Capítulo seis
Entro em casa após uma séria conversa com o Augusto pelo telefone. Mesmo o conhecendo pouco era notável a sua voz desapontada e desesperada pelo telefone, ele perdeu o controle do próprio filho e com a morte da sua esposa tudo ficava cada vez mais difícil.
Garantiu que seguranças nos acompanhariam por esses dias até que ele encontrasse o filho. Eu sabia que Augusto faria isso o mais rápido possível, a segurança do neto sempre foi a sua maior prioridade.
Marco está sentado no sofá e Pedro adormecido em seu corpo. Cabeça no tórax, pernas encaixadas na cintura do Marco. O meu marido acaricia seus cabelos loiros enquanto observa a televisão, seus olhos ansiosos são transferidos pra mim assim que nota a minha presença.
Ele pede um segundo e levanta com Pedro em seu colo. Me impressionava com a destreza que ele fazia isso. O que me faz lembrar dos primeiros anos do Pedro que ele mal conseguia segura-lo. Agora dava janta, banho e tudo o que um...um pai faz.
Me jogo exausta no sofá, verifico meu relógio e vejo que já passa das oito da noite.
- E então? - Marco pergunta descendo as escadas.
- Está arrasado. - Respondo soltando uma lufada de ar.
- Ele? - Ironizou.
Sentou ao meu lado e puxou o meu corpo pra ele, deitei em seu peito onde Pedrinho estava há alguns minutos, ainda sinto o seu shampoo de bebe misturado com o perfume do Marco.
- Amor, já pensou em nos mudar? - Perguntou baixinho. O assunto era delicado.
- Sim. Mas meus pais ficariam arrasados, a Gabi, e até o Augusto.
- Eu sei, linda. - Coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e começa a fazer um carinho gostoso na minha cabeça - Estou preocupado, só isso.
Lembro de horas atrás, do terror que o Henry fez eu e a minha família passar. Meu corpo treme ao relembrar o medo de perder o meu filho.
- Cadê os meus pais?
- Foram descansar, sua mãe está muito agitada e seu pai deu um calmante pra ela dormir um pouco.
- Meu Deus. - Suspiro sentindo os meus olhos arderem. - Amanhã vamos na delegacia abrir um boletim de ocorrência, hoje estou sem forças para levantar daqui.
- Relaxa. A Gabi já ligou para o Eduardo. - Avisa e começa a mexer na minha orelha, o sono vem.
- Sério? - Fico surpresa pois a minha melhor amiga não é o tipo de mulher que engole orgulho.
- Sim. Ela faria de tudo por vocês, sabe disso. Nós todos faríamos. - Beija o alto da minha cabeça. Meu coração fica quietinho após escutar as suas palavras.
- Eu te amo tanto, amor. - Fecho os olhos sentindo o meu corpo relaxar pela primeira vez.
- Eu também te amo, linda.
E assim como Pedro, eu me entreguei ao sono profundo no abraço e aconchego do meu marido. Os olhos do Henry raivosos insistiam em me atormentar. Fazendo-me questionar se o perigo já havia passado ou apenas começou.