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2

Acordo na manhã seguinte da mesma forma como adormeci, com um braço enrolado ao peito largo do Nick, nossas pernas entrelaçadas e os braços dele nas minhas costas me apertando contra seu corpo.

Minha cabeça está contra seu coração ouvindo seus batimentos calmos. Me remexo em cima dele, sentindo o seu calor gostoso e viro a cabeça pra cima para olhar seu rosto sereno durante o sono. Ele deve estar exausto. Eu dei uma canseira nele ontem.

Acaricio seu peito com a ponta dos dedos e beijo sua pele. Espero que o que aconteceu não o abale muito  porque eu não poderei suportar a mínima ideia de saber que já não posso ser a mesma na nossa relação.

Viro rapidamente o pescoço para a mesinha de cabeceira e olho as horas. Já passa das sete da manhã.

Com meus movimentos ele começa a despertar. Eu deveria deixá-lo quieto para que durma. Não é  preciso ser gênio pra saber que ele ficou acordado até tarde depois que terminamos de transar. Mas ele tem que acordar ou chegará atrasado à Universidade.

— Bom dia, dorminhoco. — beijo de forma repetida o peito dele — Hora de acordar.

Ele se mexe de novo e abre os olhos piscando rapidamente por causa da claridade. Continuo beijando sua pele e ele logo solta um gemido.

— Você está me deixando duro, minha  linda. — Ele diz com a voz rouca.

Sorrio silenciosamente. É bom saber que eu posso fazer isso com ele. Talvez eu devesse aproveitar sua confissão e provocá-lo um pouquinho pra ver se hoje de manhã temos mais sorte que ontem à noite. Mas eu sei que ele tem que ir trabalhar. Mesmo assim, puxo um de seus mamilos nos dentes e vejo quando ele solta o ar sibilando.

— Adoraria passar a manhã inteira com você, — levanto o rosto do seu peito e olho pra ele — mas não podemos.

— Por que não podemos? — ele se beija minha testa.

— Não se faz de bobo, Nick. Você tem que ir trabalhar.

— Não, não tenho. — suas mãos começam a acariciar meus cabelos.

— Não vou deixar que perca um dia de trabalho por minha causa.

— Ellen...

— Não, Nick. — apoio os antebraços em seu peito e olho bem dentro dos seus olhos — Você já perdeu duas semanas inteiras de trabalho na Universidade, na clínica e até na ONG. Vai.

— Ellen, — vou falar de novo, mas ele põe o dedo na minha boca, me calando — eu não perdi nenhum dia de trabalho na Universidade.

— Não mente pra mim. Eu sei que você passou toda a semana que eu estava desacordada comigo e depois que eu acordei também.

— Eu não perdi trabalho. — ele reafirma — Eu larguei o emprego na Universidade.

Eu ouvi mal ou ele disse que largou um emprego que adora?

— O quê? — pergunto com a minha  voz subindo algumas oitavas de forma mais estridente que a de uma líder de torcida.

— Exatamente o que você ouviu. — ele aperta seus braços fortes ao redor do meu corpo e me mantém presa a ele — Não vamos falar sobre isso.

— Como não vamos falar sobre isso? Nick, é loucura você sair do seu emprego por minha causa.

— Foi necessário. — ele diz sem me soltar.

— Mas por que você fez isso? — forço e consigo tirar seus braços de mim para poder olhar pra ele. Ele solta uma longa respiração antes de mexer nas mechas do meu cabelo.

— Ellen, eu tive que fazer isso. Você precisa de mim e eu não quero ficar longe de você.

— E aí você resolveu que a melhor forma de fazer isso é deixando o seu emprego. — não pergunto, afirmo.

— Se eu fosse trabalhar todo dia, eu estaria abrindo mão de realmente ser útil para alguém. Os meus alunos... — seus olhos se fecham brevemente — Eles precisam de um professor e qualquer um pode ocupar o meu lugar. — ele me olha alisando meu rosto com as costas dos dedos — Mas você precisa de mim. Eu tinha que abrir mão ou de uma coisa ou de outra e eu não quero e nem vou abrir mão de estar com você.

— Deixou a clínica também?

— Não. Você precisa de fisioterapia pra se recuperar o mais rápido possível e eu sou fisioterapeuta. Não vou cuidar do seu caso porque neurologia não é minha especialidade e eu quero que você tenha os melhores profissionais à sua disposição, mas estarei na clínica todos os dias com você.

Deito de costas olhando para o teto. É claro que eu adoro o fato de o Nick ser tão prestativo a ponto de deixar de fazer algo que ama por minha causa, mas ao mesmo tempo eu não quero que uma atitude pouco pensada desperte nele mais tarde o arrependimento e a frustração.

