqui é o meu velho.

— Ainda coloco você no chinelo, moleque. — Oliver responde o comentário do filho — Ellen minha filha, não sabe o quanto eu estou feliz em vê-la.

Ele me beija em ambas as faces e senta-se também ao meu lado. Nick permanece de pé, um pouco distante de nós, com um sorriso nos lábios, mas uma viga de preocupação na testa. Esse lugar faz mal a ele.

— Como está, filha? —  É claro que ele se refere às minhas pernas. Bom, ao meu estado em geral.

— Eu estou bem, Oliver. Obrigada pela preocupação.

— Então a fisioterapia está surtindo o efeito esperado.

— Eu diria que tudo está indo mais rápido que o imaginado. O Dr. Byron é muito competente. Ele trabalha na clínica do Nicholas, você sabe... — digo com tom de brincadeira. Nicholas jamais empregaria alguém que não fosse extremamente eficaz.

Julian limpa a garganta com meu comentário e se levanta, resmungando algo sobre buscar a senhora Hoffman que ficou de chegar um pouco mais tarde porque tinha que ir buscar uma visita.      Ele passa pelo Nicholas e vejo que meu namorado ergue as sobrancelhas, como uma insinuação a algo que ele disse para que só ele ouvisse.

Depois disso, ele se junta a nós no sofá e pega minhas mãos nas dele, beijando-as.

— Por que o meu pai foi buscar o senhor na estação? Pensei que já estaria aqui.

— Vamos falar disso outra hora, filho. Dê a este velho um tempo para descansar da viagem.

Nick concorda e, após dar mais um beijo em mim e um tapinha nas costas dele, o Oliver se levanta e vai para o que eu imagino, seu quarto.

— Quer ir conhecer o quarto? — ele me pergunta, vários minutos depois que o Oliver sai.

— Sim, por favor.

Vamos até um dos vários quartos que eu imagino que um apartamento dessa magnitude tenha. É bem grande e aconchegante. Uma cama de casal com lençóis brancos é a única coisa sem cor no espaço. As paredes são em um tom claro de azul e revestidas com vários pôsteres de bandas de rock. Há uma mesinha em estilo escrivaninha em um dos cantos. Uma estante com livros e abajures, com certeza caros, nos dois lados da cama. Uma olhada mais atenciosa me diz que este era o quarto dele quando ele morava com os pais. E uma olhada para o rosto dele confirma minha suspeita.

— É estranho estar aqui? — pergunto, beijando seu rosto.

— Seria... seria se eu não estivesse com você.

— Se você achar que ficará mais a vontade em um hotel Nick, eu entendo. Podemos ir se você quiser.

Ele balança a cabeça e beija minha têmpora.

— Não, está tudo bem. — ele diz querendo me convencer, mas acho que ele próprio quer se convencer de que ficará bem aqui em Nova Iorque — Serão poucos dias. Vamos tomar banho e nos aprontar para o jantar.

Depois de prontos, Nick e eu vamos para a sala mais uma vez e conversamos com o Oliver, que também já está vestido, de forma muito elegante por sinal, e com Maggy. Ela é uma mulher muito simpática, e sem dúvida, tem muito carinho pelo Nicholas. Ele floresce perto dela. Talvez ela tenha sido mais mãe dele do que a dele própria.

Um barulho alto no hall do elevador nos chama atenção e risadas vindas de dentro denunciam a intimidade das pessoas nele. Fico olhando e logo vejo os pais do Nick, com as mãos dadas e falando sobre alguma coisa, obviamente muito engraçada. Atrás deles, mais duas pessoas. Uma delas, um homem, eu não reconheço, mas a outra... Essa eu reconheceria até a mil metros de distância.

— Chegamos para o jantar. — Julian diz com um enorme sorriso — Espero que não se importem, mas Chloe e eu trouxemos visitas.

Um sorriso tremendamente sem vergonha se abre no rosto da loira vítima de todos os meus pensamentos homicidas. Olho para Nick e vejo seu maxilar se tencionar e algumas veias se enunciarem em seu pescoço com a visão da visita que seus pais trouxeram.

— Caramba, parece que faz um século que eu não vejo esse lugar. — seus olhos caem diretamente no homem ao meu lado e depois para mim. Tudo o que eu quero é gritar VADIA, com todas as minhas forças.

— É bom vê-la de novo Ellen. — ela tem a audácia de me beijar no rosto e depois beijar meu namorado perto demais da sua boca — Feliz Natal, querido.

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