Capítulo 1 Nós terminamos

Todos os meus parentes e amigos tentaram me consolar.

Enxuguei as lágrimas e comentei na postagem do Instagram.

[Vocês dois são tão perfeitos um para o outro, dois lixos.]

Cuidei sozinha, em silêncio, de todo o funeral da minha mãe.

Na verdade, eu não fiquei nem um pouco surpresa com o fato de Artur ter me deixado de lado para ficar com Maitê Martins.

Estávamos juntos há seis anos, e uma ligação de Maitê sempre o fazia facilmente me abandonar, até mesmo no dia do nosso casamento.

Eu nem me dei ao trabalho em saber o motivo dessa vez.

Depois do funeral, voltei para casa. Artur não estava lá, e isso era ótimo, porque eu também não queria vê-lo.

Arrumei minhas malas e estava prestes a sair quando, ao abrir a porta, me deparei com Maitê segurando o braço de Artur.

Maitê, como se fosse a dona da casa, olhou para mim, com ar de surpresa.

— Você voltou, Heloísa? — perguntou ela.

Artur notou a mala na minha mão e franziu as sobrancelhas.

— Heloísa, o que você pretende fazer agora? — Ele disse, como se eu estivesse fazendo uma birra sem motivo querendo arranjar confusão.

Maitê, ainda agarrada ao braço de Artur, lançou um olhar de superioridade enquanto fingia estar constrangida.

— Me desculpe, Heloísa, naquele dia machuquei a minha mão, e Artur veio e ajudar e cuidar de mim. Eu não sabia que era o dia do casamento de vocês dois. Não era minha intenção atrapalhar. Por favor, não vá. — Ela implorava, mas o seu olhar revelava seu triunfo.

Olhei para ela e vi que havia um pequeno curativo no seu dedo indicador direito.

Então, esse foi o motivo para Artur me abandonar no dia do nosso casamento?

De repente, me senti ridícula.

Para ele, eu e minha mãe não éramos nada em comparação ao dedo de Maitê.

— Artur, vamos terminar! — Eu concluí.

Desde o momento em que minha mãe faleceu em meus braços, tudo que eu sentia por ele tinha simplesmente desaparecido.

— Heloísa, você pode parar de ser tão infantil? Nós podemos marcar a cerimônia para qualquer outro momento. Mas Maitê estava machucada e sem ninguém por perto, eu não podia simplesmente ignorar ela. — Artur me repreendeu.

Ele pensou que eu apenas estava com ciúmes e fazendo birra.

"Você pode parar de ser tão infantil?", essa era a frase que Artur mais me dizia.

Mas, o que significava ter maturidade?

Artur sempre disse que via Maitê como uma irmã, por ela nunca ter tido pai e mãe presentes sempre precisou de cuidados. Por isso, eu aceitei a presença dela em nosso relacionamento.

Aceitei que ele sempre estivesse disponível para cuidar dela a qualquer momento. Aceitei que, mesmo nos momentos em que eu mais precisava dele, ele corresse para os braços de outra mulher. Aceitei que ela ocupasse metade do coração dele.

Como resultado disso tudo, o que eu recebi em troca foi ainda mais dor e humilhação. Eu não conseguia mais suportar essa vida por mais tempo.

— Daqui para frente, faça o que você bem entender. Isso não tem mais nada a ver comigo. — Olhei friamente para Artur.

Depois disso, passei por ele arrastando minha mala.

Até que ele finalmente percebeu que algo estava errado, ele me segurou.

— É porque sua mãe ficou ressentida por eu não ter ido ao casamento? Eu posso ir falar com ela e explicar a situação.

Eu comecei a rir.

— Explicar o quê? Que você não foi ao próprio casamento porque Maitê machucou um dedo? — Eu continuei rindo.

Por tantos dias, ele nunca demonstrou um gesto de carinho ou preocupação. E agora, ele realmente achava que uma explicação faria alguma diferença?

— Não precisa! — Afastei a mão dele.

No passado, eu sempre tentei me comportar de forma cuidadosa e gentil na frente de Artur, tentando de alguma forma agradá-lo. Mas agora, a minha indiferença era algo que ele nunca tinha visto em mim.

Artur me observou enquanto eu partia, com uma expressão de confusão em seu olhar.

Quando ele finalmente se apercebeu do que estava acontecendo e decidiu vir atrás de mim, foi impedido por Maitê.

— Artur, nada disso foi sua culpa. Se não fosse a mãe dela fingindo estar doente, você não teria que se casar com ela por obrigação.

Minha mente ficou completamente em branco.

Quando me dei conta, já tinha dado um tapa no rosto de Maitê.