— Quando você fez isso? — peço cobrindo os olhos com os antebraços.

— No dia seguinte ao seu acidente.

— Você me disse que os membros da Junta Acadêmica estavam de olho em você esperando que cometesse um deslize pra te tirar da Universidade.

— E estavam.

— Não acha que sair do seu cargo sem aviso prévio e sem explicações complementares pode ser entendido como falta de compromisso com a Instituição e que isso pode ser usado contra você em um possível retorno no futuro?

Ele tira meus braços dos meus olhos, se apoia em um dos cotovelos e se inclina sobre mim.

— Ellen meu emprego não importa. Você sim. — ele me dá um pequeno beijo — Se a Junta não quiser me readmitir quando as coisas voltarem ao normal, o problema é deles. Eu tenho muito a agradecer ao Charlie e à Universidade de Miami, mas esse não é o único lugar onde eu poderei trabalhar então não se preocupe com isso tá.

— Não se importa em não dar mais aula? — pergunto baixinho.

— Não.

— Mas você ama isso.

— Não tanto quanto eu amo você.

Ouvir essas palavras ainda me choca às vezes. Eu não sei o que fiz pra merecer o privilégio de tê-lo na minha vida.

Levo meus dedos ao seu rosto e ele fecha os olhos com meu toque. Passo o polegar pelas suas grossas sobrancelhas e contorno o formato do seu queixo e sua boca. Ele é muito lindo. Sua beleza externa é tão intensa quanto a sua beleza interna. Ambas me deixam sem palavras.

Uma torrente de emoções me atravessa e antes de poder me conter, puxo ele para baixo e o aperto contra mim. Me agarro a ele com todas as minhas forças e sem entender o real motivo, lágrimas começam a transbordar dos meus olhos.

— Shhhh. — ele sussurra enquanto o mantenho pressionado contra meu corpo.

De repente estou soluçando por causa do choro. Fecho as duas mãos em seus cabelos e esfrego meu nariz no seu pescoço. Eu amo sentir o cheiro dele. Amo quando o cheiro dele fica em mim depois que transamos. Amo saber que sou a única que pode tê-lo assim bem pertinho. Eu amo tudo nele. Eu o amo demais.

— Ei. — ele levanta o rosto para me olhar nos olhos, — Por que está chorando? — e pergunta com sua voz suave.

— Eu não... Eu não sei. Porque eu te amo.

Ele sorri. Beija um dos meus olhos e seca as lágrimas dele. Depois repete o mesmo no outro olho. Por fim, me beija com amor. Um beijo rápido e molhado.

Fico olhando pra ele e esperando por mais. Ao perceber que ele não fará mais que isso, levanto um pouco o rosto oferecendo minha boca para mais um beijo e para ser bem sincera, fico um pouco chocada ao ver que ele aceita. Esperava que ele se afastasse.

Com as mãos entre suas mechas castanhas e sedosas, puxo sua cabeça de encontro à minha e colo nossas bocas. Com a ponta da língua, contorno seus lábios. Depois mordo seu lábio inferior e puxo entre meus dentes. Ele geme quando finalmente enfio a língua na sua boca, mas ainda está muito quieto.

Esse não é o jeito dele de começar algo que se transformará em uma transa matinal. Normalmente ele já estaria dizendo as maiores baixarias no meu ouvido e esfregando seu corpo no meu para extrair todo o prazer de mim e assim me dá todo o prazer que ele sabe que pode me proporcionar.

Só pode haver uma explicação para esse comportamento. Ele está pensando sobre ontem. Sobre o fato de ter gozado, duas vezes, e não ter me dado um único orgasmo. Mas eu tenho que tentar de novo. Talvez a noite passada tenha sido uma exceção. Talvez tenha sido o nervosismo de estar com ele depois de um acidente como o que eu tive. Talvez a gente possa tentar de novo e tudo vai dar certo dessa vez.

Pensando nisso e totalmente determinada a deixar de lado o que aconteceu a algumas atrás e mostrar a ele que ainda temos juntos o mesmo fogo ardente, desço minhas mãos dos seus cabelos para suas costas nuas e arranho com força seus músculos bem esculpidos.

Nick solta um grunhido de prazer e ataca minha boca com paixão. Ele adora toda vez que faço isso. Repito o processo, dessa vez arranhando seu peito também. Depois aperto sua bunda e cravo minhas unhas em sua carne rígida. Ele urra. Uma coisa que faz os pelos da minha nuca se arrepiarem. O desejo dele por mim não diminuiu nem um pouquinho. Ele ainda me quer.

