Capítulo 2 Peça desculpas a ela

A expressão de Artur, que inicialmente era de arrependimento, se transformou instantaneamente em fúria.

Instintivamente, ele se colocou à frente de Maitê.

— Heloísa, o que você está fazendo?! — Os olhos deles transmitiam uma frieza ameaçadora.

— É melhor você medir suas palavras. — Eu olhei furiosa para Maitê.

— E por acaso eu estou errada? Se não fosse a sua mãe fingindo estar doente e você usando isso para manipular e chantagear Artur, ele nunca cogitaria se casar com você. — Maitê disse fingindo ser a vítima.

— Você pensa a mesma coisa? — Me virei para Artur e perguntei.

Ele não disse nada, mas o seu olhar respondeu por ele.

Cinco meses atrás, minha mãe foi diagnosticada com câncer de fígado em estágio terminal. Ela sabia que já não tinha muito tempo de vida e seu maior sonho era me ver casada com o homem que eu amava, com uma família feliz.

Com o objetivo de realizar o desejo da minha mãe, eu implorei a Artur por muito tempo até ele finalmente ceder e concordar em se casar comigo.

Mas ele pensava que a minha mãe estava fingindo estar doente apenas para forçá-lo a casar comigo.

Talvez, ele me desprezou e nunca me respeitou, desde o início.

Ele era o herdeiro mimado da família Barros. Quando eu estava na faculdade, eu me apaixonei por ele a primeira vista, e o persegui por três anos até finalmente conquistá-lo.

Artur gostava de mulheres submissas, e eu sempre o obedeci e fiz de tudo para agradá-lo, fazendo todas as suas vontades.

Mas foi quando Maitê apareceu, que eu descobri que ele também tinha um lado gentil.

Maitê, podia agir de forma mimada, fazer brincadeiras com ele, segurar a sua mão e até o abraçar. Tudo o que eu queria fazer, mas nunca tive coragem de pedir.

Uma vez, tentei imitar o jeito mimado de Maitê e brinquei com ele. Mas ele me afastou friamente.

— Heloísa, isso não combina com você. — Ele disse se afastando, eu me senti humilhada enquanto isso.

Desde então, nunca mais tentei ser carinhosa com ele.

Ele nunca tomou a iniciativa de segurar a minha mão.

Quando estava com ele, eu sentia que ficava sempre para trás, seguindo-o, enquanto Maitê caminhava ao seu lado, ombro a ombro.

Apesar de ter o título de namorada, eu não tinha mais nada. Para o resto do mundo, Artur e Maitê eram o verdadeiro casal, feitos um para o outro.

Se não fosse pela doença da minha mãe e pelas minhas súplicas, nunca teria havido aquele casamento ridículo.

Eu olhei para Artur com o olhar carregado de desilusão. Esse era o homem que amei por nove anos. Eu comecei a duvidar do meu próprio julgamento.

— Artur, olhe para o meu rosto, está inchado? Como ela pode fazer isso comigo? O meu rosto está doendo tanto! — Maitê não se conteve.

Artur imediatamente voltou a sua atenção para ela. Eu realmente dei um tapa bem forte, e a marca dos meus dedos estava visível em seu rosto.

— Heloísa, peça desculpas! — Artur ficou furioso.

— E se eu disser que não? — Eu levantei a cabeça e o encarei com firmeza.

— Heloísa, não me faça perder a paciência. — Ele tentou controlar a raiva.

No passado, eu sempre tive medo de Artur. Sempre que ele ficava sério, eu imediatamente me retratava, admitindo os meus erros. Isso porque eu ainda o amava.

Mas agora, eu já não me importava mais.

— Artur, eu não quero um pedido de desculpa, eu quero dar o troco! — Maitê, insatisfeita, provocou.

Artur olhou para mim, esperando que eu me rendesse. Mas eu me mantive firme e forte, sem ceder.

A minha atitude acabou por irritá-lo ainda mais, e ele decidiu me dar uma lição. Ele deu um sinal, e dois seguranças apareceram de repente e me imobilizaram.

Fui prensada no chão, sem forças para lutar.

Maitê, com um sorriso vitorioso estampado no rosto, se aproximou e me deu vários tapas.

O sangue escorreu do canto da minha boca, mas eu permaneci em silêncio, caída no chão, sem qualquer reação.

— Você mereceu isso. Se pedir desculpas a ela agora, eu posso fingir que nada aconteceu. — Artur olhou para mim de cima, com frieza.