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8- Ramon

— Eu já estou em uma idade avançada, não sei por quanto tempo mais eu vou viver... Mas se eu morrer de uma hora para outra não quero partir sabendo que pai e filho não se entendem... Querido, se o nosso filho está feliz fazendo o que ele faz agora, porque não aceitar a vida que ele escolheu...? Filho, tem certeza que você não pode dar essa alegria ao seu pai mesmo sem deixar de viver a sua vida como você quer? Seria um sacrifício muito grande para você aceitar o pedido do seu pai, querido...? E você meu bem? Porque não aceita de uma vez a vida que o nosso filho escolheu? Vocês preferem brigar e se enfrentar a dar o braço a torcer e aceita o que o outro tem a oferecer? — Minha mãe nos encara com lágrimas nos olhos ainda magoada, e eu encaro o meu pai pensativo. — Por favor? Me deem essa alegria de ver a nossa família unida outra vez? — Suplica nos encarando esperançosa então encaro meu pai, eles não vão desistir e não quero que minha mãe acabe mal por nós ver brigando tanto, respiro fundo me dando por vencido.

— Se o papai estiver disposto a não me criticar mais por causa das minhas boates... Por mim tudo bem, mamãe, eu aceito assumir a empresa do Brasil. — A encaro frustrado e mesmo assim vejo um pequeno sorriso surgir em seu rosto.

— Está falando sério, filho? Vai mesmo assumir a empresa? — Papai pergunta me encarando surpreso enquanto dá a volta na cama, se aproximando mais de mim.

— É papai, eu vou assumir a empresa mas o senhor deve isso a minha mãe... Eu nunca desmereci o seu esforço para construir toda essa carreira para mim e meus irmãos, sei o quanto você batalhou para construir todo esse império e me orgulho muito disso... A força que você teve e ainda tem, é a força que eu estou buscando para mim, estou tentando trilhar o meu caminho a minha maneira e eu queria muito que você entendesse isso, mas ao invés disso você só me critica, quer que eu pegue pronto o que você construiu, mas eu tenho o direito de construir o que eu quero também, quero batalhar por algo a minha maneira por mais errado que você achar que seja, mas é algo que eu estou batalhando do começo ao fim, com erros e acertos, mas sou eu quem está construindo. — Desabafo pensativo e o vejo refletir, ele encara minha mãe que tem os seus olhos atentos em nós.

— Realmente, ser dono de boates de prostituição não era o que eu queria para você, meu filho, mas eu prometo tentar entender e aceita essa sua escolha, desde que isso não o afaste mais da nossa família, desde que isso não o afaste do que eu quero para você porque eu quero o melhor para cada um dos meus filhos... Eu também não gosto de brigar com você, Ramon, mesmo que eu não demonstre, eu te amo, meu filho... Posso ser um casca grossa como você mesmo já me chamou algumas vezes, mas eu quero o melhor para você. — Puta merda, ele está emocionado, nunca vi o meu pai emocionado antes, sempre o vejo irritado comigo, mas emocionado é a primeira vez.

— Me desculpe papai? Eu sempre falo algumas besteiras na hora da raiva, mas você me entende bem porque não somos diferentes nisso... Você também fala muita merda as vezes, admite! —Tento descontrair e o vejo gargalhar como ele não faz a tempos, pelo menos não perto de mim.

— Você me tira do sério moleque, não tem como manter a boca limpa perto de você. — Afirma ainda sorrindo e vejo minha mãe sorrir largamente.

Ele abre os braços para mim e eu vou de bom grado, afim de dar uma trégua e encerrar essas brigas entre nós.

— Porra até que enfim! Eu precisei passar mal para ver esses dois se entendendo... Graças a Deus, eu não aguentava mais. — Nos separando e eu encaro a minha mãe, chocado pelo palavrão que ela disse.

— Mamãe! Que boca suja é essa? Tenha modos você não tem mais idade para ficar soltando palavrões por aí, muito menos dentro de um hospital. — A repreendo e ela gargalha.

— Deixa comigo filho, eu vou limpar a boca dela agora mesmo. — Meu pai se inclina para beijá-la e eu os encaro surpreso com esse beijo de cinema.

— Querem que eu deixe vocês a sós? Eu também posso fazer uma reserva em um hotel, não quero ninguém ouvindo os meus pais gemendo por aí. — Pego o celular do bolso fingindo ligar para algum lugar e minha mãe me repreende.

— Ramon! Mais respeito garoto, eu ainda sou a sua mãe...! Onde já se viu dizer uma coisa dessas na cara dura. —Ela me repreende me encarando séria enquanto eu gargalho por vê-la envergonhada, meu pai se segura para não rir, é um sem vergonha mesmo.

