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Capítulo um

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O cheiro de panquecas faz com que o meu estômago reclame, e acabo despertando.

Cobertor macio, colchão confortável e o travesseiro ao meu lado tem o cheiro do Marco. Mas ele não está.

Tem o cheiro dele há alguns anos, o guarda roupa tem as suas roupas e no banheiro a sua bagunça. Insisto para guardar a pasta de dente, porém parece ser impossível pra ele.

Apalpo o criado em busca do meu celular. Vejo o nosso retrato: eu, Marco e o Pedrinho. Estamos rindo na praia enquanto meu filho de quatro anos monta um castelo de areia.

12:30

Meu Deus!

Jogo o cobertor para o lado lembrando-me de que Pedro deve estar faminto.

Ontem cheguei tão tarde do trabalho, estava tão exausta da semana que acabei dormindo mais do que deveria.

Calço os meus chinelos e prendo um coque frouxo no alto da cabeça enquanto desço as escadas. Curiosamente o cheiro de panquecas estava vindo da nossa cozinha.

A gargalhada alta do meu filho faz com que eu tenha uma enorme curiosidade sobre o que estava acontecendo naquele cômodo.

Marco esta sem camisa com o corpo um pouco sujo de farinha no tórax e barriga, modéstia à parte meu marido é um gostoso.

Provavelmente ele acabou de derrubar em si mesmo já que Pedro aponta e continua a gargalhada. Marco não deixa barato e passa a mão na bochecha do meu filho o deixando sujo também.

- Qual a graça agora, baixinho? - Pergunta zombeteiro.

- Mamãe! - Pedro abre os braços e corre na minha direção quando me vê. Os olhos azuis brilham com intensidade.

- Vejo que acordaram cedo, né? - Pego meu filho no colo e recebo um beijo gostoso na bochecha.

- Eu e o tio Marco 'tavamos' fazendo seu café da manhã. - Explicou orgulhoso.

- E não estava dando muito certo. - Meu marido aperta levemente o nariz do meu filho e deposita um beijo na minha testa. - Bom dia, amor.

- Mas o cheiro está ótimo, aposto que acertaram. Vamos provar? - Pergunto e vejo o sorriso do Pedro se esticar.

Definitivamente horrorosa.

Não sei o que eles fizeram, mas tive que comer um prato de panquecas com um gosto estranho e sorrir enquanto os dois me olhavam como cachorrinhos de rua. Jamais iria magoa-los ou desmotivar meu filho a fazer café da manhã para a pessoa que ele ama. Mas com certeza iria ensiná-los a cozinhar.

Após o café da manhã, Pedro vai pra sala assistir seu desenho matinal enquanto Marco me ajuda a tirar a mesa e limpar a sujeira que eles fizeram.

- Maravilhosa, hum? A panqueca. - Provoca me empurrando levemente com o ombro.

- Guardei umas pra você! - Retruquei e ele segura a risada. Volto a lavar a louça.

- Estou de dieta, obrigado. Viu que só comi um pedacinho né?

- Claro que vi. Por isso guardei umas três pra você.

- Pode ficar, sou cavalheiro.

Coloco as mãos na cintura e encaro o meu marido rindo enquanto enxuga a tijela limpa. Seu abdômen contrai e formam os gominhos quando ele tenta segurar a risada.

- Você é um falso.

- E você é maravilhosa. - Sela os nossos lábios e em seguida beija a minha bochecha. Voltamos ao nossos afazeres.

Marco era extremamente prestativo quando não estava passando futebol na televisão. Sempre me ajudava e brincava com o Pedrinho.

Hoje não sinto mais medo de engravidar. Vejo como ele é amoroso e atencioso com o meu filho, a forma como ele se importa é incrível. As vezes até me esqueço de que ele não é o pai biológico.

- Aniversário do Pedrinho está chegando. - Comento. Sentamos na banqueta na ilha da cozinha. - Não faço ideia do que fazer.

- Sabe o que pensei? - Céus, ele pensou no aniversário no Pedro. - E se fizermos naquela praça da cidade da sua mãe? Pula-pula, piscina de bolinha, recreadores e barracas de pipoca e algodão doce?

Era uma ideia ótima.

Na verdade foi melhor do que qualquer outra que eu tinha pensado.

Como eu não pensei nisso?

- Já falei o quanto você é incrível?

- Já. Mas pode falar de novo. - Piscou brincalhão.

- Desculpa atrapalhar, mas já atrapalhando - Gabriela entra na cozinha, fazendo com que nós dois saltássemos de susto.

- Mandei não dar a chave pra ela - Marco me advertiu, mas logo soltou um sorriso recebendo um beijo na bochecha da prima.

- Também te amo, priminho. Mas o que eu vim falar não é tão amável assim. - Sentou-se e passou os dedos entre os cabelos, aflita.

- O que foi, amiga?

- Eduardo é casado. - Fala na lata com a respiração pesada.

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