Fecho os olhos em deleite à boca dele que está no meu queixo e logo no meu pescoço, chupando e mordendo. De repente sinto algo em meu clitóris. Abro bem os olhos e vejo que ele está me masturbando com a coroa da sua ereção. Ele está bem duro e grosso sobre mim, esfregando sua glande inchada no meu lugar outrora mais sensível.

Só que mais uma vez algo está bem errado. Seus movimentos deveriam estar me fazendo gemer como uma louca e implorar para que ele entrasse em mim com força e bem rápido. Mas não é o que está acontecendo.

Um olhar entre nós dois e sabemos exatamente o que se passa na mente um do outro. A noite passada não foi uma situação isolada. E como que para comprovar, ele insere um dedo em mim e vejo seu rosto contorcido de frustração.

Em um instante o Nick já não está mais em cima de mim. Ele se deita de costas ao meu lado com as mãos nos cabelos e os olhos fechados. Seu pau está caído sobre sua barriga totalmente ereto e com as veias pulsando o sangue através dessa obra erótica.

Sinto minha boca salivar com a vontade de lhe dar prazer, mas quando tento me arrastar até ele, Nick se senta abruptamente e me dá as costas apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça entre as mãos.

— Nick...

— Não, Ellen. — ele sabe o que quero fazer.

— Mas eu quero Nick.

— Mas eu não.

— Não quer que eu te chupe até você gozar? — pergunto com a testa franzida mesmo sabendo que ele não está vendo — Desde quando você recusa uma chupada minha?

— Desde que eu não posso retribuir o favor. — ele responde imediatamente com uma voz que mostra que ele está irritado.

— Acontece que eu não estou te fazendo nenhum favor Nick. — respondo no mesmo tom se não, mais apurado que o dele — Eu quero fazer isso.

— Eu não vou fazer isso com você.

Ele se levanta e começa a andar em direção ao banheiro.

— Não vai fazer o quê comigo?

Ele para e segura facilmente o batente superior da porta quando estica o braço acima da cabeça. Depois vira apenas o pescoço para mim.

— Você não é uma boneca inflável que eu vou usar para extrair prazer, Ellen.

— Eu não disse que era.

— Então não me peça pra agir como se você fosse apenas sexo. Você é mais do que isso. Você é a pessoa mais importante da minha vida. — ele solta uma longa respiração —  Você é a minha vida.

— Nick... — outra vez as lágrimas querem deixar o cativeiro dos meus olhos.

— Eu não vou usar você. Não vou transformar você em uma das muitas mulheres que eu já usei.

Posso sentir em sua voz o desprezo por suas ações do passado.

— Eu não vou magoar você. — diz isso e entra banheiro adentro.

Entendo o lado dele, mas será que ele não percebe que ao agir assim está exatamente fazendo aquilo que não quer? Que com esse comportamento ele está me magoando?

As lágrimas que saem dos meus olhos agora não são de emoção, são de tristeza. Algo se quebrou entre nós e eu tenho medo de que o conserto esteja muito distante ou até mesmo fora do nosso alcance.

Nick demora no banheiro mais do que é realmente necessário para um banho pela manhã. Ele não faz contato visual comigo em nenhum momento enquanto troca de roupa. Como se eu não soubesse que ele estava tocando uma para ter o orgasmo que ele se recusou a receber de mim.

Enquanto ele veste a roupa, Agnes chega e me leva para tomar banho. Não gosto nem um pouco de ver que ele ainda está sem camisa  quando ela entra no quarto.

Ela faz tudo. Tira a camisola que botei enquanto meu namorado não estava. Me coloca na banheira. Me ajuda a vestir a roupa depois de me secar e me ajuda também com a cadeira de rodas até eu chegar à  cozinha onde o Nick prepara nosso café da manhã.

Comemos em silêncio. Casualmente ele me pergunta algo. Qualquer coisa sem a menor importância e eu respondo com monossilábicos “sim” e “não”. O clima está ruim.

O telefone toca na sala e apesar de não ser nossa empregada, Agnes corre para atender. Talvez ela esteja querendo agradar o seu chefe.

— Senhor Hoffman, uma Allison Crosby quer falar com o senhor. — a enfermeira diz tapando o telefone com a mão quando retorna.

Sem olhar para ela ou se alterar, Nicholas responde.

— Não conheço nenhuma Allison. — ele mete uma colherada de omelete na boca — Diga que não atenderei.