— Desculpa mamãe, eu não resisti... Ham... Vocês ainda... Sabe, vocês ainda dão no coro depois de tantos anos juntos? — Pergunto realmente curioso e minha mãe atira o seu travesseiro em mim.

— Ramon Mitchell! Você não acha que já está bem grandinho para merecer levar uma surra, menino? Meu Deus os filhos já não respeitam mais os pais como antigamente. — Ela dramatiza vermelha feito um tomate enquanto eu e meu pai caímos na gargalhada.

— Legal! Que bom encontrar vocês sorrindo depois da mamãe quase enfartar, vocês não podia ter pulado para essa parte a algumas horas atrás? — Alaric entra no quarto nos encarando surpreso.

— Vai por mim maninho, eu fiz uma pergunta aos nossos pais e estou curioso para saber a resposta, acho que você também iria querer matar a sua curiosidade... Depois de tantos anos de casados como um casal consegue manter a vida íntima ativa? Sabe, dar no coro mesmo, uma boa noite de sexo sem pudor. — Tento me controlar das gargalhadas mas meu irmão se junta a mim.

— Bom, não plantamos mais bananeiras e nem viramos cambalhotas, mas ainda fazemos o essencial para sermos felizes, não é querida? — Confessa meu pai segurando a mão da minha mãe com carinho, mas vejo uma certa malícia no seu sorriso.

— Meu Deus me leva logo dessa terra! Ou eu vou morrer de tanta vergonha... Onde já se viu Danilo! Falar da nossa vida íntima para os nossos filhos? O que eles vão pensar de nós? Você é mesmo um pervertido, Ramon teve a quem puxar, não é à toa que vivem brigando. — Mamãe se senta na cama o encarando séria e ele tenta se conter das suas risadas.

— Então o nosso pai é um pervertido e mesmo assim, implica por Ramon ser dono de boates...? Fale mais sobre o papai, mamãe? Essa conversa está começando a ficar interessante. — Alaric se senta a beira da cama mas mamãe avança nele como uma leoa o fazendo correr de perto dela.

— Saiam já daqui e vão buscar um médico! Eu quero ver o meu neto e depois ir para casa, seus filhos da mãe...! Façam algo que preste e me tirem daqui! — Esbraveja descendo da cama e papai a ajuda mesmo se contorcendo de rir.

— Se acalma querida, se a sua pressão subir de novo o médico não vai querer te dar alta. — Ele a encara com um largo sorriso mas ela lhe dá um tapa no braço, que mulher brava, já sei o porquê o papai se apaixonou por ela.

— Eu vou chamar um médico para te dar alta mamãe, você está ótima... Depois eu vou para um hotel, eu preciso descansar um pouco e ainda estou morrendo de fome. — Me aproximo lhe dando um beijo e vejo-a me encarar apreensiva.

— Deixa de bobagens filho, aquela casa também é sua e não tem cabimento você ficar em um hotel, sem falar que precisamos conversar sobre a sua posse na filial do Brasil. — Meu pai me encara com um largo sorriso, meu irmão me encara surpreso.

— Como assim? Ramon finalmente aceitou assumir a empresa do Brasil? Por essa eu não esperava... Parabéns irmão! Eu sabia que uma hora você iria ceder. — Meu irmão se aproxima mais me puxando para um abraço afetivo.

— Bom, vocês tentaram até que conseguiram me convencer, mas espero que estejam cientes de que agora as minhas visitas serão ainda mais curtas... Não vai ser fácil assumir uma empresa daquele porte e gerenciar seis boates ao mesmo tempo, se quiserem me ver terão que ir até a mim. — Os alerto e meu irmão me encara pensativo.

— Não seja por isso, se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé. — Minha mãe finalmente sorrir depois das minhas gracinhas.

— Perfeito! Amanhã mesmo farei uma vídeo conferência marcando uma reunião para próxima semana, irei ao Brasil com meu filho para a sua posse na presidência da Groups' Mitchell Brasil... Quero que você assuma a empresa o quanto antes, filho, os negócios da família precisam permanecer em família. — Meu pai se empolga como não via há anos na minha presença, sei que ele esteve todos esses anos magoado comigo mas acho que agora isso vai mudar.

— Não precisa ter pressa papai, a empresa não vai fugir do lugar... Por falar em fugir, o que vai acontecer com o atual presidente da empresa? Como vai justificar o meu posto na presidência? — O encaro curioso e ele dá de ombros.

