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prologo

Não fazia parte dos meus planos pisar em são Paulo antes que minha mãe voltasse a sua consciência. Eu não quero olhar essas pessoas, não quero que me notem, que me reconheçam… espero que tudo isso acabe tão rápido quanto começou. 

Espero realmente que eu esteja fazendo o certo, e que minha mãe me perdoe pelo que farei…

Ao relaxar meu maxilar o máximo que eu podia, me coloquei a rodar a maçaneta e sem uma boa expressão de “ feliz em te ver” eu segui meu caminho até os braços abertos de minha tia. Fazia tanto tempo que não via essa mulher, poderia facilmente a confundir com uma enfermeira ou qualquer outra pessoa senão estivesse tão familiarizado com seu sorriso. E como sempre ela estava aqui para cuidar de minha mãe.

 Suas mãos estavam geladas e eu sentia sobre meu braço um pano úmido. 

— Me desculpe querido, estava a limpando. — Disse ao sentir meu arrepio. — É muito bom vê-lo novamente, está tão grande e bonito. — Me bajula após se afastar.

— Também é muito bom revela, tia. E como vai as coisas na família? 

— Eu vou deixá-los a sós. — Assento a vendo sorrir de cabeça baixa enquanto tocava uma das mãos de minha bela mãe.

Após ouvir o som da porta se fechando, eu me sento sobre a cadeira ao lado. Pegando uma das mãos de minha mãe, eu a tento esquentar com as minhas, a minha maior vontade era sair desse quarto e nunca mais voltar, o desespero e o aperto em meu peito me matava ainda que sem ferimento algum. 

Apertando a mão de minha mãe, eu não aguento e toco minha testa sobre a mesma deixando o aperto sobre mim me dominar. Eu sabia que era o melhor pra ela. 

— Não quero deixá-la ir… mas, mas não quero que a machuquem mais. — eu não precisava observá-la ou procurar sobre seu corpo manchas de agulhas, meu dedo acariciava um pequeno furo em sua mão e eu tinha certeza que o mesmo estava roxo. Minha mãe adotou essas manchas logo no primeiro dia que entrou aqui. 

Me permitindo deitar minha cabeça sobre o peito dela, eu ouvi seus batimentos e contei todas as minhas conquistas, derrotas e a família que eu pretendia ter, mas que infelizmente ela não iria visitar , não em carne e osso, mas eu faria de tudo para ela fosse conhecida. 

Tirando seus cabelos da testa, eu senti por mais um tempo seu cheiro de flores e depositando um beijo sobre sua testa eu levei um de meus dedos até a máquina que ainda a matinha entre nós. 

Por fim eu não podia ouvir aquele barulho por muito tempo, e felizmente minha tia sabia daquilo e eu não precisava ser forte em sua frente. 

Espero que possa me perdoar. Sussurrei sobre os cabelos de minha tia. 

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