Agnes vai para a sala informando à tal Allison que o Nick não irá falar com ela, mas logo volta ainda com o telefone nas mãos.

— Senhor, ela disse que é do gabinete do reitor Charlie Watkins da Universidade de Miami.

Nicholas para sua colherada no ar e estreita os olhos. Posso ver que algo se passa na cabeça dele antes de continuar a comer. Com um gesto com a mão ele pede que Agnes traga o telefone até ele.

— É o Nicholas. — ele diz ao atender a ligação — Sim, pode falar... Agora?... Mas eu já falei com ele... Sim, tudo bem eu irei... Certo... Tenha um bom dia também.

Nicholas entrega o telefone de volta a Agnes. Eu o observo. Ele está sério e não faz nenhuma menção de me contar do que se trata. Também não pergunto.

Quando terminamos de comer eu logo subo para o cômodo superior e me tranco no banheiro por um minuto. Quem é Allison? Por que o Nick está tão sério? Eu não posso passar o tempo todo com ele aqui sem estarmos numa boa. Eu odeio quando estamos mal.

Escovo os dentes e saio para a varanda. Fico de frente para o mar e a brisa e a paisagem me acertam em cheio, me relaxando um pouco. Aprendi a amar Miami como se eu tivesse nascido aqui.

Pego o celular e ligo para o Asher. Preciso conversar com alguém. Ele atende no segundo toque.

— Oi você.

— Oi sumido.

Ele sorri. Eu também.

— Como você se sente?

— Como se um caminhão tivesse batido em mim. — brinco.

— Isso não tem graça espertinha. — e por ironia ele ri — Não pode brincar com isso.

— Eu sei. Eu... Só estava precisando rir um pouco, sei lá...

— Bom. Então me considere seu palhaço de todas as horas agora.

— Obrigada. — digo sorrindo — Escuta, você não quer vir aqui?

— Onde? Na casa do seu namorado pugilista e super ciumento? Não, obrigado. Pretendo manter todos os meus dentes na boca.

Solto uma gargalhada. Ele passou a se referir ao Nick como o “cão raivoso” depois que eu lhe contei que ele bateu no Logan até fazê-lo engolir alguns dentes.

— Ele não vai bater em você.

— Como pode saber disso? Ele já me deu um soco uma vez se lembra? Ele tem um tremendo gancho de esquerda.

Lembro-me de ter dado uma bronca no Nick por ter batido no Asher no dia em que ele me salvou do Logan. Mas foi bom o que ele fez, acabou salvando a vida do meu amigo porque se o Nick tivesse aparecido lá com ele, o Asher com certeza estaria morto agora.

— Mas ele não vai fazer isso de novo Ash, eu prometo. — insisto mesmo sabendo que ele está apenas de brincadeira — Vem.

— Que horas você me quer aí?

— A hora que você puder.

— Posso ir na hora do almoço. — ele sugere — Podemos almoçar juntos.

Eu não falei nada com o Nick a respeito disso, mas mesmo assim concordo e marco com ele para almoçarmos. Desligo o celular e na mesma hora ele sai pelas portas envidraçadas. Ele se apoia no deque de costas para o mar e de frente pra mim.

Sério, ele cruza os braços sobre o peito musculoso e os pés na altura dos tornozelos. Não sei se ele está assim por causa de antes ou se porque ouviu minha conversa e não gostou. Eu não me surpreenderia se fosse por isso. Meu namorado mais que ciumento não gosta nem um pouco de coisas sendo mudadas em cima da hora ou de seus planos serem alterados. Talvez eu devesse ter perguntado se ele tinha planos para o almoço, mas a culpa foi dele mesmo que se fechou como uma concha depois do episódio da cama.

— Precisamos conversar. — ele diz após passarmos um bom tempo só nos encarando.

— Estou ouvindo. — digo séria imitando sua expressão.

— Eu sinto muito se fui grosso com você mais cedo, — ele coça a cabeça como se estivesse deslocado — não era a minha intenção, Ellen.

Não respondo nada. Mantenho minha expressão séria e com isso ele fica ainda mais desconfortável. Nicholas sem jeito sempre será uma novidade pra mim. Ele é sempre tão confiante e superior.

— Eu não sei como me desculpar com você ou... — ele bufa exasperado e se vira de frente para o mar —... eu não sei nem se eu devo me desculpar com você.

Acho que ele se irritou. A tensão nos seus ombros e a forma como ele expele o ar com força mostram que ele realmente se zangou.

— Você pode facilmente me entender quando quer, Ellen. — vejo quando se apoia no deque — Você sabe por que eu agi daquele jeito. Você sabe que...