— Não preciso justificar nada, você é um dos herdeiros dos grupos Mitchell e tem todo o direito de assumir os negócios da família... Mas eu já pensei em um novo cargo para o atual presidente, a filial que inauguramos na Itália ainda precisa de um presidente, não vou trabalhar a vida toda e já estou cansado de viajar de um lado para o outro... Quero dar mais atenção à minha esposa e aos meus netos, então colocarei Fernando no meu lugar assim que você assumir a empresa. — A tranquilidade na sua voz me impressiona, ele já tinha tudo planejado, esse filho da mãe, não tem como negar que sou filho dele.

Sorrio da sua cara de pau em dizer tudo isso como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, eu não pretendia assumir a empresa, muito menos agora, mas não posso ariscar a saúde da minha mãe com brigas entre mim e o cabeça dura do meu pai, mesmo brigando muito eu o amo, e acho que posso fazer esse sacrifício para não ver a mulher das nossas vidas decepcionadas e passando mal por nossa culpa, mamãe não merece essa situação então farei isso por ela.

Chamo um médico como a mamãe pediu mas ele ainda a quer em observação, se ela aceitou essa decisão? Óbvio que não, eu não sou o único teimoso e insistente na família, acho que esse problema é hereditário pois herdei dos meus pais.

Depois de brigar com o médico por querer ver o neto, mamãe finalmente saiu do quarto e fomos todos até o berçário ver o mais novo integrante da família, não preciso dizer que minha mãe chorou horrores querendo pegá-lo no colo, mas as enfermeiras ainda estão cuidando dele antes de levá-lo para minha irmã, arrastamos a dona Verônica pelos corredores e a levamos até o quarto, onde minha irmã já está esperando ansiosa para ter o seu filho em seus braços.

— Parabéns minha irmã, meu sobrinho é mesmo um moleque forte, além de ser boa pinta... Vai ser pegador como o tio. — Me aproximo dela lhe dando um beijo no alto da cabeça.

— Obrigada maninho, mas nem de longe eu quero que o meu filho seja como você... Eu quero que ele forme uma família algum dia e se ele for como você eu nunca terei um neto. — Ela me encara com um largo sorriso no rosto e vejo minha mãe pensativa, já maquinando alguma coisa na sua mente. Merda!

— No que depender de mim o seu irmão não ficará por muito mais tempo solteiro, filha... Camila perguntou de você Ramon, no próximo mês ela vai estar no Brasil e falei para ela te fazer uma visita, então por favor, filho? Seja gentil com ela? — Conta mamãe me encarando esperançosa.

— Ela disse mais ou menos a data que vai estar no Brasil? Quero saber para eu sumir do mapa nessa época, não estou afim de ver ninguém, mamãe, a menos que ela esteja afim de um bom sexo e nada mais, é só isso que eu posso oferecer a ela. — A encaro sério insatisfeito com essa sua insistência.

— Pelo amor de Deus Ramon! O que custa dar uma chance a menina? Ela gosta tanto de você, meu filho. — Suplica meu pai me fazendo revirar os olhos.

— Ela é gostosa papai, mas eu não tenho nada a oferecer a ela além de sexo... Não quero compromisso com ninguém então não insistam, vocês já conseguiram o bastante por hoje, eu vou assumir a empresa, não vou? Então não forcem a barra ou eu vou pirar. — Me irrito e minha mãe suspira fundo. — Eu volto amanhã para te ver, maninha, eu estou realmente exausto e preciso descansar... Nos vemos em casa mamãe. — Me despeço de cada um deles e logo estou saindo do hospital sob os protestos da dona Verônica.

Nunca deixei ninguém me influenciar e não vai ser agora que vão conseguir isso, já fiz o suficiente aceitando a assumir a empresa, agora chega!

Sigo para mansão Mitchell e quando chego já não tem quase ninguém, graças a Deus, peço a uma das empregadas para me levarem algo para comer no quarto enquanto eu subo para tomar um banho, passo pelo menos trinta minutos embaixo da água tentando relaxar o corpo, quando me sinto um pouco mais leve eu saio enrolado na toalha, entro de volta no quarto e vejo a empregada arrumando a mesa no canto do quarto, ela está tão distraída que nem percebe a minha presença. Me aproximo por trás dela e seguro firme a sua cintura prendendo o seu corpo ao meu.

— Olá Sthefany! Sentiu a minha falta boneca? — Sussurro no seu ouvido e ela amolece.

— Sr. Ramon... Não esperava vê-lo hoje... Eu fiquei sabendo que havia ido para um hotel... Que bom que mudou de ideia. — Ela diz ofegante se virando para me encarar.

Sthefany é uma morena muito bonita e muito gostosa também, ela me diverte sempre que venho a Miami.

— Pensei que já tivesse se recolhido junto a maioria dos empregados... Passa a noite comigo hoje? Preciso relaxar e sinto saudade dessa boquinha gulosa. — Aperto a sua cintura e desço a minha mão até a sua bunda erguendo o seu uniforme.

Como essas mulheres conseguem usar uma calcinha tão pequena? Mal cobre a frente e atrás não cobre nada.

— Vai descansar enquanto eu termino de ajudar na arrumação da casa... Prometo te acordar no meio da noite com a minha boca nesse corpinho delicioso e tatuado... Agora eu preciso ir, Sr. Ramon, ou virão atrás de mim. — Ela abre aquele sorriso safado e puxa a toalha da minha cintura se afastando para encarar o meu pau já duro e esperando por ela.

— Não vai me dar nem um beijo antes de ir? Estou ansioso para saber como você vai me acordar. — Lhe dou um sorriso de lado e ela se abaixa na minha frente acariciando o meu pau.

Não demora muito e ela me coloca na boca me engolindo inteirinho, gemi em resposta fechando os olhos para curtir essa boquinha deliciosa, mas a imagem da outra vem na minha mente.

— Que boca gostosa ruivinha... Ohhh delícia... — Gemi segurando a sua nuca entrando mais rápido na sua boca, mas de repente ela se afasta se levantando furiosa.

— Eu não sou ruiva, Ramon, eu sou morena! Filho da mãe! Quer me comer pensando em outra? Vai se ferrar! — Esbraveja irritada me pegando de surpresa com a sua reação.

— Espera Sthefany! Você ouviu mal, eu não falei ruiva eu falei morena...! Porra espera Sthefany! Sthefany? — Tento ir atrás dela mas ela sai do quarto me deixando ali pelado e de pau duro. — Mas que merda aconteceu aqui...? Ruiva filha da mãe! Mesmo longe ela conseguiu arruinar a minha foda de hoje.

Suspiro frustrado ali parado em pé na porta ainda nu, fecho a porta do quarto e vou até a minha mala pegar uma cueca para vestir, depois disso me sento a mesa sentindo o meu estômago roncar de fome, a comida está quentinha e deliciosa como só a Maria sabe fazer.

Começo a comer pensando na foda que perdi e novamente os meus pensamentos vão nela, naquela ruiva gostosa, fecho os olhos e consigo vê-la nua na minha frente com aquele sorriso atrevido, não posso pensar tanto em uma prostituta, isso não está acontecendo comigo.

Termino de comer e me jogo na cama tentando dormir um pouco, Marcelly não sai da minha mente então me forço a pensar na nova responsabilidade que irei assumir na próxima semana, isso sim é broxante e logo pego no sono, eu preciso pensar em como vou conciliar as minhas idas nas boates e o meu trabalho na empresa, sei que vou me arrepender por aceitar me comprometer tanto, mas por outro lado, assumir parte dos negócios da família pode me ajudar a manter a minha mente fechada para esse assunto casamento que minha mãe insiste em me pressionar, não vou me casar para agradá-la, isso eu não farei jamais, isso ninguém vai me obrigar a fazer.

Eu preciso descobrir quando Camila vai estar no Brasil, eu preciso evitar ao máximo me encontrar com aquela garota, ela caiu nas ideias da minha mãe de que eu preciso me casar e agora a garota vai ficar na minha cola e eu quero evitar isso, eu já deixei claro que só quero sexo, eu não posso oferecer nada além disso para ela e nem para ninguém, a minha vida é perfeita como está, dinheiro, mulher muito sexo e diversão, não existe nada melhor que isso e eu não vou perder por nada nesse mundo.

Vou aproveitar a minha estadia na cidade para visitar o meu amigo John, ele voltou recentemente para Miami com a sua nova mulher e já se casou, depois de anos na mesma vida que eu, John Sarkozy abandonou a vida de pegador para se prender a uma única mulher, Felipe está indo pelo mesmo caminho e eu aqui sem entender o que está acontecendo com os meus amigos.

Depois de uma grande decepção, cada um de nós concordamos que não existe nada melhor do que viver sem pensar no amanhã, sem nos preocupar com relacionamentos e com mulheres pegando no nosso pé a todo instante, mas parece que aqueles dois estão tendo uma recaída, mas isso não vai acontecer comigo, sou mais forte do que muitos pensam. Eu sou Ramon Mitchell porra!

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