— Sei que o quê?

Ele olha pra trás com minha pergunta seca. Franze a testa e volta a olhar pra frente.

— Você sabe que eu nunca faria nada pra te magoar.

— Mas está me magoando.

Aproximo a cadeira mais dele e pego sua mão que está parada junto ao seu corpo. Ele olha rapidamente pra mim e então aperta minha mão na dele.

— Eu entendo o seu lado Nick, mas você tem que tentar entender o meu também.

— Você acha que eu não entendo?

— Eu acho que você poderia entender mais.

Ele se abaixa ao meu lado com um joelho no chão e segura minhas duas mãos olhando em meus olhos.

— Ellen, não há nada no mundo que eu entenda mais do que você. Eu sei o quanto está sendo difícil e só faz uma semana. — ele beija minhas mãos — Não quero nem imaginar como será por ainda vários meses.

— Não podemos passar meses assim, Nick.

— Ellen, por favor, tenta entender amor. — ele se levanta e passa as mãos pelo rosto — Eu... Eu não... Eu não posso fazer nada pra...

— É claro que pode, Nick.

— Ellen amor, por favor, não me peça pra agir como um cretino.

— Não vai estar agindo como um cretino Nick, vai estar agindo como um namorado comum.

— Um namorado comum não transa com a namorada sem fazê-la sentir prazer. Um cretino é que faz isso.

Deixo a cabeça cair para trás no encosto da cadeira soltando o ar com força pelo nariz. Ele é muito teimoso.

— Nick já parou pra pensar se fosse você nessa situação?

— O que quer dizer?

— Se fosse você em uma cadeira de rodas, eu tenho certeza de que não estaríamos tendo essa conversa e sabe por quê?

Ele apenas olha pra mim.

— Porque você faria de tudo pra que eu sentisse prazer mesmo que você não sentisse. Você iria querer transar comigo sempre que pudesse só pra mostrar que mesmo impossibilitado, ainda era o homem capaz de fazer eu me sentir mulher.

Ele fecha os olhos por um momento e pressiona os lábios em uma linha bem fina. Talvez ele esteja entendendo onde eu quero chegar.

— E eu deixaria porque sei o quanto seria importante pra você manter sua autoestima. É muito pedir a mesma chance? É muito pedir pra você me deixar saber que outra não poderá se aproveitar da nossa situação agora pra te tirar de mim?

Ele arregala os olhos de e dá um passo para trás como se tivesse levado um tapa. Nicholas está com a testa bem franzida e uma expressão um tanto sombria.

— Então é isso? Esse é o seu medo?

Não respondo. Não preciso. Tenho certeza que o meu rosto mostra o que domina meus pensamentos. Eu tentei manter a autoestima elevada desde que acordei uma semana atrás. Tentei não demonstrar que morro de medo daquele fantasma voltar à nossa vida e de alguma forma levá-lo embora.

Enquanto eu estava no hospital estava tudo bem, eu achava que o fato de estar em uma cadeira de rodas seria relevante, mas talvez não ao ponto de fazê-lo ir embora. Mas agora que há outras limitações, por falta de um termo melhor, tenho medo de que uma relação sem qualquer intuito sexual por um tempo tão longo possa não ser suficiente pra ele e que isso acabe com a gente.

Nick continua a me encarar com o rosto sério esperando por uma resposta que não virá. Não tenho coragem de despejar isso em cima dele. Por fim ele acaba completando seu raciocínio.

— Você acha que eu vou atrás de outras mulheres agora que estamos nesse impasse? — olhos tristes e uma feição mais cabisbaixa toma conta do seu lindo rosto agora — Você pensa tão pouco assim de mim Ellen? Achei que tivesse um espaço maior para consideração por mim dentro de você.

Merda! Magoei ele agora. Passamos um tempo calados até que o silêncio se torna ensurdecedor.

— Nick...

— Eu vou passar na Universidade. O Charlie quer falar comigo e depois vou almoçar com o Robert.

— Nick...

— Nick...

— Eu te espero às três e meia na clínica para a fisioterapia. Eu quero acompanhar o Dr. Byron durante as suas sessões.

Vou chamá-lo de novo para dizer que sinto muito se o fiz parecer que não acredito no verdadeiro amor dele por mim, mas antes de eu conseguir abrir a boca ele já está me dando um beijo na testa e entrando no quarto.

Poucos minutos e escuto o barulho do seu Porsche romper o silêncio do belo lugar que ele escolheu pra morar. Não estamos bem. Quem diria que tudo poderia mudar em apenas duas semanas. Não consigo evitar o choro. De novo.

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